Nos idos da década de oitenta, havia uma série de televisão italiana de nome "La piovra". Em Itália, país do Sol, da bela comida, do design e das ligações de la famiglia, nunca se conseguiram eliminar as ligações perigosas. Existiu a "operação mãos limpas"; existiu o herói Juíz António di Pietro; descobriu-se o que era a loja maçónica P2; foram assassinados muitos procuradores e polícias; mas, na Sícilia continuou a mandar a Cosa Nostra; e em Nápoles, mesmo com lixo espalhado por toda a cidade, a Camorra não arredou pé.
Em Portugal, país do Sol, da boa comida, do mar azul e de um certo neo-feudalismo, nunca se conseguem apanhar as ligações perigosas.
No sector do retalho dos medicamentos, as ligações são belíssimas: O Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa está a analisar
novos documentos sobre os negócios da Associação Nacional de Farmácias (ANF). Em
causa estão suspeitas de alegados favores do Governo de José Sócrates à ANF,
liderada por João Cordeiro em 2010.
A ligeireza e a auto-confiança é tão grande, que até se diz isto: João Cordeiro considerava que a então ministra da Saúde, Ana Jorge, "não percebia
um corno" da questão dos preços dos medicamentos e que o seu secretário de
EStado, Francisco Ramos, estava a atrasar o diploma.
Ainda há quem se questione, sobre as razões da falência de Portugal. Só não entende, quem é ingénuo ou tolo, ou ainda quem beneficia do neo-feudalismo.
Foi Você que assinou um documento solidário com as "farmácias em luto"?