Há alguns anos, ouvíamos que "para trabalho igual, salário igual". Não achamos mal, quer se trate de mulheres ou de homens, de velhos ou de novos. Contudo, gostamos mais do princípio, de "salário fixo + salário variável". E porquê? Porque, a igualização da qualidade do trabalho produzido é perniciosa e improdutiva a prazo.
Dito de outra forma, se 2 trabalhadores ganham o mesmo, independentemente do seu nível de produção, é possível que o trabalhador que produz mais se sinta desincentivado.
Com os médicos, ou com os professores, o problema será o mesmo. O Ministério da Saúde fala em mexer nos salários dos médicos há muito tempo. Mas, "mexer" pode significar "doer". Sabe-se lá porquê, há algumas funções em Portugal, que são tão sensíveis e estão tão protegidas, que até a classe política se sente amedrontada com a possibilidade de "mexer" com os intocáveis!
- O Ministério da Saúde vai, já no próximo ano, começar a pagar aos médicos em função da sua produtividade nos hospitais. A medida, que já tinha sido prometida por Correia de Campos, ex-ministro da Saúde, quando chegou ao Governo em 2005, está agora pronta para avançar, depois do teste feito nas Unidades de Saúde Familiares.
- O secretário de Estado da Saúde ...... disse já estar em curso “um trabalho de consultoria sobre a implementação deste modelo nos hospitais”. Manuel Pizarro admitiu que, “para avançar ainda nesta legislatura, o tempo já é apertado”, enfatizando que é preciso estudar o modelo antes de avançar.
- O presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Rui Lourenço, duvidou da ideia, salientando que “o problema de adequar o desempenho dos médicos ao vencimento é saber se o país pode suportar esse pagamento, e perceber se ele é socialmente justo”.
- Para o presidente da Unidade de Missão que coordena a reforma dos cuidados de saúde primários (os centros de saúde), a medida é benvinda porque o diagnóstico está feito: “Pagar por ordenado fixo tem uma consequência conhecida, que é os médicos irem fazendo cada vez menos consultas”.
Sinceramente, não percebemos porquê tanta sensibilidade. Achamos que os Médicos têm que ser respeitados, tal como outras classes profissionais. Mas, tantos cuidados, porquê? Desde 2005, que se estuda o problema do pagamento em função da produtividade aos médicos, e agora ainda se gasta mais dinheiro e paga-se a mais uma Consultora para fazer um novo estudo? Oh Senhor Secretário de estado, se não tem coragem política para tomar decisões, o melhor é ceder o lugar a outro, pois o tempo urge!