Wednesday, October 29, 2008

Barbaridades II

Há pessoas que gostam de aparecer nas notícias, muitas das vezes pelas piores razões. Sabemos que vivemos numa sociedade mediatizada, em que a força dos poderes se modela pela força que se evidencia nos media. Ou seja, os artistas são promovidos pelos promotores do show!

Vejamos o que nos diz o Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos: A cultura económica e de gestão "destruiu" a pureza do Serviço Nacional de Saúde.

Como? A pureza do Serviço Nacional de Saúde? O que será isso? Lembramo-nos que a Ordem dos Médicos foi sempre um adversário do modelo original do SNS, dado que pretendia um modelo de saúde assente numa lógica de convenções entre o Estado e o sector privado. Ou seja, não sabemos a que SNS é que se refere o Dr. Pedro Nunes e à sua inerente "pureza".

Depois, ainda lemos isto da mesma personagem:
  • "Os médicos estão absolutamente afastados da decisão", lamentou Pedro Nunes.
  • Na sua opinião, o problema do SNS não se resolve com "artifícios de gestão", mas dando voz a políticas especializadas. Por isso lamentou que os médicos andem "assoberbados a produzir rotina" e que não sejam incentivados a participar na área da gestão.

Ora bem, perante mais estas barbaridades, temos a contrapor o seguinte:

  • Todos os Conselhos de Administração dos Hospitais do SNS têm como um dos seus membros, o seu Director Clínico. Portanto, em todos os hospitais, há pelos menos um médico na sua Administração.
  • Depois, uma grande parte dos Presidentes de Conselho de Administração dos hospitais do SNS são médicos.
  • Como é que o Dr. Pedro Nunes consegue suportar-se na afirmação de que os médicos estão afastados da gestão dos hospitais do SNS?
  • Finalmente, vem o Dr. Pedro Nunes falar em que os médicos têm que "produzir rotina". Pois é, Dr. Pedro Nunes, qualquer organização necessita de informação com qualidade, e esta só se produz com a criação de rotinas de controlo de gestão. O problema é que muitos médicos ainda assentam o seu desempenho organizativo com base "na caneta e no papel", e isso é absolutamente imperdoável para qualquer profissão do século XXI. Basta pensarmos no receituário, ainda hoje manuscrito!