Lemos com algum interesse a entrevista que o Professor Correia de Campos dá a este jornal, e se em alguns aspectos ficamos satisfeitos, em outras afirmações, ficamos siderados com o despudor, como se fazem certas afirmações, sobretudo quando estamos a falar de um Alto Responsável do Governo, que gere um orçamento de mais de 7 mil milhões de euros.
Comecemos então, pelo lado positivo:
Comecemos então, pelo lado positivo:
- Diz o Ministro da Saúde (MS): "Este ano, seguimos a mesma linha defendida pela doutrina internacional e estamos a fazer o mesmo para a rede de urgência, que cresceu ao deus-dará, sem estratégia". Vale a pena ir a Conferencias internacionais e aprender com quem investiga (realmente e ao contrário do que se faz por cá), e tentar implementar por cá, se for possível. O Professor Correia de Campos está relacionado com a temática da "saúde" há mais de 30 anos e é arrojado quando afirma "cresceu ao deus-dará"!
- Afirma ainda o MS: "Por exemplo, os doentes com doenças catastróficas, como o cancro, a sida, a tuberculose ou doenças relacionadas com o alcoolismo e a droga já estão isentos (do pagamento da taxa de utilização de internamento)".
- Outra afirmação positiva do MS: "Os hospitais da Universidade de Coimbra, por exemplo, não se tornaram EPE e estão a ter um desempenho financeiro e técnico óptimo".
Vejamos o outro lado, o lado negro da entrevista do Professor Correia de Campos:
- Catastrófica, na nossa opinião, esta afirmação do MS: " Esta mentalidade, que vem do planeamento dos anos 40, foi prevalecendo em Portugal e deixámo-nos ultrapassar nos últimos anos". Oliveira Salazar e os seus modelos de administração (e propositadamente, não referimos gestão), ainda estão presentes nos Hospitais Portugueses. E termina o parágrafo de forma lamentável, o MS, "Não nos informámos das novas modalidades de gestão internacional". O que andam a fazer os Técnicos Superiores do Ministério da Saúde, quando vão a Conferencias e seminários internacionais?
- Afirma o MS, " Não é de co-pagamentos que falamos. Isso foi o que propôs o Governo de Santana Lopes, em que o utente tinha de pagar 20% da despesa. Além disso, as taxas moderadoras já existiam em actos prescritos pelos médicos". Senhor Professor, o que são então, na realidade, as taxas de utilização referentes ao internamento hospitalar? Estes trocadilhos (taxa moderadora ou co-pagamento ou taxa de utilização) são diferentes, para o contribuinte?
- Quais as áreas que preocupam mais o MS, "As horas extraordinárias e o descontrolo na aquisição de medicamentos e material de consumo clínico. Havia hospitais onde o reaprovisionamento de materiais de consumo clínico era feito pelos próprios laboratórios. Eram eles que visitavam as dispensas e as prateleiras dos hospitais. No passado recente isso acontecia. Este ano duvido". Não sabemos o que andam a fazer os Administradores Hospitalares e, sobretudo, para que servem, se de facto é verdade o que afirma o MS. Ou então, há aqui uma acusação grave!
Fiquemos por aqui. Estas idéias não são para nós surpreendentes. Apenas, confirmam (infelizmente), o que nós pensávamos e temos escrito por aqui.