Wednesday, November 25, 2009

SIDA: a negação da realidade

Primeiro lemos esta notícia: Portugal é apontado no relatório anual das Nações Unidas como o país da Europa Ocidental com a mais alta taxa de novas infecções com o vírus VIH. Que tem esta fonte: A informação do relatório da ONUSida e da Organização Mundial de Saúde (OMS) coloca Portugal no topo dos países com mais infecções na Europa Ocidental em 2008.

Depois, aparece a Coordenação de Portugal: a Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida desmente estes dados.

Pior, a tal Coordenação Nacional para o VIH/Sida mete-se por caminhos enviesados: A coordenação nacional garante que "não há qualquer razão para afirmar que a incidência da infecção está a aumentar em Portugal" e acusa a ONU e a OMS de terem "confundido" notificações com diagnósticos. Segundo a coordenação nacional, o documento em que a ONUSida se baseia apresenta dados sobre as infecções notificadas em 2007, "o que implica a acumulação de infecções diagnosticadas em anos anteriores" e que corresponde a um "esforço" para conhecer os casos diagnosticados anteriormente e que "são tardiamente reportados às autoridades".

Para agravar, chuta-se com a barriga: De acordo com esta tabela, entre 2004 e 2007, o número de novos casos de sida desceu consecutivamente em Portugal, passando de 1764 para 894 em 2007. No entanto, a verdade é que o último relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge revela um aumento de casos em 2008: os dados do Núcleo de Vigilância Laboratorial de Doenças Infecciosas mostram que foram diagnosticados 1201 novos casos de infecção por VIH, o que corresponde a um aumento de 307 novos casos relativamente a 2007.

Nós sabemos que o poder político e administrativo é hábil na leitura de estatísticas, sobretudo quando sabem que há em Portugal um contraditório muito fraco, por parte dos media, que na maioria dos casos nem sabe do que escreve.

Custa a esta gentinha da Coordenação aceitar que Portugal tem graves problemas com o VIH/Sida, e que nem por isso o problema tem estado a ser resolvido. Custa sempre a aceitar que aquilo que aquilo que se faz, não tem resultados nenhuns que justifiquem os lugares pomposamente ostentados!