Gostamos, sinceramente, de reflectir sobre a saúde, na perspectiva do doente, que poderemos ser todos nós, em qualquer momento. A vida não pode ser só brilho, mas a vida também não pode ser só sacrifício ou dôr.
Tudo isto, vem a propósito desta notícia: O primeiro grande estudo feito em Portugal sobre a eutanásia e o suicídio assistido mostra que 40 por cento dos médicos oncológicos que assistem doentes terminais é favorável à legalização desta forma antecipada de morte em doentes incuráveis.
Julgamos que a dôr permanente é insuportável. Julgamos que a dôr elevadíssima e permanente, é ainda mais insuportável. Mas, será que é prioritário discutir a eutanásia ou o suícidio assistido (não sabemos a diferença, entre um conceito e o outro), nesta fase do Sistema de Saúde português? Julgamos que não.
Não queremos traçar paralelos entre a "pena de morte" e a eutanásia. Fazemo-lo apenas num sentido, ambas levam à morte definitiva. E se a "pena de morte" não é aceitável, porque não é corrigível (se por acaso, houve um lapso na decisão que conduziu ao acto), porque será a eutanásia, que também não é corrigível (e a doença ou a causa da doença pode ser alterada, em função por exemplo, de novas tecnologias)?
Finalmente, e ainda referente a esta notícia, achamos que isto sim, é matéria prioritária: em Portugal existem apenas cinco ou seis unidades de cuidados paliativos", o que é manifestamente pouco. "Estas cinco ou seis unidades não podem ser consideradas uma rede e uma das coisas que o estudo prova é exactamente a inexistência de uma rede de cuidados paliativos para os doentes terminais".