Monday, March 17, 2008

A repetida insustentabilidade do SNS

Todos sabemos que para suportar a saúde, todo o dinheiro é pouco. Este estrangulamento tem várias motivações: 1) o custo acrescido da saúde é motivado pela vontade de enriquecimento de vários profissionais e corporações da saúde; 2) os doentes exigem aquilo que é possível e impossível (a eterna beleza); 3) a desorganização e a falta de controlo de gestão, ajudam muita gente.....

Uma das "pérolas" do antigo Ministro da Saúde, Correia de Campos, eram as Unidades de Saúde Familiar (USF). O modelo foi bem recebido por profissionais e por doentes. Mas, o dinheiro, que é o "lubrificante" de tudo, escasseia e então deveremos estar com mais um aborto à vista:
  • Uma das principais bandeiras políticas do Governo - a multiplicação de unidades de saúde familiar (USF), pequenos grupos com autonomia nos centros de saúde que permitem melhorar a cobertura de médicos de família - pode estar em risco, se não entrarem rapidamente em vigor as compensações financeiras previstas na lei para os profissionais de saúde que as integram.
  • Em Fevereiro, a ministra da Saúde foi criticada depois de ter anunciado uma portaria que estipula incentivos financeiros para os enfermeiros e administrativos das USF. Nessa altura, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) pôs em causa a exclusão dos clínicos destes incentivos financeiros. Agora voltou à carga, numa carta enviada ao primeiro-ministro, em que o acusa de estar “intoleravelmente longe da verdade quando se refere a incentivos para médicos” nas USF.
  • Mas o principal problema - que pode mesmo vir a pôr em risco a reforma, segundo os sindicatos - prende-se com o atraso da entrada em vigor do pagamento das remunerações aos médicos das USF, como estava previsto na lei para o chamado “modelo B”. Tanto o SIM como a Federação Nacional dos Médicos já afirmaram que é necessário uma decisão política urgente que não pode ser protelada para além do início de Abril.
  • No 1º Encontro das USF do Norte, realizado na semana passada, houve mesmo quem equacionasse a hipótese de desistir do novo modelo organizativo - através do qual os médicos se comprometem a assumir uma lista de utentes mais alargada (uma média de 1750, em vez dos 1500 até agora previstos) e a trabalhar em horários mais prolongados. O problema é que os profissionais de saúde (não só os médicos, mas também os enfermeiros e os administrativos) têm estado até agora a assegurar esta carga de trabalho suplementar sem serem compensados financeiramente por isso.

É que este Governo é perito em gerir a falácia! Será que ainda vai mudar de comportamento até às eleições?