Uma das maiores doenças ancestrais de Portugal, sempre foi o corporativismo. As classes profissionais reivindincam tudo e impedem que se alcance o interesse público. Exemplos? Tantos. O estatuto e a clara ineficiência do sistema de justiça. A histórica falta de médicos (em que nós nunca acreditámos), motivada pelo claríssimo bloqueio da Ordem dos Médicos. A não existência de um sistema de avaliação de desempenho na generalidade dos serviços públicos (mascarada com as vergonhosas promoções automáticas ou com essa sigla tenebrosa que dá pelo nome de Siadap).
Aliás, o Estado Novo até tinha o chamado Ministério das Corporações. O Regime de Abril não melhorou nada. Antes, promoveu guerras entre corporações, como é o caso do sector da saúde. Vejamos mais estas batalhas entre corporações:
1. O bastonário da Ordem dos Médicos disse esta noite, no Porto, que a alteração da legislação sobre a prescrição de medicamentos genéricos «pretende favorecer as farmácias» e pode trazer «riscos para a saúde do doente».
2. O dirigente da Ordem dos Médicos Caldas Afonso considerou hoje que a troca de medicamentos genéricos nas farmácias, que o Governo quer implementar, vai acabar por destruir a indústria nacional da especialidade.
Veja-se até onde chega a falta de pudor, a corporação médica quer até ser o defensor da economia nacional. No fundo, do que é que os médicos não percebem? A generalidade dos hospitais públicos é administrada por médicos, e estão falidos. Aparentemente, esta evidente ineficácia não chega, para que a classe se retire de áreas para as quais não tem nenhum conhecimento ou sequer sensibilidade.
Dr. Paulo Macedo vá em frente, e aplique finalmente a prescrição por "denominação comum internacional". Os contribuintes agradecem e a generalidade dos doentes também. Aliás, o que serve para a Finlandia ou para outros países europeus, também deverá servir para Portugal.