Friday, October 31, 2008

O descontrolo com a despesa nos medicamentos

Grosso modo, os medicamentos representam 20% dos gastos em saúde. É muito dinheiro. Apesar de ser muito dinheiro gasto, os genéricos já representam uma fatia de cerca de 20% dos medicamentos vendidos. E, para além disso, há uma clara travagem por parte do Ministério da Saúde à comercialização de novos medicamentos.

Contudo, o descontrolo com a despesa em medicamentos em 2008, é evidente:
  • A despesa do Estado com os medicamentos vendidos nas farmácias está a disparar a níveis inéditos nos últimos anos. Outubro pode fechar "com aumentos de dois dígitos, entre os 11 e os 12 por cento".

Segundo João Cordeiro, Presidente da Associação Nacional de Farmácias, as razões para tal descontrolo são estas:

  1. Defende que a culpa é do próprio Governo, de uma "política sem critérios", da incapacidade de "afrontar lóbis" e "de fazer cumprir a descida de preços" por parte da indústria de medicamentos de marca.
  2. "Não está a ser cumprida" a legislação que obriga os remédios a ser mais baratos do que nos outros países. A tutela autorizou que 132 produtos ficassem 17,7% mais caros, porque os laboratórios os podiam retirar e, assim, os doentes teriam de comprar outros mais caros.
  3. 11,3 Milhões é quanto Estado (5,5 milhões) e utentes (5,8 milhões) teriam poupado desde 2005, caso o Governo não tivesse decidido isentar a Bial da descida de 6% dos remédios, diz a ANF.
  4. 10 Milhões é o dinheiro que o Estado (4 milhões) e os utentes (seis milhões) gastam a mais por ano com a subida do preço de 132 remédios autorizada este ano pelo Ministério.

Lobbies. Muitos lobbies estão envolvidos na saúde, já o sabemos. Mas, quando não se consegue controlar a voragem descontrolada dos vários lobbies, o abismo aproxima-se!

Wednesday, October 29, 2008

Barbaridades II

Há pessoas que gostam de aparecer nas notícias, muitas das vezes pelas piores razões. Sabemos que vivemos numa sociedade mediatizada, em que a força dos poderes se modela pela força que se evidencia nos media. Ou seja, os artistas são promovidos pelos promotores do show!

Vejamos o que nos diz o Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos: A cultura económica e de gestão "destruiu" a pureza do Serviço Nacional de Saúde.

Como? A pureza do Serviço Nacional de Saúde? O que será isso? Lembramo-nos que a Ordem dos Médicos foi sempre um adversário do modelo original do SNS, dado que pretendia um modelo de saúde assente numa lógica de convenções entre o Estado e o sector privado. Ou seja, não sabemos a que SNS é que se refere o Dr. Pedro Nunes e à sua inerente "pureza".

Depois, ainda lemos isto da mesma personagem:
  • "Os médicos estão absolutamente afastados da decisão", lamentou Pedro Nunes.
  • Na sua opinião, o problema do SNS não se resolve com "artifícios de gestão", mas dando voz a políticas especializadas. Por isso lamentou que os médicos andem "assoberbados a produzir rotina" e que não sejam incentivados a participar na área da gestão.

Ora bem, perante mais estas barbaridades, temos a contrapor o seguinte:

  • Todos os Conselhos de Administração dos Hospitais do SNS têm como um dos seus membros, o seu Director Clínico. Portanto, em todos os hospitais, há pelos menos um médico na sua Administração.
  • Depois, uma grande parte dos Presidentes de Conselho de Administração dos hospitais do SNS são médicos.
  • Como é que o Dr. Pedro Nunes consegue suportar-se na afirmação de que os médicos estão afastados da gestão dos hospitais do SNS?
  • Finalmente, vem o Dr. Pedro Nunes falar em que os médicos têm que "produzir rotina". Pois é, Dr. Pedro Nunes, qualquer organização necessita de informação com qualidade, e esta só se produz com a criação de rotinas de controlo de gestão. O problema é que muitos médicos ainda assentam o seu desempenho organizativo com base "na caneta e no papel", e isso é absolutamente imperdoável para qualquer profissão do século XXI. Basta pensarmos no receituário, ainda hoje manuscrito!

Telemedicina: prós e contras

Monday, October 27, 2008

Barbaridades

Há coisas que se lêem e que se ouvem, que mais valia nem saber. Mas, há barbaridades que se dizem, e que se têm que reter. Tal a monstruosidade do que se diz.

Ao longo da História, houve quem ignorasse discursos e textos bárbaros, mas verificou-se mais tarde, que se cometeu um erro por negligência.

Vejamos o que aqui se diz:
  • A administração errada de medicamentos aos doentes hospitalizados é responsável pela morte anual de 7 mil portugueses.
  • Aida Baptista, da Associação Portuguesa dos Farmacêuticos Hospitalares (APAH), reconhece os erros de medicação e afirma que vão sempre existir. “Não se trata de um erro humano, mas sim do sistema”, disse, lamentando que muitos dos erros sejam escondidos por medo dos profissionais serem acusados.
  • O erro pode acontecer nas mais variadas ocasiões, desde o médico que prescreve o medicamento, e a letra é ilegível ou há confusão na dose, à farmácia que distribuiu, confundido as embalagens, até ao enfermeiro, que pode enganar-se no medicamento.
  • Pedro Nunes desvalorizou estes números, não confirmando a sua dimensão, por considerar que "em Portugal não existe um registo fiável das causas de morte". O bastonário da Ordem dos Médicos lembra que são feitos milhões de actos médicos em Portugal por dia e, por isso, "é natural que se cometam alguns erros".

Mas depois, parece que o "filme" mudou, quando alguém decidiu corrigir o drama, para uma farsa:

  • O ex-vice-presidente do Infarmed esclareceu, este domingo, que os sete mil mortos anuais atribuídos a erros na medicação são dados internacionais e não reflectem a situação em Portugal, onde não há um sistema que registe estes casos
  • Faria Vaz ocupava a vice-presidência da autoridade que regula o sector do medicamento quando, em 2005, realizou uma apresentação onde divulgou números sobre os mortos atribuídos a erros na medicação. Esses dados foram, desde então, interpretados pela Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH) como nacionais

Mas, a barbaridade maior é esta: "Poderão ser 7.000 ou 70 mil. Sete milhões não serão certamente, pois nesse caso estaríamos quase todos mortos", disse Pedro Nunes.

Como é que os portugueses se poderão ver livres destes bárbaros?

Friday, October 24, 2008

Obesidade: o outro lado!


Fonte: aqui.

O medicamento contra a obesidade Acomplia, do laboratório francês Sanofi-Aventis, teve a venda proibida em 18 países da União Européia (UE) que o distribuíam, porque pode causar depressão e idéias suicidas.

Thursday, October 23, 2008

O processo de avaliação de novos medicamentos

O gasto com medicamentos representa cerca de 20% dos gastos totais em saúde. É muito dinheiro. Mas, os medicamentos trazem muita qualidade de vida e maior esperança de vida. São incontornáveis.

O Prof. Correia de Campos conseguiu controlar o orçamento dos medicamentos do SNS, de forma pouco ortodoxa (controlo administrativo de preços), mas conseguiu. Contudo, o Ministério da Saúde foi dando instruções para demorar os processos de avaliação de novos medicamentos. E porquê? Porque os novos medicamentos são caros e durante muitos anos não têm a concorrência dos genéricos (enquanto as patentes não expirarem).

Ou seja, os medicamentos inovadores estão a chegar tarde aos doentes portugueses. Vejamos o que aqui se diz:
  • Portugal é o país europeu que mais tempo demora a aprovar terapias inovadoras para o tratamento do cancro, de acordo com um estudo internacional, que adianta que o País tem uma média de dois anos de atraso em relação ao resto da Europa.
  • Com base nesta investigação, que analisou 20 países europeus, o presidente do grupo de estudos do cancro do pulmão, Fernando Barata, aponta o dedo a um Infarmed «demasiado burocratizado», que trabalha «de forma mais lenta» que o resto da Europa.
  • os doentes oncológicos portugueses têm uma barreira social comparados com os do resto da Europa, «podendo beneficiar, por vezes um e dois anos mais tarde, de terapêuticas que já estão aprovadas e utilizadas noutros países».

Não sabemos se o Infarmed é lento ou burocratizado. Ou antes, se existe uma intenção clara do Ministério da Saúde para travar novos medicamentos, que são normalmente muito caros. Se esta segunda hipótese for verdadeira, é grave e bem pior do que os organismos do Estado serem ineficientes. É que a despesa pública em saúde é grande e tem que ser controlada, mas há tanto onde poupar, antes de se atrasarem os processos de introdução de novos medicamentos!

Wednesday, October 22, 2008

Mão biónica

Fonte: aqui.

A primeira mão biónica colocada num português já serviu ontem para pegar num copo de água, perante a "surpresa" e "mistura de sentimentos" descritos por João Carlos Pereira, de 32 anos, após uma intervenção que levou cerca de cinco horas, realizada no Centro de Reabilitação Profissional de Gaia (CRPG).

Tuesday, October 21, 2008

Ministério da Saúde: organize-se!

Nos dias de hoje, qualquer organização de serviços tem que fornecer ferramentas de contacto aos seus clientes, quer seja o telefone, postos de atendimento automático ou a Internet. Não há volta a dar, pois de outra forma, é impossível atender tanta gente.

Mas, atender pessoas à distância, não é fácil. As pessoas têm dificuldade em comunicar. A gestão do stress é complexa. As tecnologias nem sempre respondem conforme desejamos. A coordenação tem que ser eficaz.

Tudo isto, para falar sobre um serviço que tem sido eficaz, colocando em comunicação os doentes (e familiares) do SNS e os colaboradores deste serviço. Mas, se a exigência de serviço cai, o nível de serviço também cai.

Repare-se nestes últimos acontecimentos:
  • O Coordenador designado pela Direcção-Geral de Saúde (DGS) para a linha Saúde 24 reconheceu, esta segunda-feira, algumas falhas no encaminhamento das chamadas para o Instituto Nacional de Emergência Médica, mas culpa o INEM destas situações
  • Sérgio Gomes admitiu a existência de algumas falhas, alegadamente graves, denunciadas pelos enfermeiros supervisores da linha, que, por sua vez, «levaram a que a DGS marcasse uma reunião com a empresa operadora do centro de atendimento e a direcção do INEM, no sentido de assegurar que estas chamadas deviam ser atendidas de imediato pela INEM.

Ora bem, nós gostamos de nos pôr na pele do "cliente" ou doente, se quiserem. Para este, tanto faz que a culpa seja do INEM ou do serviço Saúde 24. Quem liga, quer ser atendido o mais rápidamente possível. Até porque, a morte está muito próxima, quando alguém liga para um telefone de urgência/ emergência.

Infelizmente, não gostamos de ver estes "julgamentos" na praça pública. Cheira-nos logo a um "Inquérito", que normalmente não vai atribuir responsabilidades, e que branqueia sobretudo os irresponsáveis.

Monday, October 20, 2008

Sunday, October 19, 2008

Há demasiadas Clínicas Dentárias

Em muitas actividades económicas existem desequilíbrios motivados pela desadequação da oferta e da procura. Por exemplo, os médicos são altamente bem pagos, porque realizam um trabalho especializado, mas também porque conseguiram fazer diminuir as entradas nas Faculdades de Medicina durante muitos anos. Aliás, Ordem dos Médicos e Sindicatos dos Médicos podem ser opositores em alguns aspectos, mas todos eles acham inqualificável um eventual "desemprego médico", como se fosse inqualificável o "desemprego de engenheiros" ou o "desemprego de padeiros"!

Dito isto, lemos com alguma incredulidade esta afirmação do Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas: Orlando Monteiro da Silva explica que vários seguros de saúde oral reduziram significativamente os preços dos tratamentos, "dando-se até ao desplante de proporem aos médicos dentistas actos gratuitos", sem ter em conta os elevados custos subjacentes a qualquer consulta, como a esterilização dos equipamentos.

Perguntamos nós, mas as Seguradoras obrigam algum médico dentista a vender serviços aos seus Segurados? Pensamos que não. Ou seja, os médicos dentistas só aceitam fornecer serviços a "preço zero" porque querem!

Repare-se neste detalhe de política comercial suicida dos médicos dentistas: Mesmo sendo muito desvantajosas em termos de honorários, centenas de clínicas dentárias acabam por aceitar estas convenções para aumentar o número de pacientes, uma vez que muitas se encontram "quase às moscas" devido ao excesso de oferta.

Ou seja, há clínicas dentárias a mais. Qualquer manual de economia explica que quando há desequilíbrio entre oferta e procura, quem tem vantagem procura sempre tirar o máximo partido disso. Por exemplo, há 10 anos, o potencial vendedor de imobiliário estava em vantagem, hoje o jogo virou a favor do comprador. E o que há a fazer? Apenas e só adaptarem-se á mudança e corrigirem os desequilíbrios.

Por exemplo, não nos parece que a Clínica Dentária do Dr. Paulo Maló se sinta pressionada pelas Seguradoras.

Ou seja, há clínicas dentárias que vão ter que fechar. É a vida.

Friday, October 17, 2008

Obesidade



Fonte: aqui.

Thursday, October 16, 2008

Orçamento da saúde 2009

Os gastos com a saúde já superaram 10% do PIB, valor acima da média da União Europeia.

A saúde não tem custos? Tem e são muitos. Não se pode aumentar a despesa em saúde? Pode-se, mas não se deve.

Qual é o valor estimado pelo Estado para gastar com o SNS em 2009: O Orçamento do Estado para 2009 vai contemplar a Saúde com um valor de 8,8 mil milhões de euros, apurou o Diário Económico. O aumento da dotação para o Serviço Nacional de Saúde é de 2,5%, em linha com a inflação prevista.

Um aumento de 2,5% é muito? Não. É pouco? Não. Que vai ser difícil de atingir, não temos dúvidas.

Wednesday, October 15, 2008

ADSE: fuga em frente

É público que o sistema social de protecção aos funcionários públicos é altamente deficitário. Esse déficit é suportado por todos os contribuintes, quer sejam funcionários públicos ou não!

Há até quem ache iníquo o sistema de protecção aos funcionários públicos face aos outros cidadãos. Há até quem sugira o seu fim, como o insuspeito Prof. Vital Moreira.

Contudo, como estamos no período pré-eleitoral, o governo decidiu neste sentido: Mais de 80 mil funcionários públicos com contrato individual ou administrativo de provimento e com contrato individual vão poder inscrever-se na ADSE a partir de Janeiro próximo, de acordo com a proposta de Orçamento do Estado para 2009 ontem apresentada.

Naturalmente, que se poderá argumentar que não devem existir funcionários públicos de 1ª (os que têm contrato ad eternum) e os outros (que estão em funções temporárias, mas que asseguram muitas funções vitais no Estado). Mas, o problema persiste, quem paga as centenas de milhões de euros de déficit que tem a ADSE?

Tuesday, October 14, 2008

A telemedicina em Portugal

A telemedicina serve doentes à distância, sobretudo em situações em que escasseiam os recursos ou há um número reduzido de pessoas a servir. Há pessoas que acham "desumano" o facto de o atendimento não ser personalizado, mas nem todos os recursos podem estar disponíveis em todo o lado.

Esta experiência do Hospital Pediátrico de Coimbra parece-nos meritória:
  • Mais de seis mil utentes do Centro e Norte beneficiaram de consultas de telemedicina em cardiologia pediátrica e fetal realizadas pelo Hospital Pediátrico de Coimbra (HPC), que assinala terça-feira dez anos de exames à distância.
  • Implantada pelo Serviço de Cardiologia do HPC, dirigido pelo médico Eduardo Castela, a Telemedicina em Cardiologia Pediátrica e Fetal funciona actualmente em rede com todos os hospitais distritais da região Centro e Vila Real de Trás-os-Montes, bem como com uma unidade de Angola.
  • Desde 2006 que a telemedicina permite também responder, 24 horas por dia, a urgências de diagnóstico pré-natal de doenças cardíacas a todos os hospitais da rede.

Parabéns ao Hospital Pediátrico de Coimbra, que serve gente muito para além de Coimbra.

Sunday, October 12, 2008

A decadência do Instituto Câmara Pestana

Infelizmente, não é preciso ser visionário ou sequer astrólogo, para perceber o desleixo e incúria de muitas instituições em Portugal, públicas e privadas. Achamos inacreditável, é o grau de irresponsabilidade, com que se olha para a degradação e decadência de muitas instituições. No fundo, há imensas instituições para as quais o cidadão comum olha, e vê que, mais dias, menos dia, o fim está á vista, mas os seus responsáveis entretêm-se a assobiar para o ar, enquanto usufruem das suas regalias.

Vejamos este caso de absoluta irresponsabilidade do Estado português e dos seus funcionários:
  • O Instituto Bacteriológico Câmara Pestana (IBCP) vai fechar as portas dentro de dias e acabar com a agonia dos seus últimos dez anos, em que funcionou praticamente sem actividade, revelou à Lusa o reitor da Universidade de Lisboa.
  • António Nóvoa reconheceu que o instituto, que se encontra num estado avançado de degradação e com a administração da vacina anti-rábica como única actividade, está, "em rigor, extinto".
  • O reitor recordou o IBCP como "um instituto de referência", mas que, "por dificuldades de renovação, foi entrando num processo de algumas dificuldades do ponto de vista do futuro e do seu projecto científico".
  • Em 1998, foi assinado um protocolo entre a UL e a Universidade Nova de Lisboa (UNL), segundo o qual a maior parte dos edifícios do IBCP passam para a UNL, permanecendo com a UL o edifício principal.
  • O reitor da UL revelou que, apesar de o projecto datar de 1998, só há cerca de 15 dias é que a universidade teve "finalmente" uma verba que permitirá a construção do edifício para o novo IBCP e o novo instituto de investigação da Universidade Nova, que funcionará nas actuais instalações do IBCP.
  • Sobre o avançado estado de degradação do IBCP, António Nóvoa disse que a existência de um projecto para um novo instituto inviabilizou qualquer investimento nas instalações actuais.

Só temos pena de Câmara Pestana, que com certeza não tem nada a ver com os irresponsáveis que "gerem" o Instituto com o seu nome, fique associado a esta vergonha.

Post Scriptum: Durante os 10 anos de inactividade do Instituto Câmara Pestana, será que este não teve Presidente, Administração e imensos técnicos a levarem dinheiro para casa?

Friday, October 10, 2008

A fuga em frente

Não há volta a dar. O número de médicos por cada 1.000 habitantes, em Portugal, é semelhante à média da União Europeia.

Em Portugal, não há petróleo, nem diamantes, ou sequer grandes quantidades de ouro. Mas, há recursos humanos. Poderão ser esses recursos humanos utilizados em actividades necessárias? Parece-nos que sim, até porque o que não faltam são candidatos a médicos.

Os hospitais de Lisboa, Porto e Coimbra, estão cheios de médicos. O Ministério da Saúde não os consegue mudar para os sítios em que eles fazem falta. Aliás, as zonas raianas, há anos que utilizam "médicos espanhóis", porque os portugueses acham que essas zonas não são agradáveis para viver, ao contrário dos espanhóis.

Perante tal estado, o Ministério da Saúde mete a "5ª velocidade", assim: O programa de Integração Profissional de Médicos Imigrantes assinado hoje, em Lisboa, vai integrar 150 médicos imigrantes no Serviço Nacional de Saúde em 21 meses.

Diz a Ministra Ana Jorge: "Este programa dá-nos uma garantia da máxima qualidade e esperamos que daqui a dois anos possamos contar com mais profissionais que vão ajudar a edificar o Serviço Nacional de Saúde".

Entrámos no domínio da "twilight zone"!

Thursday, October 09, 2008

Brave new world

Fonte: aqui.

Karl Merk, center, and his surgeons Christoph Hoehnke, right, and Edgar Biemer, left, attend a news conference in Munich, southern Germany on Wednesday, Oct. 8, 2008. Farmer Merk who received the world's first complete double arm transplant is recovering well and able to perform some basic tasks, though doctors said Wednesday it still could take up to two-years until he re-learns how to use his hands. Doctors spent 15 hours on July 25-26 grafting the donor arms onto the body of 54-year-old Karl Merk, who lost his own just below the shoulder in a farm accident involving a combine six years ago. (AP Photo/Uwe Lein) (Uwe Lein - AP)

Wednesday, October 08, 2008

Que grande confusão vai no Ministério da Saúde

Por princípio constitucional, existem operadores públicos e privados na saúde. Para alguns, o sector privado da saúde deve ser complementar do sector público. Para outros, o sector privado da saúde deve ser concorrente do sector público.

Paralelamente, mantemo-nos com a velha questão da falta de médicos. Que sabemos ser uma completa falácia da corporação médica, suportada por uma má distribuição de recursos humanos do sector público da saúde. Porquê? Porque o número de médicos por 1.000 habitantes em Portugal é próximo da média da União Europeia. Mas, o "barulho de fundo" mantém-se, ou seja "há falta de médicos"!

Agora, aparece a Ministra da Saúde com uma afirmação disparatada: A ministra da Saúde afirmou hoje no Parlamento que seria uma «má opção» a abertura de vagas de internato nos hospitais privados, alegando que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem capacidade para dar formação específica aos médicos.

E é um disparate porquê? Por isto:
  1. O Estado alega que o custo da formação de médicos é elevado. E nós acreditamos. Então, porque não aceita partilhar esses custos com o sector privado?
  2. Será que a Ministra da Saúde quer dizer que o sector privado da saúde não é competente para dar formação? Se assim for, é grave que mantenha operadores privados da saúde incompetentes!
  3. Se existe ensino/ formação em quase todos os domínios no sector privado, porque é que no domínio da medicina isso não pode acontecer?

Coerência e bom senso, aconselha-se aos decisores portugueses, ainda que a tempestade económico - financeira vá alta!

Tuesday, October 07, 2008

Monday, October 06, 2008

Porquê que os médicos não podem ganhar em função da produtividade?

Há alguns anos, ouvíamos que "para trabalho igual, salário igual". Não achamos mal, quer se trate de mulheres ou de homens, de velhos ou de novos. Contudo, gostamos mais do princípio, de "salário fixo + salário variável". E porquê? Porque, a igualização da qualidade do trabalho produzido é perniciosa e improdutiva a prazo.

Dito de outra forma, se 2 trabalhadores ganham o mesmo, independentemente do seu nível de produção, é possível que o trabalhador que produz mais se sinta desincentivado.

Com os médicos, ou com os professores, o problema será o mesmo. O Ministério da Saúde fala em mexer nos salários dos médicos há muito tempo. Mas, "mexer" pode significar "doer". Sabe-se lá porquê, há algumas funções em Portugal, que são tão sensíveis e estão tão protegidas, que até a classe política se sente amedrontada com a possibilidade de "mexer" com os intocáveis!

Vejamos este retrato:
  • O Ministério da Saúde vai, já no próximo ano, começar a pagar aos médicos em função da sua produtividade nos hospitais. A medida, que já tinha sido prometida por Correia de Campos, ex-ministro da Saúde, quando chegou ao Governo em 2005, está agora pronta para avançar, depois do teste feito nas Unidades de Saúde Familiares.
  • O secretário de Estado da Saúde ...... disse já estar em curso “um trabalho de consultoria sobre a implementação deste modelo nos hospitais”. Manuel Pizarro admitiu que, “para avançar ainda nesta legislatura, o tempo já é apertado”, enfatizando que é preciso estudar o modelo antes de avançar.
  • O presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Rui Lourenço, duvidou da ideia, salientando que “o problema de adequar o desempenho dos médicos ao vencimento é saber se o país pode suportar esse pagamento, e perceber se ele é socialmente justo”.
  • Para o presidente da Unidade de Missão que coordena a reforma dos cuidados de saúde primários (os centros de saúde), a medida é benvinda porque o diagnóstico está feito: “Pagar por ordenado fixo tem uma consequência conhecida, que é os médicos irem fazendo cada vez menos consultas”.

Sinceramente, não percebemos porquê tanta sensibilidade. Achamos que os Médicos têm que ser respeitados, tal como outras classes profissionais. Mas, tantos cuidados, porquê? Desde 2005, que se estuda o problema do pagamento em função da produtividade aos médicos, e agora ainda se gasta mais dinheiro e paga-se a mais uma Consultora para fazer um novo estudo? Oh Senhor Secretário de estado, se não tem coragem política para tomar decisões, o melhor é ceder o lugar a outro, pois o tempo urge!

Friday, October 03, 2008

Corporações

Estamos no Outono. Vem aí o frio, a chuva e por isso, também, as gripes e constipações. É a vida. Contudo, o homem gosta de contornar as dificuldades, e inventa soluções para os problemas. E então, está na hora de tomar a vacina contra a gripe.

Perante este cenário, desenvolvem-se sempre novas perspectivas, sobretudo quando se faz qualquer coisa de novo, como a administração das vacinas nas farmácias. O pior são as reacções á mudança:
  • A Ordem dos Enfermeiros está contra a administração de vacinas nas farmácias por esta ser efectuada por farmacêuticos e não por enfermeiros. A posição foi tomada ontem, primeiro dia em que as farmácias passaram a administrar a vacina contra a gripe. A adesão da população superou as expectativas.
  • a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Augusta Sousa, diz que só os enfermeiros e médicos têm conhecimento e treino necessários a cumprir o acto em segurança. 'Entendemos que a vacinação é objectivamente uma intervenção que vai muito para além de vacinar. Pode implicar eventuais complicações e a nossa preocupação vai para a segurança dos cidadãos.'

Do outro lado, a outra corporação:

  • A bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Elisabete Faria, contudo, não aceita as críticas. 'Administrar vacinas é uma competência delegada pelo Governo há mais de um ano, com a qual os farmacêuticos estão a ser colaborantes no maior acesso do cidadão ao tratamento. Os farmacêuticos têm formação contínua e estão aptos a prestar mais esse serviço.'

Bem, se o Governo autorizou o novo modelo de vacinação, é porque deve ter analisado e cuidado bem da sua decisão. Nós não percebemos do assunto, mas temos a experiência dura, de ter realizado análises ao sangue, efectuadas por enfermeiras e ficarmos molestados, com manchas posteriores de sangue nos braços. Incompetentes, há-os em todas as profissões!

Thursday, October 02, 2008

Os computadores substituem os técnicos de saúde

As mulheres devem fazer prevenção quanto á possibilidade de virem a ter cancro da mama. Por isso, devem realizar uma mamografia com uma periodicidade anual.

Na Grã-Bretanha realizou-se um estudo em que se verifica que os técnicos de saúde que analisam as mamografias podem vir a ser substituídos por um computador:
  • Computer-aided detection found 198 out of 227 cancers, compared with 199 from double-reading, in the Cancer Research UK study involving 28,000 women.
  • NHS breast screening could be made more efficient, say the scientists in the New England Journal of Medicine.
  • The national programme screens over 1.7 million each year. The NHS would like to see even more women offered screening by extending eligibility to include the ages 47 to 73. Scanning these extra 200,000 women would increase workload by 30%.
  • Professor Stephen Duffy said: "We can now say for certain that this system is as good at detecting breast cancer as the one used as standard practice."

Será que a mais-valia da tecnologia vai afastar também técnicos de saúde, como aconteceu em outros sectores de actividade?

Wednesday, October 01, 2008

Fumar ou morrer de susto?

Fonte: aqui.

Starting Wednesday, smokers in Britain will be greeted with a startling new warning when they pick up their regular pack of cigarettes. A graphic new ad campaign aims to show smokers, in no uncertain terms, the fate that might await them if they continue their habit.