Thursday, October 27, 2011

Corporativismos

Uma das maiores doenças ancestrais de Portugal, sempre foi o corporativismo. As classes profissionais reivindincam tudo e impedem que se alcance o interesse público. Exemplos? Tantos. O estatuto e a clara ineficiência do sistema de justiça. A histórica falta de médicos (em que nós nunca acreditámos), motivada pelo claríssimo bloqueio da Ordem dos Médicos. A não existência de um sistema de avaliação de desempenho na generalidade dos serviços públicos (mascarada com as vergonhosas promoções automáticas ou com essa sigla tenebrosa que dá pelo nome de Siadap).

Aliás, o Estado Novo até tinha o chamado Ministério das Corporações. O Regime de Abril não melhorou nada. Antes, promoveu guerras entre corporações, como é o caso do sector da saúde. Vejamos mais estas batalhas entre corporações:

1. O bastonário da Ordem dos Médicos disse esta noite, no Porto, que a alteração da legislação sobre a prescrição de medicamentos genéricos «pretende favorecer as farmácias» e pode trazer «riscos para a saúde do doente».

2. O dirigente da Ordem dos Médicos Caldas Afonso considerou hoje que a troca de medicamentos genéricos nas farmácias, que o Governo quer implementar, vai acabar por destruir a indústria nacional da especialidade.

Veja-se até onde chega a falta de pudor, a corporação médica quer até ser o defensor da economia nacional. No fundo, do que é que os médicos não percebem? A generalidade dos hospitais públicos é administrada por médicos, e estão falidos. Aparentemente, esta evidente ineficácia não chega, para que a classe se retire de áreas para as quais não tem nenhum conhecimento ou sequer sensibilidade.

Dr. Paulo Macedo vá em frente, e aplique finalmente a prescrição por "denominação comum internacional". Os contribuintes agradecem e a generalidade dos doentes também. Aliás, o que serve para a Finlandia ou para outros países europeus, também deverá servir para Portugal.

Wednesday, October 26, 2011

A gestão do caos

Quem olha o Ministério da Saúde e o SNS, vê caos por todo o lado. O Ministro Paulo Macedo acabou de chegar e tem que saber gerir o caos, ou dentro de alguns meses os cacos do SNS estarão feitos em pó. Vejamos alguns retratos de um caos acelerado:

1. O presidente da delegação regional do Oeste da Ordem dos Médicos afirmou à agência Lusa que «começa a haver falta de matérias e falta de manutenção de equipamentos nos blocos operatórios».

2. O Serviço Nacional da Saúde (SNS) não tem capacidade para garantir os tratamentos de diálise a 118 doentes renais com hepatite B e continuar a ter margem para receber novos casos, tanto de doentes que venham a ser internados nos hospitais como portadores de VIH que já são tratados nas unidades públicas.

3. O ministro da Saúde, Paulo Macedo, admitiu hoje que a maioria das taxas moderadoras hospitalares não é cobrada, acusando os hospitais não terem um “papel activo” na cobrança às seguradoras dos valores devidos.

4. A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) está a investigar a descoberta de vestuário confecionado com tecido que contém a inscrição de hospitais portugueses, segundo fonte do Ministério da Saúde. O primeiro caso ocorreu no Brasil quando, na sequência da descoberta de toneladas de lixo hospitalar dos Estados Unidos, um homem denunciou ter comprado em São Paulo uns calções com bolsos feitos de tecido do Hospital Garcia de Orta.

Portugal , o Ministério da Saúde e o SNS vivem  em regabofe há muitos anos. Já o sabíamos. Agora, alguém terá que pagar a falta de sentido de responsabilidade de multiplos (ir)responsaveis que estiveram á frente daquelas instituições nas últimas décadas.

Portugal, Rest In Peace.

Friday, October 21, 2011

May day, may day

Depois do fim do Serviço Nacional de Saúde, o fim do mais precioso dos bens, no hospital mais próximo de si: Os hospitais estão a dever aos laboratórios farmacêuticos mais de 1.200 milhões de euros, um aumento de 23% face à dívida que existia aquando da chegada da troika a Portugal (Maio). Esta situação, e a falta de esperança na sua resolução breve, faz com que o presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) já fale na possibilidade de suspensão de fornecimentos de medicamentos aos hospitais.


Portugal já não mexe.

Thursday, October 20, 2011

Esperança média de vida: Grã Bretanha

These maps show the life expectancy for men (up) and women (down) across the regions of the UK - the darker the area, the longer the life expectancy.

Sunday, October 16, 2011

É possível reduzir a despesa do Estado

E porquê? Pela evidente falta de controlo da despesa do Estado: Numa auditoria ao sistema remuneratório dos gestores hospitalares, cujo relatório foi divulgado, esta sexta-feira, o Tribunal de Contas (TC) constata que os conselhos de administração "tomam decisões sem estudos quantitativos apropriados pressupondo que, no limite, os recursos financeiros para a saúde são ilimitados".

Dizer que no Serviço Nacional de Saúde há gestão, será o mesmo que dizer que na Sícilia há Justiça. Apenas, por momentos e de forma intermitente.

O que é curioso, é sabermos que isto se passa há décadas, e não acontece nada aos pardacentos e anafados ditos "administradores hospitalares". O contribuinte paga e pagará sempre o cheque, quer seja sob a forma de mais impostos, quer seja através da redução acelerada dos benefícios do chamado "Estado Social".

Depois, lemos mais esta evidência: Por seu lado, o TC sublinha a insuficiência de gestores hospitalares com competências na área de economia e gestão, sendo a Medicina a licenciatura ou curso dominante entre os membros de um conselho de administração.

Portugal só o será, por mais algum tempo. Os portugueses e as suas chamadas "élites" desistiram de lutar pela continuidade da nação.

Wednesday, October 12, 2011

A absoluta complacência

Discute-se que Alberto João Jardim foi inconsciente. Diz-se que João Jardim terá ido para além da Lei. Afirma-se que João Jardim não foi ético. E porquê? Aparentemente, porque escondeu dívida. Estranhamente, os valores "escondidos" andam à volta das centenas de milhões de euros, e envolvem várias instituições financeiras, públicas e privadas. E ninguém sabia. Faz isto lembrar o célebre Imperador de Roma, de seu nome Cláudio, que desconhecia que a esposa era uma das maiores meretrizes da cidade eterna, quando afinal toda a gente sabia disso. Coitada da Messalina, ficou decepada ou esventrada!

Em Portugal, toda a gente sabe que os déficits são corrigidos várias vezes ao ano, por evidentes manobras de desorçamentação. Toda a gente sabe que as derrapagens em obras públicas são permanentes. As contas que se reportam hoje, vêm desmentir as que foram comunicadas ontem. Contudo, só Alberto João Jardim admitiu que não reportou as contas reais. Todos os outros fazem-no, embora digam que não.

Só mais uns que dizem que não o fizeram, mas parece que o fizeram: O Hospital de Santa Maria escondeu mais de sete milhões de euros em facturas de 2010 relativas a obras e medicamentos. Este montante deveria estar reflectido nos resultados financeiros daquele ano, mas o DN sabe que o mesmo não foi contabilizado, ficando a dívida oculta aos olhos dos ministérios das Finanças e da Saúde.

Isto apesar do buraco financeiro do maior hospital universitário do país ser já por si impressionante: Assim, os 44 milhões de resultados operacionais negativos que surgem inscritos nas contas de 2010 não reflectem o verdadeiro buraco financeiro do Santa Maria, que é gerido em conjunto com o Hospital Pulido Valente, formando o Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), EPE.

Curiosa é afirmação de que o Centro Hospitalar de Lisboa Norte é gerido! A gestão está entregue a aprendizes de coisas vãs.

Sunday, October 09, 2011

Um imposto para taxar alarvidades?

Disparates, falta de bom senso ou a livre emissão de alarvidades ainda não paga impostos. O consumo de alcool ou de tabaco, tem o enorme desincentivo de se pagarem muitos impostos. Há por aí quem queira taxar a gordura, sob a forma de batatas fritas ou de bolachas. Numa época em que se avizinha o final de uma certa forma de estar, vale tudo para se conseguir aparecer nos telejornais.

O anterior Bastonário dos médicos era arrogante, mal educado e desbocado. O novo Bastonário dos médicos quer aparecer na fotografia, talvez pelas piores razões: «Os fumadores pagam os custos na saúde que desencadeiam, directa e indirectamente. Provavelmente a despesa da saúde relacionada com o tabaco em Portugal andará à volta de mil milhões de euros por ano», disse, salientando depois que «o imposto cobrado pelo Estado aos fumadores era de cerca de 1500 milhões de euros por ano», da última vez que fez contas. «Nós até devemos estimulá-los a fumar. Porquê? Porque pagam um imposto elevadíssimo, ajudam as finanças do país e porque morrendo mais cedo em média recebem menos oito anos de reformas», salientou.


Apesar da evidente alarvidade, e pelo meio, lá se vão dizendo algumas verdades: o bastonário avisou que o país está na bancarrota e que com os cortes que estão a afectar a saúde podem levar o país a «morrer da cura».

Wednesday, October 05, 2011

A tirania corporativa

Enquanto algumas corporações detiverem mais poder do que o chamado interesse público, as sociedades estão condenadas à pobreza, á indigência e à indignidade.

Algumas corporações esticam a corda, sem perceberem que há leis da Física, que estão acima do poder dos poderes fáticos.

Isto é chantagem sobre o interesse dos cidadãos: O funcionamento da Maternidade Alfredo da Costa está em risco porque a maioria dos anestesistas se recusa a aceitar o novo pagamento proposto e ameaça deixar a instituição.

Isto é um atentado contra quem paga o funcionamento do Estado, vulgo contribuinte: Os nove médicos costa-riquenhos que chegaram a Portugal há quatro meses continuam sem poder exercer medicina por razões "apenas burocráticas", por falta do "documento de reciprocidade".

Quando as corporações ou castas atingem o limite da paciência do cidadão comum, as sociedades ficam à beira de precipícios. No passado foi assim. O futuro está à porta.

Saturday, October 01, 2011

A Tróika

A Tróika descobriu que Portugal está insolvente. Se quiserem, está falido. A Tróika descobriu que a banca portuguesa necessita de 12 biliões de euros para se refinanciar. Porque será? A Tróika descobriu que cada madeirense deve mais de 20.000 euros aos seus credores (continentais e estrangeiros).

Só faltava mesmo era a Tróika ter descoberto isto: O Ministério da Saúde descobriu 500 médicos que já morreram e ainda estão nas bases de dados. O caso foi descoberto porque a troika pediu ao Ministério da Saúde que cada médico passe a declarar a lista com todas as prescrições que tenha feito. Ao começar esta listagem, foram encontrados médicos que já tinham morrido e cujas vinhetas ainda estavam a ser utilizadas.

Infelizmente, num país em que as chamadas "autoridades de controlo" servem apenas para levar o saláriozinho no final do mês, só pode ser verdade. Aliás, esta historieta não é nova. E até tem tentáculos, por exemplo, sabe-se que dos cadernos eleitorais fazem parte centenas de milhar de mortos. Fantasmas!

Bem, risível é a postura da chamada Administração Central dos Serviços de Saúde (dirigida até há 3 meses, por um dos actuais Secretários de Estado): A Inspecção-geral das Finanças garante que quase metade dos gastos do Estado com a comparticipação de medicamentos pode ser irregular, num total de quase 1,2 milhões de euros. No entanto, a Administração Central do Sistema de Saúde desvaloriza este episódio e diz que o índice de fraude detectado é inferior a 1%. A Polícia Judiciária já está a investigar estes casos.

Portugal é também, e lamentalvemente, um país morto. Ou se quiserem, fantasma! A chamada Tróika está a fazer a respiração boca-a-boca do fantasma! Mas, ele não responde.