Monday, February 28, 2011

Mais um falhanço da política do medicamento

Bem, se alguém considerar que há política do medicamento, por parte do Estado português! Parece-nos que a política do Ministério da Saúde tem sido no sentido, de não perturbar alguns dos lobbies mais importantes, como sejam os laboratórios farmacêuticos, apesar de estes manterem um prazo médio de recebimento de mais de 180 dias, e em alguns casos, chegarem aos 365 dias.

Mas, a aposta de sucessivos Ministros da Saúde e de vários Presidentes do Infarmed deu neste completo fracasso: Os medicamentos genéricos representavam em Janeiro deste ano 21% dos fármacos vendidos e 20% do valor do mercado, segundo dados divulgados hoje pelo Ministério da Saúde.

Nos países nórdicos, que são o exemplo a seguir, pelo que foi dizendo o Primeiro Ministro, a quota de mercado dos medicamentos genéricos chega a ser de mais de 50%.

Claro que este fracasso, não é o fracasso do Ministério da Saúde, ou sequer do Infarmed, é o grande fracasso do contribuinte português, e em particular, de todos aqueles que sonham em manter o SNS, ainda que muitos dos que afirmam publicamente a defesa do SNS, estão apenas interessados em aumentar o seu próprio pecúlio.

Sunday, February 27, 2011

Locked-in Syndrome

You are awake, aware and probably unable to move or talk, but you are not necessarily unhappy, says the largest study of locked-in syndrome. A surprising number of patients with the condition say they are happy, despite being paralyzed and having to communicate mainly by moving their eyes. Most cases are caused by major brain damage, often sustained in traumatic accidents. As part of the study published in this week's online journal BMJ Open, Dr. Steven Laureys of the Coma Science Group at the University Hospital of Liege in Belgium and colleagues sent questionnaires to 168 members of the French Association for Locked-in Syndrome, asking them about their medical history, their emotional state and views on euthanasia.

Wednesday, February 23, 2011

A racionalidade dos mercados

Os mercados são muito emocionais. Quem pode apanhar a artimanha emocional do mercado, pode ganhar muito dinheiro. Assim aconteceu durante décadas no negócio retalhista de farmácia. As pessoas precisam cada vez mais de medicamentos. Os medicamentos têm venda obrigatória em farmácia de oficina (com excepção dos medicamentos de venda livre). Não se podem abrir farmácias, sem autorização do Estado. O Estado é quem suporta mais de 70% dos gastos com medicamentos.

Resumindo, um cocktail que permitia transformar o negócio do retalho farmacêutico, num paraíso. Entretanto, as recessões económicas têm um papel de nivelação das irracionalidades. E assim, fomos ouvindo falar em "fiados" nas farmácias. Vamos ouvindo falar em quebra de venda de medicamentos. Isto tudo, apesar de continuar a não ser possível vender medicamentos, sob prescrição, fora das farmácias.

Mas, como o Estado está a limitar a comparticipação no consumo de medicamentos. As pessoas têm menos rendimento disponível. O desperdício não é tão negligenciável, pois comprar uma ambalagem com 60 comprimidos e consumir 7 ou 8, começa a doer, sobretudo quando o Estado comparticipa cada vez menos.

E então, vemos a correcção natural do mercado: O valor do mercado dos medicamentos em Portugal baixou 19% em Janeiro deste ano, comparativamente com o mesmo mês de 2010, segundo números da indústria farmacêutica, que considera uma "redução impressionante".

Pois é, amigos, gerir com o vento a favor, até um cego ou um condutor sem conhecimentos. Gerir com o vento contra, já não é para todos. Rara era a farmácia, cujo alvará era transaccionado abaixo do milhão de euros. Será que vamos continuar na mesma senda?

A poderosa e rica Indústria Farmacêutica já dispara: "É um valor dramático, muito significativo. Vai ter impactos significativos ao nível do emprego e até do fecho de unidades e de farmácias", declarou João Almeida Lopes, presidente da Associação da Indústria Farmacêutica (Apifarma).

Habituem-se!

Tuesday, February 22, 2011

SNS: terá ponta para se pegar?

Um digníssimo Administrador do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia diz isto: "Todas as obras que fazemos são paliativos. Isto já não tem ponta por onde se lhe pegue. Qualquer engenheiro diz que é muito mais barato deitar abaixo e fazer de novo".

Nós sabemos há muito, que o chamado lobby do betão prefere construir de raiz, em vez de aproveitar o que existe. Sempre com o argumento de que é mais barato. E o pior, é que este argumento tem colhido adeptos, e vemos mamarrachos novos que substituem mamarrachos velhos. Ou, por vezes, mamarrachos novos que substituem obras antigas.

Não vemos é uma cultura de manutenção e preservação dos edifícios, em particular dos públicos, que pertencem a todos os portugueses.

Há até quem ache que o melhor é deitar abaixo Portugal, e reconstruir um novo.

Nós achamos que Portugal tem viabilidade. Necessita é de mudança. Mudança forte e acentuada. Ou esvai-se. Há muitos países que se esvairam, ao longo da História.

Friday, February 18, 2011

O despudor dos que dirigem

Vivemos tempos de permanente sobressalto. A volatilidade é grande. As regras mudam. As pessoas sentem o chão a tremer. E, neste ambiente de pré-tumulto, quem dirige não merece respeito. Vejamos o que diz este Senhor, que dirige a Região Autónoma dos Açores: Carlos César considera que “é razoável, não onerando aqueles que têm menores rendimentos, que em Portugal haja taxas especiais e impostos especiais dirigidos ao financiamento dos serviços públicos gratuitos de saúde e educação”.

Este Senhor César sabe, contudo, que estes cidadãos já são, provavelmente, os que mais contribuem para os sistemas sociais do Estado, atendendo a que são quem mais impostos pagam.

O que quer então o Senhor César? Fazer com que estes contribuintes, que efectivamente contribuem, vão para outro país? Ou quererá incentivar a fuga ao fisco?

Mas, o Senhor César ainda diz este disparate: O imposto seria apenas temporário, enquanto o país “justificar a necessidade de receitas extraordinárias”, e nada tem a ver com as posições de Passos Coelho sobre a saúde.

Como o Zé Povinho, de Rafael Bordalo Pinheiro: Toma, César!

É que, estamos cansados de saber que quando se implementa um imposto, só muito tempo depois se vem a retirá-lo, mesmo que seja criado temporáriamente.

Thursday, February 17, 2011

Finalmente uma posição decente

A Ordem dos Médicos é a corporação mais poderosa do país. Ou pelo menos, das mais poderosas. Tem tido Bastonários, mais educados, ou mais políticos. Infelizmente, o último Bastonário, não era educado e muito menos político. Foi em paz!

Agora, gostamos desta abordagem do novo Bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. José Manuel Silva: "Obriguem o Infarmed a disponibilizar ao público os dossiers de aprovação dos medicamentos, para que médicos, doentes e peritos da área do medicamento possam escrutiná-los sempre que entenderem e para terem acesso à biodisponibilidade e bioequivalência de cada medicamento genérico", afirmou hoje o presidente da OM na Comissão Parlamentar de Saúde.

Independentemente de se gostar da posição, ou não, esta é consistente e racional. Isto é, se os genéricos não são todos iguais, e muito menos comparáveis ao medicamento de marca, então que se transmita aos prestadores de saúde e aos doentes, a capacidade terapeutica de cada medicamento. A partir daí, os técnicos de saúde e os doentes passam a ter conhecimento da relação qualidade/preço dos vários medicamentos, quer sejam genéricos ou não.

Aguardemos as novidades pós-veto Presidencial.

Post-Scriptum: estamos mesmo a ver o Infarmed a disponibilizar aquela informação!

Wednesday, February 16, 2011

Medicamentos fiados

Fala-se em crise há vários anos. Crise. Crise. Crise. Banalizou-se. Serve para tudo, para dizer que as pessoas já só vão de férias para a Cuba, e não para as Ilhas Virgens, mas também para dizer que já só jantam fora duas vezes por semana. De resto, os bancos estão ultra-endividados, o Estado português parece que também tem uma grande dívida, e as empresas e as famílias querem mais crédito, pois não conseguem pagar as suas férias de Inverno.

Apesar de haver um outro Portugal, o Portugal das reformas de 250 euros mensais, para cerca de um milhão de portugueses. E também a geração dos "1.000 euros", ou menos.

Bem, a inovação é o crédito da farmácia do bairro: os portugueses estão a adquirir menos medicamentos e há cada vez mais pessoas a comprar fiado.

Se compravam a crédito na mercearia, porque não hão-de comprar a crédito na farmácia!

Os dados recentes sobre o consumo de medicamentos até são bons para o Ministério da Saúde: Os dados da consultora IMS Health (medicamentos colocados pelos armazenistas nas farmácias) comprovam que houve uma quebra sustentada no consumo: no ano passado venderam-se menos cerca de 13 milhões de embalagens do que em 2009 (uma diminuição de quase cinco por cento).

Que bom, Dra. Ana Jorge. Assim, nem é preciso Ministro (a) da Saúde, basta cortar o rendimento das famílias, e as pessoas deixam de consumir medicamentos, e assim, baixa-se a despesa do Estado com a saúde!

Até dá vontade de pagar impostos: Os especialistas defendem que ainda é demasiado cedo para retirar conclusões. Mas todos acreditam que uma parte dos encargos com fármacos foi transferida para o bolso dos cidadãos. Em Setembro, num estudo sobre o impacto das medidas complementares na área do medicamento, a IMS Health calculava que o nível de despesa dos utentes poderia "aumentar em 150 milhões de euros por ano", passando a despesa total de "1,575 mil milhões de euros para 1,725 mil milhões de euros".

Monday, February 14, 2011

A (in)Justiça portuguesa

É com tristeza e alegria que lemos isto: Depois de oito anos em tribunal, o Hospital Maria Pia, no Porto, foi condenado a pagar uma indemnização de 400 mil euros à família de uma criança que ficou deficiente devido à negligência de uma médica.

Profundamente triste por isto:
  • O processo arrasta-se nos tribunais desde 2003, mas o caso remonta a 2001.
  • Carlos e Patrícia Pereira, residentes na Póvoa de Varzim, tiveram de ir com o filho Sérgio, na altura com dois anos, ao hospital pediátrico do Porto, visto ser "o único com especialidade de otorrino". O menino, que tinha crise respiratória, foi visto pela médica Carolina Serôdio, mas esta ignorou os sintomas.
  • A especialista pensou na hipótese de o menino ter uma papilomatose, tumor benigno na garganta, como se veio a confirmar posteriormente, mas não pediu o exame crucial. Depois, marcou nova consulta, para daí a 11 meses. Porém, cinco meses depois da primeira consulta, Sérgio piorou e entrou em coma. As sequelas cerebrais com que ficou são, ao que tudo indica, irreversíveis. Hoje, o menino tem 12 anos e está totalmente dependente de outros.

Mas, o crime ainda não foi ressarcido:

  • O facto de a sentença poder ser alvo de recurso não descansa a família.
  • A médica não foi condenada porque estava ao serviço daquele hospital público. Continua a exercer funções.

Um país só é Democrático, se a Justiça funciona. De outra forma, a Tirania persiste.

Sunday, February 13, 2011

Diet soda devotees linked to heart attack or stroke

New research from the American Stroke Association that linked diet soda devotees to higher risks of vascular issues such as heart attack or stroke. “This study suggests that diet soda is not an optimal substitute for sugar-sweetened beverages, and may be associated with a greater risk of stroke,” said one of the study’s lead researchers.

Friday, February 11, 2011

Engenharia financeira

A contabilidade não é uma ciência, é uma arte. Por muito que os profissionais de contabilidade queiram afirmar o contrário, a forma como se apresentam as contas depende do que se quer apresentar. Onde começa a realidade e onde acaba a falsidade, é e será sempre um fenómeno. Não nos esquecemos dos casos mais recentes de fraude contabilítico-financeira de Bernard Maddoff, nem da falência fraudulenta da Enron, com a ajuda da maior empresa de auditoria contabilística da época, a Arthur Anderson. Entretanto, tivemos a "bolha da Internet", tivemos a "crise de subprime", depois de muitas outras vicissitudes anteriores.

Agora, sabemos que os déficits apresentados pelos Governos são definidos conforme as conveniências políticas, e rápidamente adaptados por mangas de alpaca criativos.

Por cá, nada de novo: A ministra da Saúde, Ana Jorge, anunciou hoje em conferência de imprensa que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) gastou menos 45 milhões de euros em Janeiro deste ano, em comparação com o mês homólogo de 2010.

Que valor tem esta informação da Dra. Ana Jorge? Para nós, nenhum. Porquê? Porque a Dra. Ana Jorge ainda não tem os valores fechados de 2010, e já apresenta contas de Janeiro de 2011. Ora, qual é o propósito desta apressada apresentação de contas? Apenas e só, tentar acalmar os credores externos de Portugal. Só que estes, são os verdadeiros artistas da criatividade contabilística, e sabem melhor do que ninguém, que este é mais um passe de mágica, de gente que não passa de aprendiz de feiticeiro!

Melhores dias virão, mas a mudança ainda vai demorar.

Tuesday, February 08, 2011

Veto a pedido

Lê-se isto: O Presidente da República vetou hoje o diploma do Governo sobre prescrição de medicamentos que permite que a prescrição da marca do medicamento pelo médico seja substituída pelo farmacêutico, quer por medicamentos genéricos, quer por outro essencialmente similar.

Não se percebe a fundamentação do veto.

A não ser que o Presidente da República esteja condicionado por:

1. A Ordem dos Médicos rejeita a prescrição por Denominação Comum Internacional por estar em causa “a defesa da qualidade da medicina e dos doentes” e propõe uma uniformização dos preços de todos os medicamentos com o mesmo princípio activo.

2. O presidente da Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos (APOGEN) está "absolutamente de acordo" com as razões que levaram o Presidente da República a devolver hoje ao Governo o diploma que prevê a obrigatoriedade da prescrição de medicamentos por substância activa.

3. A Ordem dos Médicos aplaudiu hoje o veto do Presidente da República ao diploma que previa a obrigatoriedade de prescrição electrónica e por substância activa, considerando que é a decisão que defende os interesses dos doentes.

Ou será porque o seu Mandatário de Campanha foi o Senhor Professor João Lobo Antunes?

Sunday, February 06, 2011

Obesity: again and again

The world is becoming a heavier place, especially in the West. Obesity rates worldwide have doubled in the last three decades even as blood pressure and cholesterol levels have dropped, according to three new studies. People in Pacific Island nations like American Samoa are the heaviest, one of the studies shows. Among developed countries, Americans are the fattest and the Japanese are the slimmest. "Being obese is no longer just a Western problem," said Majid Ezzati, a professor of public health at Imperial College London, one of the study's authors. In 1980, about 5% of men and 8% of women worldwide were obese. By 2008, the rates were nearly 10% for men and 14% for women.

Thursday, February 03, 2011

Com a verdade me enganas III

Há por aí muito aprendiz de feiticeiro. Sempre houve. Mas, em tempos recessivos, o número de aprendizes aumenta. Tudo isto a propósito destas novidades:
  • Mais de metade da despesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ainda provém dos hospitais (52%). Uma realidade que deve ser alterada para garantir a sustentabilidade do sistema, conclui o estudo "Saúde em Análise - Uma Visão para o Futuro", apresentado hoje.
  • "A sustentabilidade do sistema de saúde passa por uma diferente organização da prestação de cuidados", conclui o documento da autoria da Deloitte.
  • A análise, que conta com a opinião de várias personalidades do sector como o ex-ministro Correia de Campos, o antigo presidente do hospital de Santa Maria Adalberto Campos Fernandes e o economista Pedro Pita Barros, não poupa críticas ao actual modelo de gestão dos hospitais empresa (EPE).

Engraçado. Ou, trágico. Como é possível que o Prof. Correia de Campos e o Dr. Adalberto Campos Fernandes tenham ajudado a construir um modelo de gestão, que agora criticam?

Relembremos, o Dr. Luís Filipe Pereira criou os Hospitais SA, ou hospitais - empresa, como forma de agilizar os actos de gestão e responsabilizar cada administração. O Prof. Correia de Campos corrigiu o modelo jurídico, e assim as "Sociedades Anónimas" passaram a ser "Entidades Públicas Empresariais".

Agora, o "pai" dos Hospitais EPE vem rejeitar os "filhos"? Como?

Claro está, que percebemos que os Senhores da Deloitte apenas querem apanhar um bom negócio que está a cair de maduro: A consequência, conclui a consultora, "é um historial contínuo de resultados negativos" uma situação que se vai prolongando pela ausência de uma avaliação do desempenho e responsabilização das administrações.

De facto, tudo bons rapazes! Coitados dos Contribuintes, que são no fundo quem paga todas estas irresponsabilidades.

Tuesday, February 01, 2011

Coincidências

Entre este facto: O concurso lançado pelo Instituto Português do Sangue (IPS) para a compra de um equipamento inovador cujos requisitos apontavam para uma única empresa da qual era sócio o filho do presidente do organismo foi anulado, como propôs a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde.

E este outro: O médico especialista em imunohemoterapia Álvaro Beleza é a partir de terça-feira o novo presidente do Instituto Português do Sangue (IPS), sucedendo no cargo a Gabriel Olim, anunciou hoje o Ministério da Saúde.

Ligações perigosas? Não. Tudo bons rapazes!