O Professor Correia de Campos tem sido um dos Ministros mais activos do actual governo. Ás vezes é bom ser activo. Outras vezes, o excesso de actividade é pernicioso.
O monstro da saúde é quase ingovernável, na generalidade dos países, desenvolvidos ou não. É, no entanto, fundamental, não desistir de tentar domar a fera.
A propósito de uma das várias tentativas de controlar a despesa, o Ministro da Saúde, dá um passo lateral: "O ministro da Saúde quer tirar todas as dúvidas acerca da constitucionalidade das novas taxas moderadoras". Taxas moderadoras, que já foram taxas de utilização, e que no fundo são impostos....
Continuamos sem compreender como é possível moderar a utilização do internamento hospitalar! A não ser, que se esteja a falar dos milhares (pelo menos centenas) de velhos que vivem nos hospitais do Estado, porque não são acolhidos em mais lado nenhum. Mas, isso nada tem a ver com saúde! Isso, é uma questão social.....e familiar.
Num outro aspecto, o Ministro da Saúde utiliza algo que os políticos usam e abusam, que é a utilização perversa da linguagem. Uma Deputada da oposição "confrontou o ministro com a promessa de criar 100 Unidades de Saúde Familiar (USF) até Dezembro e até agora só existirem 17". Ao que o Ministro responde, "100 representa o número de candidaturas a que aspirava". E diz mais, "Há 17 unidades em funcionamento e 24 com abertura marcada até final do ano", e tenta defender-se com o quase criminoso cinismo de linguagem: "Correia de Campos defendeu-se também dizendo que a criação destas unidades depende da iniciativa voluntária dos profissionais que trabalham nos centros de saúde".
Afinal, em certas medidas, vemos demonstração de força e de poder. Agora, vem-se falar de "iniciativa voluntária dos profissionais"? Estamos perante a encruzilhada!