Thursday, May 29, 2008

Saúde alegre

Com a saúde não se brinca. É verdade. Nós levamo-la bem a sério. E até, por ser tão a sério, somos às vezes demasiado frontais, ao contrário dos habituais "paninhos quentes" lusitanos.

Bem, mas já escrevemos há muito tempo que se pretende fazer a "quadratura do círculo" na saúde. E porquê? Porque, todos querem ter a melhor saúde e a saúde não tem preço! Ou seja, há para aqui muita gente ingénua e sobretudo muitos oportunistas. Pois, se a saúde é gratuita, ou mesmo tendencialmente gratuita, não conhecemos quase ninguém que trabalhe na saúde de borla (a não ser algum voluntariado).

Portanto, é preciso ter muito cuidado com os pretensos "caçadores de Marajás", ou dito de outra forma, oportunistas de ocasião, que apenas pretendem ficar bem nas "fotografias do poder".

O Prof. Paulo Kuteev-Moreira é um académico da área da gestão da saúde, coisa muito rara em Portugal. Aliás, gestão é algo de muito raro em Portugal e se associarmos gestão à saúde, então estamos perante a descoberta do século.

Neste artigo, o Prof. Kuteev-Moreira emite algumas opiniões polémicas, sobretudo num país que gosta muito de poesia e de sonho:
  • No que diz respeito às políticas de Saúde e ao desenvolvimento da relação de parcerias na prestação de serviços de Saúde, alguns opinadores nacionais parecem ignorar que, por exemplo, cerca de 50% dos cuidados de Saúde primários na Suécia são prestados através de gestão clínica privada.
  • Na Alemanha, mais de 90% dos cuidados de saúde em ambulatório são prestados em regime de gestão clínica privada.
  • Em Inglaterra, mais de um quarto das cirurgias no âmbito de vários programas de combate às listas de espera são realizadas através de gestão clínica privada.
  • Na Holanda, desde 2006, 99% da prestação de cuidados de saúde é oferecida através de gestão clínica privada. Aqui, o Estado abandonou a gestão clínica pública e concentrou-se na regulação, promoção do acesso universal e garantia da qualidade dos cuidados de saúde prestados.
  • Em França, que viu recentemente o seu sistema de saúde classificado como o melhor do Mundo, o cidadão pode escolher o prestador que quiser independentemente de prestar cuidados em regime de gestão clínica privada ou pública.

Perante este "curto" estudo de mercado, chegamos à conclusão que a Europa mais próxima de Portugal, gere a saúde através de mecanismos de gestão profissionalizada e assente numa oferta privada.

Mas, o Professor Kuteev-Moreira avança outras opiniões graves, sobretudo se pensarmos que muitos dos que opinam que a saúde deve ser gratuita, não abdicam das suas ambições não gratuitas:

  • Porém, sem querer referir-me a ninguém em particular, a evidência europeia para que, em Portugal, possamos optar pelo enquadramento construtivo da gestão clínica privada é tão avassaladora que é simplesmente espantoso que alguém afirme que não existe.
  • São comentários de comentadores que, no contexto actual, não perdem uma oportunidade para agradar ao “aparelho” (seja ele de que cor for).
Façam o juízo que quiserem. Nós já há muito que percebemos que há muitos adeptos da gratuitidade recostados ao sempre confortável sofá do Estado! Mas este sofá é cada vez mais caro e quem o paga, está cada vez mais desejoso de o deixar de pagar.