Quando a má fama ultrapassa fronteiras, as reacções são em cadeia:
- Os hospitais com dívidas estão a ser forçados a cumprir novas regras para continuar a receber medicamentos dos laboratórios.
- As empresas farmacêuticas exigem que seja fixado um plano de pagamento a prestações da dívida ou só admitem fornecer uma nova remessa de medicamentos quando a factura anterior estiver saldada.
- Alguns laboratórios não estão dispostos a esperar pelo prometido plano de pagamento da dívida dos hospitais aos fornecedores e decidiram avançar para medidas por conta própria.
Isto é fantástico, pois o que acontece neste momento ao Estado português (quem será o Estado português?), costuma acontecer a qualquer indivíduo ou instituição que não cumpre com as suas obrigações. E quando não se cumpre à primeira, nem à segunda, nem à terceira, já ninguém acredita em promessas vãs: O Governo promete apresentar um calendário de regularização de dívidas a fornecedores até ao final do ano, mas, enquanto isso, o problema agrava-se com o aumento dos débitos dos hospitais que, em Outubro, ultrapassava os 1,3 mil milhões de euros e da demora no pagamento (média de 450 dias de atraso).
Ou seja, estamos declaradamente em bancarrota, ainda que tudo continue na mesma, o Senhor Presidente da República diz mal das instituições europeias, uma boa parte da classe política diz mal dos credores e ainda financiadores de Portugal, e uma grande parte dos portugueses ainda não percebeu o que se passa. De si próprio, ninguém diz mal.
É sempre melhor ver a culpa nos outros.