Friday, August 31, 2012

Crónica de uma morte anunciada

Durante décadas, o retalho farmacêutico viveu faustoso. Durante décadas, os detentores de uma farmácia, limitavam-se a levar o dinheiro da caixa registadora, não se preocupando com as entradas e saídas de capital, tal era a bonança.

O negócio realizado com o principal cliente, o Estado (e por esta via, o Contribuinte), falhou, porque o Estado está falhado. Agora, faz-se a missaDuas em cada cinco farmácias tinham fornecimentos suspensos, em Junho deste ano, e mais de 600 podem estar em situação de ruptura, uma situação que a ANF considera de «catástrofe», exigindo medidas rápidas do Governo para salvar o sector.

Como a vergonha não tem preço ou valor, depois dos milhões de lucros acumulados ao longo de décadas, pede-se o apoio do Estado, e por esta via, do Contribuinte, quando existem mais de um milhão de desempregados, e quando as filas de emigração se alargam.

Que topete!

O Estado, através da gestão do Ministro Paulo Macedo conseguiu alguns resultados: Reconhecendo que o Ministério da Saúde conseguiu bons resultados com a sua política de medicamento, nomeadamente o aumento do consumo e a redução da despesa do Estado e do beneficiário, João Cordeiro considerou que agora é «urgente que o Governo encare com frontalidade a gravíssima situação das farmácias».

O que devem fazer os farmacêuticos, donos de farmácia, deverá ser o mesmo que fez o Dr. Paulo Macedo. Baixar a cilindrada do parque automóvel. Baixar o luxo no interior de cada farmácia, que afinal dizem que é um serviço de saúde público. Frequentar uns cursozinhos de gestão doméstica, isto é, procurar não gastar mais do que recebem, como faz qualquer cidadão. E reencontrarão o caminho da eternidade. Se não o fizerem, aumentarão o número crescente de falidos.

Tuesday, August 28, 2012

Gente fina

Portugal vive a ignomínia da perda de soberania. O desemprego é galopante. A pobreza aumenta. A emigração volta a ser imensa. Entretanto, há gente que quer escapar incólume, demonstrando mesmo sem vergonhiceAssim, os sindicatos (médicos) não aceitam a proposta do Governo de 2400 euros como salário-base, porque "metade" são para impostos e não pagam o "sacrifício" do trabalho na Urgência, contrapropondo com uma remuneração de três mil euros.

Como? Os médicos pagam metade do que ganham em impostos? É muito, concordamos. Mas, os outros cidadãos pagarão menos? Não. Apenas, os outros cidadãos têm vergonha na cara. Quanto aos sindicatos médicos, parece que querem que os médicos sejam diferentes dos outros. Pois é, no "Animal farm", de George Orwell, havia "All animals are equal, but some animals are more equal than others".

Contudo, estes mesmos Sindicatos, que querem fazer dos médicos a excepção, perante os restantes cidadãos, querem a igualdade absoluta entre eles: Ao que o CM apurou, os sindicatos querem que o valor do suplemento seja integrado na remuneração-base e não uma compensação para as horas feitas na Urgência. Segundo os sindicatos, se esse valor fosse pago como suplemento não seria recebido pelos médicos de família, que não fazem Urgências, e isso seria "injusto".

Friday, August 24, 2012

Tatoo

Authorities say contaminated water used in tattoo ink caused a mysterious outbreak of nasty skin rashes in upstate New York. Dermatologist Mark Goldgeiger discovered the link after finding traces of bacteria related to tuberculosis in a sample taken from a patient who had a bumpy, reddish rash around his new tattoo. “I explained [to the patient] that he had TB, and he had a look of horror on his face,” Goldgeiger told ABC NewsGoldgeiger’s patient, a normally healthy 20-year-old male with several other tattoos, didn’t have tuberculosis, but the doctor did find a trace of bacteria related to the deadly germ. He had recently been inked at a tattoo parlor in Rochester, N.Y. “As soon as biopsy came back, I knew something in the process of tattooing was involved — the ink, the water used for dilution, the syringes, the dressings.” Officials found 19 people who had been tattooed at the same location — all with gray ink — and experienced skin infections.

Tuesday, August 21, 2012

A venda em partes

O SNS público está em declínio há vários anos. Várias são as razões que explicam a debacle: 1) descontrolo de gestão; 2) falta de estratégia integradora; 3) falência financeira do Estado.

Depois do "milagre das rosas" das Parcerias Público - Privadas, só mesmo a venda a retalho do SNSHá três grupos na corrida à compra dos HPP, o negócio de saúde da Caixa Geral de Depósitos: a Espírito Santo Saúde, os brasileiros da AMIL e a Frontino, de Jaime Antunes e de um outro grupo brasileiro. Dois dos três grupos integram, assim, empresas brasileiras. Os concorrentes já entregaram propostas para comprar o negócio de saúde da Caixa Geral de Depósitos (CGD), incluindo o Hospital de Cascais, uma parceria público-privada (PPP). Se o negócio for entregue a um destes grupos com capital brasileiro, é a primeira vez que um hospital do Serviço Nacional de Saúde e, por isso, público é gerido por estrangeiros.

Para nós, nada de novo. Portugal passa e passará por um processo longo e lento de perda completa de soberania.

Thursday, August 16, 2012

A urgência

Portugal vive uma eventual nova fase da sua longa vida. Quem sabe, a última. Contudo, ainda dá sinais de viver no Império. Como é possível, ainda existir um hospital militar por cada ramo das Forças Armadas? Entretanto, parece que querem mudar mais um luxo do passadoO pólo de Lisboa resultará da fusão entre o Hospital da Marinha (perto do Campo de Santa Clara, em Lisboa), do Hospital Militar Principal (na Estrela), do Hospital Militar de Belém e do Hospital a Força Aérea (Lumiar). Estes hospitais serão, a partir de sexta-feira (data de entrada em vigor deste diploma) extintos.

Pequenos passos lentos: "Este processo de reestruturação hospitalar é um eixo essencial da política de saúde a desenvolver no âmbito militar", diz o Governo no diploma, dando um máximo de dois anos para se efectivar a fusão. Durante estes 24 meses, a direcção do pólo de Lisboa terá de nomear os chefes dos serviços hospitalares do Lumiar, planear e conduzir a transferência dos recursos humanos e materiais dos outros hospitais, fazer o levantamento das necessidades inerentes à fusão e estimar os custos envolvidos, elaborar as propostas de regulamentos e assegurar a direcção dos hospitais que serão extintos.

A não ser que a falência do país, imponha celeridade, daqui por 24 meses, ainda estará tudo na mesma, apenas com a mudança do nome do novo hospital. Cosmética!