O actual governo gosta muito de uma frase: "o combate ao desperdício". Esta frase serve para o bem e serve para o mal. O desperdício pode ser o encerramento de uma escola em Trás-Os-Montes com 5 alunos; o desperdício pode ser o encerramento de uma maternidade que não "produza" 1.500 bébés por ano; o desperdício pode ser o encerramento de cursos no Ensino Superior com menos de 20 alunos.
Convenhamos que concordamos com o "combate ao desperdício", mas já não concordamos que aqueles sejam os principais desperdícios. Aliás, podem-nos chamar populistas, mas o primeiro sinal de combate ao desperdício tem forçosamente que vir de cima, e aí, por exemplo, o Estado deveria evitar a aquisição de novas viaturas acima de 1.400 centímetros cúbicos durante 5 anos.
Mas, poderíamos dar muitos mais exemplos. Vejamos um claro e evidente desperdício que o SNS não evita: Serviço Nacional de Saúde está a pagar cirurgias plásticas estéticas.
Como? O SNS tem dinheiro para pagar cirurgias estéticas? Parece que sim:
- há casos de utentes que recorrem ao Serviço Nacional de Saúde e que pedem uma cirurgia estética, sendo por vezes encaminhados por alguns hospitais para o sistema de listas de espera.
- Como acontece em muitos casos, o sistema de gestão não consegue uma cirurgia para estes utentes no prazo de nove meses, sendo então o serviço realizado por um privado, em regime de convenção.
- Segundo referiu o presidente do Colégio de Cirurgia Plástica da Ordem dos Médicos “há clínicas que estão a despachar situações de cirurgia plástica de estética pura à custa do erário público” acrescentando que, no seu entender, “é imoral que isto aconteça num país onde, por exemplo, há uma comparticipação limitada de medicamentos essenciais”.
Mais palavras? Onde está a contenção? Não vivemos nós num Regime de falácia e de desenrasque?
Post Scriptum: para nós existe esta excepção, “Se uma pessoa tem muitas cicatrizes devido a uma operação por causa de um acidente, essa cirurgia é estética, mas necessária”.