Com a saúde não se brinca. É verdade. Nós levamo-la bem a sério. E até, por ser tão a sério, somos às vezes demasiado frontais, ao contrário dos habituais "paninhos quentes" lusitanos.
Bem, mas já escrevemos há muito tempo que se pretende fazer a "quadratura do círculo" na saúde. E porquê? Porque, todos querem ter a melhor saúde e a saúde não tem preço! Ou seja, há para aqui muita gente ingénua e sobretudo muitos oportunistas. Pois, se a saúde é gratuita, ou mesmo tendencialmente gratuita, não conhecemos quase ninguém que trabalhe na saúde de borla (a não ser algum voluntariado).
Portanto, é preciso ter muito cuidado com os pretensos "caçadores de Marajás", ou dito de outra forma, oportunistas de ocasião, que apenas pretendem ficar bem nas "fotografias do poder".
O Prof. Paulo Kuteev-Moreira é um académico da área da gestão da saúde, coisa muito rara em Portugal. Aliás, gestão é algo de muito raro em Portugal e se associarmos gestão à saúde, então estamos perante a descoberta do século.
Neste artigo, o Prof. Kuteev-Moreira emite algumas opiniões polémicas, sobretudo num país que gosta muito de poesia e de sonho: No que diz respeito às políticas de Saúde e ao desenvolvimento da relação de parcerias na prestação de serviços de Saúde, alguns opinadores nacionais parecem ignorar que, por exemplo, cerca de 50% dos cuidados de Saúde primários na Suécia são prestados através de gestão clínica privada.
Na Alemanha, mais de 90% dos cuidados de saúde em ambulatório são prestados em regime de gestão clínica privada.
Em Inglaterra, mais de um quarto das cirurgias no âmbito de vários programas de combate às listas de espera são realizadas através de gestão clínica privada.
Na Holanda, desde 2006, 99% da prestação de cuidados de saúde é oferecida através de gestão clínica privada. Aqui, o Estado abandonou a gestão clínica pública e concentrou-se na regulação, promoção do acesso universal e garantia da qualidade dos cuidados de saúde prestados.
Em França, que viu recentemente o seu sistema de saúde classificado como o melhor do Mundo, o cidadão pode escolher o prestador que quiser independentemente de prestar cuidados em regime de gestão clínica privada ou pública.
Perante este "curto" estudo de mercado, chegamos à conclusão que a Europa mais próxima de Portugal, gere a saúde através de mecanismos de gestão profissionalizada e assente numa oferta privada.
Mas, o Professor Kuteev-Moreira avança outras opiniões graves, sobretudo se pensarmos que muitos dos que opinam que a saúde deve ser gratuita, não abdicam das suas ambições não gratuitas:
Porém, sem querer referir-me a ninguém em particular, a evidência europeia para que, em Portugal, possamos optar pelo enquadramento construtivo da gestão clínica privada é tão avassaladora que é simplesmente espantoso que alguém afirme que não existe.
São comentários de comentadores que, no contexto actual, não perdem uma oportunidade para agradar ao “aparelho” (seja ele de que cor for).
Façam o juízo que quiserem. Nós já há muito que percebemos que há muitos adeptos da gratuitidade recostados ao sempre confortável sofá do Estado! Mas este sofá é cada vez mais caro e quem o paga, está cada vez mais desejoso de o deixar de pagar.