A falência de uma nação não tem um fim imediato, pois transporta consigo uma doença que demora a curar. Falam aos portugueses, em "memorandum da Tróika", ou em "intervenção da Tróika", para não parecer que o Estado português não tem autonomia. Muitos dos fundamentos da falência são muitas vezes esquecidos. Importa que as pessoas percebam que a falência tem responsáveis e teve muitos beneficiários. Vejamos algumas causas da queda:
1) A Inspeção-Geral de Finanças confirma que as seis farmácias hospitalares devem mais de 16 milhões de euros em rendas em atraso. A Associação Nacional de Farmácias pede o fim desta "iniciativa falhada". A Administração do hospital já interpôs uma ação no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto para reclamar a dívida de mais de 2,4 milhões de euros contabilizada até ao final de 2012, a que acrescem juros de mora. Mas a ação encontra-se pendente devido a uma providência cautelar interposta pela concessionária. Este é apenas um dos vários imbróglios jurídicos que envolvem as seis farmácias hospitalares abertas durante o Governo de José Sócrates.
2) A antiga farmácia do Centro Comercial Colombo, em Lisboa, estava atolada em dívidas, mas conseguiu manter-se aberta até Novembro do ano passado porque terá usado uma farmácia de Paredes, no distrito do Porto, para ter stock de medicamentos. Com pagamentos aos fornecedores e rendas em atraso, a solução encontrada por um gerente - que fazia a gestão dos dois espaços - terá passado por comprar mercadoria através da Farmácia Ruão, localizada no Norte.
3) A denúncia vai mais longe e sugere que os medicamentos poderão ter tido outros destinos além da farmácia de Lisboa. Isto porque os administradores de sociedades de importação e exportação de medicamentos também teriam levantado encomendas no Centro Comercial Colombo. E José Rascão e o filho teriam ligação à administração de algumas dessas sociedades, como a Noweda Pharma, a JSMP4 Pharma, a Rainbowonder e a Orbitomorrow. Algumas delas, com capital de 20 milhões, terão até uma falsa morada, na Avenida de Roma. "O que levanta a possibilidade de os medicamentos encomendados através da Farmácia Ruão, e 'desviados' para Lisboa, terem outros destinos que não apenas a Farmácia Findor, designadamente os apetecíveis mercados dos países africanos, como Angola ou qualquer das sociedades supra mencionadas", sugere a queixa-crime.