Wednesday, January 23, 2008

Os medicamentos em unidose e a voragem pelo lucro

O tema dos medicamentos serem vendidos em unidose ou em caixas de 20, 40 ou 60 unidades, já é discutido há muito. Em países mais desenvolvidos, a unidose já existe há muito. Em países emergentes, como é o caso do Brasil, a unidose também já existe.

Finalmente, por cá alguém pretende levar o assunto ao Parlamento. Naturalmente que a venda de medicamentos através de unidose acarreta problemas a alguns lobbies poderosos: laboratórios farmaceuticos e farmácias.

Evidentemente, que é mais rentável vender 60 comprimidos, do que vender 2! Nós sabemos isso.

Vejamos a postura de alguém que se sente afectado:
  • A indústria farmacêutica considera que a venda de medicamentos em unidose, que o CDS-PP vai hoje defender no Parlamento, «poderia acarretar um perigo para a saúde pública».

Como? O doentes em vez de possuirem stocks de medicamentos em casa, que lhes custa dinheiro e ao Estado (SNS), passavam a possuir uma quantidade aceitável, e isso causa problemas de saúde pública? Grandes cortinas de fumo, para os ingénuos engolirem!

Mas, vejamos como a argumentação é fraca:

  • «Considerar que a distribuição por unidose é resolução do problema dos doentes e uma medida para aumentar a sustentabilidade do sistema de saúde é profundamente irreflectido e demagógico»
  • Para a Apifarma, a medida «poderia acarretar um perigo para a saúde pública, por não estarem acauteladas as condições exigíveis de qualidade e segurança.»

É em alturas como estas, que os políticos que são eleitos pelos cidadãos, necessitam de cuidar dos recursos de todos, e não privilegiar só alguns!

Vejamos o que nos diz o Ministro Correia de Campos e a maioria parlamentar que o suporta.

É na gestão do desperdício que acarretam os stocks de medicamentos em casa dos cidadãos, que se pode poupar. Poupa-se mais, do que nos encerramentos de hospitais, sem alternativa para os cidadãos.