Tuesday, September 30, 2008

O tratamento dos diabéticos em Portugal é mau

Não somos nós que o afirmamos. É o Health Consumer Powerhouse, instituição europeia dedicada ao estudo da saúde dos europeus.

Ora vejamos um resumo da situação que aqui se ilustra:
  • A Dinamarca é o país europeu que melhor trata os diabéticos, logo seguida da Grã-Bretanha e da França.
  • Portugal ficou classificado em 27º lugar em 29 países europeus.
  • Este tipo de relatório é o "algodão" que serve para verificar qual o nível de prestação de serviços de saúde em Portugal.
  • Quanto às sub-categorias de avaliação do estudo, Portugal é o último quanto ao "acesso aos procedimentos", em conjunto com a Bulgária, Eslováquia e Roménia.
  • Quanto à "informação disponível e ao direito de escolha dos doentes", Portugal é também o último classificado em conjunto com a Polónia e com Chipre.
  • Apenas no que toca à "generosidade", Portugal tem uma classificação intermédia.

Será que o Ministério da Saúde dá alguma importância a este tipo de relatório europeu, ou vai continuar apenas a pensar num relatório da OMS que classificou o SNS em 12º lugar, há mais de uma década?

Monday, September 29, 2008

Será que Portugal precisa mesmo de mais médicos?

Os cidadãos vivem hoje bombardeados por "soundbytes" da comunicação social. Antes eram os incêndios; agora são os assaltos e a violência; depois, há a crise financeira; já houve a crise das urgências hospitalares; agora, o tema é a falta de médicos.

Está mais do que comprovado que o número de médicos por 1.000 habitantes existentes em Portugal é idêntico à generalidade dos países da União Europeia. Mas, mesmo assim, há falta de médicos. Há médicos que ganham 100 euros por hora. Há médicos importados. E quer-se importar ainda mais:
  • Portugal já tem 4.287 médicos estrangeiros a exercer no país e vai avançar com novos acordos para a contratação de mais profissionais. O mercado da América Latina é o alvo.
  • De acordo com a Ordem dos Médicos, dos 38.538 clínicos que exercem em Portugal, 300 são oriundos da América do Sul. Do Brasil vieram 600.
  • Mas chegam também da União Europeia (2.583), dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (261), da Europa não Comunitária (378), da África não PALOP (33), da Ásia (42), da Austrália (um) e da América do Norte (19).

Para nós, esta situação espelha a falta de organização de várias entidades do país, nomeadamente do Ministério da Saúde e da Ordem dos Médicos. Já há longos anos, que ouvíamos dizer que o Hospital de Santa Maria tinha cerca de 1.000 médicos a mais. Depois, ouvíamos dizer que Lisboa, Porto e Coimbra tinham médicos a mais, e o Interior tinha falta de médicos.

Ouvimos com frequência dizer que os médicos, apesar de serem escassos, trabalham em vários sítios ao mesmo tempo. O que para nós é estranho, a não ser que estes que trabalham em vários sítios ao mesmo tempo, sejam exclusivamente "profissionais liberais". E não são, quase todos têm o seu vínculo a uma instituição do Estado. E o Estado, que são todos os contribuintes, vê a "caravana passar". Pior, ainda que raramente se houve que poderemos estar à "beira do desemprego médico", como se todas as outras profissões pudessem ter desempregados, com excepção dos médicos.

Depois, ainda temos que ler este tipo de afirmação: Apesar de apoiar o Ministério da Saúde nesta matéria, Pedro Nunes lembrou que há muitos estudantes de Medicina nas universidades portuguesas que esperam um lugar nas unidades de saúde quando iniciarem o internato. Mas, afinal há médicos por colocar ou há médicos a mais?

Friday, September 26, 2008

Thursday, September 25, 2008

Haverá falta de medicamentos em Portugal?

Uma das grandes vantagens de Portugal pertencer à União Europeia, é sem dúvida, a existência de tudo. Isto é, não falta leite ou carne, não falta gasolina, nem crédito, não faltam sapatos ou medicamentos.

Bem, parece que não é bem assim, se não vejamos:
  • Há medicamentos que estão a ser exportados para outros países europeus, onde o seu preço é mais elevado do que no mercado nacional. Mas no meio do negócio, doentes portugueses têm ficado privados dos fármacos de que precisam, o que preocupa médicos e responsáveis do sector da saúde.
  • "O caso mais preocupante surgiu agora, com uma doente que estava a tomar um novo medicamento anti-psicótico e que ficou mais de duas semanas sem ele porque estava totalmente esgotado nas várias farmácias a que foi".
  • Preocupado com a situação, o médico contactou o laboratório responsável pela produção daquele fármaco para apurar a razão da sua ausência no mercado, mas a resposta surpreendeu-o: o medicamento não estava disponível porque a empresa distribuidora o tinha exportado.
  • Segundo o presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), João Almeida Lopes, "as empresas distribuidoras ganham mais se exportarem os medicamentos do que se os venderem ao mercado nacional", uma vez que o preço de muitos fármacos é mais baixo em Portugal do que noutros países europeus.
  • O vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos, Mário Jorge Neves, considera que "o país está à mercê de outros interesses, que não os dos doentes" e deixa um aviso: "Em determinadas terapêuticas em que as pessoas dependem da toma diária de um medicamento, isso pode ser a fronteira entre a vida e a morte".
  • O presidente da Federação das Cooperativas de Distribuição Farmacêutica (FECOFAR), José Amorim, reconhece que "a exportação paralela é um problema delicado que, não sendo ilegal, causa algum embaraço e desconforto porque, às vezes, os medicamentos acabam por faltar no mercado nacional".

Sinceramente, acabamos por não perceber claramente o problema. Mas, de uma coisa temos a certeza, esta notícia retrata um enfrentamento entre o Estado e a Indústria Farmacêutica, provavelmente motivado pela pressão que o ex-Ministro da Saúde, Correia de Campos, colocou ao fazer descer administrativamente os preços dos medicamentos dois anos consecutivos.

Vamos ver o que fará a Senhora Ministra da Saúde, face a este problema que se pode vir a tornar complicado.

Wednesday, September 24, 2008

Atenção aos Consultores Médicos

Correia de Campos levantou há alguns dias, a possibilidade da existência de conluios entre Consultores médicos, em funções de avaliação de medicamentos e simultaneamente em colaboração com laboratórios farmacêuticos.

Nos EUA, a Eli Lilly, um dos maiores laboratórios do mundo, vai iniciar uma nova política de publicação dos valores que paga aos seus Consultores, que são sobretudo médicos:
  • In an industry first, Eli Lilly and Co. says it will begin disclosing how much money it paid to individual doctors for advice, speeches and other services.
  • The drug company's move comes as members of Congress push a disclosure bill in an effort to prevent such payments from improperly influencing medical decisions.
  • Beginning next year, Eli Lilly will disclose payments of more than $500 to doctors for their roles as advisers and for speaking at educational seminars. In later years, the company will expand the types of payments disclosed to include such things as travel, entertainment and gifts.
  • Some have voiced concerns that doctors are influenced by these payments in their treatment decisions and that this in turn can drive up medical bills. Although most physicians believe that free lunches or trips have no effect on their medical judgment, research has shown that these type of payments can affect how people act.

Ora bem, poderemos estar perante uma revolução na prática do exercício clínico, nomeadamente na forma como os médicos processam a sua decisão face a medicamentos alternativos. Não significa isto, que se vá eliminar até à eternidade as eventuais ligações perigosas que possam existir. Mas, os seres humanos devem tentar buscar em cada momento, servir mais os cidadãos e procurar menos formas ilícitas, ainda que subreptícias de ganhar dinheiro rápido, como se diz aqui:

  • "The ethical handwriting is on the wall. Disclosure is coming. States are pushing for it, and once a few states do, it's hard to imagine the federal government won't line up behind," said Dr. Arthur Caplan, director of the Center for Bioethics at the University of Pennsylvania in Philadelphia. "I think that's a good thing because we have a great deal of empirical evidence that gift giving can influence behavior in terms of prescriptions, publishing positive findings but suppressing negative findings, and generating enthusiasm for new drugs."

Tuesday, September 23, 2008

Sociedade Prozac 2

A vida é hoje melhor do que há 30 ou 40 anos. Indubitavelmente. Contudo, a vida é menos previsível, a mudança é constante e as pessoas são avessas à mudança.

Como é hoje "inaceitável" falhar, as pessoas defendem-se através de paliativos como estes:
  • O consumo de antidepressivos em Portugal é três vezes superior ao dos outros países da União Europeia (UE).
  • O consumo de medicamentos ansiolíticos, hipnóticos, sedativos e antidepressivos não pára de aumentar.
  • Por regiões, é no Alentejo e no centro do País que os ansiolíticos e os antidepressivos são mais consumidos. Tanto no Norte como em Lisboa e Vale do Tejo registaram-se aumentos significativos entre 2002 e 2007.

Esta situação vai mudar em breve? Temos dúvidas. As famílias vão continuar a ter poucos filhos, porque têm medo do seu futuro. As pessoas vão continuar a não abdicar das aparências de vida, nem que para isso necessitem de ser "medicamento-dependentes".

É a vidinha, como dizia Alexandre O'Neill.

Sunday, September 21, 2008

Serão os médicos vítimas no SNS?

Em Portugal, vá-se lá saber porquê, vive-se em ondas e em modas. Ora, é a educação que é fraca (e é), ou é a segurança que é cada vez menor, ou são os serviços de saúde que perdem qualidade, ou é a economia que é frágil e vive em estagnação há pelos menos 10 anos.

Depois vêm pequenas ondas, dentro das grandes ondas. Na saúde, fala-se dos médicos, da sua insatisfação, da sua falta (nós não acreditamos), dos seus baixos salários e de outras coisas. Os médicos vendem "share" de audiência e número de jornais, quase tanto como o Cristiano Ronaldo.

Vejamos mais esta notícia:
  • João é obstetra há nove anos num hospital público, com o qual acaba de rescindir o contrato por estar «farto das passadeiras vermelhas» que o Estado «estende aos médicos» para abandonarem o Serviço Nacional de Saúde.
  • Nos últimos anos, milhares de médicos têm saído dos serviços públicos. Mas ninguém sabe ao certo quantos. Nem a Ordem, nem o Ministério.
  • O próprio número rigoroso de médicos em actividade em Portugal é desconhecido. Conforme reconheceu o bastonário, há médicos que morrem, mas que os familiares não informam o organismo e outros que já não exercem, mas continuam a pagar quotas como se o fizessem.
  • Dos 38 mil médicos que a Ordem contabiliza, existirão «mil ou dois mil» que não estarão em actividade, segundo as contas de Pedro Nunes.
  • A Lusa tentou apurar junto do Ministério da Saúde quantos médicos deixaram o SNS nos últimos tempos, mas essa contabilidade ainda não está feita.
  • Em 2007, o Ministério da Saúde tinha avançado à Lusa que, entre o início de 2006 e Abril de 2007, 943 médicos tinham deixado o SNS, entre reformas e rescisões.

Oh meu Deus, nem a Ordem dos Médicos, nem o Ministério da Saúde sabem o número de médicos em actividade em Portugal. Que país este, cheio de burocratas nos Ministérios e nas corporações, mas que nem sequer sabem contar, mesmo sabendo nós que a informática faz muito trabalho de arquivo de dados e de controlo.

O Bastonário da OM até pode ser bom médico, mas se nem sabe distinguir médicos em actividade de médicos mortos, deve ser aterrador o seu desempenho como Bastonário, que evidentemente pressupõe capacidade de gestão da dita corporação.

O Ministério da Saúde que tem tantos órgãos, da ACSS à Secretaria Geral do Ministério, passando pelas ARS's e por múltiplas entidades difusas que por lá existem, não tem um número, ainda que aproximado de médicos que trabalham em Portugal. Sabendo nós, que a actividade de medicina em portugal é altamente regulamentada, ao contrário de outras como carpinteiro ou empregado de mesa!

Portugal está mesmo numa onda de mediocridade generalizada!

O sal faz mal

Fonte: aqui.

Friday, September 19, 2008

Palavras de ex-Ministro

O Professor Correia de Campos, ex-Ministro da Saúde, por duas vezes, e ex-Secretário de Estado, gosta muito das luzes da ribalta. Ainda bem, pois sem este tipo de pessoas, a vida seria mais aborrecida. Não lhe bastou uma vida cheia de momentos de luzes e de foguetes. Continua com necessidade de se mostrar e de fazer estragos nos seus objectos de estimação.

Vejamos o que aqui nos diz, em recente entrevista, o ex-Ministro da Saúde:
  • Era absolutamente necessário sair porque uma reforma só se faz se houver uma relação de confiança muito grande entre o líder da reforma e os seus beneficiários, os cidadãos. As minhas quotas de popularidade eram baixíssimas e não era esperável que recuperassem para níveis toleráveis, porque ainda havia problemas para resolver.
  • Os médicos que ficam são tão bons como os veteranos. Reconheço que o ordenado de um médico num hospital é muito baixo e é compensado através de horas extraordinárias acriticamente atribuídas. Ia fazê-lo este ano, criando mecanismos para encontrar um modelo que não tenha que utilizar a ficção das horas extraordinárias, para pagar condignamente, com retribuições proporcionais ao desempenho.
  • É o resultado da política de, ao longo de várias décadas, com cumplicidade visível da Ordem dos Médicos e que também cobre os políticos, se restringir o acesso às faculdades de Medicina. Isto é uma imoralidade. Não tolero lágrimas de crocodilo. Essas pessoas contribuíram activa ou passivamente para a situação actual. Lembra-se da argumentação? Não temos falta de médicos, estão é mal distribuídos. Durante anos a fio foi esta a retórica da OM.
  • As PPP tinham que ser revistas e têm que ser revistas. Não é uma inversão completa do caminho. Não fui eu o autor da junção da gestão clínica com a construção. Mas achei que valia a pena fazer a experiência. Agora, olho para o tempo que demora, e isso [a gestão privada] torna o processo tão complexo, enquanto a construção é mais ou menos controlável... Acho que foi uma conclusão natural. Eu tinha dito (há um despacho escrito) desde logo que o Hospital Central do Algarve seria construído apenas em parceria infra-estrutural. Braga, Vila Franca, Cascais e Loures vinham do passado. Não houve alterações porque o Governo tinha que dar sinais de estabilidade. Foram desde o início intocáveis nesse modelo, aconteça o que acontecer, a menos que haja algum cataclismo.

Mas, Correia de Campos, para além daquela entrevista, vai também lançar um livro, para fazer render no próximo Natal:

  • Num livro que vai lançar na segunda-feira, o ex-ministro da Saúde fala da sua experiência no cargo. Faz muitas críticas ao modo como funcionam as farmácias e o sector do medicamento, e explica, nomeadamente, que há consultores das farmacêuticas entre quem decide sobre as comparticipações do Estado aos medicamentos.
  • Nas comissões que fazem a avaliação das comparticipações do Estado para cada medicamento alguns são consultores de empresas farmacêuticas e seria melhor ir buscá-los ao estrangeiro.
  • A associação Nacional de Farmácias é apontada como sendo, de longe, o actor mais poderoso que teve de enfrentar e acrescenta que só não conseguiu fazer mais neste sector, porque as farmácias actuam como um cartel.

Comentários nossos:

  1. Gerir a saúde, em qualquer país do mundo, é tarefa hercúlea.
  2. O Professor Correia de Campos esteve 5 anos no comando da saúde estatal (2 anos com António Guterres, 3 anos com José Sócrates) e queixa-se de tanta gente e gosta tanto de alardear os seus feitos e capacidades. Porque será?
  3. Vem agora falar da existência de cartéis e conluios, e o que fez o Ministro da Saúde para atenuar ou contrariar tais ILEGALIDADES? É que os carteis são proibidos por Lei. E os conluios no sector público são IMORAIS, pois penalizam os contribuintes.
  4. O Professor Correia de Campos é frontal. Isto é positivo, pois não gostamos de gente dissimulada. Mas, bem que teve 5 anos (é muito tempo), para enfrentar e afrontar estes monstros de que fala, e vem agora fazer acusações em várias direcções. E antes, porque não denunciou os pretensos "cartéis" e "conluios"?
  5. Os atingidos (Ordem dos Médicos, Infarmed e afins) se não reagirem às acusações explícitas e implicitas, do ex-Ministro da Saúde, só vêm confirmar o que ele afirma.

Thursday, September 18, 2008

A realização de um TAC substitui a colonoscopia


Segundo uma investigação recente, publicada no New England Journal of Medicine, refere que a colonoscopia pode ser substituída pela realização de um TAC, evitando-se custos físicos e financeiros: ``It's wonderful we have another test that works at the same level. We could potentially eliminate a whole class of cancers if patients underwent regular screening and had these removed.''

Antes, o American College of Radiology Imaging Network, já tinha realizado pequenos estudos que verificavam esta nova solução mais confortável e com menos custos (The results confirm findings from smaller studies and support the American Cancer Society's decision in March to include the virtual colonoscopy, also known as a CT colonography, as a screening option).

A tecnologia vai ajudando a que as pessoas sofram menos e tenham uma vida melhor.

Wednesday, September 17, 2008

Histórias muito mal contadas

Portugal tem um rácio de médicos por 1.000 habitantes superior a vários países europeus. Ou seja, se há países desenvolvidos que se governam com o mesmo número de médicos que Portugal, porquê que por cá, os médicos parecem jogadores de futebol? Ou pior, parece que o salário dos médicos está a ser objecto de especulação, como o petróleo o foi durante os últimos 6 meses (depois de no início de 2008, o petróleo estar a menos de 100 dólares por barril, atingiu quase 150 dólares, e está agora novamente abaixo dos 90 dólares)!

Vejamos o que aqui nos contam:
  • Os médicos começam a ser assediados logo no último ano da sua formação específica (internato) por empresas privadas de médicos que lhes oferecem chorudos pagamentos para realizarem horas em hospitais carenciados de clínicos.
  • os internos de especialidades como anestesiologia, ginecologia/obstetrícia, pediatria e otorrinolaringologia são os que mais frequentemente são convidados para, quando terminarem a sua formação, prestarem esses serviços.
  • O pagamento, à hora, que estas empresas oferecem aos médicos, é muito mais elevado do que o que os hospitais públicos pagam, apesar de o serviço ir ser prestado em hospitais do SNS.
  • Para Rui Guimarães, este é "um trabalho de mercenário" que nada tem a ver com as ambições de quem estuda e se especializa num hospital público.
  • De acordo com Rui Guimarães, estas empresas negoceiam com os internos que frequentam o último ano da especialidade, oferecendo valores elevados por hora de serviço e, no caso de se tratar de hospitais fora do local onde os clínicos vivem, chegam a oferecer estadias em hotéis.

Mas, afinal os médicos são formados com base em dinheiros públicos, e logo à saída das Faculdades vão trabalhar para empresas privadas que fornecem serviços ao SNS (Estado)? Como? Não poderá ser isto considerado uma alta tramóia? Não estarão os Altos Funcionários do Estado, relacionados com o SNS, a colaborar também com tal tramóia? Depois, vêm dizer que o déficit tem que ser reduzido!

Monday, September 15, 2008

Para que serve uma Entidade Reguladora?

Parece que existe a Entidade Reguladora da Saúde (ERS). Dizem vários dos prestadores de serviço relacionados com a saúde, que a ERS lhes cobra uma taxa anual relevante. Não sabemos se é relevante. Sabemos, no entanto, que para além dessa taxa que cobra aos prestadores de serviços de saúde, ainda usufrui de dinheiros públicos. E para que serve? Nós até imaginamos para quê, mas quando o seu Presidente vem fazer este tipo de declarações, pensamos que seria melhor para os prestadores de serviço e contribuintes, fechar a dita ERS. Vejamos as declarações:
  • O presidente da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), Álvaro Almeida, teme que possam existir laboratórios de análises clínicas que não cumpram requisitos mínimos de qualidade porque «ninguém verifica» a situação, defendendo o regresso do licenciamento obrigatório e eficaz.
  • «É preciso que haja entidades externas que verifiquem se os requisitos humanos e técnicos existem quando se inicia uma determinada actividade. É importante que haja um sistema de licenciamento eficaz», defendeu.
  • O responsável considerou que o anterior processo de licenciamento, da responsabilidade das Administrações Regionais de Saúde, «não era muito facilitador, era complexo e exigia a participação de muitas entidades».
  • «Neste momento há requisitos que têm de ser cumpridos, mas não há sistema montado para verificar que cada vez que um laboratório comece a funcionar os cumpre. Pode acontecer que haja laboratórios a funcionar sem esses requisitos, porque não há ninguém a verificar essa questão»
  • Apesar de os laboratórios conhecidos pela ERS cumprirem «todos os requisitos de qualidade mínimos», Álvaro Almeida refere não haver a garantia que isso aconteça em todos os laboratórios.

Ás vezes, o silêncio é a melhor forma de não dizermos disparates. Esta ERS esteve numa primeira fase, aparentemente desactivada, dado que nem tinha instalações próprias. Depois, parece que lhes deram alguns meios. Mas, ainda temos que ouvir (ler) que "Pode acontecer que haja laboratórios a funcionar sem esses requisitos, porque não há ninguém a verificar essa questão". Mas, afinal para que serve a ERS? E os seus dirigentes e funcionários?

Sunday, September 14, 2008

Friday, September 12, 2008

A batalha dos medicamentos

Os medicamentos representam cerca de 20% das despesas de saúde. É muito. Mais, é difícil que esta percentagem não suba, pois os medicamentos têm contribuido grandemente para o aumento da esperança média de vida.

Depois, há muita gente a querer ganhar dinheiro com os medicamentos: laboratórios que investem imenso dinheiro em investigação, distribuidores grossistas e retalhistas e um conjunto de entidades representativas de corporações.

O Estado é o maior contribuinte para o "bolo" dos medicamentos, mas já percebeu que não consegue diminuir a sua factura. E assim, quer passar parte dos custos acrescidos dos medicamentos para os doentes, que são os contribuintes que pagam o Serviço Nacional de Saúde. Ou seja, o "mexilhão" parece não conseguir libertar-se das "vagas de 7 metros"!

Vejamos o que prepara o Ministério da Saúde para 2009:
  • Os remédios vão ser comparticipados com um valor fixo, independentemente do seu preço.
  • “Não há limite para as medidas a tomar pelo Ministério da Saúde, há é uma gestão permanente da política do medicamento e um esforço constante para pôr pressão sobre os agentes do sector para serem o mais eficientes possível”.
  • A primeira das medidas que deverá ser tomada é uma mudança de fundo: a comparticipação dos medicamentos vai deixar de ser feita em função de uma percentagem, passando a ficar definido um valor fixo para a ajuda que o Estado dá aos doentes quando compram medicamentos nas farmácias.

Mas, há alguém que já vê as consequências à vista:

  • é unânime a ideia de que os doentes vão pagar mais pelos medicamentos se o Governo optar por definir um valor de comparticipação que fique abaixo daquele que é praticado actualmente.
  • é unânime a ideia de que os doentes vão pagar mais pelos medicamentos se o Governo optar por definir um valor de comparticipação que fique abaixo daquele que é praticado actualmente.

Isto tudo porque o "ideal" não existe: o equilíbrio na definição de um valor de comparticipação que não encareça a factura dos doentes, que estimule a concorrência pelo preço e que force os inovadores a descer o preço é, assim, uma equação complicada.

É caso para perguntar, e os impostos não descerão face a uma perda de direitos sociais por parte dos contribuintes?

Wednesday, September 10, 2008

A defesa dos doentes

A saúde custa caro. Todos sabemos disso. A saúde trata pessoas e não cadeiras ou malas. Também sabemos que cada vida humana não pode ter um custo ilimitado, sob pena de não termos recursos para mais nada do que para os gastos com a saúde.

O equilíbrio é difícil. Este doente na Grã-Bretanha, decidiu recorrer aos Tribunais porque o hospital que o tratava lhe recusou o financiamento para aquisição do medicamento que os médicos lhe prescreviam:
  • Colin Ross, 55, from Horsham, West Sussex, who has the bone marrow cancer multiple myeloma, launched his legal battle to obtain the drug Revlimid
  • Mr Ross was challenging a decision by West Sussex Primary Care Trust (PCT) last March to refuse funding.
  • Judge Simon Grenfell overturned the PCT's decision that the new drug would not be cost-effective, and said Mr Ross's case should be treated as "exceptional".

Mas o pior, é que cada hospital tem o seu critério para pagamento dos medicamentos: He found out about the discrepancy by talking to a fellow patient at the Royal Marsden Hospital who lives 12 miles away from him and was receiving the drug.

Pois é, os critérios são diferentes, mas os doentes é que sofrem: "The mental anguish that we have been through has at times been unbearable, and wholly unacceptable in this day and age,"

Os doentes devem estar preparados para mais lutas idênticas. Mas, é preciso que se ganhe a luta, antes de morrer!

Tuesday, September 09, 2008

Fundação Champalimaud: Prémio de Visão 2008

Fonte: aqui.

Temos quase nada investido em investigação em Portugal. Temos quase nenhum investigador de relevo a trabalhar em Portugal. Temos muito pouco mecenato na área da investigação médica em Portugal. Quando alguém faz alguma coisa, deve ser enaltecido. Vejamos:
  • O Prémio António Champalimaud de Visão 2008 vai ser entregue hoje, nos Mosteiros dos Jerónimos, a dois cientistas com estudos publicados sobre os mecanismos de funcionamento da visão. O prémio é no valor de um milhão de euros.
  • Jeremy Nathans e King-Wai Yau vão ser consagrados por descobertas na genética dos pigmentos do olho humano, nas patologias associadas a mutações dos genes dos pigmentos e na relação entre a absorção de luz pelos olhos e os ritmos biológicos.
  • Os investigadores trabalham na Universidade de Johns Hopkins, em Baltimore, no estado norte-americano de Maryland.

Parabéns à Fundação Champalimaud. Parabéns para aos investigadores Jeremy Nathans e King-Wai Yau.

Monday, September 08, 2008

A riqueza do SNS

Somos dos que acreditam nas virtualidades do mercado. Mas, também somos dos que não acreditam que o mercado funcione realmente em Portugal em diversas áreas.

Vejamos este rico exemplo:
  • A carência de médicos obriga muitos hospitais a contratarem tarefeiros a empresas de prestação de serviços para manter as urgências a funcionar. A medida tem um preço elevado: há médicos que cobram 2500 euros por banco de 24 horas.

Como? Se pensarmos que o Presidente da República e o Primeiro Ministro, que são os mais elevados cargos da nação, auferem entre 7.000 e 8.000 euros mensalmente, ficamos com uma perspectiva de que aqueles médicos em 3 (três) dias auferem o mesmo que o PR e o PM.

O que andam a fazer os planificadores do Ministério da Saúde? Como se consegue reduzir custos no SNS, assim?

E alguns dos responsaveis pela situação, ainda afirmam isto: Em alguns casos, adiantou Manuel Delgado, administrador do Hospital Curry Cabral, os hospitais encontram-se numa situação limite ficando sujeitos a este tipo de "chantagem" por parte das empresas que "pedem o que querem".

Só pedem o que querem, porque perceberam que o Estado paga!

Friday, September 05, 2008

Efeitos colaterais

O Estado está financeiramente estrangulado, quer pela falta de controlo da despesa pública, quer pela evidente estagnação económica de quase uma década. Perante isto, quem está a dirigir o Estado tenta a todo o custo, travar o que pode e o que não pode. Esta história tem que ver com a decisão do Ministério da Saúde de redução unilateral do preço dos genéricos em 30%, a partir de Outubro de 2008. Vejamos o que diz a outra parte do jogo:
  • A Bluepharma já despediu 20 funcionário e avançou com um processo em tribunal contra o Estado, depois do Governo ter decidido a descida em 30% dos preços dos genéricos a partir de Outubro.
  • Generis, vai fechar uma fábrica em 2009, eliminando mais de 100 postos de trabalho, ponderando a deslocalização total da produção para fora do País.

Pois é, quando se tomam medidas unilaterais e com custos relevantes, num mundo globalizado, os efeitos colaterais são imediatos. Ou estarão os laboratórios a tentar pressionar um Estado cada vez mais fraco e condicionado por uma actividade económica anémica?

Thursday, September 04, 2008

Consultoria na saúde

O Estado diz que quer ser mais magro. O Estado diz que dispensa funcionários. O Estado tem dificuldades em controlar contratos com entidades privadas (veja-se o caso do acordo com a José de Mello Saúde, no Hospital Amadora - Sintra). O Estado diz que não pode gastar tanto dinheiro, pois diz que gasta de mais.

Aqui, vemos que o Estado pensa gastar mais em serviços externos: Os gastos em consultoria no âmbito das Parcerias Público-Privadas (PPP) para a Saúde poderão chegar aos 19,7 milhões de euros até 2012, mais 6,2 milhões (mais 45 por cento) do que o Governo tinha previsto há um ano.

Como? Então, o Governo pretende desacelerar as PPP, tal como demonstrou no caso do Hospital Amadora - Sintra, e pretende gastar mais em consultoria externa? A história está mal contada!

Mas, vejamos mais detalhes da referida notícia:
  • Em causa está a contratação de consultores externos nas áreas infra-estrutural, jurídica, sistemas de informação, económico-financeira, gestão clínica e na área de contratação pública, com vista ao lançamento das seis unidades hospitalares previstas na segunda fase do Programa de Parcerias Público-Privadas.
  • O Programa de Parcerias Público-Privadas previa o lançamento de 10 novas unidades, das quais quatro numa primeira fase - Cascais, Braga, Vila Franca e Loures - e seis numa segunda fase.
  • Desta segunda fase fazem parte o Hospital de Todos-os-Santos e o Hospital Central do Algarve (cujos contratos foram lançados já este ano) e outros quatro (Hospital do Seixal, Amadora-Sintra, Hospital de Vila Nova de Gaia e Hospital de Vila do Conde/Póvoa do Varzim), cujos projectos estão em fase de análise e de elaboração dos estudos de suporte ao lançamento do respectivo concurso.

Não percebemos. Afinal, o Estado queria acabar com as PPP's, porque não consegue ter técnicos competentes para controlar os respectivos contratos de parceria, e quer alargar o número de parcerias?

Há por aqui jogo oculto, ou se quisermos passagens de cartas por baixo da mesa. Ou será que o Estado precisa de financiamento privado para os novos projectos hospitalares, para evitar o aumento do déficit público?

Wednesday, September 03, 2008

Bipolar ou moda?

Os hipocondríacos são cada vez mais, assim o referem vários estudos científicos. O consumo de medicamentos, as idas ao médico e ao hospital, ou a realização de exames, dispararam, sem fim à vista. Depois, surgem novas palavras que assustam e perturbam o nosso quotidiano, tais como: alzheimer, parkinson ou bipolar.

Agora, parece que meio mundo é bipolar. O que é ser bipolar? Será que é ter altos e baixos? Será que é mudar de humor sem fundamento? Não sabemos. Vemos aqui, que ser filho de pais mais velhos pode vir a trazer a condição de bipolar:
  • The older the father, the greater his child's risk for bipolar disorder
  • That's the conclusion of a new study by Swedish researchers who compared 13,428 people with bipolar disorder to more than 67,000 people without the condition.
  • Children of older mothers also had an increased risk, but the risk was less pronounced than that associated with older fathers.
  • This suggests a genetic link between the advancing age of the father and bipolar and other disorders among children, the researchers said.
  • Bipolar disorder is a common, severe mood disorder involving episodes of mania and depression.

Finalmente, este estudo vem aqui publicado: the journal Archives of General Psychiatry.

Tuesday, September 02, 2008

O exercício faz bem

Fonte: aqui.

Walking on the treadmill can help stroke survivors by rewiring the brain and helping with unassisted mobility as well as improve cardio. While it hasn't been determined whether the improvements to the brain functionality were caused by walking or if participants walked better because of increased brain functionality, walking on the treadmills seems to help stroke victims regain their brain and body functions.

Monday, September 01, 2008

O que é gestão empresarial?

Lemos este título: HUC terão gestão empresarial a partir de hoje.

O que quererá dizer que os Hospitais da Universidade de Coimbra têm gestão empresarial? Será que antes tinham gestão de mercearia? Ou pior, gestão de coisa nenhuma?

Não sabemos se são os jornalistas que não sabem o que escrevem? Ou se os jornalistas acabam por retratar a realidade!

Vejamos mais detalhes da notícia:
  • Os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) vão passar a ter, a partir desta segunda-feira, gestão empresarial, com o objectivo de conseguir uma maior agilidade e eficácia aos serviços sem despedimentos ou aumento de preços
  • A transformação em Entidade Pública Empresarial «vai permitir condições para servir melhor os utentes», segundo o presidente dos HUC, Fernando Regateiro, que sublinha a «maior agilidade e autonomia», que proporcionará «ganhos sem prejudicar a assistência».

Dá a sensação de que até agora, o HUC tratava mal os doentes, ou que o seu Presidente não exercia a sua função de forma integral, já que a partir de agora vai ter ....mais autonomia!

A gestão continua muito mal tratada por cá.