Andam para aí a dizer que há falta de médicos, pelo menos há décadas. Dizem também, que há falta de médicos no Interior de Portugal e nos Centros de Saúde. Há milhares de portugueses a cursar medicina em Espanha, na República Checa e na República Dominicana, sobretudo porque em Portugal não há vagas suficientes no ensino superior público e no ensino superior privado está vedada a leccionação em medicina. Ou seja, a Ordem dos Médicos manda, pode e quer, na política pública de ensino.
Com uma absoluta desfaçatez, e fazendo dos cidadãos tolos, vem a tal de Ordem dos Médicos pedir isto: A Ordem dos Médicos apelou, numa carta enviada ao ministro da Saúde, à revisão dos 'números clausus' para Medicina e do número destes cursos em Portugal, adequando-os "às reais necessidade futuras dos portugueses".
E a razão para tal dislate é esta: "Se o Estado continuar a financiar cursos a mais e a impor vagas em excesso, que reduzem a qualidade da formação, não pode depois dizer que não há dinheiro para tratar os doentes ou para permitir que todos os licenciados em Medicina tenham acesso a uma especialidade", adianta o bastonário.
Não queremos ver médicos portugueses desempregados, ou sequer a emigrar. Queremos ver os médicos que têm pouco trabalho nos hospitais de Lisboa, Porto e Coimbra, reorientados para as áreas em que há falta de clínicos. Se esta abordagem funciona em todas as profissões, porque não servirá para os médicos? Já agora, se há "vagas em excesso", como diz a corporação médica, porque será que ainda há por aí umas largas centenas de médicos espanhóis, brasileiros, cubanos, etc.?
Com élites destas, Portugal não vai sair da presente falência tão cedo!