Tuesday, October 31, 2006

Convenções com privados

Temos elogiado pontualmente o Ministério da Saúde e as suas decisões. Mais uma vez, vimos elogiar este rasgo do referido Ministério: "O Governo vai liberalizar o sector das convenções a partir de 2007...... defendeu a abertura de novos concursos e contratos de adesão para um sector que custa ao Estado quase 700 milhões de euros por ano".

Após um inquérito da
Entidade Reguladora da Saúde, que já aqui referimos, em que foram detectadas irregularidades graves no sector das convenções, o Governo prepara-se para: "A abertura de novos acordos com o SNS para a realização de exames clínicos e de meios complementares de diagnóstico, como radiografias, mamografias, análises ao sangue ou sessões de fisioterapia, é algo que é reclamado pelo sector há anos".

No entanto, esperemos que o consumidor ou o contribuinte também ganhem com a medida de liberalização: "Em causa está um negócio que rende aos privados quase 700 milhões de euros. No Orçamento do Estado para 2007, a verba prevista para a despesa nesta área é de 671,2 milhões de euros, o que representa um congelamento relativamente à previsão de gastos para este ano".

Monday, October 30, 2006

Redundancias

A pressão dos custos de saúde mantém-se por todo o lado. Na Grã-Bretanha (país que inspirou os políticos portugueses, no desenho do serviço de saúde), a situação de pressão de custos e dos necessários cortes, também está na ordem do dia: "The government says just over 900 NHS staff are set to be made redundant as part of hospital reorganisations".

Os sindicatos afirmam
isto: "Unions have warned up to 20,000 jobs are set to go in hospitals across England".

O Ministro da Saúde responde: "In the main, employers are taking alternative steps to minimise the level of compulsory redundancies such as reducing staff levels through natural turnover, which is around 130,000 staff every year in the NHS anyway, redeployment and by reducing demand for agency staff". E ainda: "The number of compulsory redundancies should be seen in the context of a 300,000 increase in staff numbers across the NHS since 1997 - a rise of more than 29% - including 85,000 more nurses".

Da parte da Corporação de Enfermeiros afirma-se isto: "But ministers should be under no illusions about the serious impact on patients care if these posts are lost to the NHS".

Finalmente, a Oposição responde desta maneira: "What is demoralising NHS staff is that the incompetence and mismanagement of the Labour government has meant that after investment in expanding staffing numbers in the NHS, the financial deficits now mean hospitals are cutting back on the number of jobs".

A gestão não é uma ciência exacta. Engana-se quem pensa que sim.

Sunday, October 29, 2006

Encruzilhadas


O Professor Correia de Campos tem sido um dos Ministros mais activos do actual governo. Ás vezes é bom ser activo. Outras vezes, o excesso de actividade é pernicioso.

O monstro da saúde é quase ingovernável, na generalidade dos países, desenvolvidos ou não. É, no entanto, fundamental, não desistir de tentar domar a fera.

A propósito de uma das várias tentativas de controlar a despesa, o Ministro da Saúde, dá um passo lateral: "O ministro da Saúde quer tirar todas as dúvidas acerca da constitucionalidade das novas taxas moderadoras". Taxas moderadoras, que já foram taxas de utilização, e que no fundo são impostos....

Continuamos sem compreender como é possível moderar a utilização do internamento hospitalar! A não ser, que se esteja a falar dos milhares (pelo menos centenas) de velhos que vivem nos hospitais do Estado, porque não são acolhidos em mais lado nenhum. Mas, isso nada tem a ver com saúde! Isso, é uma questão social.....e familiar.

Num outro aspecto, o Ministro da Saúde utiliza algo que os políticos usam e abusam, que é a utilização perversa da linguagem. Uma Deputada da oposição "confrontou o ministro com a promessa de criar 100 Unidades de Saúde Familiar (USF) até Dezembro e até agora só existirem 17". Ao que o Ministro responde, "100 representa o número de candidaturas a que aspirava". E diz mais, "Há 17 unidades em funcionamento e 24 com abertura marcada até final do ano", e tenta defender-se com o quase criminoso cinismo de linguagem: "Correia de Campos defendeu-se também dizendo que a criação destas unidades depende da iniciativa voluntária dos profissionais que trabalham nos centros de saúde".

Afinal, em certas medidas, vemos demonstração de força e de poder. Agora, vem-se falar de "iniciativa voluntária dos profissionais"? Estamos perante a encruzilhada!

Friday, October 27, 2006

O Sistema de Saúde Britânico (NHS) e os modelos de organização

Os governos Britânicos optaram há uns anos, por uma modalidade de construção e gestão dos hospitais do NHS, que deu e dá pelo nome de "Private Finance Initiative" (PFI). Segundo lemos aqui, o conceito de PFI é o seguinte:

  • "The Private Finance Initiative specifies a method, developed initially by the United Kingdomgovernment, to provide financial support for Public-Private Partnerships" (PPPs) between the public and private sectors".
  • "These projects aim to deliver all kinds of works for the public sector, together with the provision of associated operational services. In return, the private sector receives payment, above the price that the Public Sector could have achieved the work, linked to its performance in meeting agreed standards of provision".

Agora, lemos num outro sítio, que a polémica acerca deste método de financiamento de novos projectos públicos continua: "The NHS will pay private companies £53bn for private finance initiative hospitals worth only £8bn", argumenta a oposição Britânica. O governo pelo seu lado, contra-argumenta: "the comparison was misleading, as the total cost includes cleaning and buildings maintenance" e "the flagship PFI policy means the private sector bears the risk and cost of building new hospitals".

A dimensão actual e futura das PFI's é a seguinte "There are 58 NHS PFI schemes already open with another 30 under construction". Contudo, "The extra costs of £45bn are completely unjustifiable in the context of an NHS under intolerable financial pressure".

Esta frase final diz tudo sobre o actual contexto das PFI's Britânicas: "Every hospital I talk to wants the freedom to structure its borrowing projects as they wish. For all too many, PFI has turned into a straitjacket".

Thursday, October 26, 2006

O decréscimo da satisfação com os sistemas de saúde

O nosso enfoque, por aqui, tem três vertentes: saúde, consumidor e Portugal. Mas, não deixamos de tentar entender a evolução dos cuidados de saúde, em países mais avançados.

A organização
Employee Benefit Research Institute (EBRI) é uma entidade Americana que tem como missão: "to contribute to, to encourage, and to enhance the development of sound employee benefit programs and sound public policy through objective research and education".

A
EBRI publicou agora o "2006 Health Confidence Survey", referente aos E.U.A..

Retiramos algumas conclusões do referido
estudo:
  1. "The 2006 Health Confidence Survey (HCS) finds that the public’s increasing dissatisfaction with the American health care system appears to be focused primarily on the rising cost of care".
  2. "Six in 10 Americans rate the health care system as fair (28 percent) or poor (31 percent). The percentage of individuals rating the system as poor has doubled since the inception of the HCS in 1998 (15 percent)".
  3. "Even as they report growing dissatisfaction with health care costs, Americans are more satisfied with the quality of care they have received than they are with the health care system as a whole".
  4. "prefer to use quality rather than cost as their primary consideration when making decisions about care".
  5. "Those with health coverage who have experienced an increase in health care costs in the past year are more likely to report their household finances have suffered as a result".

Ou seja, os Americanos apreciam a qualidade do seu serviço de saúde, mas acham-no caro. Não nos surpreende, o facto de que as pessoas exijam mais saúde, mas não queiram pagar mais....

Tuesday, October 24, 2006

Finalmente!

Temos sucessivamente aqui referido que a Entidade Reguladora da Saúde, apesar do seu nome pomposo, não parecia mostrar utilidade.

Eis se não, quando lemos isto,
aqui, "Reguladora da Saúde fala em fraude num quinto dos serviços convencionados".

Antes de mais refira-se o seguinte: "(análises clínicas, medicina física e reabilitação, diálise e imagiologia) representa 9,6 cento da despesa total do Serviço Nacional de Saúde".

Transcreve-se a monstruosidade de
Administração do Estado: "A impossibilidade de o Estado celebrar convenções (contratos com prestadores privados de cuidados de saúde), porque estas estão "fechadas" desde há largos anos, e a desadequação dos preços dos actos praticados têm incentivado "o aparecimento de um sentimento de injustiça que fomenta a fraude generalizada "nesta área"".

Nós, bem vamos sucessivamente alertando para a inexistência de gestão na saúde. Infelizmente, o curso do rio, só nos vai dando razão! Em quase 10% dos gastos em saúde, verifica-se agora, são objecto de "fraude generalizada". Haverá a demissão de algum responsável governamental, hoje? Ou, como é hábito, a culpa morre solteira?

Continuando a ler o que
aqui vem, ""Há mesmo quem estime que 20 por cento do valor pago aos convencionados será por serviços nunca prestados, ou seja, por uma actividade fictícia"".

Problemas de um Estado que é de todos, e não é de ninguém!

O que dirá a isto, o sempre activo Ministro da Saúde:

  1. "a maior parte dos prestadores são entidades com cerca de 20 anos".
  2. "uma pessoa residente no Algarve que pretendia fazer um tipo específico de ecografia queixou-se de ter ficado meses à espera e de se ver obrigada a realizar o exame a Lisboa. Isto, porque o que o Estado paga não é atractivo para o convencionado, que vai adiando a realização do exame".
  3. "há exames que não estão previstos nas convenções em vigor - nomeadamente as ressonâncias magnéticas - e que, assim, ou são feitos no sector privado e integralmente pagos pelos doentes ou realizados nos hospitais".
  4. "Há um tratamento desigual dos novos operadores, que se vêem impossibilitados de celebrar convenções".
  5. "outro problema resulta dos desajustamentos dos preços pagos pelo SNS que, nalguns casos estão muito acima e noutros muito abaixo dos preços que seriam razoáveis, em função das alterações tecnológicas que se sucederam".
  6. "como foram permitidos acordos com Misericórdias e outras instituições particulares de solidariedade social (IPSS) nesta área, a partir de meados dos anos 90, gerou-se uma "discriminação positiva" destas últimas e abriu-se caminho a negócios ilícitos".
  7. "têm sido detectados casos de Misericórdias que dão o nome, apesar de, na prática, os serviços serem prestados por entidades privadas. Um fenómeno que tem sido apelidado de "barrigas de aluguer"".
  8. "A ERS lamenta ainda que não existam mecanismos de monitorização e controlo de fenómenos de indução de procura -- as administrações regionais de Saúde limitam-se a verificar os documentos".
  9. "Fenómenos que poderão justificar o forte crescimento dos custos com os serviços convencionados - mais 200 milhões de euros no período compreendido entre 2000 e 2004".

Como é que o Serviço Nacional de Saúde, há-de ser sustentável!

Ineficiências no Sistema de Saúde Britanico (NHS)

Refere esta notícia, que "The NHS is losing more than £2bn a year through unnecessary emergency hospital admissions, inappropriate prescribing and other inefficiencies".

Dramático. Embora, devemos olhar para estas situações, como fontes de aprendizagem.

Alguns pontos a reter, nesta notícia:

  • "Wide variations in the way trusts manage their finances and services have been uncovered by the most detailed audit yet of the health service".
  • "Government could not and would not ask the public to support further increased spending on the NHS until it could demonstrate that current funds were being spent effectively".
  • "The audit, called Better Care, Better Value, used a wide range of clinical and financial indicators to pinpoint where savings could be made if all trusts performed to the standard of the best 25 per cent".
  • "It found that £975m a year could be unlocked by reducing the wide variations in the average length of time a patient stays in hospital. In the most efficient trusts, a patient with a broken hip will be in hospital for an average of 10.9 days, compared with 44.5 days in the least effective".
  • "The report suggests that hospitals could reduce the length of a stay by improving the way in which they discharge patients, such as ensuring that medical tests are sent back on time, transport problems are sorted out and relatives and social services informed".
  • "Almost £400m a year could be saved by reducing the number of emergency admissions, particularly among people with chronic conditions such as asthma and diabetes who should be treated within the community".
  • "Increasing the rate of day case surgery and reducing the number of operations which research shows in some cases may carry little benefit for certain patients, such as tonsil removal, were also recommended by the report".

A principal aprendizagem que retiramos daqui, é que é importante realizar auditorias ao serviço. A auditoria não é um processo de "caça às bruxas", antes verifica processos e controla os mesmos, por forma a corrigir o que não está a ser feito de forma adequada.

Seria bom, que quem dirige o Serviço Nacional de Saúde realizasse uma ampla auditoria ao mesmo. Melhorar-se-ia muita coisa, e sem os atropelos do costume.

Monday, October 23, 2006

Existe relação entre Autismo e o acto de ver televisão?


Lemos aqui, um artigo preocupante, se for confirmado o estudo, que refere que "Autism may be linked to children watching television when very young".

Antes de mais, algumas
informações prévias:

  1. O que é autismo ? "A range of symptoms, including difficulties forming relationships and communicating" e ainda "Sufferers can be obsessed with a narrow range of interests and do or say things repetitively".
  2. Factos: a) "Autism (including Asperger syndrome) is thought to affect about 535,000 people in the UK"; b) "Between 2 and 3 per cent of the UK's population have a learning disability, but only a tiny number of these have an unusually high level of specific talent".

Factos do estudo desenvolvido:

  • "Scientists investigating the dramatic increase in the number of autistic children have said the rise coincided with the use of cable television and videos".
  • "Autism is at record levels in the UK, where one in 110 people - more than half a million - has the condition, according to the National Autistic Society".
  • "Researchers investigating autism in the US said that, as recently as 30 years ago, it was thought one in 2,500 people had the condition. Today the figure is one in 166, a 15-fold increase".

Mas, no mesmo artigo refere-se que "The causes of autism are still being investigated", contudo, uma Mãe britânica refere isto "I think the idea that television is an environmental trigger for autism is difficult to grasp, dangerous even... it risks parents beating themselves up for letting their children watch Teletubbies when they were younger".

Sunday, October 22, 2006

Onde está o consumidor da saúde?

A propósito do 8º Congresso Nacional das Farmácias, lemos esta frase proferida pelo Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos: "Aranda da Silva criticou um debate sobre o sistema de saúde que se aplicaria a qualquer sector, em que “os doentes, os profissionais de saúde, as unidades e os cuidados sanitários desaparecem de cena”.

Onde está o doente? Adormeceu? Continua a pagar impostos, para suportar a vasta lista de Corporações?

Toda a gente fala de mudança na saúde, a começar pelo
Senhor Ministro da Saúde:

  • "Correia de Campos revelou ontem que aguarda promulgação do diploma relativo à criação de farmácias de venda ao público em hospitais públicos".
  • "O ministro da Saúde anunciou ontem que o novo diploma sobre propriedade das farmácias deverá estar em discussão pública em Novembro".
  • "António Correia de Campos recordou que a alteração da propriedade das farmácias é uma decisão do Governo que é “pouco popular” para os farmacêuticos, mas que os representantes das farmácias subscreveram, “embora com explícitas e leais discordâncias"".
  • "Correia de Campos destacou que aguarda promulgação do diploma relativo à criação de farmácias de venda ao público em hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS)".
  • "Acrescentou que estão em discussão públicas os diplomas de alargamento do horário das farmácias e o que transforma em preço máximo o preço fixo dos medicamentos e disse que não entende aqueles três diplomas como prejudiciais aos proprietários de farmácias".
  • "O ministro da Saúde anunciou que estão em preparação medidas para solicitar a farmácias interessadas que administrem na comunidade medicamentos altamente dispendiosos a doentes com patologias como cancro, sida e doenças hematológicas, entre outras, que tem cabido exclusivamente aos hospitais do SNS".
  • "Correia de Campos disse que o ministério gostaria de iniciar pelas farmácias de hospital a distribuição de medicamentos em dose fraccionada, “medida que representa uma revolução organizativa com elevado potencial de poupança".

Como contribuintes que somos, apreciamos o labor do Professor Correia de Campos, no sentido da poupança. Todos sabemos que o Estado é de todos, o que no nosso país significa que não é de ninguém! Esta ambiguidade, tem causado um despesismo exponencial nas despesas desse mesmo Estado.

Mas, onde estão os estudos que comprovam que as mudanças estão de acordo com os interesses e a satisfação dos doentes? E dos contribuintes?

Por exemplo, não entendemos ainda, como é que as Farmácias podem substituir os Hospitais, na dispensa de medicamentos a doentes com câncro ou HIV. A que preço? Quem paga esse preço? Não são gratuitos alguns desses medicamentos nos Hospitais? Veremos o que dizem as próximas notícias!

Saturday, October 21, 2006

O Orçamento 2007 e os medicamentos


O Orçamento de Estado - 2007 traz muitas novidades, para o sector da saúde. Por agora, trazemos apenas, as consequências de alguns aspectos da política do medicamento, para os consumidores.

A comparticipação do Estado em 2006, será alterada em 2007, conforme os seguintes valores:

  • Escalão B: a comparticipação do Estado desce de 70%, para 69%.
  • Escalão C: a comparticipação do Estado desce de 40%, para 37%.
  • Escalão D: a comparticipação do Estado desce de 20%, para 15%.

O consumidor da saúde, não só tem visto a sua carga fiscal a aumentar, como agora vê a comparticipação do Estado a diminuir. É caso para perguntar, daqui por algum tempo: não será melhor deixar a opção aos portugueses de livre escolha entre: pertencer ao SNS (e pagar o equivalente em impostos) ou não pertencer ao SNS (e não pagar o equivalente em impostos).

Ainda no Orçamento - 2007, verificamos no seu artigo 138º, que o Estado fixa a margem dos grossistas de medicamentos em 6,87% e a margem dos retalhistas (Farmácias) em 18,25%.

Continuamos a não perceber porquê que se fixa a margem por canal de distribuição no sector farmacêutico, e não nos outros sub-sectores da saúde (como por exemplo: os custos das consultas, os custos com os exames complementares de diagnóstico, os custos de cirurgia, etc.).

Irracionalidades inexplicáveis!

Friday, October 20, 2006

Inconsistencias

Lemos aqui, que "as urgências do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, estão em risco de fechar, a administração daquela unidade decidiu equipar este serviço com um sistema informático e computadores em todos os gabinetes médicos".

Temos, sistemáticamente, apelado a uma maior informatização dos sistemas de saúde. Sem ela, será impossível operar um sistema de saúde orientado para os doentes, familiares e colaboradores dos Hospitais e Centros de Saúde. Mas, este tipo de acções, nestes termos, é de carácter atentatório contra o contribuinte, ainda para mais numa época de forte contenção dos orçamentos.

Relatamos apenas algumas passagens absolutamente caricatas, na referida
notícia:
  • ""Não estou muito preocupado. Se se entender que há computadores a mais num local, muda-se para outro serviço onde eles sejam necessários. Tudo se aproveita. Se fosse um investimento de grande montante em instalações ou equipamentos pesados era pior", responde o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), António Branco".
  • "os médicos do Curry Cabral divulgaram ontem um documento onde descrevem, exaustivamente, a actividade das urgências daquele hospital, "num contributo técnico para a discussão pública, já que o relatório dos peritos nada refere sobre estes aspectos"".
  • "Os clínicos lembram que esta urgência foi criada em 1992 precisamente para aliviar um S. José "em ruptura". O Curry Cabral atende, em média, 260 a 280 doentes nas urgências, número que aumenta em mais cem no Inverno".
  • "O presidente da ARSLVT concorda que existem áreas no Curry que funcionam de forma muito positiva, como o caso da ortopedia. Contudo, explica que, no caso de a urgência vir mesmo a encerrar, nada impede que o serviço continue a receber os doentes".

Nós continuamos a achar que há um enorme déficit de gestão na saúde!

Thursday, October 19, 2006

The World of IT - Geneva 2006

Já tínhamos abordado esta Conferência. Registamos agora algumas ideias importantes, que aconteceram naquele evento.

A
voz dos Médicos:
  • "We are too slow to adopt technological change,” said Kari Harno, CMO of the Hospital District of Helsinki and Uusimaa (HUS) in Finland. “The time lag between product development and its actual use is much shorter in the US".
  • "Yet the pace of technological change needs to quicken in Europe, and the health IT industry could make a more concerted effort to listen to users’ needs before developing new products, according to some leading clinicians".
  • "IT spending currently comprising some 2% of health budgets, up from 1% in 2000, and moving towards a 5% target by 2010 as set out in the Communication".
  • "The Commission should develop “a stronger position on standards” and “could be introducing a more technical platform to connect institutions from different countries, instead of leaving this to national investment”.
  • "Presently, more than 96% of general practitioners are online in Finland, up from 94% in 2002".
  • "Even within institutions, it is always difficult to get the clinicians to adapt to the IT change – often there is no unanimous agreement on the main things that the professionals really want from the solutions".
  • "It’s a fight to be heard,” she (Lisette Tiddens-Engwirda, the Secretary General of the Brussels-based Standing Committee of European Doctors) said. “We need to say ‘please develop what we need rather than what you tell us you’ve invented".

A voz dos outros stakeholders da saúde, virá mais adiante.

Wednesday, October 18, 2006

A inexistente Gestão da Saúde

Lemos com algum interesse a entrevista que o Professor Correia de Campos dá a este jornal, e se em alguns aspectos ficamos satisfeitos, em outras afirmações, ficamos siderados com o despudor, como se fazem certas afirmações, sobretudo quando estamos a falar de um Alto Responsável do Governo, que gere um orçamento de mais de 7 mil milhões de euros.

Comecemos então, pelo lado positivo:

  1. Diz o Ministro da Saúde (MS): "Este ano, seguimos a mesma linha defendida pela doutrina internacional e estamos a fazer o mesmo para a rede de urgência, que cresceu ao deus-dará, sem estratégia". Vale a pena ir a Conferencias internacionais e aprender com quem investiga (realmente e ao contrário do que se faz por cá), e tentar implementar por cá, se for possível. O Professor Correia de Campos está relacionado com a temática da "saúde" há mais de 30 anos e é arrojado quando afirma "cresceu ao deus-dará"!
  2. Afirma ainda o MS: "Por exemplo, os doentes com doenças catastróficas, como o cancro, a sida, a tuberculose ou doenças relacionadas com o alcoolismo e a droga já estão isentos (do pagamento da taxa de utilização de internamento)".
  3. Outra afirmação positiva do MS: "Os hospitais da Universidade de Coimbra, por exemplo, não se tornaram EPE e estão a ter um desempenho financeiro e técnico óptimo".

Vejamos o outro lado, o lado negro da entrevista do Professor Correia de Campos:

  • Catastrófica, na nossa opinião, esta afirmação do MS: " Esta mentalidade, que vem do planeamento dos anos 40, foi prevalecendo em Portugal e deixámo-nos ultrapassar nos últimos anos". Oliveira Salazar e os seus modelos de administração (e propositadamente, não referimos gestão), ainda estão presentes nos Hospitais Portugueses. E termina o parágrafo de forma lamentável, o MS, "Não nos informámos das novas modalidades de gestão internacional". O que andam a fazer os Técnicos Superiores do Ministério da Saúde, quando vão a Conferencias e seminários internacionais?
  • Afirma o MS, " Não é de co-pagamentos que falamos. Isso foi o que propôs o Governo de Santana Lopes, em que o utente tinha de pagar 20% da despesa. Além disso, as taxas moderadoras já existiam em actos prescritos pelos médicos". Senhor Professor, o que são então, na realidade, as taxas de utilização referentes ao internamento hospitalar? Estes trocadilhos (taxa moderadora ou co-pagamento ou taxa de utilização) são diferentes, para o contribuinte?
  • Quais as áreas que preocupam mais o MS, "As horas extraordinárias e o descontrolo na aquisição de medicamentos e material de consumo clínico. Havia hospitais onde o reaprovisionamento de materiais de consumo clínico era feito pelos próprios laboratórios. Eram eles que visitavam as dispensas e as prateleiras dos hospitais. No passado recente isso acontecia. Este ano duvido". Não sabemos o que andam a fazer os Administradores Hospitalares e, sobretudo, para que servem, se de facto é verdade o que afirma o MS. Ou então, há aqui uma acusação grave!

Fiquemos por aqui. Estas idéias não são para nós surpreendentes. Apenas, confirmam (infelizmente), o que nós pensávamos e temos escrito por aqui.

Tuesday, October 17, 2006

Mistificações

A propósito da proposta de Orçamento de Estado 2007, pretenderemos analisá-la mais em detalhe, no que ao sector da saúde diz respeito, em posteriores "posts".

Por agora, registamos mais duas tentativas de mistificação, tendo como base
isto:

  1. "A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) é o organismo do sector que regista uma maior redução da despesa em 2007 (menos 35% face a 2006), o que é justificado com a conclusão dos gastos decorrentes da sua instalação".
  2. "Segundo a proposta de Orçamento de Estado para 2007, prevê-se ainda uma nova redução em 6% no preço de todos os medicamentos comparticipados, incluindo os genéricos, a partir de 1 de Janeiro, e também uma diminuição entre 1% e 5% percentuais no apoio concedido pelo Estado na aquisição de fármacos".

Ora, relativamente a estes dois aspectos observamos o seguinte:

  • Continuamos sem perceber o que faz, na realidade, a Entidade Reguladora da Saúde.
  • Já em 2006, o Governo da República realizou um protocolo com os Laboratórios Farmacêuticos e com as Farmácias, para uma redução do preço dos medicamentos. Depois, os consumidores de medicamentos viram a comparticipação do Estado reduzida. Em 2007, o Governo propõe-se fazer a mesma coisa! Lamentamos que seja o consumidor a não ganhar nada com o "negócio", mais uma vez.

Monday, October 16, 2006

A prestação de contas


No passado dia 10 de Outubro de 2006, o Ministro da Saúde fez uma intervenção junto das Comissões Parlamentares de Economia, Finanças e Saúde, tendo em vista, "estar hoje aqui convosco, com o objectivo básico de prestar contas".

Em Democracia, é um acto importante, prestar contas.

Relatemos, de forma sucinta, algumas das passagens do discurso do Senhor Ministro, que na nossa opinião, não deverá ser encarado como uma forma de prestação de contas. Para nós, prestação de contas deverá ser algo mais do que um mero discurso. Verificamos, neste sítio do
Tribunal de Contas Europeu, o seguinte princípio: "É fundamental que exista uma função de auditoria externa independente por forma a garantir a prestação de contas pela utilização do erário público numa sociedade democrática moderna". Não temos conhecimento da verificação, por ora, dessa auditoria externa.

Mas, prosseguindo, registamos as seguintes passagens do discurso do
Ministro da Saúde:
  1. "Um pouco mais de oito milhares de milhões de euros de despesa pública representam 5,5% do PIB, quase 22% do orçamento da despesa corrente primária e praticamente a totalidade da colecta de IRS deste ano" é quanto representa o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
  2. "Era costume as Comissões criticarem os Governos por três razões básicas: falta de transparência na informação financeira, irregularidade na prestação de contas e incapacidade de cumprir o orçamento inicial".
  3. "A transparência de contas é total, a execução é agora acompanhada ao mês e imediatamente disponibilizada por via electrónica nos grandes agregados da despesa; de tal forma que, desde Agosto, é conhecida e divulgada a execução financeira do 1º semestre".
  4. "O Governo começa agora a ser criticado não já por desperdiçar recursos, mas por os usar com rigor, como se o desperdício e o relaxamento fossem sinónimo de qualidade na prestação".
  5. "Comparando com semestre homólogo do ano anterior, estamos a produzir mais 2,2% de primeiras consultas, mais 13% de cirurgias ambulatórias e até mais 3% de cirurgias regulares e, naturalmente, menos 1,7% de internamentos e a obter a estabilidade nas urgências (+0,4%)".
  6. "Consumimos menos 2,7% em medicamentos mas muito mais em vacinas: mais 33%. Contivemos em 0,4% a factura de meios de diagnóstico comprados ao sector privado, mas ampliámos a sua produção nos hospitais. Realizámos menos 1,5% de consultas nos SAP e mais 1,3% de consultas regulares nos centros de saúde. Menos partos em pequenas maternidades sem as condições necessárias e mais partos nas maternidades com mais recursos e maior garantia de qualidade".

Não queremos fazer o papel de oposição ou sequer de avaliador das decisões políticas do Ministério da Saúde. O nosso papel é, e será sempre, o papel do consumidor da saúde, que muitas vezes é também contribuinte.

Então, aqui vão alguns reparos:

  • Dá que pensar, só o facto de o SNS utilizar todos os impostos pagos em Portugal, pelos particulares. É preocupante.
  • Para nós, é normal que a prestação de contas seja regular, transparente e quase imediata. Empresas de dimensão global, cotadas em Wall Street, normalmente reportam números relativos ao ano anterior, nos primeiros 15 dias do novo ano económico. Se o Estado português não o fazia ou não o faz, é porque não percebeu ainda o verdadeiro choque tecnológico. Não percebemos porquê que o Ministro da Saúde dá tanta relevância a este aspecto (da rapidez....).
  • A propósito de choque tecnológico, continuamos a não perceber porquê que em quase todo o SNS, ainda não se marcam consultas por via electrónica, ou até mesmo, por via telefónica. Continuamos a não perceber, porquê que ainda se andam com os "raio-x" debaixo do braço, quando hoje é já comum, em países desenvolvidos, o envio electrónico dos referidos "raio-x". E poderíamos escrever muito mais sobre isto.
  • Continuamos a não entender, porquê que o Ministério da Saúde e as oposições, insistem na "produção hospitalar"! Mas, há ou não eficiência nos serviços prestados? Quanto custou cada internamento? Mais ou menos do que no ano anterior? O parque de equipamentos teve uma utilização satisfatória? Sabemos que em muitos hospitais a avaria dos equipamentos é comum! Sabemos de muitos hospitais, em que os equipamentos médicos são utilizados 2 horas por dia (ou menos)! E a satisfação dos consumidores da saúde? Não se fala.....nem se escreve!
  • O Ministro da Saúde falou ainda, que gastou menos, por exemplo em medicamentos, mas não referiu que os contribuintes pagaram do seu bolso, o mesmo ou mais, do que antes! Aliás, seria interessante que o Ministro da Saúde referisse qual foi a percentagem que os consumidores da saúde, pagaram pelos serviços de saúde, do seu próprio bolso! É que pagar mais do nosso próprio bolso, para uma estrutura que se manteve estática (em recursos humanos e materiais), não é uma boa notícia.

Ou seja, para prestação de contas, estávamos à espera de muito mais. Mas, as oposições não exigem mais, porque se calhar estão ao mesmo nível do Ministro da Saúde!

Integrating the Health Care Entreprise in Europe Charter

A organização europeia Integrating the Healthcare Entreprise (IHE), consiste em:
  • "initiative is to stimulate integration of healthcare information resources to improve clinical care".
  • "develops and publishes detailed frameworks for implementing established data standards to meet specific healthcare needs and supports testing, demonstration and educational activities to promote the deployment of these frameworks by vendors and users".
  • "To pursue these activities, IHE engages the efforts of numerous stakeholders, including care providers, medical and IT professionals, professional associations and vendors".

Vejamos as razões fundamentais que levaram à criação da IHE- Europe:

  1. "In 2004, around 80 billion Euros will be spent worldwide on healthcare IT systems in their largest sense".
  2. "The share of Europe in this market is about 30 percent of the total".
  3. "Such systems are evolving towards the creation of Electronic Health Record systems. An important part of a patient’s records are the results of diagnostic procedures in electronic form".
  4. "The mission of the Integrating the Healthcare Enterprise (IHE) organization is to contribute to the smooth working of Information Technology for the communication of these health records, while reducing the costs of implementation".

Finalmente, este dado fundamental sobre a IHE: "IHE is a non-profit organization sponsored by professional bodies and healthcare suppliers".

Saturday, October 14, 2006

Há áreas no Ministério da Saúde "à beira do colapso"


A Secretária de Estado da Saúde, Dra. Carmem Pignatelli afirmou hoje que "há áreas no Ministério da Saúde que estão "à beira do colapso" e apontou várias dificuldades na concretização da reforma dos cuidados de saúde primários".

Mas, a Senhora Secretária de Estado ainda acrescentou, "as dificuldades são grandes" e explicou que estão a ser sentidas no decorrer do processo de criação das Unidades de Saúde Familiar (USF), a nova forma de organização dos cuidados de Saúde primários".

Mas, refere algo inusitado, sobretudo vindo de uma responsável governamental: "Apesar das dificuldades, Carmen Pignatelli diz-se "satisfeitíssima e motivadíssima" para concretizar o seu trabalho". Seria estranho, que a Dra. Carmem Pignatelli se revelasse desmotivada!

E remata finalmente desta forma: "Se for para fazer a sério, contem comigo".

Pensamos nós, consumidores dos serviços de saúde, que os responsáveis máximos da saúde, desempenham as suas funções a sério!

Friday, October 13, 2006

A revolução tecnológica na saúde

Enquanto que por cá, continuamos a discutir a reorganização dos serviços de saúde (encerramento de SAP's, encerramento de Maternidades, abertura de novos Centros Ambulatórios, etc.), em países mais desenvolvidos desenvolvem-se novas ferramentas para tentar controlar o monstro da despesa de saúde.

Referimo-nos concretamente à revolução IT, ou se quisermos, das Tecnologias de Informação (TI). Nos EUA, o panorama é já muito desenvolvido e incomparavel à realidade portuguesa.

Senão vejamos, neste
documento, do Dorenfest Institute, alguns dados sobre a IT nos EUA:

  • "Over 90 percent of hospitals use pharmacy and laboratory information systems".
  • "Radiology and surgery information systems also have substantial installations in the hospital market" (87% na radiologia e 77% na cirurgia).
  • "Fewer than half of hospitals use intensive care, cardiology and obstetrical software applications".
  • "The laboratory, radiology, and pharmacy systems market has achieved relative saturation" (95% no laboratório e 96% na farmácia).

Mas, se os Departamentos de Cardiologia e de Obstetrícia ainda são os que possuem menor nível de IT, com respectivamente, 26% e 15% dos hospitais já na nova era, se olharmos por tipologia de hospital, há diferentes níveis de instalação, como se pode observar aqui:

  • 41,6% dos hospitais universitários já têm Departamentos de Cardiologia (DC) informatizados.
  • 27,7% dos hospitais urbanos já têm DC informatizados.

  • 18% dos hospitais universitários já tem Departamentos de Obstetrícia (DO) informatizados.
  • 16,6% dos hospitais urbanos já tem DO informatizados.

Para além de gostarmos de observar situações de maior desenvolvimento tecnológico, que poderão trazer maior qualidade de serviço aos consumidores, gostaríamos de ver por cá, um melhor nível de informação, tal como observamos neste tipo de estudo que aqui apresentamos, que tem um carácter regular.

Thursday, October 12, 2006

Do-it yourself medical care


Para alguns, poderá significar o advento de uma moda, para outros será o futuro. Nós acreditamos que será definitivamente o futuro: Do-it yourself medical care.

De onde vem esta revolução, quem é que a fará, e será ela possível? Vejamos:
  1. Pressuposto 1: We all know the health-care system is a $2 trillion dinosaur of the way-old economy.
  2. Oportunidade 1: So where's the opportunity in that? Everywhere.
  3. Pressuposto 2: forget about trying to drag doctors, insurers, and hospitals into the Internet age.
  4. Pressuposto 3: focus on the real customers - you know, the ones formerly known as patients.
  5. Consumidor: First they used the Net to educate themselves and shake up the medical establishment's; Now they're starting to control their own medical spending; Free to buy health care like anything else, tech-savvy consumers are looking at the next generation of medical services, everything from online genetic testing to Wal-Mart medical clinics.
  6. Oportunidade 2: But as always, the real opportunity lies with services not yet invented.
  7. Conceptualização: How about a Priceline for nonemergency surgery? Or an online reservation system for doctors' appointments, à la Open Table?
  8. Concretização de idéias de negócio na saúde:
  • Gene Screen: "Online genetic-testing services are springing up to take advantage of advances in genomics - and the growing willingness of consumers to conduct their most personal business over the Internet".
  • Retail therapy: "More people are adding health care to their shopping lists as walk-in medical clinics are popping up in Wal-Marts, drugstores, and other retail outlets".
  • A second opinion for medical bills: "As the number of people paying for medical treatment through health savings accounts soars, software services that help them manage bills and spot errors are on the rise".
  • Home is where health care is: "The market for home medical monitoring for chronic conditions is taking off thanks to new interactive devices that remotely track patients at home".

Voltaremos a estes assuntos, mais adiante. Estamos mesmo, no início de uma nova era nos serviços de saúde.

Wednesday, October 11, 2006

A evolução do Serviço de Saúde

Temos chamado sucessivamente atenção, para a insustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS). E a realidade vai confirmando a "projecção".

Achamos que o SNS é um mito, é impossível de sustentar, face a duas variáveis incontornáveis: o aumento permanente da esperança média de vida e a exigência ilimitada dos consumidores.

Mas, não gostamos que o poder político e governativo, não seja franco e transparente, para com os portugueses.

Lemos
aqui, que "Já no próximo ano - Despesa dos utentes com taxas de saúde vão duplicar". Ou seja, "Se em 2005, a receita conseguida com as taxas moderadas significou 0,5 por cento do orçamento da Saúde, em 2007, em conjunto com as taxas de utilização no Serviço Nacional de Saúde (SNS), vai traduzir-se em 0,9% do orçamento". É uma inevitabilidade esta tendência (que será crescente).

O que seria evitável, era a falta de transparência e de verdade, dos poderes político e governativo. Pois, a tendência será cada vez mais, o consumidor a custear as despesas da saúde, e não o Estado (que é incapaz de cumprir o mito).

Tuesday, October 10, 2006

O SNS chega às prisões portuguesas

É com regozijo, que lemos isto: "A integração dos cuidados de saúde prestados à população prisional no Serviço Nacional de Saúde (SNS) será feita em 2007". Aliás, nem percebemos, porquê que os presos, quer portugueses, quer estrangeiros, não faziam parte dos objectivos do SNS.

Voltamos a ler a
Constituição da República Portuguesa (CRP), no seu artigo 64º:

"3. Para assegurar o direito à protecção da saúde, incumbe prioritariamente ao Estado:

a) Garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação;"

Será que a CRP ainda está em vigor?

Monday, October 09, 2006

Pontos negros


Há coisas que nos deixam, ainda, surpreendidos. Estamos em pleno debate público, sobre a reorganização das urgências hospitalares. Ou seja, desta vez, o Ministério da Saúde decidiu dar um tempo, para que os diferentes interlocutores no terreno se pronunciem sobre a nova reforma.

Se esta boa vontade corresponde à realidade, não sabemos. Mas, lemos aqui, algo que nos deixa surpreendido: "A necessidade de requalificar a rede das urgências é motivada da falta de recursos humanos, dispersos em serviços criados "um pouco ao acaso"", e quem o afirma é o Professor Correia de Campos.

Lemos aqui, na sua biografia, que o Professor Correia de Campos não é um novato no desempenho de funções públicas na saúde, e destacamos entre outras, os seguintes desempenhos de funções:

E acrescentamos ainda:

  • Professor Catedrático da Escola Nacional de Saúde, Pública (ENSP) .
  • Presidente do Conselho Científico da ENSP (desde Junho 2002) .
  • Especialista Senior do Banco Mundial sobre Administração de Saúde (1992 a 1995) .
  • Especialista em economia da saúde, cuidados de saúde a idosos, política de saúde e equidade, segurança social e administração pública, sendo, nestas áreas único autor de 5 livros e editor de outros três e autor de cerca de cem artigos científicos em revistas nacionais e estrangeiras .

Com tão amplo Curriculum, na área da saúde e com desempenho de funções várias em organismos com responsabilidades na administração da saúde, como é possível afirmar isto: "O ministro critica a evolução "dispersa" do serviço de urgência, assente em unidades "criadas um pouco ao acaso" e no entendimento de que "em cada local onde se praticasse cirurgia, deveria haver uma unidade de urgência", "sem se pensar, muitas vezes, nos requisitos técnicos necessários, tais como cirurgiões, anestesistas, enfermeiros de bloco devidamente treinados".

E de quem é a responsabilidade de toda esta "evolução dispersa" e "criada um pouco ao acaso"? Não é, com certeza, apenas do Professor Correia de Campos!

Já nada, mesmo nada, nos poderá surpreender.

Tuberculose em crescimento

Pensávamos que Portugal já tinha passado para um patamar superior, na área da saúde (é disso exemplo, a taxa de mortalidade infantil, que é uma das mais baixas do mundo).

Mas, o panorama da saúde em Portugal, não é todo igual. Vejamos, o que se passa no
VIII Congresso Nacional das Doenças Infecciosas: "todos os anos são diagnosticados cerca de 3500 novos casos de tuberculose em Portugal".

Numa perspectiva mais objectiva, vemos este
dado, "A taxa de prevalência da doença é, actualmente, estimada em 35 casos por 100 mil habitantes". Preocupante.

No referido
Congresso, o Coordenador do Programa Nacional Contra a Tuberculose diz isto: "a luta contra esta doença em Portugal “está perdida". Não queremos acreditar, que quem está incumbido de uma tarefa, aceite encabeçá-la, apesar de não crer no seu objectivo! Se as pessoas que são responsáveis por algo, assumem que não são capazes, devem tirar as devidas conclusões!

Mas, é preferível atribuir as culpas ou as responsabilidades a
outrém: "Para a derrota contribui o facto de os doentes não se tratarem convenientemente, haver falta de especialistas a trabalhar na prevenção e tratamento da doença e falta de coordenacção entre os vários sectores do PNS".

Num outro
sítio, um especialista refere isto: "o facto da tuberculose ser «uma doença curável, em seis meses e, sobretudo, com medicamentos que são baratos».

Não conseguimos entender, o que se passa na Administação da saúde em Portugal !

Sunday, October 08, 2006

The World of Health IT - 2006

Decorre entre 10 e 13 de Outubro de 2006, em Genéve, a "The World of Health IT - 2006".

No
Programa, verificamos que o tema da Conferência é: Connecting Leaders in Technology and Healthcare.

Deixamos alguns temas interessantes, que irão ser abordados na Conferência:


  • Linking IT System Design and Development to Service Improvement, por: Philip Firth.
  • ePrescribing and Medication Management: Interoperability, Medication Records, Decision Support (i2-Health), por: Stephan H. Schug e Marjan Suselj.
  • Experience of nationwide ePrescribing—Trends and Directions, por: Bengt Åstrand e Göran Petersson.
  • The Role of Speech Recognition in the Electronic Patient Record, por: Jaime Nieto Cervera.
  • Practical Aspects of the Use of IT in Healthcare, por: Itamar Offer.
  • IT in German University Hospitals — Status and Perspectives, por: Prof. Dr. Björn Bergh.
  • Are Europe’s Hospitals Ready? findings from 1.300 Interviews with CIOs, por: Véronique Lessens e Dr. Prof. Jan Peers.
  • Smart Procurement–new Ways for Accelerating ICT Deployment in Healthcare, por: Murray Bywater.
  • The APHP Hospital Experience: Improving Healthcare Efficiency and Performance, por: Louis Omnès.
  • eHealth Implementation in Lombardy, Italy and the Andalusia Region, Spain, por: Claudio Beretta e María Jesús Montero.

Mais uma vez, registamos que não está presente qualquer português, nesta Conferência.

Friday, October 06, 2006

Novo medicamento combate doença da visão

Esta notícia dá esperança a quem tem esta doença "wet age-related macular degeneration (wet AMD)" (perturbação que causa uma deficiência na visão, na sua zona central).

Segundo um estudo publicado no New England Journal of Medicine, a utilização de injecções de Lucentis, em cerca de 716 pessoas que sofriam daquela doença, deu estes
resultados:
  • found it slowed vision loss in 90% of patients.
  • and improved vision for about a third.

Uma descrição breve da doença na visão (AMD): "Wet AMD, which is very aggressive and responsible for 90% of cases of blindness caused by the condition, results in new blood vessels growing behind the retina, which causes bleeding and scarring".

Factores que conduzem à AMD: "Factors thought to increase the risk of developing the condition include increasing age, smoking and genetic factors".

Thursday, October 05, 2006

Empreendedorismo na saúde II

Voltando à Conferência da European Health Management Association - 2006, que decorreu entre 28 e 30 de Junho de 2006, apreciámos uma apresentação da Professora Sabina Nuti, cujo título foi: "The rule of the performance measurement system in a regional context: The Tuscany experience".

Retiramos alguns pontos fundamentais da referida
apresentação:

  • The aim of the system is to give a general outline for the management of the Local Health Authorities, useful both for performance evaluation and for the enhancement and promotion of the results.
  • It is important to plan and develop a transparent and shared system, capable of monitoring not only the economic-financial results of the Local Health Authorities, but their capacity of pursuing the aims of the Regional Health Plan as well.
  • How the Institutions are organized and the output they obtain from the service delivery process in terms of clinical quality and citizens’satisfaction gain great relevance.

Gostámos, particularmente, de um diagrama que coloca os seguintes indicadores de performance ou desempenho, do sistema de saúde:

  1. POPULATION STATE OF HEALTH.
  2. CONSISTENCY VERSUS REGIONAL SRATEGIES.
  3. CLINICAL ASSESSMENT.
  4. EXTERNAL ASSESSMENT.
  5. INTERNAL ASSESSMENT.
  6. ECONOMIC AND FINANCIAL ASSESSMENT.

É bom lembrar, finalmente, dois aspectos:

- A Tuscany é uma região do norte de Itália, que tem 3,6 milhões de habitantes, e em que o sistema de saúde emprega 49.000 pessoas.

- Os "administradores" do Serviço Nacional de Saúde, em Portugal, poderiam olhar mais para estes casos, e tentarem retirar os ensinamentos necessários, para que possamos melhorar os vários níveis de satisfação dos vários stakeholders da saúde: doentes/clientes, médicos e outros colaboradores, e finalmente, dos contribuintes.

Wednesday, October 04, 2006

O advento do "home-care"

Numa época em que se fala das dificuldades dos doentes serem atendidos nas urgências dos hospitais, quer pelo tempo que perdem para serem atendidos, quer pelo tempo que demoram a chegar aos hospitais, lemos aqui, que: "Now patients can avoid the hospital by monitoring their condition at home".

Esta notícia vem-nos dos EUA, onde "Nearly all of the nation's 325,000 dialysis patients are currently treated at medical centers". Mas, "he's reclaimed his life by controlling his treatment with a new portable home dialysis machine".

Reparemos nas vantagens para os doentes que sofrem de diabetes ou de tensão arterial elevada, quando têm este
equipamento:
  • A bit bigger than a PlayStation Portable, its Health Buddy features four buttons, a screen, and ports for scales, glucose meters, and blood pressure monitors.
  • The Health Buddy asks in the morning, prompting a congestive heart patient to weigh herself and check her blood pressure.
  • The Health Buddy then transmits the data to the patient's health-care provider.
  • If the device detects elevated blood sugar levels, for instance, it tells the patient to call her physician.

As novas tecnologias são amigas do Homem!

Tuesday, October 03, 2006

Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências



Nome pomposo, de mais uma Comissão que avalia a estrutura e a (re)organização das urgências hospitalares.

A Comissão vem propor ao Ministro da Saúde o encerramento de 14 serviços de urgência, conforme se lê
aqui, e que pertencem aos seguintes hospitais:

  1. Hospital de Peso da Régua.
  2. Hospital Distrital de Macedo de Cavaleiros.
  3. Hospital de Vila do Conde.
  4. Hospital de São José (Fafe).
  5. Hospital Conde de São Bento (Santo Tirso).
  6. Hospital de São João da Madeira.
  7. Hospital de Nossa Senhora da Ajuda (Espinho).
  8. Hospital Visconde Salreu (Estarreja).
  9. Hospital Dr. Francisco Zagalo (Ovar).
  10. Hospital José Luciano Castro (Anadia).
  11. Hospital do Fundão.
  12. Hospital Arcebispo João Crisóstomo (Cantanhede).
  13. Hospital Curry Cabral.
  14. Hospital do Montijo.
Registamos a reacção a este programa, de um Edil, que acha que é injusta a decisão, "Perante a possibilidade de encerramento do serviço de urgência da unidade vila-condense do Centro Hospitalar, o presidente da autarquia assegurou que após o investimento nas instalações, que as dotou do equipamento necessário, tal situação não faz sentido".


E mais, o referido Presidente da Câmara, até parece perceber de gestão de serviços de saúde, quando
refere, "Quanto à hipótese de se canalizar todas as situações de emergência médica para a unidade da Póvoa, acredita Mário Almeida que isso serviria apenas para “entupir” o serviço e pôr em causa um bom atendimento dos pacientes".

Monday, October 02, 2006

Suicídio: um caso de saúde pública

O suicídio é, habitualmente, um problema das sociedades desenvolvidas. No entanto, mesmo nos países desenvolvidos, o suicídio não é uma prioridade de saúde pública, pois existem muitas outras prioridades.

Mas, lemos
aqui, algo que deve fazer reflectir a sociedade portuguesa: "No final da década de noventa, a taxa de suicídios anual era de 500, mas em 2002 e em 2003 (os últimos dados conhecidos) este número mais do que duplicou".

O Responsável pela prevenção do suicídio no Hospital da Universidade de Coimbra, refere que «Não se podem tirar ainda grandes conclusões. Temos de aguardar pelos dados de 2004 e 2005 para apurar se, do ponto de vista epidemiológico e sociológico, estamos numa fase de crescendo».

Até, concordamos com a conclusão.

Mas, na mesma
notícia, deixam-se alguns alertas: "Factores como o desemprego de longa duração e outros problemas associados a «uma perda de esperança permanente» podem explicar este aumento, que se traduziu em 1.200 casos em 2002 e 1.100 casos no ano seguinte.

Sunday, October 01, 2006

O atendimento clínico em função da aparencia


Lemos aqui, algo que nos deixa perturbados, mas não surpreendidos: "A study found GPs (General Practitioners) perceived affluent patients as more attractive than patients from deprived backgrounds".

Nesse estudo, realizado pelo Royal Society of Medicine journal, tiram-se as seguintes conclusões:
  • Based on the images alone, GPs rated patients from higher socio-economic backgrounds as being more attractive than their poorer peers.
  • Younger patients were also rated as more attractive than older patients.
  • The average difference in measures of attractiveness between affluent and deprived patients was the equivalent of 30 years - the difference between someone aged 30 and someone aged 60.
  • The difference was also more pronounced among the GPs working in the most socio-economically deprived areas.

Ainda que o Professor Mayur Lakhani, chairman of the Royal College of General Practitioners, refira "I want to reassure the public that GPs take seriously their duty to provide patients with high quality care irrespective of their background. Good general practice has an important role in helping the disadvantaged".


O Professor Mayur Lakhani também refere isto, "We must, however, remain vigilant about the issue to ensure that the NHS does everything possible to reduce health inequalities".