Não somos contra um serviço de saúde público para todos os portugueses, em particular para os que têm menos posses. Somos aguerridamente contra um SNS tomado por uns quantos, que se consideram seus detentores. Pior, são estes, que hoje, aceleram o processo de desmantalamento do SNS, que já se iniciou há alguns anos. E porque é que aceleram a degração do SNS? Simplesmente, por incompetência e irresponsabilidade.
Vejamos alguns dos mais recentes exemplos de incúria e irresponsabilidade:
- 1. A linha "Saúde 24": Até quarta-feira, a Linha de Saúde 24 estava a responder a cerca de três mil chamadas diárias, que correspondem a cerca de um terço das chamadas feitas (cerca de nove mil), avançou Ana Jorge em conferência de imprensa no Ministério da Saúde. Relembremos que esta mesma Ministra parece que renovou o contrato de prestação de serviços com a empresa do grupo CGD, há poucos meses. Mais, o próprio Director-Geral da Saúde veio recentemente dizer que estava tudo bem com a linha de atendimento telefónico!
- 2. Uma rapariga de 17 anos foi vítima de violação sexual na noite passada. Ao dirigir-se ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o pai da menor foi informado que não estavam disponíveis peritos do Instituto de Medicina Legal para a examinar e que a filha teria de aguardar doze horas, sem tomar banho ou ingerir alimentos, até que fosse vista por um médico do instituto. A razão para a espera: durante o mês de Agosto há apenas três médicos naquele serviço e na escala nocturna nenhum está disponível para realizar peritagens por falta de técnicos durante o período de férias.
- 3. Nove hospitais com o estatuto de Entidade Pública Empresarial (EPE) vão ter menos dinheiro este ano para reforçarem o seu capital social, de acordo com um despacho governamental. Em termos globais, vão ser menos 38 milhões de euros face aos 105,4 milhões de euros previstos inicialmente, sendo que algumas unidades vão receber só metade do que estava estipulado. Um corte que poderá pôr em causa a concretização dos planos de investimento dentro dos calendários previsto por estas unidades, que servem mais de um milhão de pessoas.
É preciso mais exemplos? Os operadores privados de saúde para sobreviverem, têm apenas que ficar sentados, á espera que os clientes (ex-utentes) lhes cheguem aos serviços. Os Altos Funcionários do Ministério da Saúde tratam do resto.