Tuesday, March 30, 2010

A caixa de Pandora

Está aberta a caixa de Pandora no litígio entre os cidadãos vítimas da incúria, da negligência e da falta de qualidade na prestação de cuidados de saúde, face ao Estado e aos prestadores privados de cuidados de saúde. E porquê? Simplesmente por isto: Walter Lago Bom, o doente que perdeu a visão nos dois olhos na sequência de um tratamento oftalmológico no Hospital de Santa Maria, poderá vir a receber 246 mil euros.

Mas, antes, queremos dizer que tinhamos grande suspeição sobre a Comissão nomeada pelo Hospital de Santa Maria, tendo em vista negociar indemnizações com as vítimas. Contudo, e perante o que aqui lemos, parece-nos que foi feita justiça, apesar de os danos causados serem irreparáveis.

Mas, porque é que então se abriu a caixa de Pandora? Apenas, porque se criou uma "referência", que vai valer, daqui em diante, para o Hospital de Santa Maria, para os Hospitais da Universidade de Coimbra, ou para os privados Hospitais da Luz ou da CUF.

Senhores accionistas dos hospitais (nomeadamente, o Estado), preparem-se para abrir os cordões á bolsa, pois se "dois olhos podem valer 246 mil euros, quanto poderá valer uma vida?", ou se quiserem, "quanto poderá valer a vida de um colunável que é vítima de má prestação de cuidados de saúde?". Não começarão os advogados recém-licenciados a prepararem-se para irem para a porta dos hospitais, em conjunto com um jornalista de um canal de televisão generalista, à espera de mais uma vítima da incúria ou da negligência hospitalar? Arriscamos, que todos os dias devem existir mais umas vítimas, em vários hospitais do país!

Monday, March 29, 2010

Healthcare: just a business?

Houston Tracy, a 12-day-old boy, has already survived a rare birth defect, a feeding tube and open heart surgery. Now his family is waiting to see how the battle with an insurance company will fare.

Last week, Houston's parents found out that the term "pre-existing condition" can apply the moment someone is born.

"When he came out, he made one little cry and he didn't really cry much," said Houston's father, Doug Tracy, 39, of Crowley, Texas.

"In Houston's case he would not have survived had he not gotten the care," said Dr. Steve Muyskens, pediatric cardiologist at Cook Children's Medical Center, who treated Houston. "Most children with this [would] have a demise within days to months in life."

Comentário nosso: pré-existência aplicada a um recém-nascido? será o negócio dos seguros de saúde um negócio sério? ou será que as poderosas Seguradoras se limitam a aproveitarem-se das fragilidades dos indivíduos? quando a ganância pelo lucro, sem qualquer escrúpulo é demasiada, os cidadãos têm que ser activos, mesmo se necessário extremamente activos.

Sunday, March 28, 2010

Medicina dentária

Há muitos anos que o SNS não considera o tratamento dos dentes e da boca, como sua função. O Dr. George lá saberá porque é que a saúde oral não é importante!

Agora lemos isto: Riscos para a saúde em 33% dos consultórios dentários.

Preocupante? Para nós é. Para a Inspecção Geral das Actividades em Saúde, ou para as entidades oficiais, parece que não. Se não, a situação não chegava ao que chegou.

Qual é o fundamento: Um terço das clínicas dentárias tem condições de higiene que podem gerar perigo ou risco grave para a saúde pública. A conclusão integra o relatório da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), no âmbito de uma fiscalização a consultórios privados, feito com o apoio da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). Das 36 clínicas investigadas, 12 foram alvo de medidas cautelares de saúde pública, como o encerramento.

Chega-se a este ponto: A maior parte destas irregularidades (20% da amostra) envolvia os materiais utilizados, que foram destruídos logo no momento. Exemplos são lâminas de bisturi ou medicamentos fora de prazo.

A medicina dentária foi objecto de aproveitamento do sector privado, causado pelo vácuo do Estado, ou seja do pomposamente criado SNS. E quando se abre um espaço, aparecem muitos. Qual corrida ao ouro.

Criaram-se até alguns casos de sucesso, até internacional, como é o caso da Maló Clinics.

Mas, existe também por esse Portugal, muito "mecânico" que faz "dentaduras", e que sobrevive por uma questão de produto/preço, para uma população envelhecida e com um nível de reformas quase miseráveis.

Depois, é confrangedor ver jovens dos 10 aos 20 anos, com a boca destroçada, motivada pelo desleixo dos pais e a incúria da Saúde Pública. Depois, e atendendo aos preços proibitivos da medicina dentária privada, vai-se criando uma degradação sempre maior.

Entretanto, com o PEC, as despesas com a saúde vão ser desincentivadas. Ou seja, se a saúde oral vai mal, só poderá piorar, porque o SNS não vai fazer rigorosamente nada nesta área.

Saturday, March 27, 2010

Dr. George: um especialista em Voodoo science

Diz-se aqui que, Voodoo science, is a neologism referring to research that falls short of adhering to the scientific method.

Diz-se aqui que, O director-geral da Saúde, Francisco George, afirmou esta sexta-feira que o vírus H1N1 “eclipsou-se” em Portugal, mas deverá voltar no próximo Outono.

Quando entramos em domínios, supostamente sérios, da ciência médica, e dizemos que um suposto vírus "eclipsou-se", mas "deverá voltar", estamos perante Voodoo science.

Entretanto, os milhões que se gastaram em vacinas para a "Gripe A" ou para combater o "vírus H1N1", também se eclipsaram. Mas, ao contrário do vírus que se eclipsou, o dinheiro dos contribuintes gastos nas vacinas adquiridas pelo Ministério da Saúde está nos bolsos de alguém!

Será que o "contra-ataque" do "vírus H1N1" estará previsto no PEC?

Thursday, March 25, 2010

A ironia do PEC

O Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) serve para tudo, menos para o que devia servir. Até agora, tínhamos prometidas: 4 linhas de TGV, vários hospitais, a 3ª auto-estrada Lisboa-Porto, um novo aeroporto de Lisboa e tantas mais obras, para a satisfação dos donos do betão!

Agora, com o PEC, até ficamos com pena dos donos do betão. O que irão fazer? Vender baldes de cimento para a Líbia ou para Angola? Talvez fosse bom para eles e para nós. Se os donos de betão em Portugal são tão bons, devem começar a pensar em exportar as suas obras.

Entretanto, as obras por cá são ironicamente paradas: "O presidente disse-me que, aparentemente, fruto desse curioso documento que é o PEC, o projecto de levar o IPO para a Bela Vista está suspenso", disse Ruben de Carvalho aos jornalistas, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do executivo municipal.

De repente, o IPO de Lisboa, situado em Palhavã, que não prestava há uns meses para o Senhor Presidente da Câmara, agora já se podem reaproveitar: Foi em "contactos informais que manteve com o Ministério da Saúde" que o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa (PS), "constatou que se afigura a hipótese de a transferência poder não ocorrer, e que o IPO poderá resolver o seu problema de instalações mantendo-se na sua actual localização, em Palhavã".

Enquanto o SLB for conquistando vitórias, os portugueses vão olvidando o PEC!

Wednesday, March 24, 2010

ObamaCare II

As Mr. Obama finished signing the bill, the first hand he shook was that of Marcelas Owens, an 11-year-old who has helped Democrats put a human face on the health care debate by talking about the death of his mother.

Mr. Obama is now speaking. “Today after all the votes are tallied, health insurance reform becomes law.”

Post Scriptum: The passage of the health care law shows that the US empire is declining because it illustrates the fact that people expect the state to take care of them. In their expansionary phase, empires force people to go out, seek risks and fend for themselves, Murrin said, reminding of the dismantling of the British empire after the war, when the National Health Service, which ensures universal health coverage in Britain, was created.

Tuesday, March 23, 2010

Desperdício em duplicado

Repare-se no desperdício que o Estado promove, apesar de constantes campanhas sobre a pretensa redução de custos:

1. O SUCH serve para isto: O Serviço de Utilização Comum dos Hospitais é uma associação privada sem fins lucrativos, organizada e posicionada para a oferta integrada de Serviços Partilhados para o sector da Saúde.

2. O SPMS serve para isto: a SPMS tem como missão «a prestação de serviços partilhados específicos da área da saúde em matéria de compras e logística, financeiros e recursos humanos aos estabelecimentos e serviços do Serviço Nacional de Saúde (SNS), independentemente da sua natureza jurídica, bem como aos órgãos e serviços do Ministério da Saúde e a quaisquer outras entidades, quando executem actividades específicas da área da saúde».

Fazem parte do SUCH estas entidades: 89 Entidades Hospitalares, 86 Misericórdias, 5 ARS e mais de 800 pequenos clientes, entre clínicas, farmácias, lares, centros de enfermagem.

Mas, pasme-se: A SPMS, E. P. E., sucede na posição de central de compras do Agrupamento Complementar de Empresas «Somos Compras». E mais: As posições jurídicas dos Agrupamentos Complementares de Empresas «Somos Compras», «Somos Contas» e «Somos Pessoas», bem como das estruturas do SUCH — Serviço de Utilização Comum dos Hospitais para a prossecução das actividades daqueles agrupamentos, devem transmitir -se para a SMPS, E. P. E., no prazo de 60 dias a contar da entrada em vigor do presente decreto-lei.

Ou seja, o Estado dando dinheiro a ganhar a vários Consultores (de imagem, jurídicos, fiscais, de relações laborais e de gestão), muda o nome de SUCH, para SPMS.

Muda-se tudo, para tudo ficar na mesma. Mas, afinal para que serve o PEC? Para enganar as Agências de rating? Eles não se deixam enganar!

Sunday, March 21, 2010

SUCH: such a turmoil

O SUCH é uma espécie de central de compras do Estado e de mais alguns, vocacionada para o sector da saúde. Nunca exerceu realmente as funções para que foi criado. Parece que serve para consumir muito dinheiro aos contribuintes. Mesmo assim, parece que está falido: Dívidas do SUCH acumulam-se apesar da venda de património e dos empréstimos.

Mas, em Portugal, país dos milagres de Fátima e dos fenómenos do Entroncamento, o que está falido (tem o encosto do Estado), pode dar milhões a uns quantos: Administradores ganham mais do que a ministra da Saúde.

Coitados dos contribuintes portugueses, que ainda estão entretidos com a boa época do SLB! Quando perceberem o que significa Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), será tarde de mais.

Mas, vejamos esta balda à custa dos que ainda pagam impostos e trabalham:

1. Apesar do risco financeiro, em resposta ao i o SUCH não desmentiu os prémios de milhares de euros a alguns dirigentes "na ordem de milhares de euros" nem a compra dos carros topo de gama, escudando-se nas políticas de "gestão de desempenho" e de "atribuição de viaturas" que visam "a redução de custos". Em 2008 a empresa acumulava um passivo de 57,3 milhões de euros e a tendência de agravamento das contas continuou em 2009.

2. Para tentar evitar a ruptura financeira, a associação já vendeu três imóveis e exigiu dos associados o pagamento de quotas extraordinárias, estando ainda a recorrer a “financiamento bancário para a realização de investimentos”.

3. O Tribunal de Contas chumbou os contratos que o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) assinou com as administrações regionais de saúde do Centro e do Norte, argumentando que não podem ser feitos por adjudicação direta.

4. No recurso enviado para o Tribunal de Contas, a que a agência Lusa teve acesso, o SUCH defende que a relação entre as ARS do Centro e do Norte não configuram uma relação comercial normal, uma vez que as entidades são associadas do SUCH e, por isso, existe uma contratação in house, uma figura prevista no novo Código de Contratação Pública.

Ainda há quem pense que a situação económica e financeira de Portugal é grave! Para quem vive inserido nas teias do poder político-financeiro, Portugal é um mar de rosas.

Friday, March 19, 2010

Ressonancia magnética

Un estudio que publica la revista Radiology, realizado por la Red Española de Investigadores en Dolencias de la Espalda (REIDE) y coordinado y financiado por la Fundación Kovacs, demuestra que, en contra de lo que sucede habitualmente, la resonancia magnética lumbar únicamente debe hacerse en casos excepcionales, y no debe ser el factor determinante para decidir si el paciente con dolor de espalda debe ser intervenido quirúrgicamente o no.

Los datos disponibles reflejan que todas las RM prescritas en la sanidad pública, sólo se indica el motivo por el que se pide en el 38% de ellas. Y de aquellas en las que se indica el motivo, se considera que este es inapropiado en entre un tercio y dos tercios de ellas. Esto significa que en nuestro país se podrían estar realizando innecesariamente entre 120.000 hasta 630.000 resonancias magnéticas lumbares cada año.

Thursday, March 18, 2010

Plano Nacional de Saúde 2004-2010: falhou

  • Das 64 metas incluídas no Plano Nacional de Saúde 2004-2010, mais de metade (34) deverão ficar por cumprir.
  • Em 11 dos indicadores avaliados, o país consegue mesmo apresentar resultados acima da média. Contudo, os cuidados prestados à população apresentam problema estruturais "importantes".
  • "Portugal é um dos países com maiores desigualdades no acesso a especialistas", exemplificou Jeremy Veillard, que liderou a equipa da OMS.
  • A OMS considera que a sustentabilidade financeira do sistema de saúde terá que ser um dos eixos principais, já que este é um problema que se coloca a todos os estados e também a Portugal.
  • Jeremy Veillard considerou que o número de médicos existentes no país não é inferior à média da Europa dos 15.

Estamos a meio de 2010. Estará alguém a planear a saúde em Portugal, para daqui a 8 meses?

Wednesday, March 17, 2010

Orwellianos

George Orwell, jornalista e romancista britânico, ficou conhecido por um manifesto contra o autoritarismo, o 1984, e por uma sátira à tirania, o Triunfo dos porcos.

Orwell foi um visionário que soube ler bem a sociedade da sua época, mas também a sociedade humana, que persiste e persistirá. Entre outros, Orwell deixa-nos esta herança de liberdade:
  1. Todos os animais são iguais.
  2. Todos os animais são iguais mas alguns são mais que outros.

Agora, muitas situações vivemos, decalcadas da visão de Orwell.

Repare-se nesta: A alta comissária da Saúde propôs hoje um regime de excepção para o sistema de reforma de médicos e enfermeiros.

E porquê esta sugestão? Por isto: O Governo anunciou a antecipação do aumento da idade da reforma ao abrigo de um plano de convergência (previsto para terminar no final de 2014 mas que o Executivo quer antecipar para 2012/2013): este ano é permitido a reforma com 62 anos e meio de idade e 25 anos de serviço; de acordo com as novas medidas a reforma apenas é permitida aos 65 anos.

Então, a Senhora Alta Comissária da Saúde quer algumas excepções: Temendo uma corrida em massa às reformas, Maria do Céu Machado aponta um regime que excepcionalmente garanta a estes profissionais que, caso se mantenham ao serviço, dentro de alguns anos encontrarão as condições de reforma que agora cessam para a generalidade dos trabalhadores.

E nós? Os outros? Os empregados de mesa? Os pedreiros? Os advogados? Os economistas? Os professores? As empregadas de limpeza? Será que toda esta gente não é necessária? Será que toda esta gente não pode esperar por se reformar aos 67 anos (como se alvitra em Espanha), ou quem sabe aos 70 ou 75 anos?

Só que, para a Dra. Maria do Céu Machado, isto já não é um problema: Outra preocupação da Organização Mundial da Saúde tem a ver com os recursos humanos. No caso dos médicos, diz Jeremy Veillard, o número até é razoável, mas estão mal distribuídos. O mesmo acontece com os enfermeiros, mas, neste caso, a OMS diz que o actual número de enfermeiros fica aquém das necessidades do país.

É que não há falta de médicos, repetimos nós até à exaustão. Há médicos a mais nos hospitais de Lisboa, Porto e Coimbra. Há médicos a menos em Alcoutim, Ferreira do Zezere ou Penedono! Porque será, Senhora Dra. Maria do Céu Machado?

Os advogados que não tenham trabalho em Lisboa, tal como muitos médicos que pululam nos hospitais da capital, têm que procurá-lo por outras paragens. Os médicos continuam a pulular pelos hospitais das grandes cidades. Orwell explicou bem, porque é que isto acontece.

Tuesday, March 16, 2010

Medicamentos: o grande bolo V

Quem segue a temática da saúde, já percebeu que os medicamentos constituem o "grande bolo". Porquê? Porque representam mais de 20% da despesa em saúde, em Portugal. Depois, todos sabemos que os medicamentos têm contribuido para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e da sua esperança média de vida. Depois, há também cada vez mais hipocondríacos.

Entretanto, a despesa com a saúde tem derrapado quase todos os anos, fundamentalmente por causa dos gastos com os medicamentos e com a má gestão de recursos humanos. Só o Professor Correia de Campos conseguiu, e por via administrativa, travar a derrapagem constante.

Agora, a Dra. Ana Jorge quer tentar travar. Coitada. Pena dela, pela figura que fará, e pena do contribuinte que paga cada vez mais impostos, e que tem um Estado cada vez menos eficiente, mas com clientelas eficientíssimas!

Vejamos a tentativa: O Programa de Estabilidade e Crescimento limita o crescimento da despesa do Estado na comparticipação de medicamentos nas farmácias a um 1 por cento, impondo como teto a subida de 2,8 por cento nos hospitais.

A via é esta: «A despesa com medicamentos de ambulatório será contida em um por cento, através da promoção de genéricos e racionalização da política do medicamento. Também a despesa com medicamentos hospitalares não deve aumentar mais de 2,8 por cento em 2010, por via da generalização de boas práticas e acrescidos esforços de negociação com a indústria farmacêutica, sobretudo para medicamentos mais dispendiosos», como os da sida, oncologia e reumatologia«, diz o documento que define as medidas para conter a despesa até 2013.

Das duas uma, ou o Governo mente, e não vai atingir o objectivo a que se propõe; ou o Governo vai reduzir a sua comparticipação nos medicamentos, o que agrava ainda mais a situação dos contribuintes penalizados fiscalmente pelo PEC.

Estado ineficiente = Contribuinte lesado

Monday, March 15, 2010

Serviço Nacional de Saúde em escombros

A listagem dos escombros seria interminável. Fiquemos por estes casos:

1. O Hospital de Aveiro vai entrar em obras em meados deste ano graças aos cerca de sete milhões de euros aprovados nos últimos dias pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Actualmente, no Hospital de Aveiro, grande parte dos exames de diagnóstico que precisam de recorrer à imagiologia são feitos no exterior devido à falta ou a avarias do equipamento.

Comentário nosso: não sabíamos que o dinheiro do QREN serve para a manutenção de hospitais. Pensávamos que servisse para isto: grande desígnio estratégico a qualificação dos portugueses e das portuguesas, valorizando o conhecimento, a ciência, a tecnologia e a inovação.

2. Familiares de um idoso internado acusam o Hospital dos Capuchos, em Lisboa, de dar banhos de água fria aos pacientes. Cristina diz que outros três pacientes internados no Serviço de Cirurgia lhe confessaram ter sido submetidos ao mesmo tratamento.

3. O comandante dos bombeiros voluntários do Seixal diz que o serviço de urgência do Hospital Garcia da Orta (HGO), em Almada, está sem capacidade de resposta, comprometendo o serviço de socorro prestado pelos bombeiros.

4. A câmara hiperbárica do hospital de Ponta Delgada não funciona desde o dia em que foi inaugurada, em Julho do ano passado. O serviço de medicina hiperbárica do hospital foi adiado porque o único médico especialista em operar com o equipamento tem estado a fazer outra especialidade.

5. A Quinta do Conde, Sesimbra, foi palco ontem de mais uma manifestação dos utentes da saúde que exigem o recomeço das obras de construção da nova extensão de saúde, que estão paradas fez ontem cinco meses devido à falência do empreiteiro. "Ninguém pode estar satisfeito. Aquilo não tem condições. Há uma necessidade urgente de um centro de saúde", afirma também Clara Salvador, de 46 anos, dizendo que quando chegou há nove anos à Quinta do Conde não esperava encontrar um serviço de saúde instalado num pré-fabricado.

6. Aos "mais de 4000 utentes" da vila de Benavente sem médico de família juntam-se mais de 2700 habitantes do Porto Alto, além dos residentes de Santo Estêvão (cujo médico de família se encontra de baixa por doença), pessoas que acorrem ao Serviço de Atendimento Permanente (SAP), cujo funcionamento é garantido por uma empresa contratada pela ARS-LVT.

Mais? Já chega.

Sunday, March 14, 2010

Plaster treatment for skin cancer

A sticking plaster approach to treating skin cancer has been unveiled at Ninewells Hospital in Dundee. The light-emitting Ambulight PDT device has been developed in an attempt to make the treatment of skin cancer faster and more comfortable.

The new treatment, which is being rolled out to hospitals across the UK, would see skin cancer patients given a drug which makes the affected skin sensitive to light. The disposable light-emitting plaster is then stuck over the top, allowing photodynamic therapy treatment (PDT) to be applied directly to the skin, destroying the cancerous cells. For non-melanoma, the most common treatment in the past has involved applying a cream to the skin for several hours before the patient undergoes intensive light treatment.

Saturday, March 13, 2010

O crime compensa?

Por vezes. Mas, só para alguns. Sobretudo, para aqueles que já têm muito poder.

Repare-se na Face Oculta já à vista: Como revelaram as intermináveis escutas do "Sol", agora a propósito da rendição ao sinistro lóbi da ANF, no concurso para as farmácias hospitalares. (E também aqui, mais uma vez, vamos encontrar o sempre presente pivô do regime, o inabalável Armando Vara, no centro de todas as grandes operações, dos grandes negócios, das grandes influências).

De facto, nós que temos e teremos sempre memória, recordamo-nos do ainda Primeiro Ministro, ter tido um discurso de tomada de posse em 2005, elegendo como inimigo a abater, precisamente esse "sinistro" lobby em que consiste a congregação do retalho farmacêutico.

Agora, parece que o diabo o deixou de ser. Por anda a honra e dignidade dos poderes? Por anda a consistência de princípios? Por anda Portugal?

Wednesday, March 10, 2010

A evolução do negócio da saúde

A despesa com a saúde aumenta em todo o mundo. Portugal não é excepção. Mas, como tudo na vida, vai chegar um dia em que os cidadãos vão ter que escolher entre ter saúde ou comer! Porquê? Porque o caminho dos EUA não é caminho. Porquê? Porque gastar quase 20% do PIB em saúde, e ter uma saúde em que se excluem dezenas de milhões de cidadãos, só pode significar o seguinte: as corporações da saúde exploram o filão dos hiponcondríacos, de forma desmesurada. E os hipocondríacos vão ter que escolher entre pagar uma "panaceia" ou comer!

Tudo isto a propósito do aparente sucesso deste negócio público-público: Em 2009, a HPP Saúde registou um proveito operacional de 144 milhões de euros, mais 129% que em 2008, impulsionado pelo início do contrato de gestão do Hospital de Cascais em Janeiro do ano passado e pela actividade dos hospitais da Boavista, no Porto, e dos Lusíadas, que deverá atingir o break-even este ano.

Chamamos-lhe "público-público", uma vez que a HPP é detida pela CGD, que é por sua vez detida a 100% pelo Estado. A não ser que a HPP siga o caminho da Caixa - Seguros, ou seja venha a ser privatizada, tal como planeado no PEC.

No entanto, a HPP Saúde ainda não viu a côr do dinheiro: A empresa registou um prejuízo de 10,9 milhões de euros em 2009.

Tuesday, March 09, 2010

Economy sends plastic surgery down 17%

Last year’s economic slowdown caused a 17 percent drop in plastic surgeries, according to a survey by the American Society for Aesthetic Plastic Surgery. Demand for non-invasive procedures such as Botox injections remained fairly steady, dropping less than 1 percent. For both types of procedures combined, the overall decline was 2 percent. For the second year in a row, the No. 1 surgical treatment was breast augmentation, with an estimated 312,000 procedures last year, followed by liposuction, at 284,000. As has been the case for years, those operations were far outpaced in frequency by Botox injections — an estimated 2.55 million last year.

Post Scriptum: só assim se compreende que a despesa com a saúde nos EUA esteja cada vez mais próxima dos 20% do PIB!

Monday, March 08, 2010

Medicamentos: o grande bolo IV

Os medicamentos salvam vidas. Os medicamentos fazem aumentar a esperança média de vida. Os medicamentos servem muitos interesses. Servem os doentes, mas também os hipocondríacos, os laboratórios farmacêuticos e o retalho farmacêutico. Tal como nas guerras, há sempre alguns efeitos colaterais, e aqui quem paga muitas vezes alguns dos interesses são os contribuintes.

O actual Primeiro-Ministro iniciou a anterior Legislatura com um ataque cerrado ao "lobby" do retalho farmacêutico, prometendo reduzi-lo por via da liberalização da propriedade e da redução das suas margens comerciais. Notícias recentes, induzem um apaziguamento desta putativa batalha entre o ainda Primeiro-Ministro e o tal "lobby" do retalho farmacêutico. A liberalização da propriedade ficou-se pela retirada da propriedade exclusivamente a licenciados em Ciências Farmacêuticas e pela permissão de posse de quatro farmácias.

  • O Governo quer que o novo regime de comparticipação dos medicamentos seja baseado no valor absoluto e não em percentagem do valor do medicamento e que os novos genéricos só sejam comparticipados se tiverem preço baixo.

Na opinião de um dos partidos da Oposição, a leitura é diferente:

  • «O Governo pretendeu iludir os portugueses, na realidade, do nosso ponto de vista, nós não reconhecemos naquelas medidas a capacidade de promover a venda de genéricos e de baixar o preço dos medicamentos, é o contrário», afirmou à Lusa o deputado João Semedo
  • «o Governo decidiu oferecer um bónus de 50 milhões de euros às farmácias, porque aumentou para 20 por cento a margem do preço de venda ao público de medicamentos nas farmácias».
  • o Executivo socialista «subiu as margens para as farmácias e para os armazenistas e esqueceu-se de subir a comparticipação dos medicamentos».

Pior, a prescrição dos medicamentos na sua vertente genérica ou de marca continua a escapar aos doentes: o Governo «transferiu para os médicos aquilo que é a sua exclusiva responsabilidade política, que é criar condições para a prescrição dos genéricos».

Ou seja, é vedada ao doente a escolha do produto que pretende, quando o actual e anterior Governos prometeram que implementariam a DCI, ou seja o médico prescreveria o medicamento com base na Denominação Comum Internacional, independentemente da marca.

Como se diz em língua Inglesa, money talks!

Sunday, March 07, 2010

Clínica Maló: o sucesso continua

A Maló Clinics é já uma multinacional de origem portuguesa. Ainda bem, que vemos portugueses a actuar com sucesso por cá, e por esse mundo fora. Chegou agora a Tókio: O estomatologista Paulo Maló vai abrir uma clínica dentária no Japão em 2011 e tem projetos para expandir a sua rede representação também para Pequim e Xangai.

Tão necessitados que andamos de boas práticas de gestão, e sobretudo de casos de sucesso, efectivos.

Thursday, March 04, 2010

Gestão de recursos humanos

O que se passa há muitos anos no Ministério da Saúde não tem nada que ver com "gestão de recursos humanos". O que se lá passa há muitos anos, tem que ver com uma lógica de completa incúria sucessiva do que é o interesse público, leia-se, interesse do contribuinte, que é quem suporta e supostamente usufrui do SNS.

Faltam médicos em Mogadouro, mas existem médicos a mais no Hospital Egas Moniz (em Lisboa). Não se podem mudar os médicos, ainda que não tenham nada para fazer. Depois, um médico que tenha uma especialidade, mas que não tenha doentes para ver dessa especialidade, não pode ser um médico de clínica geral, ou de família (que há supostamente falta). Porquê? Porque o lobby médico é forte, e o Estado e a legislação os favorecem! Mas, serão os médicos os culpados de toda esta situação? Evidentemente que não. Os culpados são os eleitos pelo povo, que não acautelam o interesse de todos, mas antes os interesses de uns quantos.

Depois, há imensos médicos, formados em escolas públicas, com a sua formação suportada pelo contribuinte, mas que fazem tudo menos exercer medicina. Estão em cargos políticos. São assessores de instituições nacionais e internacionais. Colaboram com a Indústria farmacêutica. Têm direito de o fazer? Têm. Mas, já não têm o direito de ficar com o seu "lugarzinho" salvaguardado! Pois, é que há milhares de médicos com licença sem vencimento mas com o lugarzinho "salvaguardado". Pois!

Depois, o poder eleito pelo povo, anda sempre atrás do leite derramado. Alguns exemplos:

1. Corrida às reformas antecipadas dos médicos fez soar o alerta vermelho. Governo estuda solução para evitar colapso de serviços. Assinar contratos individuais de trabalho com os médicos reformados, através de um regime de excepção na função pública. Esta pode ser a solução do governo para um problema criado pelo próprio governo quando mudou as regras da aposentação e levou a uma corrida às reformas entre os clínicos, para evitar penalizações.
2. Um médico em início de carreira (assistente) passaria a receber 2643 euros, de acordo com a tabela agora proposta. Mas os que estão a contrato individual de trabalho já recebem hoje em média 3 mil euros num hospital EPE (Entidade Pública Empresarial). Como os hospitais-empresa funcionam desde 2002 sem Acordo Colectivo de Trabalho, a regra da lei da procura e da oferta, num sector com falta de profissionais, prevalece - muitas vezes os EPE oferecem mais do que está previsto na tabela salarial da função pública para conseguirem ir buscar médicos para os seus serviços. Os sindicatos entendem que estes clínicos não podem ficar prejudicados. Até porque, com a transição progressiva dos hospitais para o universo EPE, representam já 90% do mercado de trabalho dentro do SNS.
3. A médica de família da Extensão de Saúde de Santo Estêvão, Benavente, está de baixa prolongada, o que deixa sem atendimento cerca de 1200 utentes da freguesia e de Foros de Almada. Os doentes têm de se deslocar ao Centro de Saúde de Benavente, onde também faltam médicos frequentemente. A população está revoltada e quer soluções urgentes para o problema. Os autarcas ameaçam sair à rua em protesto.

Wednesday, March 03, 2010

Caiu o tecto do novo Hospital de Cascais

Será verdade? Será verdade que as novas construções em Portugal, já não têm garantia de qualidade? E ainda por cima, a construção de um hospital?

Vejamos, o que aqui se diz: O tecto da zona de consultas do novo Hospital de Cascais, inaugurado há uma semana, caiu esta manhã. Não há feridos a registar.

Como? É verdade!

Aqui, dão-se mais detalhes: Uma ruptura numa conduta de água fez com que o tecto na ala de consultas externas do novo Hospital José de Almeida, em Cascais, ruisse.

Se não fosse sinistro, daria vontade de rir. O pior é que continuamos na onda do embuste, da mentira e da pura manipulação, pois inicialmente pretendeu-se mascarar a verdade: A notícia surge depois da agência Lusa ter dado conta de que os utentes que estavam à espera de consultas externas do novo edifício de Alcabideche terem sido evacuados da ala, tendo sido invocados "problemas técnicos".

O pior de tudo, é que o novo Hospital de Cascais é uma parceria pública-privada, entre o Estado e um banco do Estado (a CGD).

Aguardemos dias melhores, em Portugal. Mas, vai demorar muito!

Cellphone Warning Label

Supporters of a bill to require cell phones in Maine to carry warnings that they can cause brain cancer say the United States is lagging behind other countries that have endorsed warnings.

The Health and Human Services Committee on Tuesday opened a hearing on Rep. Andrea Boland's bill, which would make Maine the first state to require manufacturers to put labels on phones and packaging warning of the potential for brain cancer.

Monday, March 01, 2010

A Face Oculta chegou à farmácia

Pois é, estamos todos (excepto os que vão trabalhando e pagando impostos diáriamente) envolvidos em tramóias, jogadas, manigâncias e outras manipulações. Será que os animaizinhos que estão no Jardim Zoológico também fazem parte da Face Oculta?

Bem e no que respeita à saúde, ouçamos:
  • Ontem o semanário Sol divulgou algumas intercepções feitas a Armando Vara e ao seu amigo, o empresário Lopes Barreira, que indiciam que um diploma aprovado a 23 de Julho em Conselho de Ministros (CM) foi alterado posteriormente de acordo com a versão defendida pela ANF.
  • A cláusula da discórdia permitiria a estas farmácias escapar a uma eventual falência.
  • No dia 24 à noite, Lopes Barreira conta à ex-ministra da Saúde Maria Belém Roseira que "o [Francisco] Ramos roeu com isto tudo". E explica: "O [Fernando] Serrasqueiro [secretário de Estado Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor] tinha falado com o Cordeiro, a dizer que o Sócrates queria, passados dois dias, fazer um Conselho de Ministros em que aquela história iria ser aprovada em favor da ANF." Só que, "de repente, a coisa mudou, o dito cujo [Ramos] apanhou o Sócrates distraído e fez o contrário, o que deu esta guerra toda".

Terá esta estória algo que ver com aquela velha lenda do "Ali Bábá e dos 40 ladrões"?

As negociatas público-privadas

Sabemos que o Estado não quer adaptar-se aos cidadãos. Não quer, porque quem está no Estado não entende que está a servir clientes, antes entende que está a servir utentes. E os utentes não têm direito a reclamar. Como tal, comem o que há.

Perante este cenário, vários governos (o actual e vários anteriores) decidiram manter muita estrutura do Estado, que não conseguem legalmente encerrar, e abrem em simultâneo infraestrtuturas privadas. Duplas estruturas, múltiplos custos. Até que o contribuinte aguente.

Em Cascais, abriu um novo hospital, que resulta de uma parceria entre o Estado e os HPP (braço da saúde, da Caixa Geral de Depósitos, banco do Estado!). Nesta parceria público-público, passam-se coisas estranhas, como estas:
  • O novo hospital inaugurada há uma semana, em Alcabideche, vai absorver utentes de oito freguesias de Sintra, mas apenas nas três áreas em que não havia qualquer dificuldade de resposta (no Hospital Amadora-Sintra): ginecologia, obstetrícia e pediatria.
  • O administrador (do Hospital Amadora-Sintra) adianta que em 2009 houve 4020 crianças nascidas no Amadora-Sintra. Deste total, 750 vão ser desviadas para o novo hospital de Cascais. "Vamos ficar com 3250 partos por ano. O problema é que perdemos escala, mas não o suficiente para reduzir as equipas que estão de urgência. Portanto, cada parto ficará mais caro. Aumenta o custo de produção", explica.
  • As estimativas da administração de Cascais - gerida em Parceria Público Privada pela HPP Saúde - é duplicar estes mil partos, chegando aos 1900/2000 por ano.
  • No dia da inauguração do hospital de Cascais, o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Fernando Seara, comentou a decisão afirmando: "É evidente que o novo hospital é uma parceria público privada e, sendo assim, objectivamente teve que ir buscar mecanismos de financiamento." E criticou a forma encontrada para o fazer. "Como não havia número de partos suficiente no hospital de Cascais, foram buscar três valências do Amadora-Sintra", disse, citado pela Lusa.
  • "Uma grávida que parta uma perna vai para o Amadora-Sintra, mas para a consulta e avaliação do feto vai ao hospital de Cascais", exemplificou ainda o presidente da autarquia Fernando Seara.

Por que raio, os gestores públicos conseguem fazer sempre "borrada"? Ou será que não é "borrada", mas antes estes pretensos "disparates" têm uma finalidade lucrativa para alguém?