Sunday, January 03, 2010

Falta de médicos: release 2010

Todos os softwares vão tendo novas releases. Ou porque estão desactualizados, ou porque os seus fabricantes querem ganhar mais dinheiro através das novas versões.

A história da falta de médicos em Portugal é idêntica. Ou se importam médicos de Espanha, do Brasil, dos PALOP's, de Cuba, ou se inventa mais uma origem, como foi o caso do Uruguai, no ano de 2009.

O Ano Novo está aí e lá voltamos a mais uma rábula: O secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, anunciou ao DN que vai "contratar mais algumas dezenas de médicos de outros países", que deverão ser angariados na América Latina. Desta vez, deverão ser as Administrações Regionais de saúde de Lisboa e do Porto a beneficiar destes reforços de profissionais.

Ridículo, apesar de nos custar muito dinheiro. É que comprovadamente, Portugal tem um rácio de médicos por 1.000 habitantes, ao nível da média da União Europeia. Logo, tem tantos médicos quanto alguns dos países mais desenvolvidos do mundo.

Veja-se este retrato: A Ordem dos Médicos tem 4400 estrangeiros inscritos, grande parte vindos da UE (2631), do Brasil (698) e da América do Sul (325). Mais de 11% do total de clínicos a trabalhar no País: 39. 473, de acordo com os dados de Agosto do ano passado.

Isto, apesar de um esforço para a abertura de mais Faculdades de Medicina: Foram abertos dois novos cursos de medicina, em Aveiro e no Algarve, e o número de vagas subiu de mil para 1700.

E tudo isto com este cenário:
  • Para a ANEM (Associação Nacional de Estudantes de Medicina), Portugal tem um "problema de distribuição de médicos por região e especialidade, não um défice do seu número total, que se encontra acima da média europeia".
  • A associação divulga em comunicado os dados mais recentes relativos ao número de médicos em Portugal, publicados no Relatório Anual da OCDE a 01 de Julho de 2009, segundo o qual "o número de médicos em Portugal - 3,5 clínicos por mil habitantes - está quatro décimas acima da média dos 30 estados-membros (3,1) e aproxima-se a passos largos do topo encabeçado pela Grécia e Bélgica".

Num país com um galopante nível de desemprego e com excesso de recursos humanos qualificados, cada nova release de "falta de médicos" só contribui para mais incredulidade!