Os mercados são muito emocionais. Quem pode apanhar a artimanha emocional do mercado, pode ganhar muito dinheiro. Assim aconteceu durante décadas no negócio retalhista de farmácia. As pessoas precisam cada vez mais de medicamentos. Os medicamentos têm venda obrigatória em farmácia de oficina (com excepção dos medicamentos de venda livre). Não se podem abrir farmácias, sem autorização do Estado. O Estado é quem suporta mais de 70% dos gastos com medicamentos.
Resumindo, um cocktail que permitia transformar o negócio do retalho farmacêutico, num paraíso. Entretanto, as recessões económicas têm um papel de nivelação das irracionalidades. E assim, fomos ouvindo falar em "fiados" nas farmácias. Vamos ouvindo falar em quebra de venda de medicamentos. Isto tudo, apesar de continuar a não ser possível vender medicamentos, sob prescrição, fora das farmácias.
Mas, como o Estado está a limitar a comparticipação no consumo de medicamentos. As pessoas têm menos rendimento disponível. O desperdício não é tão negligenciável, pois comprar uma ambalagem com 60 comprimidos e consumir 7 ou 8, começa a doer, sobretudo quando o Estado comparticipa cada vez menos.
E então, vemos a correcção natural do mercado: O valor do mercado dos medicamentos em Portugal baixou 19% em Janeiro deste ano, comparativamente com o mesmo mês de 2010, segundo números da indústria farmacêutica, que considera uma "redução impressionante".
Pois é, amigos, gerir com o vento a favor, até um cego ou um condutor sem conhecimentos. Gerir com o vento contra, já não é para todos. Rara era a farmácia, cujo alvará era transaccionado abaixo do milhão de euros. Será que vamos continuar na mesma senda?
A poderosa e rica Indústria Farmacêutica já dispara: "É um valor dramático, muito significativo. Vai ter impactos significativos ao nível do emprego e até do fecho de unidades e de farmácias", declarou João Almeida Lopes, presidente da Associação da Indústria Farmacêutica (Apifarma).
Habituem-se!