Wednesday, October 13, 2010

Lições de Gestão pata Totós


Há por aí muito aprendiz de feiticeiro, que fala em gestão ou administração, sem sequer saber como se governa uma despensa de uma casa de família. Muitos deles, por mero acaso ou por força de cartão partidário, calha-lhe em sorte a "gestão" da coisa pública. Zás, grande sorte!

Numa qualquer livraria, encontram-se livros, em edições sucessivas, sobre Gestão para Totós. Têm algo de muito inovador? Talvez não, mas trazem ensinamentos básicos que podem corrigir sucessivas alarvidades que alguns "gestores" da coisa pública vão cometendo diáriamente, vejamos alguns:

1. A 25 de Agosto, a ADSE notificou as farmácias de que a partir do dia 1 de Setembro " a despesa com medicamentos prescritos e dispensados a beneficiários da ADSE mas atendidos por médicos no âmbito de qualquer estabelecimento integrado ou ao serviço do SNS deverá ser financeiramente assumida pelos Serviços do Ministério da Saúde". A AFP (Associação das Farmácias Portuguesas) pediu esclarecimentos à Administração Central de Sistemas de Saúde (ACSS) que “garantiu que não tinha quaisquer condições logísticas para processar essas facturas” em tão pouco tempo (cinco dias), e que “ a medida não era para implementar”, explicou o assessor de imprensa da AFP.

2. A ADSE, tutelada pelas Finanças, pagou em Agosto 50% da dívida e passou a responsabilidade do restante para o Ministério da Saúde. Ontem, fonte oficial do Ministério das Finanças reconheceu que "de facto, no âmbito do memorando de entendimento para o financiamento directo do SNS, firmado em finais de 2009 e subscrito pelos Ministros das Finanças, da Administração Interna, da Defesa e da Saúde foi acordado que a ADSE só seria responsável pelo pagamento dos encargos com os medicamentos, adquiridos em farmácias, quando prescritos por entidades não abrangidas pelo SNS".

3. A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) quer saber se o Ministério da Saúde vai continuar a financiar o transporte de doentes em ambulâncias, propondo uma reavaliação global desta actividade.

4. O Conselho Directivo do INEM foi demitido ontem, quarta-feira, pelo Ministério da Saúde. Faltavam mais de quatro meses para terminar a comissão de serviço da direcção demitida (Fevereiro de 2011), mas o Ministério da Saúde decidiu antecipar a mudança. Os exonerados deverão ser indemnizados.

5. Ministério da Saúde mostra abertura para “desafogar” os bombeiros. O secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar, recebeu hoje, sexta-feira, a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) e mostrou abertura para resolver a questão das dívidas dos hospitais aos bombeiros, que estão a causar problemas de tesouraria.

Percebemos, por estes e por muitos outros casos, a razão de sucesso do livro "Gestão para Totós".

Post Scriptum: presentemente, o Ministério da Saúde é dirigido por dois médicos e um economista.