Um dos sinais de decadência de Portugal passou por uma visão ingénua da vida, em que se criou um imaginário de que os cidadãos tinham direito a tudo (saúde, educação, habitação, etc.), sem que tivessem que dispender recursos directos. Mais, nesse idealismo confrangedor, até se considerava que toda e qualquer parte do país, poderia e deveria ter uma rede de assistência pública, independentemente da sua dimensão social e económica.
O chamado Hospital do Médio Tejo, que resultou da fusão de 3 hospitais (Tomar, Torres Novas e Abrantes), foi um dos máximos expoentes da irracionalidade que varreu Portugal.
Agora, padece-se de enfartamento: O Centro Hospitalar do Médio Tejo, que engloba as unidades de Tomar, Abrantes e Torres Novas, bem como o hospital de Santarém fazem parte da lista dos 21 hospitais em risco de falência técnica no país.
Surprendido? Não. Apenas, nos espantamos de isto estar a acontecer só agora. Naturalmente que quando se fundiram os 3 hospitais, já eram sinais de clara hecatombe à vista.
E quando a cabeça não pensa, o corpo é que paga: Os dados são revelados hoje na edição do jornal Correio da Manhã que aponta para um prejuízo de 14,3 milhões de euros no Centro Hospitalar do Médio Tejo e 3,2 milhões de euros no hospital de Santarém, dados referentes a julho de 2012. Perante este estrangulamento financeiro nos hospitais em falência técnica verifica-se o cancelamento de cirurgias programadas e a suspensão de tratamentos a doentes crónicos.
Há um projecto para transformar a Maternidade Alfredo da Costa em Museu da Criança. Que ideias terão os políticos de serviço para vir a colocar nos hospitais falidos de Tomar, Torres Novas e Abrantes? Lojas do cidadão?