Uma das grandes vantagens de Portugal pertencer à União Europeia, é sem dúvida, a existência de tudo. Isto é, não falta leite ou carne, não falta gasolina, nem crédito, não faltam sapatos ou medicamentos.
- Há medicamentos que estão a ser exportados para outros países europeus, onde o seu preço é mais elevado do que no mercado nacional. Mas no meio do negócio, doentes portugueses têm ficado privados dos fármacos de que precisam, o que preocupa médicos e responsáveis do sector da saúde.
- "O caso mais preocupante surgiu agora, com uma doente que estava a tomar um novo medicamento anti-psicótico e que ficou mais de duas semanas sem ele porque estava totalmente esgotado nas várias farmácias a que foi".
- Preocupado com a situação, o médico contactou o laboratório responsável pela produção daquele fármaco para apurar a razão da sua ausência no mercado, mas a resposta surpreendeu-o: o medicamento não estava disponível porque a empresa distribuidora o tinha exportado.
- Segundo o presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), João Almeida Lopes, "as empresas distribuidoras ganham mais se exportarem os medicamentos do que se os venderem ao mercado nacional", uma vez que o preço de muitos fármacos é mais baixo em Portugal do que noutros países europeus.
- O vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos, Mário Jorge Neves, considera que "o país está à mercê de outros interesses, que não os dos doentes" e deixa um aviso: "Em determinadas terapêuticas em que as pessoas dependem da toma diária de um medicamento, isso pode ser a fronteira entre a vida e a morte".
- O presidente da Federação das Cooperativas de Distribuição Farmacêutica (FECOFAR), José Amorim, reconhece que "a exportação paralela é um problema delicado que, não sendo ilegal, causa algum embaraço e desconforto porque, às vezes, os medicamentos acabam por faltar no mercado nacional".
Sinceramente, acabamos por não perceber claramente o problema. Mas, de uma coisa temos a certeza, esta notícia retrata um enfrentamento entre o Estado e a Indústria Farmacêutica, provavelmente motivado pela pressão que o ex-Ministro da Saúde, Correia de Campos, colocou ao fazer descer administrativamente os preços dos medicamentos dois anos consecutivos.
Vamos ver o que fará a Senhora Ministra da Saúde, face a este problema que se pode vir a tornar complicado.