Estar de luto não é bom. Perdeu-se alguma coisa. Perdeu-se alguém. Há, no entanto, quem goste de estar de luto, apenas porque não soube cuidar do seu negócio: As
farmácias portuguesas foram chamadas a "pôr luto" e explicar aos utentes as
razões que podem levar ao encerramento de 600 unidades, numa ação hoje iniciada
que inclui uma petição ao Governo para alterar as políticas do sector.
Engraçado. Curiosamente engraçado, quando deveria ser triste, e até mesmo sinistro. Alguém que comprou um alvará, que foi concedido pelo Estado, para a exploração de um negócio, e não soube gerir a loja, quando tem o privilégio supremo de actuar num mercado contingentado e não num mercado livre. Quem dera as mercearias, que o estado condicionasse no passado, a abertura de supermercados e hipermercados. Se o Estado o tivesse feito, ainda haveriam mercearias nos centros das cidades.
Depois, alguém que é suposto saber da lógica do negócio e da legislação inerente, emite atoardas deste género: Por
isso, "se nada for feito o risco é que um número significativo de farmácias,
cerca de 600, possa vir a encerrar", afirmou Paulo Duarte, apontando o impacto a
nível de emprego, pois "há cerca de 100 mil famílias que dependem direta e
indiretamente das farmácias".
Oh meus amigos, os alvarás das farmácias são concedidos pelo Estado, via Infarmed, e se as farmácias se tornarem insolventes, competirá naturalmente ao mesmo Estado colocar no mercado novamente os alvarás. Ao contrário do que dizem, o negócio de farmácia é viável, mesmo com a recessão económica e com o emagrecimento das margens de lucro. Naturalmente que a viabilidade das farmácias passa por uma lógica de gestão, algo que muita gente no sector nem sequer sabe o que é. Se forem entregues os alvarás das farmácias aos principais operadores retalhistas portugueses, eles não perderão dinheiro, com certeza.
Tantos incompetentes, num país tão pequeno, com um poder de opinião maior do que eles!