Cada farmácia valia de trespasse entre um e dez milhões de euros. Poderia localizar-se em São João da Madeira ou em Faro. Ultrapassavam-se rácios de quase todos os outros negócios. O trespasse de uma farmácia valeria 3, 4, ou 10 vezes, o volume de facturação anual. Era melhor ter uma farmácia, do que uma mina de ouro na África do Sul.
Correia de Campos, que foi dos poucos ministros da saúde, com algum tino, queria dobrar o forte lobby do retalho farmacêutico. Entre as medidas engendradas para forçar a quebra dos retalhistas de medicamentos veio a ideia peregrina de abrir as chamadas farmácias hospitalares. Os valores licitados para as várias farmácias hospitalares pareciam que no Hospital de Santa Maria, por exemplo, se vendia algo ainda mais raro do que diamantes, tal a barbaridade contratualizada com o Estado, para a abertura da farmácia hospitalar.
Como a vida é dura (sempre foi), os ventos mudaram: As seis farmácias hospitalares do País enfrentam processos de cobrança de dívida que deverão levar ao fecho destes estabelecimentos. Em causa, segundo o Diário de Notícias, estão dívidas de 16 milhões de euros aos hospitais onde se instalaram, nomeadamente no que diz respeito ao pagamento de rendas.
A insanidade toldou os portugueses por demasiado tempo: Pedro Nunes, administrador do Hospital de Faro refere que só em rendas fixas a farmácia deve 517 mil euros. Montante que "nunca foi pago nem os 26% da facturação" e por isso perderiam "uma acção de despejo", acrescenta.
Custa muito a quem não sabe! Os portugueses pensaram que Portugal, ao entrar na União Europeia, teria voltado à gloriosa época do ouro do Brasil.