Já se esperava há muito que o modelo de gestão e de financiamento do SNS viesse a ser colocado em causa. Os gastos com a saúde são imensos. O Estado não aguenta por muito tempo o fardo imenso da saúde, sobretudo numa fase de quebra económica acentuada, que leva a uma diminuição das receitas fiscais.
Que fazer? Privatizar? Enviar para outsourcing muitos serviços públicos? Esperar que o desgaste do serviço público de saúde leve muitos doentes para o sector privado? Racionalizar custos?
Correia de Campos optou pela última hipótese, tentando reduzir os custos com medicamentos e reduzindo também a estrutura hospitalar. Ganhou o Ministério da Saúde um adiamento do fim do SNS. Com Ana Jorge, insensível à questão económica do SNS, voltou-se ao business as usual. Ou seja, o SNS só sobreviverá com dignidade, se houver uma política permanente e eterna de contenção de gastos. Acontece que os imensos lobbies dentro do Ministério da Saúde não querem que se continue a cortar nos custos.
Chegámos ao ponto do "criador" do SNS já antever o seu fim: O criador do Serviço Nacional de Saúde teme que uma acção de direita no sentido da reestruturação do SNS leve à sua destruição e coloca nos ombros do PS uma missão de defesa face às teses de privatização.
Não é a acção de direita que vai levar ao fim do SNS, Dr. Arnaut. O que vai levar ao fim do SNS é um imenso papão de recursos que consome tudo. Portugal não gera riqueza para sustentar tal papão!
E, naturalmente, está muita gente à espera da oportunidade: sector privado (...) critica o Estado por manter doentes em lista de espera quando há vagas nas unidades fora do sistema público e com custos, em média, 10% menos elevados que no Serviço Nacional de Saúde (SNS). O Ministério estranha a chamada de atenção, pois garante que "os médicos têm em conta os tempos de espera clinicamente aceitáveis quando tratam um doente e reencaminham-no para outra unidade quando é necessário".