Há muito tempo que Portugal vai mal. Mal dirigido. Poucos se importam com a condução, enquanto os financiadores do país forem fornecendo liquidez.
Estes são exemplos contraditórios:
1. Grande parte do desperdício no Serviço Nacional de Saúde é da responsabilidade dos médicos. Esta é pelo menos a convição do presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida - ele próprio um médico. Miguel Oliveira e Silva diz que os clínicos portugueses receitam demais, pedem exames a mais e, muitas vezes, fazem-no por causa de interesses comerciais.
2. Uma norma da Direção Geral de Saúde (DGS) sobre a utilização clínica de antipsicóticos está a gerar contestação junto de alguns psiquiatras. «Esta norma tem em vista um critério economicista. Os doentes respondem de forma diversa aos antipsicóticos e as respostas têm de ser dadas caso a caso. Parte-se do princípio de que um médico é uma pessoa de bem, mas, de qualquer modo, as prescrições podem ser investigadas e fiscalizadas. Isso já existe».
Evidentemente que há desperdício. Há desperdício, porque há recursos para se gastarem em desperdícios. Não há melhor forma de se fazerem reformas do que fechar a torneira do dinheiro. Os portugueses, quer sejam os doentes, quer sejam os prestadores de serviços de saúde, têm a memória curta. Pior, julgam que Portugal gera a riqueza suficiente para dar a qualidade de vida superior que pretendem obter. Estão enganados. A mudança vai acelerar. E muito.