Não é novidade que nos hospitais se ganham doenças. Dito de outra forma, há vários tipos de focos infecciosos que atacam as pessoas que estão nos hospitais (profissionais, doentes e visitantes).
O que já é novidade é isto: Quase dez em cada cem doentes (9,8 por cento) contraem infecções nos hospitais em Portugal, indicam os resultados preliminares do último inquérito de prevalência ontem divulgados no Porto por Cristina Costa, da Direcção-Geral da Saúde. E fazendo uma comparação internacional, aquele resultado é mau: Mesmo com estes números, Portugal está dentro das médias a nível internacional, que oscilam entre os quatro e os 12 por cento. É que não sabemos quem fará parte da média internacional. Farão parte apenas os países desenvolvidos (UE-27, Japão, Canadá, EUA, Austrália e afins)? Ou também os sub-desenvolvidos (Angola, Burkinafasso, Nigéria, Butão e afins)? Se nos tivermos a comparar com todos os países do mundo, estamos próximos da média pior.
Mas, como temos sempre Coordenadores para justificar tudo, não nos surpreende que se diga isto: no inquérito realizado em Março deste ano as definições de infecção hospitalar foram actualizadas e tornaram-se mais abrangentes, o que pode justificar uma parte do incremento.
Pior, as instituições de saúde continuam a ligar muito pouco à investigação: Também o número de hospitais que respondeu quase duplicou em relação a 2003 (114, públicos e privados).
Como a investigação em saúde em Portugal tem um nível de colaboração por parte das instituições baixo, dá nisto: Em Portugal, não há dados sobre a mortalidade provocada por este grave problema de saúde pública. Mas na Europa todos os anos cerca de quatro milhões de doentes contraem infecções nos serviços de saúde e 37 mil acabam por morrer.
Parece que sempre é melhor não se saber das coisas negras!