Wednesday, December 29, 2010

Médicos escapam à proibição de acumular pensão

Em momentos como os que vivemos, lembramo-nos sempre deste grande Senhor: George Orwell, e de algumas das suas heranças, como esta: Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

E vejamos como Orwell está actual: Os médicos aposentados que prestarem funções no Serviço Nacional de Saúde são os únicos trabalhadores do Estado que escapam à proibição de acumulação de salário e pensão.

E porquê? Porque o Parlamento não promoveu a abertura de mais vagas no Ensino Superior, para o curso de medicina, ao contrário do que aconteceu à generalidade dos outros cursos. Assim, e escudando-se na teia legislativa que permite o excesso de médicos em vários hospitais, que não podem ser transferidos para outras instituições onde são necessários, criou a Ordem dos Médicos o mito de que há falta de médicos!

Os contribuintes portugueses parece que aguentam tudo: 1) uma classe dirigente do Estado que não consegue pôr Portugal a funcionar; 2) juros da dívida pública a caminho dos dois dígitos; 3) aumentos de impostos sucessivos; 4) baixa contínua da qualidade da prestação de serviços públicos.

2011, será com certeza um ano de viragem. Só pode ser!

Monday, December 27, 2010

Cortes às pinguinhas

O Ministério da Saúde acordou para os cortes? É só paliativos. Ou se quiserem, são meras operações cosméticas. Vejamos: Com este decreto-lei, o conselho de administração de cada hospital EPE passa a ter, além do presidente, no máximo quatro elementos em vez dos cinco actuais, sendo um deles, o director clínico e outro o enfermeiro/director.

Ou seja, diminui de 5 para 4 Administradores, por Conselho de Administração. Poupa-se alguma coisa? Talvez umas migalhinhas, já que os "destituídos" serão reconduzidos para um qualquer outro lugarzinho algures!

Depois, os cortes são "a la longue": As alterações serão aplicadas a partir de 1 de Janeiro, e os actuais conselhos de administração podem manter a sua composição até ao final dos seus mandatos.

Esta gente não aprende que a dívida pública portuguesa é astronómica e quem financia o Estado português está cada vez mais exigente, e não se compadece com estes "punhos de rendas". E já agora, muitos contribuintes vão sentir na pele, uma hemorragia significativa e nada lenta!

Sunday, December 26, 2010

Taxa de natalidade dos "teens": EUA

The U.S. teen birth rate in 2009 fell to its lowest point in almost 70 years of record-keeping a decline that stunned experts who believe it's partly due to the recession. The birth rate for teenagers fell to 39 births per 1,000 girls, ages 15 through 19, according to a government report released Tuesday. It was a 6 percent decline from the previous year, and the lowest since health officials started tracking the rate in 1940.

Overall, about 4.1 million babies were born in 2009, down almost 3 percent from 2008. It's the second consecutive drop in births, which had been on the rise since 2000. The trend may continue: A preliminary count of U.S. births through the first six months of this year suggests a continuing drop, CDC officials said. A decline in immigration to the United States, blamed on the weak job market, is another factor cited for the lower birth rate. A large proportion of immigrants are Hispanic, and Hispanics accounted for nearly 1 in 4 births in 2009. The birth rate among Hispanic teens is the highest of any ethnic group with 70 births per 1,000 girls in 2009. However, that rate, too, was down from the previous year.

Wednesday, December 22, 2010

O aborto: o resultado do facilitismo

É triste, mas é verdade: Este ano, por cada dia que passou, foram feitos 53 abortos legais. Em 2007, os números não ultrapassaram os 36.

E a tristeza acentua-se quando lemos isto: O número de interrupções voluntárias da gravidez tem crescido sucessivamente desde que a prática foi despenalizada há três anos. Em 2009, houve 19 572 contra os 18 607 abortos praticados em 2008 (mais 965). E, até Agosto de 2010, os casos já atingiram o patamar dos 13 mil.

Como esta questão foi "ideologizada", entristece-nos que isto aconteça: 354 (mulheres) foram reincidentes e fizeram mais do que um aborto em 2008 e 2009. Como? Fazer um aborto é tão natural como fazer férias? Para nós, que não somos mulheres, achamos que não, mas a forma como é encarado o aborto por estas "reincidentes", mais parecem....umas férias, ..... parece!

Felizmente, que ainda há pessoas que assumem publicamente a sua ingenuidade: "A tendência no Norte da Europa é para uma estabilização passado dois ou três anos. E depois um decréscimo: na Dinamarca, por exemplo, ao fim de dois ou três anos os números começaram a baixar. Se cá não baixam é preocupante: legislou-se, mas não se iniciou um programa a sério de prevenção da gravidez", critica Luís Graça, director do serviço de obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Óbviamente que o Legislador (Parlamento e Governo) são mais uma vez, entidades imunes a uma realidade complexa. Facilitar e permitir, é a atitude dos irresponsáveis, como se pode aquilatar.

O Dr. Luis Graça assume: "Tomam-se medidas pontuais, mas não se tomam medidas de acompanhamento. Não há políticas preventivas e, assim, o aborto vai continuar a ser usado como um método de não concepção."

Tuesday, December 21, 2010

Vendedores de banha da cobra


Prometen controlar el peso, aumentar la firmeza de los pechos, reducir la caída del cabello o mejorar el rendimiento sexual. Sin embargo, en la mayoría de los casos no tienen efectos científicamente demostrados. Así lo confirma un estudio de la Confederación de Consumidores y Usuarios (CECU) presentado hoy en Valencia, en el que también se concluye que los españoles se gastan más de 2.000 millones de euros al año en productos 'milagro' sin respaldo científico.

La CECU, además de denunciar la falta de evidencias científicas, asegura que los resultados que prometen podrían conseguirse con una dieta variada y equilibrada. Además, advierte de que algunos de estos productos 'milagro' pueden ocasionar efectos secundarios, como ansiedad, taquicardias, hipertensión, alergias o insomnio.

La investigación, titulada 'Publicidad y comercialización de productos milagro', ha analizado durante los últimos meses la publicidad de estos artículos, comercializados como complementos alimenticios y, en ocasiones, con apariencia de medicamentos. La Confederación indica que estos productos se encuentran disponibles en farmacias y parafarmacias, lo que, asegura, les otorga un prestigio infundado.

Por cá, o que fazem as Entidades Reguladoras deste tipo de produtos? A ASAE? O Ministério da Agricultura? O Infarmed? Se não fazem nada, para que servem estes reguladores?

Monday, December 20, 2010

Ministério da Saúde: demitam-se

Se ainda têm dignidade. Se ainda querem ser respeitados. A situação ainda está parcialmente escondida, mas o que se mostra já é suficiente: O défice do Serviço Nacional de Saúde disparou 27% no terceiro trimestre do ano quando comparado com o período homólogo de 2009, situando-se nos 202,2 milhões de euros, de acordo com os dados da execução económico-financeira hoje publicados no site da ACSS.

A Ministra da Saúde é médica, o que significa que tem muito pouca sensibilidade à temática económica. Um dos Secretários de Estado é um médico-político, o que não o iliba de absoluta responsabilidade. O outro Secretário de Estado parece que é economista, ainda que não se perceba bem quando fala sobre execução orçamental.

Quanto à ACSS, às ARS's e órgãos afins, bons-dias e adeus, se ainda houver responsabilidade em Portugal. É que esta gente continua a gastar, como se Portugal estivesse em expansão económica. Portugal está anémico económicamente, desde o ano 2000, pelo que no Ministério da Saúde se deveriam travar as sanguessugas "às quatro rodas".

Mas: O défice dos hospitais EPE soma e segue. Em Setembro passado fixou-se nos 275 milhões de euros, um agravamento de 29,3% face a igual período de 2009. Já os hospitais do Sector Público Administrativo (SPA) viram as suas contas deteriorar-se em 110,9% face a Setembro de 2009, registando um resultado líquido negativo de 1,7 milhões de euros.

Fora a criatividade contabilística existente, isto é, as dívidas ocultas à Indústria farmacêutica, as Parcerias Público-Privadas e outros alçapões.

Sunday, December 19, 2010

Parabéns Senhor Ministro

Não. Não são parabéns à Dra. Jorge. Essa não os merece. Mas, o Ministro Gago merece, pelo menos por este ataque às corporações: O ministro da Ciência e do Ensino Superior acusou este sábado o Parlamento de ceder aos interesses corporativos das ordens profissionais, dizendo que estas organizações apenas pretendem "canibalizar" e "controlar" o acesso ao mercado de trabalho.

Ora, quem são os destinatários desta mensagem? Primeiro, e antes de mais, a Ordem dos Médicos, essa organização que consegue dominar o Estado, vá-se lá saber porquê! Claro que outras Ordens estarão também "no alvo", como se percebe por esta reacção: O bastonário dos advogados, Marinho Pinto, classificou de "impróprias de um membro do Governo" as declarações do ministro Mariano Gago sobre as ordens profissionais.

Mas, os principais visados também reagem: Pedro Nunes afirmou achar "absolutamente lamentáveis" as declarações do ministro.

Mariano Gago tem toda a razão quando diz isto: O ministro da Ciência condenou "a tolerância do parlamento relativamente à criação e funcionamento das ordens profissionais em Portugal", dizendo que tal gera "um condicionamento do mercado de trabalho". "Com toda a franqueza, este é um dos fenómenos mais extraordinários que ocorre neste país. A complacência, a cedência corporativa a quem chateia o parlamento com o argumento de que não se pretende fechar o mercado de trabalho - que ideia! - e apenas se quer fazer deontologia, é absolutamente extraordinária".

O actual governo tem revelado uma inolvidável atracção pelo abismo, que conduzirá à próxima intervenção externa em Portugal, mas afinal ainda tem alguém que pontualmente vai mostrando lucidez. Aquilo que se passa na medicina é confrangedor, quando se quer fingir que há falta de médicos (quando há excesso de médicos nos grandes hospitais centrais), ou quando se impede a abertura de mais vagas nas universidades públicas, para proteger os interesses instalados, com o falso argumento de protecção da qualidade da profissão.

Alguém ouviu falar de desemprego médico? Nós, não.

Thursday, December 16, 2010

Food-borne illnesses make 1 in 6 Americans ill each year

Food-borne illnesses: how prevalent are they? Roughly 48 million Americans – or 1 in 6 – get sick and about 3,000 die from some type of food-borne illness each year, the Centers for Disease Control and Prevention says. Reports published Wednesday in Emerging Infectious Diseases also provide a picture of which pathogens cause the most illnesses. Salmonella tops the list for hospitalizations and deaths.

Wednesday, December 15, 2010

A falácia da política do medicamento

Vivemos em falácias. Consecutivas. Em caminhos errantes e perversos. Quem dirige a nação, não mostra qualquer sentido de causa pública, de esforço de conhecimento ou se quisermos de bom senso.

A política do medicamento tem sido desastrosa. Já não é errante. É monstruosa. Há uma clara protecção dos interesses dos laboratórios, quando não se quer impôr a prescrição por DCI. Mas, há uma clara distância face aos pequenos laboratórios, que vivem asfixiados com os prazos de pagamento alargadíssimos. Chega-se ao cúmulo de se isentar o pagamento total de alguns medicamentos, quando se sabe que isto é uma decisão de incentivo ao desperdício (com excepção de algumas doenças complexas e de tratamentos muito caros).

Já não sabemos por onde vai a João Crisóstomo. É lamentável que sejamos dirigidos por quem não sabe dirigir-se. Caminhos perigosos como este, são duma insanidade atroz: A redução do preço dos medicamentos em seis por cento entra hoje em vigor mas os seus efeitos só se vão sentir durante 17 dias, visto que no dia 1 de Janeiro arranca um novo regime de comparticipações que vai fazer com que a factura dos utentes suba.

Mas, o que é isto? Será um mero embuste? O que se pretende com estas "reduções", e posteriores "aumentos"?

Este detalhe é finíssimo: as farmácias acreditam que a procura aumentará durante estes últimos dias do ano, já que sempre que há uma alteração de preços verifica-se uma corrida a estes estabelecimentos. É que a partir de Janeiro o Estado deixa de comparticipar os medicamentos em função do preço de venda ao público do genérico mais caro e passa a pagar apenas em função da média dos cinco genéricos da mesma substância activa mais baratos no mercado.

Pior do que tudo isto, ainda se deixam sinais de evidente falta de responsabilidade, quando se quer fazer um frete aos laboratórios farmacêuticos, retirando os preços dos medicamentos. Ainda assim, há alguém que quer corrigir o incorrigível: As embalagens dos medicamentos comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde deixam também de ter obrigatoriamente a indicação do preço na caixauma medida que tem gerado fortes críticas e o Bloco de Esquerda está a tentar reverter no Parlamento, através de um projecto de lei que será hoje votado.

Tuesday, December 14, 2010

Medicamentos: boas novidades

Do lado do Ministério da Saúde só têm vindo notícias aterradoras, quer para os doentes, com os serviços a piorarem, quer para os contribuintes, com as derrapagens financeiras sucessivas.

  • A despesa do Estado com medicamentos vendidos nas farmácias desceu 16% no mês de Novembro face ao mesmo mês do ano anterior.
  • Já a despesa acumulada com a comparticipação de medicamentos, até ao fim de Novembro de 2010, revela uma variação de 7,8% face a período homólogo do ano anterior.
  • O Ministério da Saúde apresentará amanhã em Conselho de Ministros uma proposta de Decreto-Lei que reforça as condições de obrigatoriedade de prescrição de medicamentos por denominação comum internacional (DCI), tirando partido da generalização de prescrição electrónica que entrará em vigor no segundo trimestre de 2011.

Ás vezes, na saúde, a cura chega demasiado tarde, sobretudo quando o doente já está em pré-coma. Vamos ver se este fogacho da João Crisóstomo é duradouro, ou se é isso mesmo, mais um fait-divers para distrair os portugueses.

É que, neste mesmo dia, vem esta indignidade da João Crisóstomo:

  • Portugal é o país da União Europeia com o pior índice de pagamentos, influenciado pelo atraso dos pagamentos do Estado, com 185 pontos face à média europeia de 155 pontos.
  • Um dos principais causadores deste problema é o Estado, frisou o responsável, uma vez que os pagamentos são feitos em períodos muito mais dilatados do que os da média europeia, em 141 dias face aos 63 dias dos restantes países.
  • "A construção e a saúde são os sectores que mais têm dificuldades, recebem mal e com bastantes atrasos, porque tem um peso do Estado bastante grande".

Sunday, December 12, 2010

A Gripe da Dra. Ana

De Espanha vêm estes ventos: El grupo parlamentario popular va a pedir la comparecencia en el Congreso de la ministra de Sanidad, Política Social e Igualdad, Leire Pajín, para que explique la destrucción de seis millones de vacunas contra la gripe A sobrantes del año pasado.

E de cá, que ventos virão do Parlamento? Provavelmente, nenhuns. A qualidade da democracia portuguesa ainda não é a desejável.

Por lá, fazem-se perguntas incómodas, a quem tomou más decisões e deve agora ser responsabilizado:
  • El grupo popular pretende que Pajín aclare por qué no se llegó a la tasa de vacunación prevista por el Ministerio y, por tanto, que explique la razón por la que han sobrado "ese número considerable de vacunas"
  • La ministra deberá también dar explicaciones sobre la relación contractual que se estableció con los tres laboratorios farmacéuticos que suministraron las vacunas.
  • el Ministerio aseguró entonces que las condiciones en las que se había contratado el suministro de las vacunas eran las mejores de Europa, ya que España iba a disponer de ellas en el momento necesario, "lo cual es cierto", y porque se podría devolver la parte no utilizada.

A brincadeira mediática da Gripe A custou aos contribuintes espanhóis isto: el Ministerio dio cuenta a las comunidades autónomas de la destrucción de esas vacunas, valoradas en 40 millones de euros.

Thursday, December 09, 2010

Medicamentos em Unidose: já estão em Espanha

Já o escrevemos há muito: o SNS serve sobretudo os seus participantes, quer sejam os médicos, a Indústria farmacêutica, os enfermeiros, os administradores hospitalares, etc.

O doente e o contribuinte são sempre os últimos da fila.

Em Portugal, fala-se em lançar medicamentos em unidose, atendendo a que contribuirão para uma maior racionalidade do consumo de medicamentos. O Ministério da Saúde enleado com a Ordem dos Médicos e com o patrocínio da Indústria farmacêutica, só vêem problemas. O retalho farmacêutico não quer perder vendas e também não quer ter trabalho. A entidade reguladora, o Infarmed, nem se mete no assunto, como se medicamentos não lhe dissessem respeito. O contribuinte? Esse coitado, tem que pagar mais impostos, pois os custos com a saúde aumentam, mesmo que a saúde não tenha preço!

E em Espanha? Aqui é diferente, vejamos a agilidade de nuestro hermanos:
  • Los medicamentos en monodosis llegarán al mercado a partir de enero.
  • La medida se aborda desde tres frentes: por un lado, las farmacias podrán dispensar los medicamentos de forma fraccionada; por otro, se adecuará el tamaño de los envases a los tratamientos convencionales y, además, varios laboratorios "han solicitado autorización" para la fabricación de monodosis, según han detallado desde el Ministerio.
  • El objetivo, más que el ahorro que también -supondrá un recorte del 2% del gasto farmacéutico, que supera los 300 millones anuales- es la "sensibilización" de la ciudadanía para el uso "racional" de los medicamentos, ha apuntado la titular de Sanidad.
  • La suma de las tres iniciativas anteriormente citadas permitirán a los profesionales "prescribir la cantidad necesaria" para el tratamiento después de detectar alrededor de 200 presentaciones de antibióticos en cantidades menores" a las necesarias, han explicado las mismas fuentes.
  • A partir de mañana se pondrá en marcha además una campaña en esa línea de "sensibilización" de la ciudadanía.

Falar de má governação? Falar de controlo absoluto do Ministério da Saúde por parte de determinadas entidades? Falar de inexistência da Entidade Reguladora? Sim, em Portugal. Claro.

Wednesday, December 08, 2010

SNS: o investimento ainda existe

A ministra da Saúde, Ana Jorge, inaugurou hoje um conjunto de equipamentos de radioterapia e de imagiologia no Hospital Santa Maria, em Lisboa, um investimento orçado em cerca de onze milhões de euros. "Estes equipamentos são da maior importância para os doentes, já que vêm reforçar significativamente o parque tecnológico do hospital, no que reporta à complexidade dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos realizáveis", afirmou Ana Jorge.

"Gerir bem a decisão de prescrição terapêutica não é um processo baseado em critérios economicistas. Este é um processo de decisão centrado no doente e que bem norteado é um fator determinante para uma gestão financeira saudável do nosso sistema público", lembrou Ana Jorge.

Post Scriptum: quem nos dera a nós que o foco do SNS fossem os doentes e não os participantes internos do SNS (vulgo, os médicos, os enfermeiros, os administradores hospitalares, os burocratas do Ministério da saúde, etc.).

Monday, December 06, 2010

Mais vale tarde do que nunca

Temos aqui sugerido várias extinções de serviços inúteis dentro do Ministério da Saúde. Um deles, pomposamente chamado "Alto Comissariado da Saúde". A Senhora Ministra da Saúde, ou talvez um emissário do Ministério das Finanças seguiu a nossa sugestão: O gabinete da ministra da Saúde aproveitou a demissão (Maria do Céu Machado) para anunciar que vai extinguir o Alto Comissariado para a Saúde e tudo indica que apenas terá antecipado uma decisão já tomada. O argumento é a necessidade de contenção.

Valham-nos os contabilistas, que apesar de serem cinzentões, acabam por serem os últimos guardiões dos cofres do reino!

Mas, não exultemos, porque afinal o que fazia o tal de "Alto Comissariado da Saúde" era tão pouco, mas consumia e vai consumir ainda em 2011, bastante: Esta (Plano Nacional de Saúde) era já praticamente a única função do Alto Comissariado. As coordenações de áreas como a sida, a saúde mental ou as doenças oncológicas já estavam sob tutela do Ministério. No seu Orçamento para 2011, este organismo contava com cerca de quatro milhões de euros em receitas dos jogos sociais para implementar o Plano Nacional de Saúde, uma despesa que se mantém.

Pior, quase de certeza, não deverá haver um único elemento do extinto "Alto Comissariado da Saúde", que fique sem poiso! Haverá sempre um hospital próximo, ou um qualquer Instituto Público, ou eventualmente uma assessoria numa ARS, onde os magníficos "extintos" vão poisar.

Deixamos aqui um desafio aos contabilistas do Ministério das Finanças: extinguir a bafienta Direcção Geral de Saúde.

Quem sabe!

Sunday, December 05, 2010

O SNS já não existe

Vem agora um grupo de académicos afirmar que "Ou o actual modelo de financiamento é reformado, ou até 2020 Portugal fará com que o SNS como o conhecemos morra por si próprio".

Que grande novidade! Aliás, o SNS tendencialmente gratuito já não existe. Quem paga a generalidade dos custos com a saúde oral? Quem paga a generalidade das próteses oculares? Quem paga cada vez mais os medicamentos? São os doentes.

Em que consiste então hoje, o SNS? Numa rede de prestação de cuidados de saúde, muito suportados nas urgências hospitalares (cada vez mais esgotadas), e na prestação de alguns cuidados preventivos à classe mais idosa, que tem paciência para suportar os labirinticos caminhos dos Centros de Saúde. De resto, o SNS já deixou de ter o crescimento de qualidade que teve durante vários anos.

Mas, vejamos o que concluem os académicos, sobre o que é e o que anteveem que venha a ser o SNS:
  • Augusto Mateus....defendeu que "Portugal em matéria de saúde entrou num ideal manifestamente insustentável" com a despesa pública a "atingir patamares de terreno desproporcionados", correndo agora o "risco de chegar a 2010 com o SNS destruído".
  • Augusto Mateus.....sugeriu ainda que os pagamentos passem a ser feitos em função de resultados pretendidos e que haja uma verdadeira articulação entre os sectores público, privado e social.
  • "Não se pode pensar que prolongar a vida por um minuto vale qualquer preço", explicou ao PÚBLICO Augusto Mateus, que defende que o financiamento do sistema de saúde seja feito de forma plurianual e em função das necessidades da população. O responsável lembrou também que o actual sistema já não é gratuito e poderá encarecer ainda mais, se continuar a haver abusos, como acontece com as demasiadas idas a urgências hospitalares - o que passa por "exercer pedagogia junto do cidadão".
  • E acrescentou: "O Estado tem um enorme papel de regulação. Deve ser prestador de cuidados apenas naquilo em que é insubstituível. Se usasse as Misericórdias e os novos investimentos privados em articulação com o sistema público, teria mais sucesso.

Por aqui, as conclusões dos académicos é mais rotunda e contundente:

  • "Chegámos a uma situação limite da expansão", diz o professor do ISEG. Se nada for feito, daqui a dez anos a saúde absorve 23,6% da despesa pública e 15% do PIB, o que é "absolutamente impossível".
  • "Não se reforma o Serviço Nacional de Saúde com medo de perder o Serviço Nacional de Saúde, porque essa é a maneira mais fácil de o destruir", afirmou, acrescentando que "o maior economicista é aquele que não faz contas e que diz ''pague-se''".
  • No novo modelo sugerido pelo estudo, em vez de o Estado pagar as infra-estruturas (a oferta de hospitais e centros de saúde), passa a pagar os cuidados (os tratamentos de que a população precisa), independentemente de serem prestados pelo sector público, privado ou social. O foco terá de ser nos resultados obtidos para as populações, premiando o que é melhor e mais eficiente. E o público deve centrar-se naquilo que faz melhor, deixando o sector privado e o sector social complementarem os cuidados.
  • A ministra Ana Jorge foi à apresentação, mas já não ficou para ouvir as conclusões e os recados que lhe foram direccionados. "A ministra disse há pouco que Portugal não gasta de mais com a saúde, a despesa é que cresce menos do que a riqueza. Ora, eu acho que isto é gastar mais. Não se pode gastar o que não se tem", afirmou o sociólogo António Barreto.

Novidades? Nenhumas. A não ser que o alerta vem agora de quem está mais próximo do poder político. Este continuará com a cabeça na areia, cheios de medo que o Povo não vote neles. Naturalmente, que esta situação típica de avestruz será o caminho a seguir, e daqui por 3 ou 4 anos, quem quiser saúde com um mínimo de qualidade, terá que ter dinheiro no bolso. Mesmo que a Constituição da República se mantenha imutável.

Post Scriptum: há uma coisa que não vimos nas conclusões deste estudo, que é o facto de o SNS servir melhor os seus prestadores, do que os seus utentes.

Thursday, December 02, 2010

A gordura mata

There had been some suggestion that it may be healthier to be pleasantly plump, but the team at the U.S. National Cancer Institute crushed any such idea with a study of 1.5 million adults published on Wednesday. The healthiest BMI is 22.5 to 24.9, they found -- at the upper end of where the World Health Organization, Centers for Disease Control and Prevention and other groups have said people should be.

Body-mass index is the weight in kilograms divided by the square of the height in meters. A BMI of between 25 and 30 is overweight and a BMI of 30 or over is obese. A person 5 feet 5 inches tall is classified as overweight at 150 pounds (68 kg) and obese at 180 pounds (82 kg). A 5-foot-10 inch (1.8 meter) tall person who weighs 209 pounds (95 kg) has a BMI of 30 and is obese. Being overweight or obese raises the risk of heart disease, diabetes, some cancers and arthritis. The study, published in the New England Journal of Medicine, confirms that having a BMI of 25 or more also makes a person more likely to die than someone the same age who is slimmer.

Wednesday, December 01, 2010

A verdade é como o azeite

Andamos há décadas a seguir os conselhos dos banqueiros e das empresas de auditoria, criando alçapões contabilísticos, que tarde ou cedo, se percebem que o buraco, mesmo que tapado, está lá. A Arthur Andersen era a maior empresa de auditoria do mundo, até que foi apanhada por falsificação e fraude contabilística nos EUA, no chamado Caso Enron.

Houve gente na cadeia. A Arthur Andersen acabou. A Enron acabou. Mas, a criatividade contabilística, ou se quiserem, a vigarice, não terminou com eles.

Vejamos o que aqui nos diz uma ex-Governante, a Prof. Manuela Arcanjo, sobre a prática dos governos, ao longo das últimas décadas:
  • Durante muitos anos, a deliberada insuficiência de recursos era resolvida com os famosos orçamentos rectificativos que permitiam discussões infindáveis na Assembleia da República sobre as "derrapagens inaceitáveis". A partir de 2002 assistiu-se a uma solução virtual com a criação dos Hospitais EPE que viriam introduzir, diziam muitos, uma gestão racional e minimizar o desperdício mas que em minha opinião, expressa na época, visavam apenas uma desorçamentação.
  • Com a discussão do OE 2011 ressurgiu o "mau comportamento" do SNS devido a um excesso de despesa, no corrente ano, de 500 milhões de euros face ao previsto. Pois é, ninguém reparou que a dotação inicial para 2010 tinha apenas, se eliminarmos as engenharias contabilísticas, um escasso reforço de 50 milhões de euros? Mais, sabe-se hoje que os Hospitais EPE têm vindo a aumentar o seu nível de endividamento para além da facturação em dívida.

Esta gente quer manter a ideia de que os gastos com a saúde terão inevitavelmente que crescer, independentemente da criação da riqueza nacional. Dizem-se economistas ou outra coisa qualquer. Não. São loucos. Os custos com a saúde só podem crescer se a economia no seu todo crescer. A não ser que o Estado deixe de gastar na educação, ou no pagamento dos juros da dívida pública, uma vez que são as duas áreas que mais recursos consomem ao Estado, logo a seguir à saúde.

Como os credores de dívida pública não parecem querer perdoar os juros. Resta reduzir drásticamente os gastos com a educação. Mas, um país que não investe na educação do seu povo, está a cavar a sua própria sepultura.

Post Scriptum: o actual Ministério da Saúde criou ainda um outro nível de criatividade que mais não é do que ter uma imensa dívida aos fornecedores de medicamentos e de equipamentos médicos de cerca de 1,6 biliões de euros, e não estarem contabilizados!