Monday, June 16, 2008

Ineficiência logística do SNS

Não basta ter mesas, cadeiras, médicos, enfermeiros e equipamentos para que se consigam bons níveis de serviço. É preciso um fio condutor, que permita que os diferentes recursos interajam entre si de forma eficiente.

Palavras bonitas! Na prática, é sempre fácil complicar ou tornar as coisas mais complicadas. Vejamos esta notícia: Os hospitais enviam doentes para os centros de saúde para lhes serem passados exames, numa prática que desvia despesas e ocupa os médicos de família com burocracias.

Vamos à origem da notícia, que é a FNAM (uma das corporações de médicos) e vemos isto:
  • diversos hospitais têm promovido a transferência da requisição dos exames complementares de diagnóstico entendidos necessários nas consultas realizadas pelos seus médicos para os Centros de Saúde – neste procedimento frequentemente nem sequer é anexada qualquer informação clínica.
  • Os hospitais começam agora a solicitar que sejam os médicos de família a requisitar os exames pré-operatórios e de estadiamento em situações oncológicas, bem como a emitir as credenciais de transporte dos doentes para consultas, tratamentos e internamentos.
  • Esta prática é identificada pelos médicos de família como um dos factores mais geradores de desmotivação no seu trabalho diário, na medida em que se vêem sobrecarregados com solicitações de utentes vindos dos hospitais que visam uma mera acção burocrático-administrativa de pedidos de transcrição.
  • Implicam um aumento importante do número de consultas, desnecessárias, nos Centros de Saúde e um acréscimo de custos, fruto de os utentes terem de recorrer aos seus médicos de família para simplesmente formalizar requisições decorrentes da avaliação clínica efectuada a nível hospitalar.

Não gostamos de ouvir lobbies a reclamarem o seu quinhão. Contudo, quando os lobbies dão verdadeiros contributos para uma melhoria dos serviços, gostamos de ouvir.

Neste caso, esta corporação de médicos até tem uma intervenção adequada, dado que estes procedimentos burocráticos do Ministério da Saúde podem ter algum objectivo, mas de certeza que não têm como fim a satisfação dos doentes.

Independentemente da satisfação dos médicos e de outros colaboradores da saúde, os doentes devem ser o fulcro dos serviços da saúde, e nesta reclamação da FNAM, vê-se claramente que os doentes são um objecto que anda de um lado para o outro! E quando assim é, o serviço não serve. Ou dito de outra forma, não há qualidade do serviço, ainda que o serviço médico possa ser satisfatório!