Vivemos em falácias. Consecutivas. Em caminhos errantes e perversos. Quem dirige a nação, não mostra qualquer sentido de causa pública, de esforço de conhecimento ou se quisermos de bom senso.
A política do medicamento tem sido desastrosa. Já não é errante. É monstruosa. Há uma clara protecção dos interesses dos laboratórios, quando não se quer impôr a prescrição por DCI. Mas, há uma clara distância face aos pequenos laboratórios, que vivem asfixiados com os prazos de pagamento alargadíssimos. Chega-se ao cúmulo de se isentar o pagamento total de alguns medicamentos, quando se sabe que isto é uma decisão de incentivo ao desperdício (com excepção de algumas doenças complexas e de tratamentos muito caros).
Já não sabemos por onde vai a João Crisóstomo. É lamentável que sejamos dirigidos por quem não sabe dirigir-se. Caminhos perigosos como este, são duma insanidade atroz: A redução do preço dos medicamentos em seis por cento entra hoje em vigor mas os seus efeitos só se vão sentir durante 17 dias, visto que no dia 1 de Janeiro arranca um novo regime de comparticipações que vai fazer com que a factura dos utentes suba.
Mas, o que é isto? Será um mero embuste? O que se pretende com estas "reduções", e posteriores "aumentos"?
Este detalhe é finíssimo: as farmácias acreditam que a procura aumentará durante estes últimos dias do ano, já que sempre que há uma alteração de preços verifica-se uma corrida a estes estabelecimentos. É que a partir de Janeiro o Estado deixa de comparticipar os medicamentos em função do preço de venda ao público do genérico mais caro e passa a pagar apenas em função da média dos cinco genéricos da mesma substância activa mais baratos no mercado.
Pior do que tudo isto, ainda se deixam sinais de evidente falta de responsabilidade, quando se quer fazer um frete aos laboratórios farmacêuticos, retirando os preços dos medicamentos. Ainda assim, há alguém que quer corrigir o incorrigível: As embalagens dos medicamentos comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde deixam também de ter obrigatoriamente a indicação do preço na caixa – uma medida que tem gerado fortes críticas e o Bloco de Esquerda está a tentar reverter no Parlamento, através de um projecto de lei que será hoje votado.