Thursday, September 04, 2008

Consultoria na saúde

O Estado diz que quer ser mais magro. O Estado diz que dispensa funcionários. O Estado tem dificuldades em controlar contratos com entidades privadas (veja-se o caso do acordo com a José de Mello Saúde, no Hospital Amadora - Sintra). O Estado diz que não pode gastar tanto dinheiro, pois diz que gasta de mais.

Aqui, vemos que o Estado pensa gastar mais em serviços externos: Os gastos em consultoria no âmbito das Parcerias Público-Privadas (PPP) para a Saúde poderão chegar aos 19,7 milhões de euros até 2012, mais 6,2 milhões (mais 45 por cento) do que o Governo tinha previsto há um ano.

Como? Então, o Governo pretende desacelerar as PPP, tal como demonstrou no caso do Hospital Amadora - Sintra, e pretende gastar mais em consultoria externa? A história está mal contada!

Mas, vejamos mais detalhes da referida notícia:
  • Em causa está a contratação de consultores externos nas áreas infra-estrutural, jurídica, sistemas de informação, económico-financeira, gestão clínica e na área de contratação pública, com vista ao lançamento das seis unidades hospitalares previstas na segunda fase do Programa de Parcerias Público-Privadas.
  • O Programa de Parcerias Público-Privadas previa o lançamento de 10 novas unidades, das quais quatro numa primeira fase - Cascais, Braga, Vila Franca e Loures - e seis numa segunda fase.
  • Desta segunda fase fazem parte o Hospital de Todos-os-Santos e o Hospital Central do Algarve (cujos contratos foram lançados já este ano) e outros quatro (Hospital do Seixal, Amadora-Sintra, Hospital de Vila Nova de Gaia e Hospital de Vila do Conde/Póvoa do Varzim), cujos projectos estão em fase de análise e de elaboração dos estudos de suporte ao lançamento do respectivo concurso.

Não percebemos. Afinal, o Estado queria acabar com as PPP's, porque não consegue ter técnicos competentes para controlar os respectivos contratos de parceria, e quer alargar o número de parcerias?

Há por aqui jogo oculto, ou se quisermos passagens de cartas por baixo da mesa. Ou será que o Estado precisa de financiamento privado para os novos projectos hospitalares, para evitar o aumento do déficit público?