A contabilidade não é uma ciência, é uma arte. Por muito que os profissionais de contabilidade queiram afirmar o contrário, a forma como se apresentam as contas depende do que se quer apresentar. Onde começa a realidade e onde acaba a falsidade, é e será sempre um fenómeno. Não nos esquecemos dos casos mais recentes de fraude contabilítico-financeira de Bernard Maddoff, nem da falência fraudulenta da Enron, com a ajuda da maior empresa de auditoria contabilística da época, a Arthur Anderson. Entretanto, tivemos a "bolha da Internet", tivemos a "crise de subprime", depois de muitas outras vicissitudes anteriores.
Agora, sabemos que os déficits apresentados pelos Governos são definidos conforme as conveniências políticas, e rápidamente adaptados por mangas de alpaca criativos.
Por cá, nada de novo: A ministra da Saúde, Ana Jorge, anunciou hoje em conferência de imprensa que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) gastou menos 45 milhões de euros em Janeiro deste ano, em comparação com o mês homólogo de 2010.
Que valor tem esta informação da Dra. Ana Jorge? Para nós, nenhum. Porquê? Porque a Dra. Ana Jorge ainda não tem os valores fechados de 2010, e já apresenta contas de Janeiro de 2011. Ora, qual é o propósito desta apressada apresentação de contas? Apenas e só, tentar acalmar os credores externos de Portugal. Só que estes, são os verdadeiros artistas da criatividade contabilística, e sabem melhor do que ninguém, que este é mais um passe de mágica, de gente que não passa de aprendiz de feiticeiro!
Melhores dias virão, mas a mudança ainda vai demorar.