Fala-se em crise há vários anos. Crise. Crise. Crise. Banalizou-se. Serve para tudo, para dizer que as pessoas já só vão de férias para a Cuba, e não para as Ilhas Virgens, mas também para dizer que já só jantam fora duas vezes por semana. De resto, os bancos estão ultra-endividados, o Estado português parece que também tem uma grande dívida, e as empresas e as famílias querem mais crédito, pois não conseguem pagar as suas férias de Inverno.
Apesar de haver um outro Portugal, o Portugal das reformas de 250 euros mensais, para cerca de um milhão de portugueses. E também a geração dos "1.000 euros", ou menos.
Bem, a inovação é o crédito da farmácia do bairro: os portugueses estão a adquirir menos medicamentos e há cada vez mais pessoas a comprar fiado.
Se compravam a crédito na mercearia, porque não hão-de comprar a crédito na farmácia!
Os dados recentes sobre o consumo de medicamentos até são bons para o Ministério da Saúde: Os dados da consultora IMS Health (medicamentos colocados pelos armazenistas nas farmácias) comprovam que houve uma quebra sustentada no consumo: no ano passado venderam-se menos cerca de 13 milhões de embalagens do que em 2009 (uma diminuição de quase cinco por cento).
Que bom, Dra. Ana Jorge. Assim, nem é preciso Ministro (a) da Saúde, basta cortar o rendimento das famílias, e as pessoas deixam de consumir medicamentos, e assim, baixa-se a despesa do Estado com a saúde!
Até dá vontade de pagar impostos: Os especialistas defendem que ainda é demasiado cedo para retirar conclusões. Mas todos acreditam que uma parte dos encargos com fármacos foi transferida para o bolso dos cidadãos. Em Setembro, num estudo sobre o impacto das medidas complementares na área do medicamento, a IMS Health calculava que o nível de despesa dos utentes poderia "aumentar em 150 milhões de euros por ano", passando a despesa total de "1,575 mil milhões de euros para 1,725 mil milhões de euros".