Monday, September 29, 2008

Será que Portugal precisa mesmo de mais médicos?

Os cidadãos vivem hoje bombardeados por "soundbytes" da comunicação social. Antes eram os incêndios; agora são os assaltos e a violência; depois, há a crise financeira; já houve a crise das urgências hospitalares; agora, o tema é a falta de médicos.

Está mais do que comprovado que o número de médicos por 1.000 habitantes existentes em Portugal é idêntico à generalidade dos países da União Europeia. Mas, mesmo assim, há falta de médicos. Há médicos que ganham 100 euros por hora. Há médicos importados. E quer-se importar ainda mais:
  • Portugal já tem 4.287 médicos estrangeiros a exercer no país e vai avançar com novos acordos para a contratação de mais profissionais. O mercado da América Latina é o alvo.
  • De acordo com a Ordem dos Médicos, dos 38.538 clínicos que exercem em Portugal, 300 são oriundos da América do Sul. Do Brasil vieram 600.
  • Mas chegam também da União Europeia (2.583), dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (261), da Europa não Comunitária (378), da África não PALOP (33), da Ásia (42), da Austrália (um) e da América do Norte (19).

Para nós, esta situação espelha a falta de organização de várias entidades do país, nomeadamente do Ministério da Saúde e da Ordem dos Médicos. Já há longos anos, que ouvíamos dizer que o Hospital de Santa Maria tinha cerca de 1.000 médicos a mais. Depois, ouvíamos dizer que Lisboa, Porto e Coimbra tinham médicos a mais, e o Interior tinha falta de médicos.

Ouvimos com frequência dizer que os médicos, apesar de serem escassos, trabalham em vários sítios ao mesmo tempo. O que para nós é estranho, a não ser que estes que trabalham em vários sítios ao mesmo tempo, sejam exclusivamente "profissionais liberais". E não são, quase todos têm o seu vínculo a uma instituição do Estado. E o Estado, que são todos os contribuintes, vê a "caravana passar". Pior, ainda que raramente se houve que poderemos estar à "beira do desemprego médico", como se todas as outras profissões pudessem ter desempregados, com excepção dos médicos.

Depois, ainda temos que ler este tipo de afirmação: Apesar de apoiar o Ministério da Saúde nesta matéria, Pedro Nunes lembrou que há muitos estudantes de Medicina nas universidades portuguesas que esperam um lugar nas unidades de saúde quando iniciarem o internato. Mas, afinal há médicos por colocar ou há médicos a mais?