Vivem-se em Portugal, situações de drama. Drama real. Drama ficcionado. Se há muita gente que é vítima da recessão económica por razões reais, como sejam as relacionadas com a deslocalização de empresas. Outros há, que viveram durante décadas situações confortáveis, mas não se prepararam para dias mais agrestes.
As farmácias gritam agora: “se nada for feito urgentemente, 600 farmácias, das 2900 que existem, irão
encerrar no próximo ano”. Curioso era, que antes, existisse um sector imune à falência. Nas actividades económicas, as falências devem ser encaradas como normais, ainda que não devam ser em quantidades exageradas. Anormal eram os valores de trespasse de cada farmácia, fossem elas pequenas ou grandes, situadas nas grandes cidades ou em zonas rurais.
Num país sempre dependente do Estado - paternal, é normal este tipo de queixume: A solução proposta pela ANF para tentar solucionar a situação é “um pagamento
adicional às farmácias de 0,94 cêntimos por embalagem vendida, valor a suportar
pela indústria sem penalizar os doentes”.
Porque é que a Indústria farmacêutica haveria de pagar 94 cêntimos por embalagem ao retalho farmacêutico? Porque é que as farmácias mantém uma margem de lucro fixada por Lei nos medicamentos sob prescrição médica?
Enquanto as farmácias beneficiaram do facto de serem um apêndice do Ministério da Saúde, com margens brutas elevadas e garantias de pagamento, tiveram uma vantagem competitiva única na actividade económica em Portugal. Todos os empresários gostariam de ter garantido o pagamento, sempre. Infelizmente, o risco de não - cobrança mantêm-se em todos os sectores, e parece não existir no retalho farmacêutico. Aliás, o Ministério da Saúde chega a pagar com prazos de mais de 300 dias à Indústria farmacêutica. Se isto acontecesse às farmácias, como reagiriam elas?