Os dois vizinhos da Peninsula Ibérica tiveram quase sempre uma convivência tensa, ou pelo menos desconfiada. Hoje, achamos que a civilização passa por nos darmos bem com os vizinhos, pois de outra forma não conseguimos viver descansados, até porque no caso dos portugueses, não têm outros vizinhos.
Agora, passamos essa marca, a da convivência, e os portugueses passaram a ir nascer a Espanha, e até mesmo por rotina. Imagine-se isto: Tinha de nascer e em Badajoz estava o hospital mais próximo. Depois dela, mais de 800 bebés de Elvas e de Campo Maior seguiram o exemplo. Tornaram-se na primeira "geração ibérica". Uma geração cuja primeira palavra que ouviu foi bienvenido e para quem a fronteira, no futuro, ficará muito esbatida.
Pois bem, de Espanha passaram a vir as mamãs e os bébés, para além dos caramelos, da gasolina mais barata, dos medicamentos e do tabaco, também mais baratos!
Mas, há efeitos colaterais: Quanto a ser portuguesa ou espanhola, diz que a filha é natural de Badajoz mas tem nacionalidade portuguesa. O melhor é tirar as dúvidas com a pequena: "És portuguesa ou espanhola?". Margarida morde o lábio e arregala os olhos brilhantes. Sorri e responde de forma automática que é "espanholita".
Será por isto, que nos vamos sentir menos portugueses? Talvez não. Mas, é com pequenos detalhes que se fazem nações, ou se desfazem! Ontem, foi dia de início do Tratado de Lisboa, tratado que tira alguma da autonomia às pequenas nações, mas transporta consigo o "chapéu de guarda" das grandes nações europeias.
Contudo, algo de mais grave retem-se aqui: Badajoz é ali ao lado, a 15 quilómetros. E, como ela, 90 por cento das pessoas preferem o Hospital Universitário Materno-Infantil da cidade espanhola, apesar de lhes ser dada a possibilidade de terem os bebés no hospital de Portalegre (a 60 quilómetros) ou no hospital de Évora (a 90), onde dos 1428 bebés que nasceram em 2008 apenas 24 eram de Elvas.
Será este pequeno detalhe, a melhor prova de que o SNS, de Portugal, não é escolhido, quando em comparação com o Serviço de Saúde de Espanha? Ou seja, as mães de Portugal, preferem ter os seus filhos em Badajoz, do que te-los em Évora ou Portalegre? Provavelmente, no Ministério da Saúde, esta notícia até é boa, são menos custos para o SNS! Ou será que o SNS paga ao Ministério da Saúde de Espanha, um preço mais caro do que pagaria por cá?