Friday, February 29, 2008

Thursday, February 28, 2008

A Entidade Reguladora da Saúde existe?

Os Estados modernos só podem governar e serem eficazes se tiverem boas entidades reguladoras que defendam os interesses dos cidadãos contra vários grandes interesses, sejam eles de corporações, de associações profissionais ou de burocratas poderosos.

Na saúde, houve muito boa intenção relacionada com a criação da Entidade Reguladora da Saúde, quando o anterior Presidente da República Jorge Sampaio a impôs ao Governo da altura. Desde a criação da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) que não vimos trabalho feito em concreto, se salvaguardarmos duas ou três situações: 1) os custos da ERS são suportados pelos prestadores de serviço da saúde e são elevados; 2) apareceu um pretenso estudo da ERS a revelar que havia uma grande bagunça nos contratos entre o Estado e os prestadores de meios complementares de diagnóstico; 3) houve mais uma ou outra polémica levantada pela ERS.

Dito isto, para que serve a ERS? É que o seu custo de funcionamento não é dispiciendo, mesmo sendo pago pelos prestadores de serviço da saúde (embora sejam os doentes os financiadores finais).

Lemos agora que poderá haver um conflito de competências entre a Autoridade da Concorrência e a ERS, segundo um estudo do Tribunal de Contas:
  • O Tribunal de Contas (TC) considera que há riscos de que se venham a gerar "potenciais conflitos" entre a actuação da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e a Autoridade da Concorrência (AdC), recomendando à própria ERS que trabalhe com a AdC para uma "eficaz articulação".
  • "Ou as competências da ERS, em matéria de concorrência no sector da saúde, esvaziam de competência a AdC quanto a esse domínio, fazendo precludir a sua actuação, ou existe efectivamente uma sobreposição de competência geradora de potenciais conflitos", nota o relatório do TC.
  • Estes potenciais conflitos são reconhecidos pela própria ERS, já que, segundo o relatório do TC, "no entendimento da ERS, existe claramente, num plano conceptual, uma sobreposição de competências entre a ERS e a AdC, na exacta medida em que a ERS tem, igualmente, como atribuição legal a defesa da concorrência entre operadores, que não deve ser confundida como mera articulação com a AdC na prossecução das atribuições desta".

Coitados dos portugueses que são (des)governados por gente tão incompetente e desorganizada! E ainda têm de lhes pagar e bem.

Wednesday, February 27, 2008

O Prozac é um placebo?

Não somos especialistas em matérias clínicas ou farmacológicas. Limitamo-nos a reflectir em assuntos que podem prejudicar a vida dos doentes, que podemos ser todos nós.

Lemos isto que nos deixa perturbado: Os antidepressivos de nova geração, como o Prozac e o Seroxat, não são mais eficazes do que placebos na maioria dos doentes de depressão, segundo um estudo da universidade britânica de Hull hoje divulgado.

Como? Andam milhões de pessoas a tomar algo parecido como um copo de água com açúcar e a pagar fortunas à indústria farmacêutica? Será isto verdade? Vejamos mais detalhes deste estudo da Universidade de Hull:
  • "A diferença na melhoria entre os pacientes que tomam placebos e os que tomam antidepressivos não é significativa. Isso significa que as pessoas que sofrem de depressão podem passar melhor sem um tratamento químico", explicou o professor Irving Kirsch, do departamento de psicologia da Universidade de Hull.
  • Estão neste caso os princípios activos de alguns dos antidepressivos mais prescritos como a fluoxetina (Prozac), venlafaxina (Efexor), a paroxetina (Seroxat) e a nefazodona (Serzone).
  • "Tomando por base estes resultados, parece não haver justificação para a prescrição de tratamentos antidepressivos, com a excepção das pessoas que sofrem de depressão muito grave, a menos que os tratamentos alternativos não tenham produzido melhoras", explicou Irving Kirsch.

Estaremos nós perante mais um mega-embuste das corporações?

Tuesday, February 26, 2008

A saúde e as urgências clínicas

Fala-se e escreve-se muito sobre a existência e o papel das urgências clínicas no apoio às populações. Há muita gente a estudar o assunto, há muitos interesses pelo meio e há muita gente mal informada.

Vejamos o que se vai dizendo por aí:
  • Diz a Ordem dos Médicos: “Os doentes não estão a ser bem assistidos devido ao congestionamento nas Urgências” causado pelas reformas, disse, garantindo que isso “aumenta a mortalidade em 40 por cento”.
  • Diz um dos reformadores do sistema de urgências: a reforma elaborada com a necessidade de atender ao tempo actual, em que os serviços são mais procurados e os “recursos humanos extremamente escassos”. No entender do médico o SNS não tem demonstrado plasticidade para “conviver com vários fardos” e argumentou que um “serviço não existe isolado, tem que funcionar em rede”.
  • Diz o fundador do SNS: considerou, “ o melhor serviço do Estado português, uma conquista da democracia e de um estado de direito”.
  • Diz uma doente: Esmeralda Pereira, de 51 anos, esperou dez horas para ser atendida nas Urgências do Hospital Garcia de Orta, em Almada. Com “fortes” dores na coluna, entrou na unidade às 00h30 de ontem. Na triagem mediram-lhe a temperatura e determinaram o caso como “pouco urgente”. “Quando chegámos havia cerca de dez pessoas. Não entendo tanta espera para ser atendida”.

Nós dizemos apenas duas coisas: 1) os recursos são limitados; 2) a falta de gestão de recursos pode ser calamitosa.

Monday, February 25, 2008

Será o Ministério da Saúde um local mal frequentado?

Eça dizia que Portugal era um sítio mal frequentado. Infelizmente, os males de que Portugal padecia ao tempo de Eça, persistem. Vejamos estas demissões, que se juntam em cromos:
  • Eduardo Barroso anunciou esta segunda-feira a sua demissão da direcção da Autoridade para os Serviços de Sangue e Transplantação.
  • o cargo de director geral da Autoridade para os Serviços do Sangue e Transplantação não é compatível com o cargo de director de uma unidade de transplantes.

Agora, para além de médicos que desempenham funções públicas e funções privadas, temos médicos que desempenham múltiplas funções públicas e múltiplas funções privadas! Portugal só pode ser um país em grande expansão económica! Ou será mesmo um país mal frequentado?

Nascerá torto o Hospital de Cascais?


Mas, e estes antecedentes graves, que o Tribunal de Contas levantou:
  • O concurso para o novo hospital de Cascais, que foi ganho pela HPP – Hospitais Privados de Portugal (controlada pela Caixa Geral de Depósitos), foi analisado pelo Tribunal de Contas, que apontou, num relatório hoje divulgado, a falta de estudos, por parte do Estado, que permitissem, antes do concurso, ter uma noção exacta de todos os encargos públicos desta parceria público-privada (PPP).
  • O Tribunal de Contas questionou ainda alguma falta de clareza em relação à transmissão do direito de superfície do futuro hospital de Cascais para a HPP.

E estes:

  • o TC refere-se ao «recurso reiterado a consultores financeiros e jurídicos externos, nas fases de preparação da parceria, avaliação das propostas e negociação competitiva, daí resultando uma intervenção de quase liderança por parte dos consultores».

Saberá o que está a fazer, quem está no papel de defensor dos interesses do Estado (que são todos os contribuintes)?

Post Scriptum: não somos contra soluções privadas ou hibridas na saúde. Somos favoráveis à transparência, que normalmente é menos dispendiosa do que são as trapalhices!

Friday, February 22, 2008

Assessoria de imagem especial

Ficámos a saber que a nova Ministra da saúde escolheu uma assessora de imagem com as seguintes características:
  • Cláudia Borges, que apresentou o programa Centro de Saúde na RTP1, é a nova consultora do gabinete de comunicação do Ministério da Saúde, agora dirigido por Ana Jorge.
  • Cláudia Borges conheceu a nova ministra da Saúde no âmbito do programa Centro de Saúde, já que a jornalista gravou dois programas desta série na unidade de pediatria do Hospital Garcia de Horta, serviço do qual Ana Jorge era directora.
  • O objectivo de Ana Jorge, ao ir buscar Cláudia Borges, é dar a conhecer melhor o que é o sistema de saúde português e as reestruturações que estão em marcha, além de dar ao público mais informação e uma melhor comunicação sobre este assunto, acrescentou.
  • Cláudia Borges, mulher de Ricardo Costa, jornalista da SIC, é licenciada pela Faculdade de Direito de Lisboa, dedicando-se ao jornalismo desde 1992.

Post Scriptum: Para quem não sabe, Ricardo Costa é meio-irmão de António Costa, actual Presidente da Câmara de Lisboa!

Sim, Senhor Presidente, mas....

O Presidente da República (PR) inaugurou hoje novos equipamentos de saúde no norte do país e aproveitou o acto para lançar algumas ideias:
  • «ninguém pode ser excluído (do acesso à saúde) por razões financeiras».

Esta pequena frase limita-se a clarificar que o PR se recorda do artigo 64º da Constituição da República. Mas, Cavaco Silva avançou ainda mais ideias:

  • «As ofertas são complementares, os dois sectores (público e privado) podem funcionar em paralelo, mas é preciso que coloquem o doente no centro das suas preocupações, para satisfazer o direito básico à saúde».
  • Na sua intervenção, Cavaco Silva elogiou ainda a competência dos profissionais de saúde portugueses e deixou um conselho para a resolução dos problemas na área da saúde.

O problema é que ao contrário do que se costuma dizer, "a saúde tem um preço". Ou seja, os doentes têm expectativas muito elevadas quando entram numa unidade de saúde, os profissionais de saúde têm grandes expectativas face ao seu imaginado desempenho e os portugueses (o Estado e os cidadãos) não possuem recursos para algo "que tem um preço muito elevado".

O puzzle vai ser muito complexo de resolver, ainda que o PR refira que, «Os problemas devem ser resolvidos com serenidade, com diálogo construtivo e com a experiência dos que contactam directamente com os doentes no dia-a-dia», afirmou.

Thursday, February 21, 2008

Instituto CUF

Numa altura em que se discute se o Estado (que são todos os contribuintes) tem ou não dinheiro para suportar o SNS, a iniciativa privada parece não ter dúvidas sobre a viablidade do investimento na saúde. Vejamos este novo investimento do Grupo José de Mello Saúde:
  • Na cidade do Porto, o Presidente inaugura uma nova unidade do Instituto CUF de Diagnóstico e Tratamento.
  • Esta unidade, a maior de ambulatório no país, assume-se, segundo os seus promotores, como um dos pólos tecnológicos mais avançados da Península Ibérica, o que a torna numa unidade diferenciada da actual oferta de saúde, nas áreas do Grande Porto, Norte e, inclusive, da Galiza.
  • O Instituto CUF permite que, num mesmo local, sejam realizados exames de Imagiologia e de Medicina Nuclear, bem como tratamentos de Fisioterapia, Radioterapia e Braquiterapia, Hemodiálise, e Radiologia de Intervenção Hemodinâmica, para além de serem disponibilizadas consultas de diversas especialidades médicas e cirúrgicas.

Vejamos como se desenvolverão os vários cenários para a saúde nos próximos anos.

Wednesday, February 20, 2008

O fumo dos carros e o fumo do tabaco

Não fumamos, mas somos contra o imenso fundamentalismo que por aí vai contra quem fuma. Se é assim tão mau fumar, proiba-se a venda de tabaco! Não se persiga quem fuma e paga imenso de impostos, que o Estado não rejeita.

Lemos esta notícia: City pollution from car exhausts could be causing heart damage, say scientists, who have also found increasing evidence linking smoke from fires and tobacco to heart attacks, cardiovascular disease and clogged arteries.

Ou seja, o fumo do tabaco faz mal. O fumo originado nos automóveis faz também muito mal. Será que a Direcção Geral de Saúde (DGS) vai proibir a circulação de automóveis, também!

Vejamos mais dados daquela notícia:
  • "In rapidly modernising regions, environmental regulations are frequently avoided in the interest of improving economic growth," said Matt Campen, of the Lovelace Respiratory Research Institute in Albuquerque, New Mexico. "Thus, the global cardiovascular health burden from air pollution is likely to escalate dramatically over the coming decades."
  • PAHs are produced when substances such as coal, tobacco, or wood are burned, and many of the larger types are carcinogenic. The smallest PAH molecules have normally been ignored but Incardona's research shows these chemicals, found in oil, are toxic to the developing hearts of zebrafish, a standard model for the effects of chemicals on human hearts.

Pronto, a DGS e a ASAE não vão permitir a circulação automóvel e a utilização de lareiras!

Tuesday, February 19, 2008

Cirurgias

Fonte: aqui.

Má gestão na saúde

Má gestão de recursos humanos: "Até ao final desta semana" a Administração Regional de Saúde do Algarve (ARSA) deverá "tomar uma decisão" em relação ao Centro de Saúde de Aljezur, onde a médica Laura Pinto está de baixa clínica há cerca de 12 anos, deixando sem assistência um total de 1230 utentes daquele concelho e onde corre um abaixo-assinado a exigir a demissão do director da unidade, Manuel Ramos, acusado de inoperância.

Incumprimento da Constituição da República: Há pelo menos oito hospitais que não cumprem o despacho do secretário de Estado da Saúde, de Novembro, que dita a dispensa gratuita dos medicamentos nas farmácias hospitalares, quer as receitas sejam passadas por médicos do sector público ou do privado, desde que prescritas em consultas especializadas.

Pode-se dizer, "são pequenos detalhes". Repetimos nós um ditado alemão, "o Diabo está nos detalhes". Como é que é possível um funcionário qualificado, um médico, estar de baixa clínica há 12 anos? Tem a cobertura da chefia? E a chefia não tem chefia?

Quanto à não prescrição de medicamentos nos hospitais, que só existem nas farmácias hospitalares, só temos duas soluções: 1) muda-se a Constituição da República e cada um paga a sua saúde; 2) mete-se o SNS e todos os seus componentes, hospitais e centros de saúde, na ordem.

Monday, February 18, 2008

Imagens da saúde em Portugal

Primeira:
  • A autarca (de Odivelas) lamentou que "os cuidados paliativos tenham deixado de funcionar e 24 horas por dia e corram o risco de acabar "por falta de pessoal". Outro dos problemas, segundo a vereadora, é a falta de condições dos centros de saúde actuais. "Há salas onde chove, andares sem casas de banho por problemas de esgotos, prédios sem elevador ou com escadas de acesso que dificultam a mobilidade". Exigiu, por isso, a construção de novos centros de saúde e do Hospital de Loures, que, recordou, "chegou a estar previsto para 2008".

Segunda:

  • o coronel Abílio Gomes assume funções num momento em que o INEM atravessa um período marcado por uma sucessão de casos polémicos de socorro tardio, em diferentes pontos do País.

Terceira:

  • "As viaturas podem estar muito bem equipadas, mas se não houver coordenação, o sistema não funcionará. Não chega ter meios técnicos, é preciso que eles funcionem. E o município de Valença quer que fique inequívoco que não se repetirão episódios como os que recentemente vieram a público, relacionados com o INEM", disse ainda Serra.

Comentário nosso: é difícil gerir pessoas, mas se quem vai para Ministro não o sabe fazer, é melhor não aceitar ser Ministro.

Friday, February 15, 2008

Tribunal de Contas arrasa Ministério da Saúde

O Estado deve ser considerado à partida uma entidade de bem. Mas, não deve ser dado ao Estado discricionaridade total, sob pena de podermos viver sobre um Estado sem controlo.

O Estado é grande e quem tem assumido a sua representação, não tem querido que ele aumente. Aliás, vários políticos têm formulado um desejo: "menos Estado, melhor Estado". Em face deste desejo, o Estado pretende entregar parte das suas funções a entidades privadas. Na saúde, desde a criação da Parceria Público - Privada (PPP), no Hospital Amadora - Sintra, em 1995, que o tema tem sido crescente, ainda que sem se ter criado nenhuma outra parceria do género.

Vejamos o que refere o Tribunal de Contas, relativamente ao contrato estabelecido pelo Estado para a construção do novo Hospital de Cascais, em regime de PPP:
  • De acordo com o documento do TC, o lançamento desta parceria foi realizada sem considerar nem dar a conhecer «todos os encargos públicos com o projecto, designadamente o custo de oportunidade de utilização dos terrenos (…), custos com as expropriações e com a construção de acessos e infra-estruturas».
  • o documento do TC aponta a «ausência da quantificação do custo global do projecto e a não avaliação de cada um dos riscos e da sua partilha, impede que o TC se possa pronunciar relativamente à mais-valia que poderá resultar para o Estado da concretização desta parceria».
  • o organismo de fiscalização aponta, ainda, a falta de celeridade constatando que «as fases de qualificação e de avaliação das propostas duraram cerca de 15 meses (estavam previstos 4 meses) e que, em relação ao calendário do projecto, se verifica um atraso de cerca de dois anos.
  • a falta de avaliação do custo-benefício resultante da cedência do direito de superfície do terreno «impede que o TC se possa pronunciar relativamente à mais-valia do projecto para o Estado», constata o organismo de fiscalização.
  • O recurso «aos mesmos consultores», ao longo das várias fases de desenvolvimento da parceria (lançamento, procedimento concursal e acompanhamento), «colocou em causa o princípio da segregação de funções que as boas práticas recomendam».

Finalmente, esta "pérola":

  • O novo hospital de Cascais, cujo concurso foi lançado em 2003 enquadrado no programa para criar 10 novos hospitais em PPP, foi adjudicado no ano passado ao consórcio HPP (grupo CGD) e Teixeira Duarte, tendo prazo de execução prevista de dois anos e entrada em funcionamento em 2009.

Vamos ter um Hospital de Cascais, novo, em 2009? Só se for feito com peças da "Lego"!

Post Scriptum: perante tão devastador relatório, dever-se-iam esperar consequências.....sobretudo sobre quem tem a responsabilidade sobre o projecto em curso, no Ministério da Saúde.

Thursday, February 14, 2008

Senhora Ministra: aqui vai mais um desperdício

O actual governo gosta muito de uma frase: "o combate ao desperdício". Esta frase serve para o bem e serve para o mal. O desperdício pode ser o encerramento de uma escola em Trás-Os-Montes com 5 alunos; o desperdício pode ser o encerramento de uma maternidade que não "produza" 1.500 bébés por ano; o desperdício pode ser o encerramento de cursos no Ensino Superior com menos de 20 alunos.

Convenhamos que concordamos com o "combate ao desperdício", mas já não concordamos que aqueles sejam os principais desperdícios. Aliás, podem-nos chamar populistas, mas o primeiro sinal de combate ao desperdício tem forçosamente que vir de cima, e aí, por exemplo, o Estado deveria evitar a aquisição de novas viaturas acima de 1.400 centímetros cúbicos durante 5 anos.

Mas, poderíamos dar muitos mais exemplos. Vejamos um claro e evidente desperdício que o SNS não evita: Serviço Nacional de Saúde está a pagar cirurgias plásticas estéticas.

Como? O SNS tem dinheiro para pagar cirurgias estéticas? Parece que sim:
  • há casos de utentes que recorrem ao Serviço Nacional de Saúde e que pedem uma cirurgia estética, sendo por vezes encaminhados por alguns hospitais para o sistema de listas de espera.
  • Como acontece em muitos casos, o sistema de gestão não consegue uma cirurgia para estes utentes no prazo de nove meses, sendo então o serviço realizado por um privado, em regime de convenção.
  • Segundo referiu o presidente do Colégio de Cirurgia Plástica da Ordem dos Médicos “há clínicas que estão a despachar situações de cirurgia plástica de estética pura à custa do erário público” acrescentando que, no seu entender, “é imoral que isto aconteça num país onde, por exemplo, há uma comparticipação limitada de medicamentos essenciais”.

Mais palavras? Onde está a contenção? Não vivemos nós num Regime de falácia e de desenrasque?

Post Scriptum: para nós existe esta excepção, “Se uma pessoa tem muitas cicatrizes devido a uma operação por causa de um acidente, essa cirurgia é estética, mas necessária”.

Wednesday, February 13, 2008

Parabéns ao Hospital de Santa Cruz

Apesar de o SNS não ser um mar de rosas, é com agrado que escrevemos sobre esta conquista:

Foi com sucesso que se realizou esta manhã o primeiro transplante de rim de dador vivo entre cônjuges. A operação, que não traz novidades em termos médicos, inaugura em Portugal um novo quadro jurídico para a doação de órgãos decorreu no Hospital de Santa Cruz. A situação presente é um caso de insuficiência renal de uma mulher com cerca de 40 anos que vai receber um rim do marido, da mesma idade, segundo as indicações do director de serviço de transplantes do Hospital de Santa Cruz, Domingos Machado.

Hospitais militares: para quê?

O "Império" terminou em 1974. A Guerra Colonial terminou em 1974. As Forças Armadas portuguesas deixaram de ter mais de 100.000 homens, para terem hoje menos de 30.000 homens. Os esforços militares portugueses limitam-se a 3 ou 4 acções simbólicas em 3 ou 4 cenários de guerra internacionais. Simbólicos, porque envolvem poucos homens e poucos meios, e também são operações normalmente na retaguarda de exércitos mais poderosos (Inglês, Americano, Italiano ou Francês).

Dito isto, para quê que existem hospitais específicos para militares? Para nós, apenas por uma questão de fétiche ou de prurido do poder político. Poder político que não tem qualquer prurido em afrontar as populações isoladas do interior, ou em mandar para a cadeia militares que se manifestam, à civil, em público. É a chamada força perante os fracos!

Tudo isto a propósito da possível racionalização dos hospitais militares:
  • O Chefe de Estado Maior do Exército (CEME) esteve ontem no Hospital Militar Regional de Coimbra (HMR), onde afirmou que a unidade passará a funcionar como centro de saúde
  • Na prática, pouca coisa mudará no hospital. “Para além do internamento, vão manter-se todos os serviços”, expressou Pinto Ramalho, garantindo ainda que continuarão “as consultas nas restantes especialidades e o apoio às unidades do exército”.
  • As urgências, com médicos a tempo inteiro nas diversas especialidades, com unidades de apoio e unidade de recobro, “só existem no Hospital Militar de Lisboa”, declarou.
  • Apesar do fim do internamento e do serviço de neurocirurgia, Pinto Ramalho garante que “os militares do exército vão continuar a desempenhar a sua missão”.

Sinceramente, continuamos a não perceber porquê que os Senhores militares não vão a um qualquer hospital público. Aliás, será que haverá hospitais para polícias, ou para "GNR's"? Ou fará sentido enviar militares aquartelados no Alentejo para serem tratados em Lisboa?

É o que chamamos "poupar no farelo". A farinha continua-se a gastar, mas vai escasseando também!

Post Scriptum: porque não aproveitar o know how acumulado dos hospitais militares e integrá-los em estruturas hospitalares comuns? Ganhávamos todos.

Tuesday, February 12, 2008

Monday, February 11, 2008

Colecção de abortos

Somos favoráveis ao aborto, em circunstâncias muito específicas. Mas, jamais aceitaremos que o aborto seja encarado da mesma forma que uma qualquer dôr de dentes.

Lemos aqui (edição de 11 de Fevereiro de 2008), algo que nos deixa petrificados: Nos cerca de seis meses em que vigora a lei da descriminalização do aborto até às dez semanas há mulheres que já fizeram duas interrupções voluntárias da gravidez (IVG).

Mas, será que fazer um aborto, é como tirar um dente?

Aqui fala-se de falta de informação: "Achamos que as pessoas sabem tudo, que houve um referendo e as mulheres estão informadas. Mas não estão. Muitas desconhecem completamente que podem fazer uma interrupção voluntária da gravidez num estabelecimento de saúde", afirma ao DN Maria José Alves, médica da Maternidade Alfredo da Costa (MAC) e da associação Médicos pela Escolha.

Apenas perguntamos, o que andam a fazer os portugueses que nem se apercebem que já existiram dois referendos sobre o aborto? O que andam a fazer as escolas em Portugal, quando as pessoas nem entendem o que se diz nos telejornais, quase diáriamente? O que andam a fazer os técnicos do Ministério da Saúde, e em particular dos Centros de Saúde?

Meu Deus, antigamente era o "obscurantismo" de Salazar! E agora, o que é?

Sunday, February 10, 2008

O escalpe do INEM

Fonte: aqui.

Ditado popular: "Em casa que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão".

O sector da saúde entrou em descalabro quando os gastos com a saúde ultrapassaram os 10% do PIB. A riqueza que se cria em Portugal desde 2000 é anémica. Ou seja, Portugal está em estagnação (para nós, está em recessão) desde há 8 anos! Como o sector privado não cria riqueza e emprego, o Estado vai suportando muito emprego artificial. Paralelamente, o Estado vai sendo esmifrado por um conjunto de lobbies que, vá-se lá saber porquê, mandam mais do que a Assembleia da República!

A política de saúde de Correia de Campos centrou-se na "poupança do farelo". A farinha continuou-se a gastar. A população excluída do interior foi a primeira vítima na "poupança do farelo". Contudo, as pessoas não são tontas o tempo inteiro, e esboçam-se movimentos sociais que causaram a "morte" de Correia de Campos.

Agora, a nova Ministra quer fazer marcha atrás, através de um primeiro escalpe: O presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi substituído pela nova ministra da Saúde, Ana Jorge, avança a TVI. Contactado pela RTP, Luís Manuel Cunha Ribeiro explicou que sai na sequência do que considera um acto normal - o de pôr o lugar à disposição da nova ministra.

O agora demitido ex-Presidente do INEM é só a primeira vítima, da pobreza que vai pelo sistema de saúde.

Quem serão as próximas vítimas?

Post Scriptum: imaginamos que haverá por aí muito Administrador Hospitalar a necessitar de um qualquer soporífero!

Saturday, February 09, 2008

Os procedimentos de gestão na saúde

Desconfiamos profundamente da maior parte da informação que o Ministério da Saúde vai dando sobre as causas de morte em Portugal. Desconfiamos, não porque achamos que as pessoas que lá trabalham sejam incompetentes. Desconfiamos porque já vivemos na pele, situações em que, por exemplo, no registo do óbito se coloca muitas vezes uma das possíveis causas de morte, e apenas porque é um procedimento obrigatório colocar lá qualquer coisa.

Este exercício de se saber "porque morrem as pessoas" é extraordináriamente importante para poder prevenir a morte de outros que possam padecer dos mesmos males. Mas adiante, vamos olhar agora para a informação de gestão sobre os vivos, que estão nas urgências, e que podem ter um AVC ou um enfarte:
  • Pela primeira vez, o Ministério da Saúde dispõe de indicadores que lhe permitem perceber, quase ao milímetro, como funcionam as urgências. E identificar problemas que necessitam de intervenção imediata.
  • Há indicadores preocupantes, pelo menos à vista desarmada. Um exemplo: de acordo com os dados que constam do relatório com o último ponto da situação (entre Setembro e Novembro de 2007) de 26 serviços urgência do SNS já informatizados, na maior parte das urgências analisadas um doente com um enfarte agudo de miocárdio aguarda mais de uma hora entre o registo administrativo e a realização do primeiro electrocardiograma.
  • As recomendações clínicas publicadas em 2007 pela Coordenação Nacional para as Doenças Cardiovasculares indicam um tempo "ideal" de 10 minutos.
  • Também o tempo médio de espera entre o registo administrativo e a realização do primeiro TAC crânio-encefálico nos casos de acidentes vasculares cerebrais (AVC) parece ser excessivo - superior a quatro horas em seis hospitais. Há até um onde a demora ultrapassa nove horas.

Nada de surpreendente, infelizmente. Mas, felizmente que ainda existem pessoas que pensam em Portugal:

  • Mais uma vez, os peritos alegam que pode haver um problema de registos, mas Seabra Gomes defende que isto é "inaceitável" e que "é necessário que os hospitais se organizem".

Ora, Dr. Seabra Gomes tocou numa ferida, infelizmente, sem cura.

Post Scriptum: há pessoas que pensam que a informática resolve tudo. A informática só faz aquilo que as pessoas querem que faça. Nada mais. É que gestão da informação não é o mesmo que informática!

Friday, February 08, 2008

SNS: tendencialmente a pagar mais!

No artigo 64º da Constituição da República Portuguesa, refere-se que o SNS é "tendencialmente gratuito". Como a língua portuguesa é traiçoeira, arriscamo-nos a que o SNS seja "tendencialmente a pagar mais".

Reparemos nesta herança, bem pesada, de Correia de Campos: Para os doentes, no entanto, o panorama é diferente: no ano passado, pagaram mais 60 milhões de euros - cerca de 4% a mais - do que em 2006.

E, apesar de tudo, Correia de Campos parece que esmagou um pouco mais os laboratórios farmacêuticos e as farmácias: baixou o preço dos remédios em 6%, em 2006 e em 2007, mas mesmo isso não chegou para fazer baixar os gastos dos doentes.

Ainda a procissão vai no adro! Mas, há ainda muita gente a ganhar com o SNS. E não são os doentes, com toda a certeza.

Os serviços baixam de qualidade; os serviços encerram nos locais mais distantes; e os custos com a saúde directos e indirectos são maiores. Nuvens negras adensam-se, até que se ataquem os reais beneficiários do sistema. Não é preciso pensar muito, para se chegar à conclusão sobre quem são os "beneficiários" do SNS!

Thursday, February 07, 2008

Os transplantes e a falta de vergonha

Fonte: aqui.

Antes de mais, queremos afirmar que não somos contra o conceito de "lucro", nem somos contra o princípio do "mérito". Antes pelo contrário.

Mas isto, é absolutamente inconcebível: Há médicos a receber mais de 250 mil euros em prémios de incentivos à transplantação e outros que não recebem nada. A gestão dos incentivos, atribuidos pelo Ministério da Saúde, depende das administrações dos hospitais, que nuns casos distribuem o dinheiro pelas equipas, mas noutros não.

Os detalhes desta notícia são escabrosos, sobretudo porque se passam no SNS, que é suportado por todos os portugueses, e muitos deles vivem em condições próximas do limiar da miséria:
  • De acordo com as contas da visão, (Eduardo) Barroso recebeu no ano passado 277 mil euros de prémios, mesmo sem realizar qualquer transplante. Em delcarações à Visão, o médico explica que a situação foi negociada com a tutela, mas acaba por admitir que o valor é exagerado, pelo que mandou reduzir em 3%, o montante que recebe.
  • O cirurgião considera os prémios exagerados e garante que por iniciativa própria já propos baixar em 3 pontos a percentagem que usufrui...Uma informação que terá apanhado o presidente do conselho de administração do hospital de suspresa...Manuel delgado terá respondido á visão..que o jornalista lhe estaria a dar uma novidade.
  • Outro foco de revolta está na enfermagem, porque só alguns profissionais recebem os incentivos. Em entrevista à Visão, alguns enfermeiros referem que os incentivos são uma pratica imoral e injusta.

Mas, enquanto Manuel Delgado, que parece que é Administrador do Hospital Curry Cabral, mas não sabe o que se lá passa, noutro hospital público passa-se isto:

  • De acordo com a investigação da revista Visão, que amanhã vai para as bancas, os cirurgiões dos hospitais da Universidade de Coimbraos garantem que nunca receberam um cêntimo pelos transplantes realizados, apesar de ser nesta instituição que estão as equipas campeãs nacionais de transplantes renais e de coração.

Lamentamos ter que o escrever, mas isto só falta "tirar os olhos" aos portugueses. É o que se costuma dizer, é fartar vilanagem!

Habituem-se


Post Scriptum: Um ex-Ministro afirmou uma frase, "habituem-se", que veio a ficar célebre! Pois.

Wednesday, February 06, 2008

Não há alternativas ao Alert P1?

Como? Estão a brincar? É que estamos a falar de muitos milhões.

Repare-se nisto:
  • O Tribunal de Contas está a investigar os contratos do Ministério da Saúde com uma empresa, a Alert Life Sciences Computing, para a informatização dos hospitais e centros de saúde.
  • O negócio foi feito através de ajuste directo e não por concurso público, que permitiria escolher condições mais vantajosas para o Estado.
  • Carmen Pignatelli (...) remeteu explicações para o seu antigo chefe de gabinete, Rui Guerra, que justificou a opção pela empresa Alert: “Não havia um sistema alternativo ou outro produto na central.”

A resposta vem do Dr. José Miguel Boquinhas: Por que não adquiriu o software da Alert? Porque havia no mercado outra empresa, a HP, com condições muito mais favoráveis.

Não estaremos perante uma situação de "lesa - Estado"?

Saturday, February 02, 2008

Correia de Campos: saiu ou foi empurrado?

É importante que os portugueses escrutinem os seus governantes, pois de outra forma, bem podem lamuriar-se ou queixar-se do azar, mas as escolhas dos políticos competem apenas aos cidadãos.

Tudo isto a propósito desta notícia:
  • foi o ex-ministro da Saúde que precipitou os acontecimentos. Tendo sido informado da intenção do primeiro-ministro, terá imposto a saída imediata do Executivo, deixando Sócrates irritado e obrigando-o a uma verdadeira ‘corrida contra o tempo’ – tanto na comunicação ao Presidente da República, como nos convites aos novos ministros.

Dizemos nós, "quem não se sente, não é filho de boa gente".

Correu pelos media, que Correia de Campos tinha posto o lugar à disposição do Primeiro Ministro, logo após a mensagem de Ano Novo do Presidente da República.

Afinal, Correia de Campos sentiu-se afastado, mas bastante tempo após a mensagem do PR, e provocou ele próprio a sua saída. Este tipo de esclarecimento é extremamente importante, pois elimina toda uma nuvem de "não - verdade" que o Primeiro Ministro foi promovendo, referindo que a política no Ministério da Saúde vai continuar como estava.

Na saúde, como em todas as áreas em que estão em causa os direitos dos cidadãos, é importante perceber como é que se fazem as verdades e se desmontam as "não - verdades"!

Post Scriptum: apesar de sermos profundos defensores das reformas na saúde, nunca achámos que as reformas de Correia de Campos levassem o barco a bom porto. As reformas têm que atacar um conjunto de interesses poderosíssimos que atacam o sector da saúde, e não apenas levar ao encerramento de serviços em zonas em profunda desertificação humana e económica.

Friday, February 01, 2008

Coitados dos pacientes

Fonte: aqui.

Post Scriptum: para nós, chamarem-nos "pacientes" e não doentes ou clientes, é uma atitude ofensiva. Pacientes temos que ser para os nossos filhos ou para os nossos amigos!