Wednesday, May 07, 2008

Barco à deriva?

Depois da saga de Correia de Campos, de racionalização apressada de serviços anquilosados e mal organizados, vem Ana Jorge aplacar iras de populações pobres e afastadas dos grandes centros, ainda que sem qualquer suporte racional. É o que se chama, "andar à deriva"!

Correia de Campos criava Comissões para tudo e para nada, só para dar suporte racional às suas decisões. Ana Jorge volta à política sem suporte racional. Evidentemente que Portugal não se pode dar ao luxo de governar sem racionalidade (qual será o país que o faz?), mas também não pode ser governado por técnicos superiores afastados da realidade triste que por aí vai.

Vejamos a reacção destes "Técnicos":
  • A Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências (CTAPRU) pediu esta terça-feira à ministra da Saúde a sua extinção, por considerar que cumpriu os seus objectivos, apontando «problemas» na forma como esta reforma foi implementada.
  • «Houve problemas de comunicação na forma como a reforma foi explicada ao público e problemas na forma como foi implementada. Poderia ter havido algum cuidado ao nível da abertura de serviços de urgência antes do encerramento de outros. Isso era responsabilidade política e acabámos por sofrer com isso», afirmou Luís Campos, membro da CTAPRU.

Pois, para esta gente tudo se resume à "comunicação". Mentira. Tudo se resume a falta de organização, ou se quisermos a falta de uma estratégia clara e rigorosa, em vez da habitual "meia bola e força"!

Depois, Ana Jorge quer continuar na "meia bola e força". Ora, vejamos o que pretende fazer:

  • Os hospitais públicos vão passar a poder concorrer às convenções para fornecer exames e análises ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), em pé de igualdade com os prestadores privados.
  • A criação de concursos públicos para permitir concorrência nos preços e a celebração de acordos apenas e só quando as necessidades o justificarem são outras das pedras basilares do projecto para o novo diploma, que entra hoje em discussão pública.
  • É reconhecido que parte do desperdício existente no serviço público de saúde decorre da falta de rentabilização de equipamento. Muitos hospitais, apetrechados com todos os meios complementares de diagnóstico, não os usam na totalidade.

Depois de anos e anos de maus hábitos adquiridos, que começaram por Convenções não controladas e terminam na falta de controlo dos exames realizados por entidades como a ADSE, agora quer o Ministério da Saúde meter-se por áreas completamente "armadilhadas". É que, muitos funcionários do Ministério da Saúde são simultaneamente prestadores privados de saúde do referido Ministério!

Ai que enxame de abelhas!