O gasto com medicamentos representa cerca de 20% dos gastos totais em saúde. É muito dinheiro. Mas, os medicamentos trazem muita qualidade de vida e maior esperança de vida. São incontornáveis.
O Prof. Correia de Campos conseguiu controlar o orçamento dos medicamentos do SNS, de forma pouco ortodoxa (controlo administrativo de preços), mas conseguiu. Contudo, o Ministério da Saúde foi dando instruções para demorar os processos de avaliação de novos medicamentos. E porquê? Porque os novos medicamentos são caros e durante muitos anos não têm a concorrência dos genéricos (enquanto as patentes não expirarem).
Ou seja, os medicamentos inovadores estão a chegar tarde aos doentes portugueses. Vejamos o que aqui se diz:
- Portugal é o país europeu que mais tempo demora a aprovar terapias inovadoras para o tratamento do cancro, de acordo com um estudo internacional, que adianta que o País tem uma média de dois anos de atraso em relação ao resto da Europa.
- Com base nesta investigação, que analisou 20 países europeus, o presidente do grupo de estudos do cancro do pulmão, Fernando Barata, aponta o dedo a um Infarmed «demasiado burocratizado», que trabalha «de forma mais lenta» que o resto da Europa.
- os doentes oncológicos portugueses têm uma barreira social comparados com os do resto da Europa, «podendo beneficiar, por vezes um e dois anos mais tarde, de terapêuticas que já estão aprovadas e utilizadas noutros países».
Não sabemos se o Infarmed é lento ou burocratizado. Ou antes, se existe uma intenção clara do Ministério da Saúde para travar novos medicamentos, que são normalmente muito caros. Se esta segunda hipótese for verdadeira, é grave e bem pior do que os organismos do Estado serem ineficientes. É que a despesa pública em saúde é grande e tem que ser controlada, mas há tanto onde poupar, antes de se atrasarem os processos de introdução de novos medicamentos!