Monday, May 31, 2010

Tragédia Luso-Grega

Acto 1: Another Danish pharmaceutical company is withdrawing products from Greece in protest at the government's decision to cut the prices of medicines by 25%. The decision by Leo Pharma to suspend distribution of an anti blood-clotting agent and a remedy for psoriasis takes Greece one step closer towards an all-out boycott by medical suppliers. Earlier this week another Danish company, Novo Nordisk, withdrew sales of its state-of-the-art insulin product from Greece for the same reason.

Acto 2 (tragédia lusa): A indústria farmacêutica vai deixar de fornecer gratuitamente os dispositivos utilizados por 600 mil diabéticos, método através do qual fazem a leitura da tira que mede a glicemia. A ameaça foi feita pelos laboratórios, na semana passada, quando o Governo anunciou a redução em 10% no preço de venda ao público das referidas tiras, comparticipadas em 85% pelo Estado.

Os "especuladores financeiros" (vulgo, compradores de dívida pública dos Estados) têm a arma apontada à cabeça dos governos dos Estados. Estes só estão a decretar o fim do sacrossanto Estado Social.

É a vida!

Sunday, May 30, 2010

«A saúde não tem preço, mas tem custos»

Quem o afirma? O Professor Manuel Antunes. E diz mais:
  • Manuel Antunes “dissecou” o Serviço Nacional de Saúde, a convite da Confraria da Chanfana, em mais um jantar temático, realizado na noite de sexta-feira, em Vila Nova de Poiares. O director do Centro de Cirurgia Cardiotorácica dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) deu a conhecer «o olhar de quem vive por dentro», que tem um a vivência inteiramente dedicada, nos últimos 22 anos, ao serviço da saúde pública. Com uma média de trabalho de 12 horas/dia, orgulha-se de não ter listas de espera, e aponta o seu olhar crítico em todas as direcções.
  • «A saúde não tem preço, mas tem custos», afirma, e não tem dúvidas em defender a necessidade explícita do doente conhecer os custos do seu tratamento. Isto porque, em seu entender, por vezes de assiste a um «consumo exagerado de um bem porque não é pago» e isso «também é um desperdício». Como tal, e no que aos cuidados de saúde diz respeito, importa “cuidar”, fazer contas e aplicar medidas de gestão efectivas e eficazes, que passam, também, por consciencializar os cidadãos/utentes desses mesmos custos.
  • Manuel Antunes apontou as operações que efectua e que custam ao Estado entre 10 a 12 mil euros. «Se pedisse à maior parte das pessoas que pagassem mil euros, certamente o fariam», aventou, sublinhando, muito embora, a necessidade de «salvaguardar e garantir a prestação de cuidados de saúde àqueles que genuinamente os não podem pagar». Mas afirma, não são todos os que se encontram nesse registo, tanto mais que os números apontam para a existência de 20 por cento de pobres em Portugal, muito abaixo dos «60 por cento que não pagam taxas moderadoras».

Pois é, chegamos sempre à mesma conclusão: a maioria dos portugueses contribui para o bolo, mas há definitivamente muito comedor de chanfana, que não a paga.

Felizmente que há médicos como o Professor Manuel Antunes, que para além do exercício exemplar da medicina, têm sensibilidade para a sua gestão:

  • dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), de acordo com os quais, em 2009, as despesas da saúde foram 10,3 por cento do PIB, um valor acima da média europeia, disse, que está nos 8,4 por cento.
  • «O orçamento do Ministério da Saúde mais que quintuplicou desde 1991 para 2009 e em 2010 são quase nove mil milhões de euros, pouco mais de metade dos quais gastos com pessoal».

Obviamente que a "parede" está próxima, porque os "especuladores financeiros" que sustentam a enorme dívida da República e da banca, não vão permitir este "fandango":

  • «óbvio que o Orçamento de Estado para despesas de saúde não pode continuar a aumentar».
  • HUC, onde trabalham diariamente seis mil pessoas (entre funcionários e contratados em regime de outsourcing): «Já não digo que se possa fazer com metade, mas pelos menos com dois terços», advogou.
  • «Actualmente é quase impossível gerir o SNS numa perspectiva eficiente», afirma, crítico, sublinhando que a terapêutica que “prescreve” «vai doer», apontando a «lógica despesista», a «gestão ineficiente», os «interesses corporativos» e a «inércia relativamente às reformas».
  • Defensor de «reformas progressivas», que nos «últimos 10/15 anos os sucessivos governos» não fizeram, Manuel Antunes defende uma diferenciação «rigorosa das fronteiras entre o sector público e o sector privado, mantendo, inclusive, pontes entre os seus sectores, mas sem permitir promiscuidades».

Ao contrário do Primeiro-Ministro e do Ministro das Finanças que querem apenas arranjar dinheiro para suportar "penduras", através dos que trabalham e pagam impostos, os verdadeiros patriotas, são pessoas como o Professor Manuel Antunes, que querem tirar da mesa da chanfana, os comedores corporativos, que nada acrescentam e que são autênticos penduras nas almoçaradas!

Post Scriptum: Seria curioso ouvir a argumentação do Senhor Presidente dos HUC, Professor Fernando Regateiro, perante tal afirmação do Professor Manuel Antunes.

Thursday, May 27, 2010

Proposta de medidas de emagrecimento do SNS

Diz quem ainda governa o país, que não basta criticar, não basta dizer mal, é preciso dar soluções. Nós achamos que só vai para o governo, quem quer. Se quem está no governo não tem ideias, deve-se ir embora. Governar significa, ter objectivos, preparar uma estratégia, pô-la em acção e controlá-la. Se não resultar, deve alterar a estratégia ou ir-se embora, demonstrando a sua total inépcia.

Mas, alinhemos no discurso oficial de quem não é capaz de governar, mas não abdica do poiso!

Aqui propomos um conjunto de medidas, mais duras, ou mais leves, mas que emagreceriam o obeso SNS, e talvez garantissem a sua continuidade, sobretudo tendo em vista aqueles que não têm rendimentos para pagar uma cirurgia num hospital privado.

Aqui vão algumas ideias a implementar:
  1. Eliminação de todos os sistemas de saúde de protecção a castas especiais (ADSE, sistema de saúde dos militares, sistema de saúde da polícia, sistema de saúde do Ministério da Justiça, sistema de saúde da Caixa dos Jornalistas, sistema de saúde da CGD, sistema de saúde dos CTT e de muitos outros que por aí existem).
  2. Impedimento de TODOS os funcionários do Ministério da Saúde de exercerem um lugar público e simultaneamente funções como profissionais liberais. Ou seja, qualquer funcionário do Ministério da Saúde só poderá exercer funções privadas, desde que o faça em distrito diferente no qual exerce funções públicas. Ou seja, qualquer médico, enfermeiro, administrador hospitalar ou técnico de saúde, só poderá exercer funções públicas e privadas em simultaneo, desde que o faça, em distritos diferentes, de forma a não haver concorrência na prestação de serviço.
  3. O Estado deve deixar de fixar os preços dos medicamentos. Ou seja, o Estado apenas deve fixar um "tecto máximo" por referência de medicamento, podendo as farmácias vender abaixo desse tecto. O Estado comparticiparia percentualmente sobre o valor final cobrado ao doente.
  4. O Estado deveria fazer cessar todas as licenças sem vencimento, e não autorizar novas licenças. Este tipo de situação está hoje perfeitamente desajustado de um mundo mais aberto e concorrencial. Quem sentir necessidade de pedir licença sem vencimento, deve pedir a rescisão de contrato.
  5. O Estado deveria integrar rápidamente (menos de 1 ano), toda a estrutura assistencial por unidade de saúde. Ou seja, cada Centro de Saúde integrar-se-ia com a respectiva Unidade Hospitalar, de forma a poupar incómodos burocráticos e administrativos aos doentes, e evitando hierarquias múltiplas, que não trazem qualquer valor acrescentado (quem passa a baixa por doença é o Centro de Saúde e não o Hospital; é preciso uma credencial do Centro de Saúde para fazer um TAC num Hospital; etc.).
  6. O Estado deveria centralizar numa única entidade (basta inspirar-se no que faz a Sonae ou a Jerónimo Martins) todas as suas compras de: medicamentos, meios complementares de diagnóstico (vulgo, TAC's, ressonâncias, PET-CT's, raio-x, etc.), aquisição de equipamentos médicos, aquisição de viaturas, aquisição de consumíveis (seringas, algodão, etc.), aquisição de serviços de consultoria (Accenture, escritórios de advogados, etc.), aquisição de alimentação, etc.
  7. Implementar uma contabilidade única para todo o SNS (hospitais EPE's, SPA, Centros de Saúde, etc.), que dê uma informação por centro de custos, fiável e comparável.
  8. Eliminar serviços redundantes. Por exemplo eliminar alguns serviços que não trazem valor acrescentado, e que muitas vezes se sobrepõem: Inspecção Geral das Actividades em Saúde, Entidade Reguladora da Saúde, Instituto da Qualidade na Saúde (recentemente integrado no próprio Ministério da Saúde), Secretaria Geral do Ministério, Alto Comissariado da Saúde, Direcção Geral da Saúde, etc.
  9. Implementar a receita de medicamentos por Denominação Comum Internacional, em que o médico apenas deve aconselhar o doente na opção de medicamento a adquirir, mas nunca impedir a compra do medicamento que o doente entender.
  10. O Estado deveria implementar uma componente variável salarial, tendo em vista premiar os elementos mais eficientes. Este pagamento variável deveria ser baseado numa avaliação externa à entidade em que o funcionário trabalha, tendo a concordância da administração de cada organização.

Tuesday, May 25, 2010

Direitos, liberdades e garantias

Retemos esta decisão:
  • Os hospitais ligados ao Estado que apresentem lucros vão poder continuar a contratar novos médicos, escapando ao plano de austeridade na Saúde apresentado por Ana Jorge.

Lembramos esta visão de George Orwell:

  • Todos os animais são iguais.
  • Todos os animais são iguais mas alguns são mais que outros.

Comentários nossos:

  1. É totalmente falso que haja falta de médicos em Portugal. Para confirmar este facto, basta consultar informação da credível OCDE.
  2. É para nós incompreensível que só os hospitais "com lucros" possam contratar, à sua maneira, médicos. Se for verdade (para nós, não é), que há falta de médicos em hospitais com prejuízos, que culpa terão os doentes dessa situação?
  3. Não é suposto o Estado e as suas organizações serem entidades sem fins lucrativos? (concordamos que também não tenham por fim o déficit eterno).

Monday, May 24, 2010

Deixa-me rir!

Esta é a letra de Jorge Palma:
  • Deixa-me rir
  • Essa história não é tua
  • Falas da festa, do Sol e do prazer
  • Mas nunca aceitaste o convite
  • Tens medo de te dar
  • E não é teu o que queres vender

A Dra. Ana Jorge quer imitar Jorge Palma:

  • Os hospitais públicos têm um prazo de 20 dias para apresentar um plano de redução de despesa, incluindo baixar pelo menos 5% a despesa com horas extraordinárias.
  • Segundo a ministra, só este ano estas dez medidas contribuirão com 50 milhões de euros na redução global da despesa do SNS, que se pretende que seja de mais de 100 milhões de euros até ao final do ano, com a aprovação de outras medidas.
  • O plano de redução de despesas dos hospitais deverá assegurar o cumprimento da meta orçamental de crescimento de apenas até 2,8% da despesa em farmácia hospitalar e baixar pelo menos 2% a despesa com fornecimentos e serviços externos.

Gostamos mais de ouvir Jorge Palma. Da Dra. Ana Jorge, que consta que seja Pediatra, mais parece médica oncologista, especialista em cuidados paliativos! Com contenções deste tipo, os "especuladores financeiros" vão apertar o gatilho! Só quem não conhece a realidade financeira, brinca com coisas sérias.

Sunday, May 23, 2010

Acordou a Dra. Jorge?

Ao contrário do seu antecessor, a Dra. Ana Jorge faz um enorme sacrifício para encarar o enorme fardo que o sector da saúde representa na despesa do total do Estado. Para o Prof. Correia de Campos conseguir reduzir a despesa da saúde, fecharam-se hospitais e SAP's, negociaram-se "à bruta" cortes administrativos nos medicamentos, e fez-ze muita "engenharia" financeira. Foi de curto-prazo? Foi. Mas, teve alguns resultados.

A Dra. Ana Jorge é mais "Gripe A", lavagem de mãos, embalar o pobre contribuinte, de forma a que não acorde para o fim abrupto do mítico SNS.

Tal como o governo de Portugal já funciona por sub-rogação do Banco Central Europeu, a Dra. Ana Jorge não tem outro remédio e entrar na onda, mas devagar:
  • «Não podemos cortar cegamente o orçamento do ministério da saúde, que já é para manter a qualidade do serviço no que consideramos o mínimo exigível. O que temos de cortar, sim, é naquilo que é o desperdício, naquilo que não é necessário», afirmou a ministra.

Mas, as corporações já berram:

  • A serem aplicadas ao sector da saúde "de forma cega e indiscriminada", haverá uma ruptura nos serviços, pondo em causa o Serviço Nacional de Saúde (SNS), alertou o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses. "Mais de 2500 enfermeiros contratados podem ser despedidos", afirmou o SEP num comunicado.
  • Estamos em tempo de crise, é necessário conter a despesa, mas espero que o Governo seja inteligente nessa matéria para perceber que é possível conter gastos em muitos aspectos, mas não o deve fazer nos recursos humanos da Saúde”, disse à agência Lusa Constantino Sakellarides.
  • Pedro Nunes diz que com os cortes na contratação, impostos pelo Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) para o sector da Saúde, existe mesmo o risco de alguns serviços de urgência chegarem a fechar.

Esta gente deve pensar que o contribuinte que acorda todas as manhãs para trabalhar, cumpre os seus deveres fiscais e aguenta o imenso fardo fiscal, vai aturar estes "bem estares" das élites da saúde, para o resto da vida. Se este ou o próximo governo aceitar estas reivindicações corporativas à custa de quem sofre todos os dias para cumprir com um Estado cada vez mais ineficiente, só pode esperar uma próxima e longa "guerra fiscal". Lembram-se do Robin dos Bosques? Apareceu porque havia um Sheriff de Nothingham, tirano.

Post Scriptum: do Reino Unido já se vê isto: Pelo menos 300 mil funcionários públicos britânicos podem perder o emprego nos próximos anos devido às medidas adoptadas pelo novo Governo de coligação para reduzir o défice de 156 mil milhões de libras.

Thursday, May 20, 2010

Wednesday, May 19, 2010

O SNS entrou em colapso II

De facto, a farsa, a comédia e a tragédia (para o desgraçado do contribuinte) é imparável:
  • Na terça feira à noite, o Ministério da Saúde disse à Lusa que a presidente do SUCH sabia desde 26 de abril que ia ser substituída, depois de o Conselho de Administração se ter revelado "estupefacto" com o anúncio de que Nelson Baltazar iria presidir a este organismo.
  • Hoje, em declarações à agência Lusa, a vogal da administração do SUCH Lourdes Hill revelou que a presidente, Paula Nanita, se encontra de baixa desde o dia 28 de abril.
  • Em comunicado divulgado na terça feira, o Conselho de Administração dos SUCH disse estar "completo, cumprindo a maioria dos seus membros o segundo mandato, após ter sido reconduzido em 2009 e não tendo nenhum dos seus elementos renunciado ao cargo nem sido destituído".

Admiram-se muitos portugueses que os chamados "especuladores financeiros" (entidades que compram títulos da dívida pública da República Portuguesa), tenham declarado a falência do país! Sobretudo, enquanto os governantes se entretém em actos sucessivos de má gestão, mas em que ninguém se demite (sem direito a qualquer indemnização) ou assume responsabilidades.

O SNS entrou em colapso

As organizações não entram em colapso só porque deixam de pagar ou sequer de actuar. Às vezes, as organizações dão evidentes sinais de colapso, apesar de mostrarem sinais de vida. Isto significa o fim de um mito, a existência de um serviço de saúde permamente, disponível, tendencialmente gratuito e para todos:
  • A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) intimou dois hospitais públicos a pagarem a meias uma operação a um descolamento da retina que uma doente fez no hospital privado Cuf Descobertas (Lisboa), depois de esta não ter sido atendida de imediato nas duas unidades, por ser véspera de fim-de-ano.

Isto é absolutamente inacreditável. Mas, o que a seguir registamos, é sinal de um completo estado de irresponsabilidade por parte de toda a estrutura do Ministério da Saúde, desde a pediatra Ana Jorge, até aos Altos Funcionários das ARS's e Hospitais:

  • A doente vinha de Faro para o Porto na noite de 30 de Dezembro de 2008 quando sentiu problemas no olho esquerdo e decidiu recorrer à urgência dos HUC (Hospitais da Universidade de Coimbra), que era a mais próxima. Foi-lhe ali diagnosticado um descolamento grave da retina, mas, por ser véspera de passagem de ano e os especialistas estarem de férias, disseram-lhe que para ser atendida no mesmo dia deveria recorrer a uma urgência de um hospital do Porto ou de Lisboa. Ela optou pela capital.
  • Chegou à urgência do Hospital de S. José (que pertence ao CHLC) às 2h50 e saiu dali duas horas mais tarde, depois de o médico interno que a observou lhe ter dito que não tinham oftalmologistas e se devia dirigir ao Hospital dos Capuchos (também do CHLC) para ser vista e operada. Levava um pedido de consulta externa muito urgente, mas teve de aguardar pela abertura, de manhã, do Hospital dos Capuchos, onde uma funcionária administrativa lhe terá dito que o médico não a poderia atender e só num privado seria operada de imediato. Sugeriram-lhe o Cuf Descobertas. Acabou por ser operada nesse hospital privado pelo médico que dirige o Serviço de Oftalmologia do CHLC.

Esta é uma imagem de um Estado Kafkiano, que está apoderado por um conjunto de interesses e interessados, que cinicamente enchem os discursos com os interesses dos doentes.

Veja-se o detalhe sinistro deste episódio surreal:

  • O director do Serviço de Oftalmologia do CHLC - que foi quem operou a doente na instituição privada - adiantou, porém, ao PÚBLICO que a administração já lhe pediu para apresentar um projecto para alterar a situação na unidade pública, de forma que casos como este não se repitam.
  • O médico garantiu ao PÚBLICO que não teve nada a ver com o facto de a doente ter ido ao hospital privado - "foi uma coincidência superdesagradável" - e sublinhou que a cirurgia do descolamento da retina não é feita nos serviços de urgência. "Não é uma intervenção de emergência, apesar de ser urgente", o que significa que pode ser feita vários dias depois, justificou. No hospital público, a doente teria de esperar por segunda-feira (era quarta-feira no dia seguinte era feriado e no outro havia tolerância de ponto) para ser observada e para depois lhe ser marcada a cirurgia.

Chegámos a uma situação, em que as pretensas élites da sociedade já se desresponsabilizam de tudo, sem nunca abdicarem, no entanto, das suas prebendas, sejam elas "tolerâncias de ponto", ou "promiscuidades público-privadas".

Estamos a chegar a um limiar de absoluta intolerância. Ao observarmos a História, verificamos que algo de muito perigoso está do outro lado da esquina.

Tuesday, May 18, 2010

Jobs for the boys

A expressão foi de um ex-Primeiro Ministro. Dizia ele na altura: no more jobs for the boys. Tal era o enxame que ele tinha à sua volta. Mas, os enxames à volta do Estado, não o largam. Parecem larvas que consomem um corpo em estado de cadáver, vejamos um mero retrato da política de saúde da Senhora que está no turno da Avenida João Crisóstomo:
  • O presidente do Conselho de Administração do hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, Nelson Baltazar, em funções desde janeiro de 2009, confirmou hoje à Lusa que cessará funções na sequência de uma proposta do Ministério para participar noutro projeto.
  • O antigo deputado socialista, que deveria cessar funções apenas no final de 2012, afirma acreditar “completamente naquilo que é o projeto do HGO” e considera que deixa à próxima administração um hospital melhor do que o que recebeu.

Terá sido Nelson Baltazar despachado para algum "projecto especial", vulgo prateleira dourada? Ou será que Nelson Baltazar é tão bom, que vai liderar um novo projecto na área do Ministério da Saúde, que vai por exemplo, limitar a débacle financeira do SNS? É que não é normal, alguém estar há pouco mais de um ano numa função, e ser alocado para outra função, sem se saber qual é essa nova função!

Sunday, May 16, 2010

SNS em acelerada auto-gestão

A auto-gestão não funciona. Comprovadamente, no passado, não funcionou. É até mesmo disruptiva. Em Portugal, numa altura em que o governo de Portugal deixou de dirigir a nação, e em que a direcção foi sub-rogada no Banco Central Europeu, os diferentes corpos do Estado estão à deriva. Caminhos muito perigosos, trilham agora os portugueses. Até quando? Até o Banco Central Europeu e os credores de Portugal assim o entenderem.

Sinais de auto-gestão:
  • Só a distração ou a imprudência política pode ignorar os sinais preocupantes de deterioração da situação financeira do serviço nacional de saúde. Crescimento excessivo da factura dos medicamentos, défices crescentes dos hospitais, aumento incomportável das despesas de pessoal, etc.

Quem o afirma? O deputado europeu, Vital Moreira!

Outro sinal:

  • Mas com a despesa com a comparticipação de medicamentos a crescer acima do orçamentado no primeiro trimestre de 2010 - um aumento de mais de 10% em comparação com o mesmo período de 2009 - é possível que o Ministério da Saúde tenha de avançar com um novo quadro de medidas. A hipótese já foi admitida pelo secretário de Estado da Saúde. "Se o efeito [das novas medidas de comparticipação de medicamentos] não for o previsto, temos de avançar com outro tipo de medidas", avançou Óscar Gaspar durante o encontro Tertúlias da Saúde, a 6 de Maio. E uma das formas de reduzir factura do Estado com remédios pode passar por reduções administrativas dos preços dos medicamentos.

Quem o afirma? O ainda Secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar.

Quando quem está no poder, vê que não tem controlo nenhum sobre a situação, é o sinal mais evidente de incompetência e de inoperância. E o que acontece? Nada. A coisa está em auto-gestão. Até onde permitirão os credores de Portugal (há quem lhes chame "especuladores financeiros"), que a situação vá em roda livre?

Thursday, May 13, 2010

Wednesday, May 12, 2010

A comunicação entre técnicos de saúde e doentes

O tema é complexo. Não temos dúvidas. Complicar-se-á ainda mais. Também não temos dúvidas. Mas, não devem os vários intervenientes fugir do problema. Antes têm que o enfrentar. Vejamos este caso paradigmático:
  • Há seis anos, uma mulher morreu no Hospital de S. João, no Porto, no seguimento do ensaio clínico de um medicamento. O reumatologista responsável pelo ensaio vai ser julgado por "homicídio negligente" por "ignorar" as queixas da paciente.
  • O Tribunal de Instrução Criminal do Porto decidiu pronunciar um médico reumatologista do Hospital de S. João, pelo crime de homicídio negligente durante o ensaio clínico de um medicamento que, ao que tudo indica, causou a morte a uma mulher de Guimarães, no dia 20 de Fevereiro de 2004. A mulher sofria de artrite reumatóide.
  • O médico, também professor auxiliar na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, era o responsável pelo estudo clínico do medicamento Humira, do Laboratório Habbott, que foi entretanto licenciado pelo Infarmed e encontra-se, agora, à venda.
  • "O problema não era nem é o medicamento. O problema é que a minha mãe não foi informada dos riscos que corria, inclusive o risco de vida, enquanto tomava, a titulo experimental, o medicamento", disse ao JN Fernando Moreira, o filho da doente que acabou por falecer com tuberculose e sépsis.

Já não compreendemos o mutismo desta gente: Tanto a Ordem como a Inspecção-Geral de Saúde receberam, há cinco anos atrás, uma denúncia de Fernando Moreira sobre a actuação do médico acusado e sobre a forme como decorreu o ensaio no Hospital de S. João. "Ambas as instituições delegaram qualquer decisão para depois de ser conhecida a decisão do tribunal".

Para que serve então a tal de Inspecção? Não quer arriscar? Não tem uma função própria? Quanto à Ordem dos Médicos, naturalmente, defende os seus membros. Como sempre. Agora, a Inspecção do Ministério da Saúde não tem vida e vontade própria?

Uma coisa temos a certeza, serão os técnicos de saúde que têm que se adaptar aos doentes, e não o contrário.

Monday, May 10, 2010

Críticos

Fonte: aqui.

Sunday, May 09, 2010

«Ministério não é o paizinho dos hospitais»

Quem o diz? A Senhora Ministra, Dra. Ana Jorge! O que quer dizer? Pois, não sabemos. Há uma cultura ancestral de intervenção do Estado em todas as actividades. Os pobres pedem maior intervenção do Estado. Os grandes grupos empresariais pedem maiores ajudas ao Estado. Este anátema é muito antigo, até o demonizado Dr. António de Oliveira Salazar acentuou a intervenção do Estado.

E agora, a Dra. Ana Jorge quer ser diferente: A ministra da Saúde, Ana Jorge, apelou hoje à «boa gestão» dos hospitais e pediu responsabilidades às unidades pelos seus gastos e cumprimento dos contratos-programa, recusando que o Ministério sirva de «paizinho» dos hospitais.

Chega a este extremo: «Não é necessário que o Ministério ou os seus organismos sirvam quase de um paizinho que tem de andar a acompanhar periodicamente os hospitais para eles cumprirem aquilo que são as regras que vêm na contratualização», advertiu a ministra, durante uma visita ao Hospital Geral do Centro Hospitalar de Coimbra.

Tudo isto por causa de um Relatório do Tribunal de Contas: Ana Jorge falava aos jornalistas a propósito da subida da dívida dos hospitais à indústria farmacêutica e do relatório do Tribunal de Contas que conclui que estas unidades estão a atrasar o pagamento aos fornecedores porque o Estado, no contrato-programa que define o financiamento das mesmas, não paga algumas actividades da prestação de cuidados.

Mas, há uma coisa que a Dra. Ana Jorge, enquanto Ministra da Saúde, não abdica, a nomeação de pessoas da sua confiança política e pessoal, nos hospitais do Estado! Pois, olha para aquilo que eu digo, mas não olhes para aquilo que eu faço!

Thursday, May 06, 2010

Tylenol

The Food and Drug Administration confirmed Wednesday that the bacteria found at the Johnson & Johnson plant that produced the recalled children's medicines was Burkholderia cepacia, a bacteria often resistant to common antibiotics. The Centers for Disease Control and Prevention said B. cepacia poses little medical risk to healthy people. However, those with certain health problems like weakened immune systems or chronic lung diseases, particularly cystic fibrosis, may be more susceptible to infections with B. cepacia.

Wednesday, May 05, 2010

As roletas russas acabam normalmente mal

A sociedade portuguesa vai em aceleração. Para onde? Não sabemos. As burlas. Os tráficos de influências e de substâncias. A ineficácia total das "autoridades". Vale mesmo tudo:
  • Cerca de 70 funcionários do Hospital de S. João, no Porto, estarão envolvidos num esquema de fraude à ADSE, com prejuízos para o hospital superiores a 100 mil euros.
  • depois de uma auditoria interna ter detectado uma série de facturas provenientes de uma só clínica que levantavam suspeitas de irregularidades.
  • O esquema, apurou o JN, passava por efectuar tratamentos corporais numa clínica privada do Porto a custo zero, com a comparticipação da ADSE. Os trabalhadores, maioritariamente mulheres, pediam uma receita a um médico para tratamentos de drenagem linfática - por exemplo às pernas - e dirigiam-se à clínica, no centro do Porto, onde recebiam massagens corporais que não correspondiam ao tratamento receitado.
  • Depois dos tratamentos, os funcionários apresentavam ao hospital as facturas emitidas pela clínica com a designação "60 sessões - massagem de drenagem linfática com correntes farádicas", no valor de 2100 euros, para efeitos de reembolso da ADSE (80%).

Mas, a chico-espertice nacional tem fama antiga, mas consegue estar actualizada:

  • A ideia era receber massagens a custo zero, numa clínica privada do Porto, segundo apurou o «Jornal de Notícias». A ADSE comparticipa tratamentos de drenagem linfática, mas não comparticipa tratamentos corporais e massagens. Forma de contornar isso era, alegadamente, obter uma receita para os ditos tratamentos de drenagem linfática e trocá-los por massagens, muito diferente daquilo que tinha sido receitado. Diagnóstico: fraude.
  • A desconfiança terá crescido quando verificaram que os dados referentes ao emissor das facturas não eram fidedignos. Onde pára a clínica é a pergunta que se segue. O número de telefone não existe e o JN foi bater à porta da morada que vem na factura e que corresponde a um andar na Rua do Bolhão.
  • O fio da história pode não ficar por aqui. Outros hospitais do norte poderão ter sido lesados com esquemas semelhantes. Inocentes estarão, aparentemente, os médicos que passaram as receitas.

Curiosa é esta opinião de que "inocentes estarão......os médicos", ainda que tenham passado receitas a pedido! De facto, não há possibilidade de pôr ordem numa casa em completo desnorte!

Monday, May 03, 2010

Ligações perigosas

Não basta à mulher de César ser séria, tem que parecer séria!

Isto tem um nome:
  1. O novo presidente do Infarmed (Jorge Torgal) garante que já não pertence à Fundação GlaxoSmithKline das Ciências de Saúde, apesar de continuar a aparecer na site da internet desta multinacional farmacêutica como vogal do respectivo Conselho de Curadores.
  2. “Fui curador mas já não sou, porque a fundação deixou de funcionar desde que saiu o anterior presidente [da GSK]”. Seja como for, “esta era uma solução independente da empresa e as decisões eram tomadas independentemente da atribuição de subsídios”, acentuou Jorge Torgal, que não quis prestar declarações a propósito da sua nomeação para o Infarmed. O médico reagia assim a várias notícias que o davam como conselheiro da indústria farmacêutica.

Sunday, May 02, 2010

A farmácia visa sobretudo o lucro

É verdade, as farmácias são na sua grande maioria privadas e visam o lucro. Mas, há quem ache que as farmácias, ditas de comunidade ou de oficina, visam muito mais do que o lucro. Talvez. Imagine-se o serviço "para-médico" que muitas farmácias prestam a muitos cidadãos, evitando que estes vão ao médico, por causa de uma dôr de garganta ou de uma dôr intestinal.

Mas, ao ler isto, ficamos com a perfeita noção de que um negócio de ratalho farmacêutico é gerível da mesma forma que um supermercado ou um café: Com a subida das margens de lucro para 20 por cento, prevista para Junho, as empresas estão a racionar o stock, para beneficiar do aumento. As farmácias e as empresas distribuidoras e grossistas estão a cancelar, desde o início da semana, as encomendas dos medicamentos à espera que entre em vigor o aumento das margens de lucro, previsto para Junho. Esta situação pode levar à ruptura de medicamentos no mercado, prejudicando os doentes.

Poder-se-á dizer que as farmácias não podem fazer promoção ou publicidade aos medicamentos com prescrição. É verdade. Mas, os alvarás de farmácia não são de livre acesso como os alvarás de tabacarias ou dos restaurantes.

Para além disso, quem se arrisca a abrir uma mercearia, sabe que não pode perder dinheiro, mas não tem margens de lucro garantidas, ao contrário das farmácias, que usufruem de uma situação única: uma margem de lucro garantida por quem lhes atribui o alvará, o Estado!

Como o "bolo" dos medicamentos é muito suculento, há sempre alguém que acha que ganha pouco com o "suco": o sector (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica) solicitou a intervenção do Governo, alertando para uma alegada ilegalidade na falta de recepção de encomendas, motivadas por uma alteração legislativa, com consequências no fornecimento de medicamentos à população.

Mas, quem deveria emitir uma opinião, como entidade reguladora que é, assobia para o ar: A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), que representa o Ministério da Saúde, afirmou não 'ter informação a prestar' sobre o assunto.