Friday, June 29, 2007

Serviços partilhados de saúde

A gestão em Portugal, é de uma forma geral, muito menosprezada, quer no sector público, quer no sector privado. No sector privado, as falências crescentes demonstram que há pouca profissionalização na gestão. No sector público, os contribuintes vão pagando a falta de gestão.....

Tudo isto, a propósito de uma notícia pomposa do Ministério da Saúde: O alargamento dos serviços partilhados na Saúde às áreas da gestão de recursos humanos e gestão financeira vai permitir poupar 56 milhões de euros, em cinco anos, aos hospitais e centros de saúde portugueses, anunciou hoje o serviço responsável.

O que o Ministério da Saúde está agora a fazer, já os grandes grupos económicos faziam na década de 70, do Século passado. Pode o Ministério da Saúde dizer, que antes ninguém o tinha feito. É verdade. Mas, tenham dó, façam as coisas que já deviam estar feitas há muito tempo, de forma mais célere e menos pomposa! Se não, até parece que no ramo da gestão, não há boas Escolas de Gestão, em Portugal. O que até nem é verdade!

Depois, ainda vemos todo este manancial de floreado: As duas entidades vão operar através de Agrupamentos Complementares de Empresas (ACE), que hoje são apresentadas no Seminário "Serviços Partilhados de Saúde - O Estado da Arte em Portugal", promovido pelo SUCH - Serviço de Utilização Comum dos Hospitais, em Lisboa.

Senhor Professor Correia de Campos, a China, há 30 anos, era dirigida por Mao Zedong, muito longe das boas práticas de gestão. Hoje, a China tem das práticas mais avançadas de gestão, do mundo. E não andam a enviar press realease diários para cada iniciativa que adoptam!

Mudança rápida, precisa-se.

Parafarmácias online

Não queremos fazer publicidade, apenas queremos divulgar uma iniciativa que nos parece original, num país em que a Internet ainda está sub-desenvolvida.

Vemos aqui uma Parafarmácia Online, chama-se: pfarm - Loja online.

Não experimentámos comprar nada. Mas, parece-nos bastante amigável e permite pagamentos através de cartões de crédito. Precisam-se de mais iniciativas destas.

Thursday, June 28, 2007

Alimentação na saúde

Quando se fala em saúde, fala-se: em medicamentos, em dôres, em Médicos, em Enfermeiros, em hospitais, etc.

E as instalações? E os equipamentos médicos? E a simpatia dos prestadores de cuidados de saúde? E a alimentação?

Vemos esta notícia, que nos vem do NHS - UK: Loyd Grossman, once drafted in to revamp NHS menus, has accused ministers of failing to take hospital patients' nutrition seriously.

E por cá? Como é a alimentação nos hospitais? Lembramo-nos de uma experiência que tivemos há menos de 5 anos, e não gostamos da lembrança. A comida era má? Não. A comida aceitava-se? Que remédio. Ou seja, comia-se, porque não havia alternativa. Mas, comia-se com gosto? Definitivamente, não!

Na Grã-Bretanha, país do NHS (onde se inspirou o SNS, de Portugal), a situação, apesar de muito discutida, parece que não tem melhorado, se não vejamos: A Healthcare Commission survey of inpatients carried out in 2006 found levels of patient satisfaction with hospital food had not risen since the previous survey four years earlier.

Lá, na Grã-Bretanha, como cá, tenta-se nomear um qualquer "Sábio" para resolver or problemas que existem, mas os "Sábios" desculpam-se: The broadcaster, famous for Masterchef, said a long line of health ministers had failed to give sufficient political commitment to improving NHS food.

Ou seja, os políticos nomeiam "Sábios", que depois se sentem sem "suporte político".

Tanto prurido, em pessoas, que era suposto produzirem resultados, em vez de "chutarem" responsabilidades de uns para os outros!

Só faltava vir um qualquer personagem, que imitasse a Rainha Francesa, "se não têm pão, comam brioche"!

Coitados dos doentes, que não só vão elegendo políticos ineptos, como têm que ser objecto de "Sábios", que não o são!

Lá, na Grã-Bretanha, como cá!

Não, Senhor Ministro

O Professor Correia de Campos esteve ontem na Ordem dos Economistas numa Conferência sob o tema: «A Gestão da Saúde».

Da Conferência dada pelo Senhor Ministro, ressaltou isto: Correia de Campos aconselhou, numa conferência da Ordem dos Economistas, a entrega a pobres de medicamentos fora de prazo, como forma de evitar o desperdício de fármacos.

Depois, o próprio Ministério veio esclarecer que, "Ministro referia-se a sobras de medicamentos deixados nas farmácias e não a remédios fora de prazo quando aconselhou a entrega dos desperdícios a pobres".

Senhor Ministro, o que o Representante da Corporação lhe perguntou ("O comentário do ministro da Saúde seguiu-se a uma interpelação de um representante da Associação Nacional de Farmácias (ANF), que exibiu um saco com medicamentos fora de prazo, no valor de 1.700 euros"), referia-se à eventualidade da criação da "unidose" nos medicamentos, ou de forma mais abrangente à temática de formas mais eficientes de não desperdiçar medicamentos.

Parece que a pobreza em Portugal começa a ser tão banal, para determinadas classes em Portugal, que daqui a pouco nos assemelhamos a um qualquer país da América Latina (sem qualquer intuito de menosprezo, por estes).

Wednesday, June 27, 2007

O combate à SIDA em África

África é um continente abandonado. Por todos os que vivemos noutras zonas do planeta, e pelas élites no poder dos países africanos, com uma ou outra excepção.

A SIDA/AIDS tem corroído a pouca resistência dos africanos, e ameaça mesmo devastar o continente, mesmo em países com mais recursos económicos e de saúde, como é o caso da África do Sul.

O Governo e o Congresso dos EUA têm apoiado a luta contra a SIDA/AIDS em África, ainda que haja quem ache que em pequena dimensão. Ms. Laura Bush vai estar em África (Moçambique, Botswana e Zâmbia), para se dar conta dos resultados que existem no terreno, originados pelos apoios do Governo e do Congresso dos EUA: A primeira-dama dos EUA, Laura Bush, visita Moçambique nesta quarta-feira para avaliar os projetos de combate à Aids e malária financiados pelo governo norte-americano, com um moentante que já ultrapassa US$ 370 milhões.

Vejamos algumas pistas sobre o combate em curso:
  • O Programa de Emergência Presidencial de Alívio à Aids (Pepfar, na sigla em inglês), aprovado pelo congresso norte-americano, a pedido de George W. Bush, deu mais de R$ 370 milhões a Moçambique em 2003 para apoio no combate à Aids em 15 países de África e do Caribe.
  • Atualmente, o pacote financeiro autorizado pelo congresso norte-americano em 2003 ultrapassa R$ 29 bilhões e prevê, entre outras medidas, o alargamento do acesso de mais doentes aos antiretrovirais.
  • Dados governamentais indicam que 110 mil pessoas irão receber tratamento antiretroviral até 2008, contra 34 mil este ano, e 16,2 mil em 2006, como efeito direto dos apoios concedidos no quadro do Pepfar.
  • Mais de 16% de um universo de mais de 19 milhões de moçambicanos estão infectados com o vírus HIV,d a Aids, contabilizando-se 500 novos casos de infecção diária.

Esperemos que não seja apenas um elemento de propaganda do país mais poderoso do planeta!

Tuesday, June 26, 2007

Afinal, o Estado financia o Estado

As Parcerias Público - Privadas parece que vão assumir-se como a solução para todos os problemas. Pelo menos, é o que se vai lendo na imprensa, e também é o que vão dizendo os políticos do Governo e da Oposição.

Agora, surge-nos esta notícia: A Caixa Geral de Depósitos (GGD) e a Parpública criaram um banco que vai «renegociar o financiamento de parcerias público-privadas (PPP)».

Mas, afinal a CGD é 100% do Estado e a Parpública é o braço-financeiro do Estado. De que lado estará a parceria entre a CGD e a Parpública? Do lado "Privado" ou do lado "Público"?

Coisas estranhas, da sociedade Europeia!

Monday, June 25, 2007

Que grande confusão vai no Ministério da Saúde

Descobriu-se que o Serviço Nacional de Saúde estava incontrolável, em termos de gastos. E, o pânico instalou-se. O Estado ainda não aprendeu a fazer como as famílias e as empresas. Tem que poupar. Claro que pode também tentar recolher mais receitas. O problema é a quem?

Ora, o "Comité dos Sábios", a quem foi incumbida a tarefa de arranjar o "milagre da solvência" do Sistema, fez um estudo, que parece que não aparece à luz do dia, pelo menos oficialmente. Entretanto, vamos lendo em vários jornais e blogues, bocados do Relatório do "Comité dos Sábios". Ora vejamos:
  • Os utentes do Serviço Nacional de Saúde que «abusem» das consultas nos hospitais devem pagar uma taxa moderadora mais elevada do que os restantes. A medida, proposta por uma comissão técnica encarregue de encontrar soluções para garantir a sustentabilidade do sistema público, apenas exclui os doentes crónicos e as pessoas que efectuem tratamentos prolongados, refere o «Público».
  • O limite é estabelecido em três consultas por trimestre. Tudo o que excedesse esse limite implicaria um pagamento de 75 por cento do valor real da consulta. Refira-se que os utentes pagam 2,75 euros por uma consulta num hospital distrital, sendo que o valor real da mesma ronda os 30 euros.
  • A Comissão independente propõe ainda que as despesas de saúde apenas possam ser dedutíveis até um limite de dez por cento (actualmente o limite é 30 por cento), mas ao mesmo tempo admite que 92 por cento das consultas dentárias são feitas no sector privado porque quase não há dentistas no SNS. Na Ginecologia e na Oftalmologia, 67 por cento das consultas são privadas e na Cardiologia essa cifra é de 54 por cento.
  • Os peritos referiram ainda que «nenhuma das medidas, por si só, tem capacidade de assegurar a sustentabilidade financeira do SNS». O ministro da Saúde, Correia de Campos, referiu já que nenhuma das medidas propostas pelos onze técnicos deve ser aplicada a curto prazo.

Nós apenas perguntamos o seguinte: o que vai fazer o Ministério da Saúde ao estudo do "Comité de Sábios? Deitá-lo fora (ou arquivá-lo)? Pedir um novo estudo? Ou achar que o SNS se vai degradar ao ponto, de os cidadãos recorrerem ao sector privado, e assim não ser preciso fazer nada?

Saturday, June 23, 2007

Friday, June 22, 2007

Drogas: um velho problema olvidado!

O consumo de estupefacientes, sejam de que tipo forem, não é saudável, por muito que por vezes nos queiram convencer que há determinadas "drogas" menos más do que outras, ou se quiserem, menos dependentes do que outras!

Em Espanha, o problema não será menor do que em Portugal, se não, vejamos o retrato que aqui nos deixam:
  • Más de 2.071 jóvenes fueron atendidos en Proyecto Hombre durante el año pasado, el 10,4 por ciento más que en 2005 y el 64 por ciento más que en 2004, según un informe presentado hoy por esta ONG, dedicada al tratamiento y prevención de las toxicomanías.
  • Durante el 2006, 16.993 personas recibieron un tratamiento de desintoxicación en alguno de los 26 centros de Proyecto Hombre y que el 70 por ciento de ellos consumía cocaína.
  • De estos casi 17.000 drogodependientes, 2.071 eran adolescentes que al llegar a los centros de esta ONG eran consumidores habituales de drogas (el 90 por ciento de ellos).
  • En cuanto al perfil de estos adolescentes, el informe refleja que el 80 por ciento eran varones con una edad media de 17,8 años, el 93 por ciento eran españoles y para el 39 por ciento de ellos no era el primer tratamiento de desintoxicación que recibían.
  • El informe explica además que el 44 por ciento de los adolescentes que acudieron a Proyecto Hombre en 2006 estaba estudiando, y el 27,7 por ciento no tenía ningún tipo de ocupación.
  • Sin embargo, aunque pocos trabajaban, el gasto medio semanal de estos adolescentes asciende a 66 euros (16 euros en alcohol y el resto en otras sustancias).
  • Respecto a las sustancias que tomaban estos jóvenes, el informe señala que el 77 por ciento eran fumadores habituales, el 60,7 por ciento consumía cannabis o alcohol, el 23,3 por ciento inhalaba cocaína y el 11,7 por ciento tomaba 'speed'.

Retrato preocupante, pois trata-se de um grave problema de saúde pública. Por enquanto, é um problema, que nuns casos é sublimado, e em outros casos é ferozmente atacado!

Thursday, June 21, 2007

Mais impostos para financiar a saúde: pede-se!

Já esperávamos que viesse a acontecer. Mas, duvidamos que venha a ser implementado. O crescimento das despesas do SNS tornou-o insustentável, como aliás vimos sucessivamente alertando. Parece que o SNS português será o 12º melhor do mundo, em termos de serviço prestado. Parece, também, que o SNS português tem o 4º maior gasto do mundo, se compararmos o gasto em saúde, com o PIB (apenas atrás dos EUA, da Suíça e da Alemanha).

Um "comité de Sábios", veio propôr ao Ministro da Saúde um conjunto de medidas:
  • Os peritos querem que o SNS permaneça universal e gratuito, sob pena de deixar de ser justo e equitativo.
  • O controlo da despesa pública e uma maior eficiência do sistema são, por isso, defendidos pelos especialistas. As sugestões para alcançar uma menor despesa em Saúde são múltiplas: assegurar a função de triagem dos cuidados de saúde primários, melhorar os sistemas de informação, rever o sistema de convenções, entre outras.
  • A Comissão liderada por Jorge Simões aconselha ainda que seja revisto o actual regime de isenção das taxas moderadoras.
  • É proposta uma redução da dedução dos encargos com a Saúde no IRS de 30% para 10%. O Governo deverá ainda rever as categorias de despesa elegível para deduções fiscais.
  • Os subsistemas como a ADSE (para os funcionários públicos) e a ADMA (para os militares) devem ser auto-sustentados ou eliminados.
  • A Comissão deixa uma medida ‘excepcional’ para aplicar apenas em caso de falência total do Serviço Nacional de Saúde. Nesse caso, e apenas nesse, os peritos aconselham a “imposição de contribuições compulsórias, temporárias e determinadas pelo nível de rendimento”.

Repare-se que o "Comité de Sábios" pressupõe ainda o seguinte: mantém-se impossível a saída do SNS, mesmo que não se recorra a cuidados de saúde públicos.

Os nossos comentários breves:

  • Aprendemos na Gestão, teórica e prática, que há sempre duas hipóteses de equilibrar as contas: aumentando receitas ou diminuindo custos.
  • Parece-nos que o "Comité de Sábios" só admite reduções de custos, sem contudo assumir, que deveria ser através desta redução draconiana, é que o SNS deveria subsistir.
  • É inconcebível que quem mais contribui para o SNS (no fundo, os que têm maiores taxas de IRS), sejam cada vez mais condicionados a não deduzir as suas despesas privadas em sede fiscal, e nem por isso possam optar pela saída de um sistema que até podem achar que não os serve (o SNS).
  • O "Comité de Sábios" não coloca sequer a hipótese de completa reengenharia do SNS, o que seria fundamental numa fase em que já se coloca no papel, a eventual falência do sistema. O que seria para nós uma hipotética reengenharia do sistema? Seria por exemplo, a completa redefinição do papel dos serviços públicos e privados. Seria por exemplo, a reorganização geográfica dos serviços. Seria por exemplo, a profissionalização do sistema de gestão dos organismos do Estado (hospitais e centros de saúde).

Wednesday, June 20, 2007

A opção de Livre Escolha na saúde

Defendemos, antes de mais, os doentes, quer o sejam já ou estejam em vias de o ser. Detestamos que chamem aos doentes, "pacientes", e não gostamos que lhes chamem "utentes".

Não gostamos que chamem "pacientes", porque se as pessoas pagam um serviço (através de impostos, ou através de seguros de saúde), não têm que ser pacientes! Têm que ser exigentes. Aliás, como são, quando estão numa Escola, num restaurante ou numa papelaria.

Não gostamos que chamem "utentes", porque soa a caritativo ou encapotadamente, a uma forma de "se és utente, não pagas, e também não reclamas". Não. Os cidadãos em Portugal pagam impostos para suportar o SNS, pelo que não são "pacientes", nem sequer "utentes"!

Dizemos isto, porque queremos aplaudir a iniciativa do Governo Blair, de promover uma livre escolha na saúde, através da Internet, conforme vemos aqui: The website was launched by the health secretary, Patricia Hewitt, who said it was the boost patients needed to exercise their right to choice.

Parabéns a Tony Blair e a Patricia Hewitt.

Vejamos o que faz a nova plataforma eletrónica: NHS Choices is intended to allow patients to access NHS approved information under four different headings:
  • Living Well – providing information to help people stay fit and manage their health;
  • Health A-Z – providing a library of approved medical literature;
  • Choose Services – full authoritative and comparative data on standards and availability of services with quality scorecards for all services;
  • Your Thoughts- where patients are invited to comment an feedback on NHS services.

Finalmente, registamos esta frase da Senhora Hewitt: The website was launched by the health secretary, Patricia Hewitt, who said it was the boost patients needed to exercise their right to choice.

O site está aqui.

Tuesday, June 19, 2007

Eutanásia e as prioridades na saúde

Gostamos, sinceramente, de reflectir sobre a saúde, na perspectiva do doente, que poderemos ser todos nós, em qualquer momento. A vida não pode ser só brilho, mas a vida também não pode ser só sacrifício ou dôr.

Tudo isto, vem a propósito desta notícia: O primeiro grande estudo feito em Portugal sobre a eutanásia e o suicídio assistido mostra que 40 por cento dos médicos oncológicos que assistem doentes terminais é favorável à legalização desta forma antecipada de morte em doentes incuráveis.

Julgamos que a dôr permanente é insuportável. Julgamos que a dôr elevadíssima e permanente, é ainda mais insuportável. Mas, será que é prioritário discutir a eutanásia ou o suícidio assistido (não sabemos a diferença, entre um conceito e o outro), nesta fase do Sistema de Saúde português? Julgamos que não.

Não queremos traçar paralelos entre a "pena de morte" e a eutanásia. Fazemo-lo apenas num sentido, ambas levam à morte definitiva. E se a "pena de morte" não é aceitável, porque não é corrigível (se por acaso, houve um lapso na decisão que conduziu ao acto), porque será a eutanásia, que também não é corrigível (e a doença ou a causa da doença pode ser alterada, em função por exemplo, de novas tecnologias)?

Finalmente, e ainda referente a esta notícia, achamos que isto sim, é matéria prioritária: em Portugal existem apenas cinco ou seis unidades de cuidados paliativos", o que é manifestamente pouco. "Estas cinco ou seis unidades não podem ser consideradas uma rede e uma das coisas que o estudo prova é exactamente a inexistência de uma rede de cuidados paliativos para os doentes terminais".

Sociedade Prozac

Monday, June 18, 2007

O negócio dos cuidados de Saúde

Em todas as sociedades há "vacas sagradas". Em Portugal, há imensas, apesar de ser um país predominantemente Católico!

Uma das "vacas sagradas" é sem dúvida uma frase que se vai ouvindo por aí, de que: a saúde não pode ser um negócio!

Ora, o Professor Pedro Pita Barros, Investigador de Economia da Saúde, explicita, e brilhantemente, que há muita gente a fazer negócio na saúde. Isto é, no limite pergunta-se se haverá alguém a trabalhar na saúde em Portugal, por mera atitude altruísta (retirando, porventura, o caso de Organizações de carácter religioso)!

Vejamos, algumas das idéias claras, ainda que não originais, do Professor Pita Barros:
  • A saúde de cada um é pessoal e intransmissível. Não se compra nem se vende saúde. São os cuidados de saúde que constituem um negócio, definido como transacção mercantil entre partes. Basta olhar para a experiência pessoal de cada um. Cada medicamento foi inventado, produzido, recebeu autorizações técnicas para introdução no mercado, foi comercializado, os médicos informados da sua existência e vantagens, as farmácias abastecidas e o Estado decidiu sobre a sua comparticipação. Os agentes intervenientes neste processo olham para ele como um negócio. De forma similar, num consultório privado de um médico ou numa clínica, está-se a entrar num negócio: contra um pagamento, recebe-se a atenção e a expertise do médico na recomendação do que fazer. Mesmo quando recorre ao Serviço Nacional de Saúde, o cidadão é parte de um negócio: afinal, os cuidados que recebe serão pagos a quem os prestou.
  • Dirão muitos que a principal diferença está em que o Serviço Nacional de Saúde não tem como objectivo o lucro. Na verdade, não estou tão certo. Vejamos com cuidado onde o procurar. Mais de 50% das despesas em cuidados de saúde constituem receitas de entidades privadas (contratadas pelo Serviço Nacional de Saúde). Estas últimas têm na sua grande maioria objectivos de criar excedente económico. Será lucro formal no caso de empresas, será rendimento no caso de médicos em medicina privada (por exemplo).

Para nós anda por aí uma "vaca" que não é sagrada, mas que é muito portuguesa: o cinismo!

Mas, afinal que mal tem o lucro, se houver satisfação dos vários "actores" das operações, e se houver concorrência sã?

Friday, June 15, 2007

SNS: na Grã-Bretanha e em Portugal

As críticas à forma como são geridos os Sistemas de Saúde, em Portugal e na Grã-Bretanha, parece que são idênticas. Os "louros" das respectivas conquistas também são idênticos.

Senão, vejamos:
  • And in May the British Medical Association called for an end to "constant political dabbling" in the NHS, and the establishment of a board of governors and executive management board to run the NHS.
  • But in a speech about the future of the health service, Mrs Hewitt told the London School of Economics: "The NHS is four times the size of the Cuban economy and more centralised.
  • "That is part of its problem, and the problem can't be solved by proposing that a modern health service be run like a 1960s nationalised industry."
  • She said a free, comprehensive NHS was "under attack" - pointing to recent comments from Doctors for Reform and the BMA.

As Reformas, sejam elas quais forem, são sempre objecto de críticas, dos vários interesses instalados, e dos que são naturalmente prejudicados.

Contudo, a Reforma é o único caminho, para que a saúde se mantenha saudável, isto é, para que o acesso à saúde seja possível e adequado.

Vejamos este remate contundente da Ministra Patricia Hewitt: But she added that NHS structures of the 1940s and 1960s were not right for the NHS now, and needed to be more "patient led", financially disciplined, well regulated with a "plurality of providers". Completamente de acordo, Dra. Hewitt.

No entanto, há vozes discordantes, embora, na nossa opinião, com pouca visão: They said that increased pressure on beds and waiting times meant more patients were being forced home early, when they had not properly recovered.

É que, para ter as pessoas mais tempo nos hospitais, é preciso mais dinheiro, e esse vem do bolso de todos os contribuintes. E estes não querem pagar mais impostos.

Thursday, June 14, 2007

Wednesday, June 13, 2007

Farmácia: revolução em curso

O sector da farmácia de retalho, ou se quiserem, e como dizem os Farmacêuticos, "farmácia de oficina", era um monopólio, com maior ou menor intensidade. Se não, vejamos este retrato, que aqui nos é dado:

  • No final de 2005 existiam 2782 farmácias em Portugal.
  • A região de Lisboa e Vale do Tejo concentra mais de um terço das farmácias (36,9%), o Norte um pouco mais de um quarto (28,8%) e o Centro um quarto (24,6%).
  • O número de habitantes por farmácia atingiu os 3.761 em 2004, bem acima dos 1.825 na Bélgica ou 2.099 em Espanha, mas inferior aos 3.858 na Alemanha, 4.604 no Reino Unido ou 10.000 na Holanda.
  • Em termos financeiros tinha, em média, um volume anual de vendas de cerca de 1,2 milhões de euros e um resultado líquido de 84.500 euros, em 2003.
  • Segundo o Centro de Estudos de Gestão e Economia Aplicada da Universidade Católica, "O enquadramento normativo que regula a actividade das farmácias tem as abrigado do processo concorrencial e, inequivocamente, tem lhes permitido a obtenção de lucros supra-normais muito consideráveis".

Mas, a pressão de pendor liberalizante tem-se acentuado, como vemos aqui:

  • "A liberalização da propriedade das farmácias é bem vinda mas ainda há muito por fazer", afirma António Saleiro, sócio maioritário da SRM, que detém a Pharmacon - rede de parafarmácias com 50 estabelecimentos espalhados por todo o País.
  • "Não se compreende. Posso abrir um consultório, uma clínica, posso até abrir uma loja onde vendo químicos muito mais perigosos do que os medicamentos, mas não posso abrir uma farmácia se não houver um concurso", critica o antigo governador civil de Beja.

O Governo actual, tal como tinha anunciado préviamente, reafirma aqui, a sua intenção liberalizante:

  • O Governo tem seis meses para apresentar a nova legislação que permita a qualquer pessoa ser proprietária de uma farmácia, até agora um exclusivo da classe farmacêutica, segundo um diploma hoje publicado em Diário da República.
  • As excepções a esta autorização são os profissionais de saúde prescritores de medicamentos, empresas de distribuição de medicamentos, indústria farmacêutica, empresas prestadoras de cuidados de saúde ou associações representativas das farmácias.
  • O Governo vai ainda alterar o número máximo de farmácias por proprietário de uma para quatro.
  • A propriedade das farmácias vai deixar de ser um exclusivo dos licenciados em farmácia.

Vejamos, qual será a próxima batalha pelo controlo de sector tão saboroso!

Monday, June 11, 2007

O crescimento assustador da doença de Alzheimer

Há já vários anos que doenças como "Alzheimer" e "Parkinson", entraram no léxico comum. Não temos background clínico, mas gostamos de acompanhar as tendências da saúde, numa perspectiva do ser humano.

Lemos isto: Mais de 100 milhões de pessoas sofrerão da doença de Alzheimer em todo o mundo em 2050. E ficamos muito preocupados, pois sabemos que a doença, para além de fatal, não permite qualquer qualidade de vida, após o seu diagnóstico.

Aqui, lemos mais detalhes sobre a investigação do Prof. Ron Brookmeyer, da Universidade Johns Hopkins:
  • More than 26 million people worldwide have Alzheimer's disease, and a new forecast says the number will quadruple by 2050.
  • At that rate, one in 85 people will have the brain-destroying disease in 40 years.
  • "If we can make even modest advances in preventing Alzheimer's disease, or delay its progression, we could have a huge global public health impact," said Johns Hopkins public health specialist Ron Brookmeyer, who led the new study.

O estudo foi patrocinado por duas empresas farmacêuticas: a Wyeth e a Elan.

Friday, June 08, 2007

Centro de Excelência em Healthcare and Medical Solutions

Em Portugal, os projectos inseridos em novas tecnologias são raros, ou mesmo inexistentes. Se nos desviarmos para o nicho do sub-sector da saúde, os projectos que apostam na inovação, são ainda mais escassos. Por tudo isto, vemos com bastante agrado este projecto que dá pelo nome de: Centro de Excelência em Healthcare & Medical Solutions.

Vejamos, em traços largos em que consiste:

Parabéns pela idéia. Tentaremos acompanhar os resultados.

Wednesday, June 06, 2007

O nó górdio do SNS

Mais dia, menos dia, sabíamos que estaríamos perante o verdadeiro estrangulamento do orçamento da saúde. A propósito de um Relatório encomendado a uma "Comissão de Sábios", pelo Ministro da Saúde, lemos algumas das conclusões do tal Relatório dos Sábios:
  • O Governo nomeou um grupo de peritos para estudar fontes de receita e cortes de despesa que salvem o Serviço nacional de Saúde da falência.
  • As recomendações recebidas neste relatório de 184 páginas (....) deverá pelo menos reduzir drasticamente a possibilidade de os portugueses abaterem despesas de saúde na próxima declaração de impostos.
  • A medida afecta 3 milhões, dos 4 milhões de agregados familiares sujeitos ao IRS.
  • As despesas de saúde representam quase 500 milhões de euros poupados por ano pelas famílias portuguesas.
  • Os peritos lembram que estes 500 milhões de euros representam 5 por cento da despesa pública em saúde e são um montante 5 vezes superior à receita do Estado com as taxas moderadoras cobradas nos hospitais e centros de saúde.

E os "Sábios" terminam lapidarmente:

  • Os peritos oferecem ainda ao Governo um argumento político: Portugal é dos países do mundo desenvolvido mais simpáticos para os contribuintes. Na Espanha, na França e no Reino Unido as despesas com a Saúde, pura e simplesmente, não são dedutíveis no IRS.

É triste que os Sábios portugueses, só saibam ver o que lhes interessa! Pois, os Sábios não questionam a forma como já se gasta mais de 10% do PIB, no SNS, sem que este sistema esteja a melhorar a sua qualidade, pelo menos na perspectiva dos doentes.

Voltamos sempre à mesma questão: em Gestão há duas soluções, aumentar receitas ou reduzir despesas. Nós somos dos que achamos que os portugueses já pagam demasiado para o SNS. Perante tal constrangimento, só resta ao Ministério da Saúde, reduzir despesas.

Tuesday, June 05, 2007

A satisfação ou a devolução do dinheiro

Estamos habituados às guerras comerciais me vários sectores da economia, como por exemplo na distribuição alimentar. Chega-se mesmo a prometer, a satisfação ou a devolução do dinheiro.


Estamos a ler bem? Estamos a ler sobre medicamentos? Parece que sim. Mas, perguntamos nós, como é que se pode demonstrar a insatisfação perante medicamentos que poderão conduzir a uma melhoria do estado de doentes com câncro? Será isto apenas e só marketing agressivo?

Vejamos mais detalhes da notícia:
  • Glaxo, Britain’s biggest pharmaceutical company, has already introduced similar risk-sharing schemes in two European countries.
  • It hopes that the system will allow the NHS to afford expensive new cancer treatments that it is developing – some of which are expected to cost tens of thousands of pounds but which may work in only a limited number of patients.
  • They include Tykerb, a breast cancer drug that was recently approved for sale in America and is also being tested as a treatment for brain cancer. It is expected to cost about £25,000 a year.
  • The news comes after Janssen-Cilag, another pharmaceutical company, has offered to pay the costs of Velcade, another £25,000 cancer treatment, if patients do not benefit.

Uma ideia que o Professor Correia de Campos deveria acolher e promover em Portugal.

Monday, June 04, 2007

Saúde mental

O Serviço Nacional de Saúde só dá resposta a um terço dos doentes que sofrem de perturbações mentais. Esta afirmação não nos surprende. Sabemos que o SNS vai funcionando, mas cada vez mais com....mais ineficiências!

Repare-se em algumas conclusões de um estudo realizado pela Comissão Nacional para a Reestruturação dos Serviços de Saúde Mental:
  • O número de pessoas em contacto com os serviços públicos (168 389 em 2005) mostra que só uma pequena parte das pessoas com problemas de saúde mental têm acesso aos serviços públicos especializados.
  • “os estudos existentes sobre a saúde mental não são vastos e rigorosos”, pelo que foi preciso fazer uma “extrapolação” e comparar com as “taxas que se verificam em países com o mesmo grau de desenvolvimento e cultura”. “Nesses países o número de pessoas que frequenta os serviços na área da psiquiatria ronda os cinco por cento”.
  • Em termos práticos, sublinha o psiquiatra, entre os 500 mil portugueses com perturbações graves “estão pessoas que podem necessitar de internamento e não têm acesso”.
  • “O acesso aos cuidados de saúde mental não é muito fácil, principalmente na periferia, onde há grande escassez de recursos, facto que dificulta a marcação de primeiras consultas”, diz Leuschner.

De facto, é difícil tirar conclusões mais negativas. De facto, não sabemos porque não se investiga a sério a saúde em Portugal. De facto, corremos o risco de perder uma das poucas conquistas da Democracia em Portugal: o Serviço Nacional de Saúde.