Tuesday, June 30, 2009

Hospital Pediátrico: nascerá torto?

O Hospital Pediátrico de Coimbra está a crescer, para se dar à luz, lá para o final do ano.

Costuma-se dizer por cá, que o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita! Será este o caso do futuro Hospital Pediátrico de Coimbra, que irá integrar o Centro Hospitalar de Coimbra?

Bem, nós não vimos a obra, mas há quem tenha visto e já esteja a alertar para aspectos a corrigir:
  • "O que se está a fazer é remendar um grande conjunto de incompetências iniciais. Não se teve em conta o que era necessário num hospital pediátrico", clarificou o candidato à Assembleia da República (AR) pela CDU, à porta das instalações.
  • A existência de salas de cirurgia demasiado pequenas, de portas inadequadas, em madeira, com relevos favoráveis a infecções, ou de corredores estreitos foram problemas reiterados por Manuel Rocha.

Mas, pior, mesmo pior, é este comentário do Administrador do Centro Hospitalar de Coimbra: "Não gosto do modelo arquitectónico, mas herdámo-lo. O que é preciso é pôr aquilo a funcionar". Parece-nos que a coisa vai nascer torta!

Monday, June 29, 2009

CGD à deriva

Nos EUA, durante décadas, dizia-se que "se a General Motors vai mal, a América também vai mal", tal a importância de tal empresa (hoje, que a General Motors está em processo de recuperação da falência, talvez a América vá mal!).

Em Portugal, a CGD foi sempre vista como o "pulmão" do Estado português. Aliás, após as desnacionalizações, a CGD é o braço do Estado para muitos investimentos deste. Nos tempos mais recentes, a CGD esteve relacionada com financiamentos mais ou menos cinzentos à aquisição de acções do BCP (nomeadamente do Sr. Manuel Fino), e está sempre relacionada com alguns negócios mais indigestos para o Estado português.

No sector da saúde, onde a CGD quis entrar, sabe-se lá porquê (talvez a moda do BES, BPN e outros quererem lá entrar), a Caixa não anda por bons lençóis e até já perdeu parceiros: A Caixa Geral de Depósitos desfez a parceria que tinha com o grupo hospitalar espanhol USP Hospitales, ao vender os 10% que detinha no seu capital social. A CGD, através da Caixa Seguros e Saúde, readquiriu os 25% do capital social dos Hospitais Privados de Portugal.

Depois, falta-lhes os recursos humanos, embora não lhes falte, por ora, dinheiro: A edição desta sexta-feira do semanário Sol avança o exemplo da empresa privada da Caixa Geral de Depósitos, a HPP Saúde, que está a gerir o Hospital de Cascais, a qual contratou recentemente uma equipa com quatro médicos do hospital Pulido Valente, abrindo um verdadeiro «buraco» na estrutura clínica deste hospital público. Os ordenados-base oferecidos a estes clínicos rondam os cinco mil euros líquidos.

Numa altura em que o Senhor Presidente da República apela à transparência e ao rigor, até parece que a velha Caixa nem é portuguesa!

Sunday, June 28, 2009

Jobs' liver transplant shows money can make a difference

Fonte: aqui.

A celebrity like Apple CEO Steve Jobs scores a rare organ transplant and the world wonders: How? The rich have plenty of advantages that others don't. But winning the "transplant lottery" involves more than the size of your wallet — and true medical need. A Tennessee hospital has confirmed that it performed a liver transplant for Jobs, putting him among the lucky 6,500 or so Americans each year who get these operations. Nearly 16,000 others are waiting now for such a chance.

To get on a transplant center's list, a prospective patient must go there, be evaluated by the staff and have tests to confirm medical need. If accepted, the patient must be able to get to that center within seven or eight hours if an organ becomes available. That means renting or buying a place nearby or being able to afford a private jet, or $3,000 to $5,000 for a chartered plane, to fly in on short notice. People also can get on as many wait lists as they like as long as they can travel there and meet the terms. "It is at the transplant program's discretion if they know it is a multiple listing" to accept someone already on another waiting list, said Joel Newman, a spokesman for UNOS, the United Network for Organ Sharing, which runs the nation's transplant system. Three different times, UNOS has considered banning or limiting multiple listings, most recently in 2003. But patients protested, saying they needed to go wherever they could to improve their odds, said D'Alessandro, who has headed UNOS panels on organ allocation.

Friday, June 26, 2009

A incompetência compensa

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) foi criada em circunstâncias estranhas. A ERS teve sempre uma existência estranha. E sobretudo, nunca percebemos qual é a função da ERS. Seria auditar hospitais públicos e privados? Ou só hospitais privados? Será que a Inspecção das Actividades em Saúde colide com a ERS? Ou será que a Autoridade da Concorrência colide com a ERS? Ou ainda, será que a ERS recebe as reclamações dos doentes dos hospitais públicos e dos hospitais privados? Bem, de uma coisa temos a certeza, a ERS consome recursos públicos e privados.

Mas, parece que a Dra. Ana Jorge decidiu dar algumas competências à ERS: Os hospitais que violarem as regras de acesso aos cuidados de saúde através da discriminação de doentes em função da entidade financiadora poderão ser multados até 45 mil euros a partir de sexta-feira, de acordo com uma lei que atribui mais poderes sancionatórios à Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

Será que esta nova Lei é feita à medida para estes destinatários: Os estabelecimentos marcavam rapidamente consultas e exames a clientes particulares, que pagam na hora, e chegavam a demorar meses a atender os beneficiários da ADSE. Em causa estão unidades com a dimensão do Hospital da Luz (Lisboa), do Hospital da Arrábida (Gaia) e da Clínica Cuf Belém (Lisboa), os dois primeiros pertencentes ao grupo Espírito Santo e o terceiro ao grupo Mello. Na sequência de várias queixas e ao fim de alguns meses de investigações, a ERS emitiu recentemente instruções contra as três unidades de saúde por não usarem como critério de atendimento a ordem de chegada mas sim a fonte financiadora dos utentes.

É que qualquer história tem sempre dois lados. Um dos lados que o Estado tenta sempre ocultar é o facto de ser mau pagador! Isto é, quando nós recebemos uma carta do Fisco para pagarmos qualquer imposto ou coima, poderemos vir a pagar juros ou ser objecto de penhora, se não o fizermos dentro do prazo, ao contrário do Estado, que invariavelmente é mal gerido e dirigido, e sobretudo não sabe o que é pagar a horas!

Melhores dias virão, com outra gente.

Thursday, June 25, 2009

A crise atinge a saúde privada

Costuma-se dizer que a saúde não tem preço! Afinal, parece que a saúde tem custos, pelo menos no decrépito Grupo Português de Saúde, que pertence à multimediática SLN: O British Hospital de Campo de Ourique está, desde o último mês de Agosto, sem pagar os honorários a pouco mais de uma dezena de médicos, alguns dos quais são accionistas desta unidade do Grupo Português de Saúde (GPS), pertencente à Sociedade Lusa de Negócios (SLN).

Já nem os médicos escapam aos pagamentos em atraso!

Wednesday, June 24, 2009

Nestle cookie dough recall

Fonte: aqui.

A high school student from San Carlos has filed suit against Nestle after she ate cookie dough contaminated with E. coli bacteria. Jillian Collins states that back in May she ate some of the cookie dough, which is now subject to a nationwide recall by the company. She said that she developed painful abdominal cramps, nausea and bloody diarrhea after eating chocolate-chip cookie dough and spent a week in hospital.

Tuesday, June 23, 2009

O fim da farmácia tradicional nos EUA

Por cá, estamos na fase da guerra entre a ANF e a Apifarma. O Dr. João Cordeiro defende a farmácia de oficina, a Apifarma defende os grandes laboratórios farmacêuticos. Há por aí gente à porta, por agora, que são os supermercados, que querem entrar no apetecido negócio do medicamento. Mas, este ainda é um negócio de cêntimos, já que o mais chorudo é o dos medicamentos de prescrição médica.

Nos EUA, o campeonato é mais longo e a farmácia de oficina morre: The death of the corner pharmacy. As more customers choose - or are forced - to fill prescriptions by mail, independent pharmacies are struggling to survive.

É que para este negócio de proximidade, nem a presente crise é justificação: Revenue at his Woodbury, N.Y., store has been dropping for months. But unlike at other retail establishments, sales at his pharmacy may not rebound in tandem with consumer confidence. That's because more and more of Villani's customers are getting their drugs in bulk from mail-order companies and no longer need to set foot in his store at all.

Ao ponto do Farmacêutico, dono da farmácia chegar a afirmar isto: "I'm a dinosaur in the industry," Villani says proudly of Cottage Pharmacy, which has been open for more than 30 years and today fills between 300 and 400 scripts a day.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades!

Monday, June 22, 2009

ADSE: o estouro à vista

Um velho hábito lusitano: empurrar com a barriga!

Aqui está a barriga quase a estourar: A abertura do sistema de saúde da Função Pública a todos os trabalhadores do Estado está a levar a uma corrida à ADSE. Desde o início do ano inscreveram-se, em média, por mês, quase cinco mil novos beneficiários. Até ao final de 2008, apenas os trabalhadores com vínculo de nomeação (ou definitivo) - que eram a maior parte - tinham acesso a este subsistema de saúde. No entanto, as mudanças do tipo de vínculos na Função Pública vieram alterar o equilíbrio de forças.

Coitadas das criancinhas que vão nascendo em Portugal.

Sunday, June 21, 2009

Relatório da Primavera 2009

Num país em que a investigação em saúde, se restringe quase exlusivamente a áreas conexas com a medicina, é com alguma curiosidade que lemos anualmente o Retalório de Primavera, cuja a autoria é partilhada por investigadores universitários e práticos dos hospitais, sob o nome de Observatório Português dos Sistemas de Saúde.

O Relatório da Primavera 2009 deu à luz há alguns dias. Numa leitura rápida, notamos que este Relatório é bem mais fraco do que alguns de anos transactos, como é o caso do Relatório da Primavera 2008.

Mas, adiante. Na breve leitura que fizemos, encontramos sempre elementos que nos ajudam a "fotografar" a saúde dos portugueses.

Assim, verificamos no Quadro 11, do Relatório 2009, que em 2007, e pela primeira vez, os portugueses contribuiram, do seu bolso, com mais de 30% do total das despesas com a saúde em Portugal. Ou seja, apesar do propalado SNS, tendencialmente gratuito, os portugueses já pagam quase 1/3 das despesas com a saúde, directamente do seu bolso!

Adicionalmente, o Relatório da Primavera 2009, talvez por influência da Professora Ana Escoval, tem um enfoque relevante relacionado com o tema da contratualização. Infelizmente, o ponto da situação referenciado no documento não é muito abonatório para aquilo que se tem feito quanto à contratualização, se não vejamos:
  • O processo de contratualização não tem valorizado suficientemente os resultados (na perspectiva de outputs e outcomes). Com efeito, o acto em si é algo vazio de conteúdo que considerado individualmente não significa necessariamente que acrescente valor ao cidadão utilizador.
  • A contratualização não tem ainda uma aproximação efectiva à área clínica e segurança do doente, quer no âmbito da garantia do cumprimento das melhores práticas, quer na sua promoção.
  • Decorridos alguns anos não temos assistido à adopção de práticas sistemáticas de auditorias, quer administrativas, quer clínicas.
  • Apesar de alguma evolução, os sistemas de informação utilizados pela contratualização baseiam-se em dados meramente administrativos (i.e. número de actos) – a componente clínica e o tipo de interacções que o utente tem com o sistema não são alvo de análise;
  • O benchmarking produzido pelos departamentos de contratualização e partilhado com os hospitais é diminuto, o que não potencia a disseminação das boas práticas;
  • A contratualização não tem assentado numa rigorosa avaliação das necessidades em saúde de determinada população, sendo maioritariamente sustentada pela produção histórica dos hospitais;
  • O processo de contratualização praticado com os hospitais não considera componentes que promovam uma melhor interligação entre diferentes níveis de cuidados (nomeadamente, entre os hospitais e os centros de saúde), ou seja, que estimule uma abordagem integral ao doente, mantendo-se em regra uma contratualização/pagamento fragmentados.

Perante tão fartas referências sobre a completa desadequadção da chamada contratualização face à realidade e às necessidades dos doentes e dos contribuintes, porque é que os vários agentes políticos do Ministério da Saúde não se apressam a arranjar alternativas válidas ao sistema de contratualização?

Thursday, June 18, 2009

O maior desafio de Obama

O Presidente Obama tem uma capacidade de comunicação única. O Presidente Obama está perante o maior desafio dos EUA, desde a II Grande Guerra: tentar travar o declínio evidente dos EUA.

Uma das fontes de declínio Americano é sem dúvida, a imensa despesa em saúde e um consumismo elevadíssimo. Obama prometeu criar, se fosse Presidente, a chamada "global healthcare coverage". Vai ser tudo, menos fácil.

Vejamos alguns detalhes desta "quadratura do círculo" de Obama:
  • A Associação de Médicos dos Estados Unidos da América terminou hoje a reunião anual, em Chicago, sem definir uma posição sobre a reforma de saúde que o presidente Barack Obama pretende instalar. Os delegados da Associação, a maior do país com 250 mil membros, acordaram hoje apoiar alternativas ao actual sistema de saúde através de uma reforma mas não referiram nenhuma opção concreta.
  • A opinião da Associação de Médicos é fundamental para o êxito ou fracasso da iniciativa de Obama, que pretende iniciar a reforma de saúde ainda este ano e que está a recolher apoios junto da indústria e dos críticos tanto republicanos como democráticos.
  • A Associação, que rejeitou recentemente um plano público que concorria com as seguradoras privadas, comprometeu-se apresentar uma reforma de saúde que garanta a todos os norte-americanos uma cobertura dos serviços sanitários acessível e de qualidade.
  • "A situação é insustentável para as famílias, as empresas e o governo. Os EUA gastam....quase 50 por cento a mais por pessoa do que o segundo país com maior despesa na saúde (...) Mesmo assim, temos cada vez mais cidadãos sem seguro, a qualidade do serviço tem-se deteriorado a população não está mais saudável", afirmou Obama.
  • Obama pretende reduzir as despesas de saúde e alargar a cobertura dos cuidados médicos a 46 milhões de norte-americanos que continuam excluídos (cerca de 15 por cento da população).

Lembramo-nos logo daquele filme "Os Deuses devem estar loucos". E porquê? Porque, se Obama conseguir fazer esta reforma, ficará na História dos EUA ao lado de Roosevelt, Reagan ou Lincoln. De outra forma, vai ficar muito mal visto!

Aguardemos.

Tuesday, June 16, 2009

FDA: alerta

Fonte: aqui.

Consumers should stop using Zicam Cold Remedy nasal gel and related products because they can permanently damage the sense of smell, federal health regulators said Tuesday. The over-the-counter products contain zinc, an ingredient scientists say may damage nerves in the nose needed for smell. The other products affected by the Food and Drug Administration's announcement are adult and kid-size Zicam Cold Remedy Nasal Swabs. The FDA says about 130 consumers have reported a loss of smell after using Matrixx Initiatives' Zicam products since 1999.

Monday, June 15, 2009

H1N1: status

Fonte: aqui.

Sunday, June 14, 2009

Novo regime legal da Carreira Médica

O Governo de Portugal decidiu, em conjunto com dois sindicatos de médicos, implementar o Novo Regime Legal da Carreira Médica. Resumidamente, retiramos estes aspectos desta nova situação:
  • Com a nova legislação, passa a existir uma carreira médica única, organizada por áreas de exercício profissional (área hospitalar, da medicina geral e familiar, da saúde pública, da medicina legal e da medicina do trabalho, podendo vir a ser integradas de futuro outras áreas)
  • Sem prejuízo do disposto em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, o período normal de trabalho para os médicos que venham a ser recrutados em regime de contrato em funções públicas é de 35 horas semanais, à semelhança dos restantes profissionais da função pública.

Comentários breves: nada a referir. Embora, como em situações análogas, o pior vem depois, na regulamentação das Leis. Como Portugal é dirigido por Advogados que, ou desconhecem a realidade, ou defendem descaradamente lobbies instalados, as regulamentações muitas vezes abortam!

Reacções a esta negociação:

  • 1. Ordem dos Médicos considera que o regime de incompatibilidades imposto no Serviço Nacional de Saúde, que reforça a exclusividade dos médicos no sector público, "põe em causa a liberdade" destes profissionais e prometem contestar a medida.
  • 2. Os médicos que trabalham no sector público da Saúde não estão abrangidos pelo regime de exclusividade e podem acumular funções no sector privado desde que façam prova de que não há conflito de interesses nem sobreposição de horários, afirmou ontem o secretário-geral da Federação Nacional dos Médicos, Mário Jorge.
  • 3. Determina ainda que o regime de incompatibilidades a que os clínicos passam a estar sujeito é o previsto na lei geral da Função Pública, o diploma 12-A/2008, refere o jornal. Esta lei proíbe os funcionários públicos de, entre outras coisas, exercerem funções privadas «com conteúdo idêntico ao das públicas», que «se dirijam ao mesmo circulo de destinatários».
  • 4. O presidente da Ordem dos Médicos na Madeira está satisfeito com o facto das carreiras médicas estarem a ser alvo de alterações. Apesar do diploma ainda não ter sido alterado, os sindicatos, a Ordem dos Médicos e o Governo estão a trabalhar em conjunto de modo a que, ao fim de vinte anos de vigor da lei referente às carreiras médicas, ser alterada, o que será «benéfico» para a classe.

Quer-nos parecer, que com estas reacções, e atendendo a que esta nova legislação afecta um dos mais poderosos lobbies de Portugal, ainda virão muitos governos até que esta Lei esteja regulamentada! Até porque, como George Orwell nos ensinou através dessa grande obra, "Animal Farm" (tradução portuguesa, "Triunfo dos porcos"): Todos os animais são iguais mas alguns são mais que outros.

Friday, June 12, 2009

Foi Você que pediu uma gestão hospitalar assim?

Já há muito tempo que vimos aqui afirmando que a "gestão" é muito mal tratada em Portugal, quer nas Universidades, quer nas empresas. Tanto no sector público, como no sector privado. Talvez este seja o facto que justifique a presente deriva de Portugal, sem rumo, com maus timoneiros, sem caminho.

Mas agora, é o chefe de um dos lobbies da saúde que vem afirmar isto:
  • "Atirar mais dinheiro para o sistema não é a melhor forma de resolver o problema", advertiu Pedro Lopes, que já pertenceu ao conselho de administração dos Hospitais da Universidade de Coimbra. "É óbvio que é positivo ter um sítio aonde ir buscar dinheiro para resolver problemas de pagamentos e de tesouraria", mas isso "não resolve a questão de fundo".
  • "Ou se trata de uma questão de subfinanciamento ou de uma questão de má gestão". Para este responsável, o que "o Ministério da Saúde tem de fazer agora é um acompanhamento muito rigoroso da execução orçamental dos hospitais e chamar à responsabilidade aqueles que não cumprem". "Os contratos-programa são assinados e são para ser cumpridos ou então estamos numa espécie de ficção", diz.

E a que propósito fala o Dr. Pedro Lopes: Só uma "avaliação rigorosa do desempenho dos conselhos de administração dos hospitais, que está por fazer," permitirá fazer face ao eterno problema das dívidas dos hospitais, que "continua a agravar-se", defendeu ontem, em declarações ao PÚBLICO, o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares. Pedro Lopes reagia ao anúncio do secretário de Estado da Saúde, Francisco Ramos, de que o fundo para pagar as dívidas será reforçado, este mês, com mais 100 milhões de euros.

Pois é, Dr. Pedro Lopes, que a gestão anda mal, já nós sabemos, basta ir a qualquer hospital de Portugal e observar como se atendem as pessoas, as listas de espera, as horas de espera nas urgências, o incumprimento de horários por parte dos funcionários, a falta de limpeza, a decadência de muitos edifícios, as obras eternas em alguns hospitais, e tantas outras coisas que poderíamos referir. Ahhhh, e os martelanços evidentes em várias Contas de Resultados de múltiplos hospitais!

Melhores dias virão!

H1N1 em alerta máximo?

Há algo de estranho por detrás do "alerta 6" da OMS, relativo à pandemia da gripe H1N1. Nos últimos dados sobre a doença da OMS, verificamos que: 1) há 28.774 casos a nível global; 2) há 144 mortos confirmados.

Justificarão estes dados, um "alerta 6" da OMS? Não haverá situações de saúde pública bem mais dramáticas e dolorosas? A Sida/Aids? A tuberculose? O dengue? A cólera?

Cada vez desconfiamos mais destes órgãos globais! A quem reportarão estes especialistas da OMS?

Thursday, June 11, 2009

Fonte: aqui.

An effective healthcare supervisor must be many things to many people—a good boss, a strong team leader, a great communicator, an informed liaison, and a competent coordinator—while navigating the complex healthcare environment. This book helps managers understand and cope with the multiple demands of supervising healthcare professionals. It covers everything from planning and coordinating to communicating and delegating to reporting and budgeting. Concepts are illustrated with examples of common situations. This practical manual also includes many useful charts, checklists, and tips that will help supervisors manage their varied responsibilities. This edition has been revised to include additional material and contemporary management theory.

Wednesday, June 10, 2009

Medicina não é Gestão

O Dr. Artur Vaz é médico e gestor. A Dra. Ana Jorge é médica. A diferença entre ambos é significativa, quanto aos papeis que desempenham no SNS.

A Dra. Ana Jorge agora desempenha um cargo político, não por mérito, mas por confiança política do Primeiro Ministro. O Dr. Artur Vaz é Presidente do Conselho de Administração do Hospital Amadora - Sintra, por confiança política da Ministra da Saúde e também porque já desempenhou vários cargos de gestão hospitalar em diferentes instituições, públicas e privadas.

Dito isto, percebe-se porque é que o Dr. Artur Vaz diz isto: As verbas que o Estado deu para passar o Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) a Entidade Pública Empresarial (EPE) estão esgotadas e a unidade de saúde vai ter dificuldades financeiras se não receber nova injecção de capital em breve, avisa o presidente da instituição.

É que o Hospital Amadora - Sintra é o que abrange a maior densidade populacional de Portugal, e dificilmente pode funcionar com este nível de capital: Seis meses após a transformação do Amadora-Sintra em EPE, ao fim de 13 anos de gestão privada pela José de Mello Saúde, o presidente do Conselho de Administração mostra-se preocupado, até porque os 1,2 milhões de euros entregues no princípio deste ano “estão esgotados”, diz. O hospital aguarda agora pela transferência do capital estatutário, que deverá ser na ordem dos 76 milhões de euros. A ausência deste valor está a provocar o adiamento dos projectos de investimento do hospital, nomeadamente “a reformulação do serviço de urgências” e “a criação de uma verdadeira linha de produção de cirurgia de ambulatório.

Claro que a Dra. Ana Jorge não gostou da afirmação pública do Dr. Artur Vaz: A ministra da Saúde, Ana Jorge, assegurou hoje que o hospital Amadora-Sintra continuará a receber as verbas previstas para o seu funcionamento, desvalorizando declarações feitas fora da «sede própria» pelo presidente da instituição.

A Dra. Ana Jorge deverá demitir o Dr. Artur Vaz, se já não tem confiança política nele. Agora, a Dra. Ana Jorge não pode exigir resultados a um gestor nomeado por si, sem lhe dar as condições mínimas para a execução do planeamento de gestão.

Faltam 3 meses para a Dra. Ana Jorge regressar à pediatria!

Tuesday, June 09, 2009

Medicamentos podem substituir cirurgia na diabetes

Fonte: aqui.

For people with Type 2 diabetes and stable heart disease, drug treatments are as effective as angioplasty or bypass surgery in some cases, a new study suggests. It's an important issue given that adults with Type 2 diabetes are two to four times more likely to develop heart disease, and heart attacks and strokes are more likely to be fatal, the researchers said. When doctors decide angioplasty and a stent (a wire mesh scaffold that props open an artery) are needed to restore blood flow and reduce chest pain, the latest results suggest it's safe to use drug treatments. But for people with extensive coronary artery disease, getting invasive bypass surgery right away may help to prevent a future heart attack.

Monday, June 08, 2009

A qualidade de serviço dos hospitais do SNS

Para nós, são os clientes que determinam a qualidade dos serviços, trate-se de serviços de restauração, de viagem ou de saúde. É pois, com alguma satisfação que lemos este relatório que tem em vista avaliar a qualidade do serviço dos hospitais em Portugal, e em particular, das urgências, do internamento e das consultas externas.

Contudo, antes de detalharmos alguns dos resultados obtidos no Inquérito levado a cabo pelo Instituto de Estatística e Gestão de Informação, da Universidade Nova de Lisboa, gostaríamos de começar pelo fim. Na parte final daquele relatório compara-se o Indice de satisfação dos clientes de diferentes tipos de serviços:
  • Internamento hospitalar: 82,3%.
  • Consultas externas: 77,1%.
  • Telecomunicações móveis: 70,7%.
  • Banca: 69,8%.
  • Combustíveis: 69,7%.
  • Seguros: 68,7%.
  • Urgências: 68,3%.
  • Internet: 62,8%.
  • TV Cabo: 59,5%.

Com toda a subjectividade do mundo (já que se trata da nossa exclusiva opinião), não conseguimos perceber que os serviços de Internet tenham um pior nível de satisfação dos clientes do que o sector segurador, ou ainda menos do que o internamento hospitalar. Por aqui, começamos com algumas dúvidas sobre estes estudos comparativos.

Adiante. Tanto nos Hospitais EPE, como nos Hospitais SPA, o serviço de internamento é o que tem menos nível de satisfação dos doentes. Compreende-se. Já nos deixa com muitas dúvidas, o facto de o nível de satisfação nos vários serviços não baixar nunca dos 50%.

Ao nível dos internamentos, os hospitais com piores níveis de satisfação dos doentes são os Hospitais de Cascais e de Faro, com 74,1%. Convenhamos, que um nível destes é demasiado elevado para qualquer tipo de serviço. Quando o cliente diz muito bem de um serviço, nós desconfiamos, sobretudo porque o que está em análise, não nos parecem ser serviços de excelência (que os há, ainda que pontualmente, no SNS). Desconfiamos do cliente, ou do método e da entidade que leva a cabo a investigação!

Ao nível dos internamentos, há mesmo hospitais que ultrapassam os 90% de satisfação, tais como o Hospital de Anadia, o Hospital Joaquim Urbano, ou o Hospital Português de Oncologia, de Coimbra e do Porto.

O pobre desconfia, quando a oferta é grande!

Não queremos pôr em causa a Universidade Nova, ou a metodologia que levou a cabo, mas os níveis de satisfação aparentemente atingidos parecem-nos demasiado elevados!

Sunday, June 07, 2009

Os resultados catastróficos dos Hospitais EPE

Não nos surpreende. Apenas, confirma a tendência da falta de controlo de gestão que pulula pelo Ministério da Saúde. Apesar de muita engenharia financeira, e das boutades do fanfarrão do Prof. Correia de Campos (auto-denominado, "pai" da reforma do SNS, a partir de 2005).

Ora aqui vão algumas rúbricas que mostram o desastre à vista no SNS, relativamente à sua parte mais importante: o resultado do 1º trimestre de 2009, dos Hospitais EPE.
  • Proveitos totais: 930 milhões de euros. Crescimento de 2,1%.
  • Custos totais: 1.037 milhões de euros. Crescimento de 5,4%.
  • Resultado líquido negativo: 107 milhões de euros. Crescimento de 45%.

Ou seja, a falência dos Hospitais EPE está à vista. Só não vê, quem não quer. O Estado está em situação financeira catastrófica, pelo que não poderá acudir ao fogo hospitalar. O que acontecerá? Apenas e só, a degradação da qualidade do serviço e uma porta aberta para novos prestadores privados.

Importa ainda, focar alguns crescimentos de custos astronómicos, em clima de depressão económica, como sejam:

  • Aumento de custos com medicamentos: +6,6%.
  • Aumento de custos com pessoal: + 4,8%.

Requiem para o SNS.

Wednesday, June 03, 2009

Corrupção estranha

Em Portugal, fala-se tanto em corrupção. Corrupção de colarinho branco, no sector financeiro. Corrupção na Alta Administração do Estado. Corrupção nos contratos públicos. Com tanta corrupção lá se cumprirá a profecia de Saramago da "jangada de pedra" chegar um dia à América Latina!

Tudo isto a propósito destes factos:
  • Um esquema de fraude no sub-sistema de Saúde do Exército terá lesado o Estado em mais de meio milhão de euros
  • Foram mais de 5 anos de investigação que contaram, ao que a Renascença apurou, com perto de meia centena de buscas, a audição de mais de 100 testemunhas.
  • Tudo começou com denúncias que davam conta do mau funcionamento do RADME-A, a Repartição de Assistência na Doença aos Militares do Exército.
  • O esquema consistia na concessão, a pessoas que não tinham direito, do cartão do sub-sistema do Exército; registavam-se casos de sobre facturação, de desconto duplo da mesma factura, entre outras práticas que lesaram o Estado português em, pelo menos, em meio milhão de euros.
  • Destas diligências resultaram na constituição de 23 arguidos, dos quais três chegaram mesmo a estar em prisão preventiva.
  • Envolvidos estão na sua maioria militares, alguns de postos altos.

Curiosíssima esta notícia de corrupção. Mais uma. Curiosa, porque fala em "postos altos", sem referir patentes ou nomes. Curiosa porque envolve tanta gente, mas "só" lesa o Estado em 0,5 milhão de euros. Curiosa, precisamente, porque tanta gente envolvida e tanta "gente alta", e tão pouco dinheiro envolvido. Até os corruptos em Portugal, andam pelas ruas da amargura, mesmo estando em "altos postos".

Melhores dias virão.

A realidade e a mistificação

Se esta imagem é dura: "Muito provavelmente, teremos entre 6% e 8% da população a precisar de cuidados especializados. Há muita gente que anda perdida", referiu o coordenador nacional para a Saúde Mental, José Caldas de Almeida, ontem, em Coimbra.

Esta imagem é mistificadora: Em Portugal, no entender do chefe do Governo, nunca se construíram tantas creches e tantas unidades de apoio à terceira idade como agora.

Até porque estamos fartos de um marketing político "de primeira pedra": Antes, José Sócrates passou por Garvão para a colocação da primeira pedra da Unidade de Cuidados Continuados.

Gostamos de verdade. Não gostamos de mistificações. E ainda menos gostamos de falta de humildade!

Tuesday, June 02, 2009

Onde está a Ordem dos Médicos? E a Justiça portuguesa?

Estes factos são graves:
  • Acusado de três crimes de abuso sexual de pessoa incapaz de resistência, previsto como um acto sexual de relevo, José V. foi condenado por dois e absolvido de um a dois anos e três meses por cada crime, traduzindo-se a decisão num cúmulo jurídico de três anos de prisão suspensa.
  • ficou provado que, a 24 de Agosto de 2004, na clínica de que é o proprietário, no centro de Faro, o médico "iniciou observação sem luvas" e, a dada altura, "introduziu a mão na bata e começou a acariciar o pénis". Depois, "friccionou a sua zona genital na zona desnudada da vagina da vítima".
  • Numa outra ocasião, a 2 de Setembro, as vítimas foram duas amigas que foram juntas ao ginecologista. Perguntou se podia colocar pomada e, fazendo crer que se tratava de um dos seus dedos, "começou a aplicar pomada com o pénis". Fazendo movimentos com a anca "perguntou três vezes se estava a doer". Uma das mulheres estranhou o contacto, olhou para o vidro do armário e "apercebeu-se de que o arguido tinha o pénis na mão a tocar com ele na sua vagina". Perante tal cenário, empurrou o clínico. "Quando me levantei, ainda o vi a colocar o pénis dentro das calças", declarou a vítima em julgamento.
  • Segundo o tribunal, o arguido "actuou contra a vontade das vítimas para obter satisfação pessoal".

O Sr. José V., perdão, o Dr. José V. é médico! E o que aconteceu ao Dr. José V.?

Isto: O médico continua a exercer a actividade numa clínica privada e no Hospital Central de Faro sem que lhe tenham sido aplicadas sanções disciplinares.

E porque é que houve este desenlace? Por isto: Segundo o Código Penal, o titular de cargo público que no exercício da actividade cometer um crime só é proibido de exercer funções se a pena for superior a três anos.

Pelo menos, as pessoas que são utentes do Hospital de Faro, que estejam atentas a um médico ginecologista de nome, Dr. José V.: fujam.

Monday, June 01, 2009

Presunção e água benta


Isto, a propósito desta afirmação do inefável Professor Correia de Campos: Depois, Correia de Campos referiu-se indirectamente ao seu trabalho enquanto ministro da Saúde: "A verdade é que as coisas começam a ver-se". "São as unidades de saúde familiares; as pessoas que vão ao médico de família, que são assistidas sem terem de esperar uma noite, marcando a sua consulta e esperando apenas meia hora; ou as unidades de cuidados integrados, com cinco mil lugares até ao final deste ano".

De facto, a classe política esquece-se que quando desempenha os seus cargos, tem salário e mordomias, para além de terem que desempenhar cargos de relevo e prestígio público, o que não é para qualquer um. Pelo que, a classe política nos poderia dispensar destas boutades! O que queria o Professor Correia de Campos, que os portugueses se deitassem no chão quando ele passeasse na rua? Ou que os portugueses lhe fizessem uma estátua, junto à de Luís de Camões? Ou ainda, que se mudasse o nome de Avenida da Liberdade, para Avenida Correia de Campos?

É difícil ser português, na precisa altura em que Portugal regressou ao seu rectangulo original, após centenas de anos de Império colonial, e em que os designios da nação ainda não são muito claros!

Melhores dias virão, se possível com gente mais humilde nos comandos da nação.