Acreditamos que não. No entanto, as crises por que vão passando os portugueses, vão dando em depressões, quer económicas, quer emocionais.
- Os números já eram maus, mas em 2008 o consumo de calmantes e antidepressivos voltou a subir, afastando-se mais da meta definida no Plano Nacional de Saúde. Em vez das 92 doses diárias por mil habitantes, Portugal já regista 151, quatro vezes mais que a média na Europa.
- "Estamos a falar de medicamentos vendidos nas farmácias. Ou os farmacêuticos os dispensam ou os médicos os receitam. O facto é que estão a subir. E é preciso saber porquê. Acho que esta questão merecia um estudo", refere, acrescentando também "que as pessoas pressionam cada vez mais" os profissionais de saúde para os obter.
- Os números de 2008, a que o i teve acesso, mostram que nos últimos seis anos o recurso a ansiolíticos, hipnóticos, sedativos e antidepressivos aumentou 32%. Quando o Plano Nacional de Saúde foi criado, em 2004, o objectivo era reduzir 20% até 2010. Muito longe dos números actuais. A crise económica e o desemprego não ajudam.
- O problema é admitido pelos médicos. "O abuso está generalizado: das pessoas que pressionam os médicos e os farmacêuticos para obter estes medicamentos, aos médicos que também têm uma cultura de prescrição excessiva", admite o psiquiatra Pedro Varandas. Ao contrário do resto da Europa, onde "há regras apertadas e um culto anticalmantes", Portugal "exagera".
Pois é, Senhora Alta-Comissária da Saúde, aqui nos deixa um grande desafio para si! Não é só os custos relacionados com os fármacos que nos preocupam, são também os efeitos de habituação que aqueles medicamentos criam, e sobretudo as eventuais ligações perigosas entre Laboratórios farmaceuticos e prescritores.